Edição Diário Causa Operária nº5434

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QUINTA-FEIRA, 18 DE OUTUBRO DE 2018 • EDIÇÃO Nº 5434

DIÁRIO OPERÁRIO E SOCIALISTA DESDE 2003

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FORÇA-TAREFA DO GOLPE MILITAR: GENERAIS PREPARAM A DITADURA E A REPRESSÃO POLÍTICA

Nesta segunda-feira, o presidente golpista, Michel Temer, a mando dos militares, decretou a criação de uma força-tarefa para supostamente combater o “crime organizado”. Nela estão inclusos o Gabinete de Segurança Institucional (GSI), a Agência Brasileira de Inteligência (ABIN), os centros de inteligência da Marinha, do Exército e da Aeronáutica e a Polícia Federal, todos órgãos controlados pelas forças armadas.

Fora Bolsonaro e todos os golpistas: lutar contra o golpe para derrotar a direita Bolsonaro, se colocado pela burguesia e pelo imperialismo na presidência da República – como tudo indica que será –, significará nada menos do que o aprofundamento do golpe de Estado e da política de ataque e repressão brutal contra os trabalhadores levada a cabo por Michel Temer.

Causa Operária Ediçao 1026

Página 3 Ilusão eleitoral Capitulação diante dos golpistas só serve para desmoralizar o PT

Comitês realizam campanha contra o golpe em São Paulo: Fora Bolsonaro e todos os golpistas! Esta semana, uma série de atividades devem ser realizadas pelos comitês de luta contra o golpe, em São Paulo, e tem o objetivo de colocar nas ruas a campanha Fora Bolsonaro e todos os golpistas! Liberdade para Lula e todos os presos políticos. Os comitês foram e são armas essenciais na luta contra o golpe. Fizeram ampla campanha, nacional e internacional, contra a derrubada de Dilma Rousseff; organizaram caravanas em vários estados do Brasil Leia mais

Bolsonaro é o candidato do golpe militar nas eleições organizadas pelos golpistas Comprovado: militares organizaram o Impeachment De acordo com reportagem da revista Carta Capital, um deputado do PSDB não identificado teria revelado que “na época do impeachment, a inteligência do Exército tinha seus próprios cálculos quanto à votação e acertou na mosca, 367 deputados contra Dilma”.

Confirmado: quem impediu Lula de se candidatar foram os militares


2 |EDITORIAL EDITORIAL

B

Fora Bolsonaro e todos os golpistas: lutar contra o golpe para derrotar a direita

olsonaro, se colocado pela burguesia e pelo imperialismo na presidência da República – como tudo indica que será –, significará nada menos do que o aprofundamento do golpe de Estado e da política de ataque e repressão brutal contra os trabalhadores levada a cabo por Michel Temer. É preciso que fique claro: Bolsonaro é cria da burguesia e do golpe de Estado organizado pela direita desde 2012, que derrubou a presidenta legítima, Dilma Rousseff, em 2016, fortaleceu a extrema-direita e prendeu, sem provas, o ex-presidente Lula, além de perseguir os membros do Partidos dos Trabalhadores e, cada vez mais, de toda a esquerda nacional. O que Bolsonaro fará, imposto ao povo como novo presidente golpista,

será radicalizar essa política. O governo Temer tem comprovado que não passa de um fantoche dos militares, que estão tomando o controle de todas as instituições. Isso está perfeitamente sincronizado com a eleição fraudulenta de Bolsonaro, que já têm coordenando sua campanha diversos membros das forças armadas e parte de seu futuro ministério também será liderada por militares. As eleições foram fraudadas pela direita, a fim de que a esquerda não tivesse a menor chance de acessar qualquer cargo de importância. Eleições em meio a um golpe de Estado são sempre controladas pelos golpistas para assegurar a continuidade do golpe. É uma ilusão acreditar que um partido de esquerda, munido de seu programa de esquerda,

possa derrotar a direita nas eleições que pertencem a ela. Para derrotar a direita golpista, não apenas Bolsonaro, mas todos os que participaram do golpe e fortaleceram a extrema-direita, é preciso mobilizar a única força capaz de fazer frente aos golpistas e à burguesia: as massas trabalhadoras. Mobilizar as massas implica sair da passividade eleitoral e ir para as ruas, que sempre foram lugar da esquerda e do povo. As ruas não pertencem à direita, que está à vontade para atacar e assassinar militantes de esquerda, mulheres, homossexuais e pessoas do povo graças à passividade das organizações de esquerda. As ruas pertencem ao povo, que deve se mobilizar para derrotar o golpe, e a mobilização ainda gira

em torno da luta contra os golpistas. A mobilização popular neste período que entra gira em torno também do combate contundente a Bolsonaro e à extrema-direita, e, claro, pela liberdade de Lula e de todos os presos políticos do regime golpista. A esquerda deve se unificar para a nova batalha. Engana-se quem acredita que o segundo turno das eleições será a batalha final. Será apenas o início de um mais duro combate às forças golpistas, e para isso a esquerda deverá organizar os Comitês de Luta Contra o Golpe, formar os Comitês de Auto-Defesa da população e fortalecer os órgãos de classe, como a CUT e o MST. Só assim estaremos à altura da tarefa que se apresenta e poderemos enfrentar essa nova batalha.

GOLPE

É NAS RUAS QUE SE RESOLVE

O truque da burguesia nas eleições: a esquerda está disposta a aceitar qualquer coisa para impedir Bolsonaro

A esquerda não deve ceder espaço aos bolsonaristas B

N

o dia 29 de setembro, a burguesia conseguiu pôr em prática uma de suas manobras mais importantes desde 2016: a unificação de diversos setores em torno da campanha contra Jair Bolsonaro. Em pouco tempo, praticamente toda a esquerda nacional e vários setores pró-imperialistas da burguesia entraram de cabeça na demonização de Bolsonaro e começaram a utilizar a hashtag #EleNão. A manobra da burguesia consiste justamente na confusão. Uma vez que Bolsonaro é apresentado como uma figura única, o maior de todos os males, a esquerda se vê obrigada a se juntar com setores tão ou mais nefastos que o próprio Bolsonaro na tentativa de derrotá-lo eleitoralmente. Apesar de seus discursos espalhafatosos, Bolsonaro não é nada se não tiver o apoio dos latifundiários, dos banqueiros, dos industriais e da burguesia em geral. Por isso, a política de ignorar setores como o PSDB, Rachel

Sheherazade etc. e atacar única e exclusivamente Bolsonaro é um suicídio político. A campanha do #EleNão tem levado a consequências desastrosas para a esquerda. Fernando Haddad abraçou o discurso da “união antibolsonaro” e está permitindo sua candidatura perder, cada vez mais, suas características esquerdistas. Recentemente, Haddad falou que o PT apoiaria qualquer candidato que disputasse contra Bolsonaro. E é justamente essa política que tem levado a direita se fortalecer mais. “Apoiar qualquer candidato” nunca foi a política da classe operária. Afinal, os trabalhadores não estão dispostos a servirem de trampolim para oportunistas e carreiristas. Por isso, a única política que faz sentido nesse momento é a luta contra o golpe, a mobilização revolucionária dos trabalhadores pela liberdade de Lula e contra os golpistas.

olsonaro está vencendo as eleições porque a extrema-direita tomou conta das ruas por meio da violência e da intimidação. Esse é o modus operandi do fascismo. Inicialmente atacam covardemente em bandos pessoas indefesas e sozinhas, como mulheres e homossexuais. Na medida que não há reação, mas apenas o pânico das pessoas individualizadas, fortalecem-se atraindo mais ainda essa poeira humana anti-povo. Caso não sejam impedidos, o passo seguinte é ampliar os ataques contra grupos maiores, invadindo atividades da esquerda, dissolvendo assembleias, fazendo frente com a polícia para atacar manifestações dos trabalhadores e assim por diante. No Brasil, essa é o segundo momento que levantam a cabeça e se arvoram em donos das ruas. A primeira vez foi na sequência da derrota das mobilizações de 2013 até o momento seguinte ao golpe de Estado, iniciado com o impeachment fraudulento da presidenta Dilma. Durante esse período era comum militantes de esquerda serem agredidos nas ruas e até em restaurantes. Na medida que a esquerda começou a reagir e a tomar as ruas na luta contra o golpe e contra a prisão de Lula, a extrema-direita recuou, mas em seguida, diante das vacilações da própria esquerda em ser consequente na luta contra o golpe – que poderia ocorrer apenas com uma efetiva mobilização popular, que não passasse pelas ilusões que o golpe poderia ser derrotado no marco das próprias instituições golpistas -, foram aos poucos

ensaindo um retorno, primeiro com os atentados à caravana de Lula, passando pelo assassinato de Marielle e os atentados ao acampamento Maria Letícia em Curitiba e finalmente com a candidatura de Bolsonaro, as agressões e assassinatos por todo o país Obviamente que em todo esse processo, a extrema-direita sempre foi acobertada pela dita democracia e seus venais meios de comunicação, a começar pela sórdida campanha lançada contra Lula, o maior líder popular do país, que teve o seu auge com a sua prisão e posteriormente com a imposição do impedimento da sua candidatura. Essa foi a chave para consumar a fraude eleitoral, fraude essa que se traduziu em todos os campos, seja o da manipulação, seja a dos votos nas urnas. É esse o resultado que dá ceder espaço para a direita. Isso é ruim para a luta contra o golpe, porque causa confusão nos meios operários e populares sobre o real significado do candidato da extrema direita, como se fosse uma figura expressiva em meio à população. Os setores mais conscientes do movimento operário devem encarar a realidade de frente. O fascismo cresce no vazio que a esquerda deixa ao colocar como “salvação da pátria” a vitória eleitoral diante das eleições mais fraudadas da história do país. A derrota do fascismo será uma consequência natural da luta contra o golpe. É por isso que o movimento operário e popular deve tomar imediatamente as ruas, denunciar as eleições e lutar pela liberdade de Lula.


NACIONAL| 3

FORÇA-TAREFA DO GOLPE MILITAR

Generais preparam a ditadura e a repressão política

N

esta segunda-feira, o presidente golpista, Michel Temer, a mando dos militares, decretou a criação de uma força-tarefa para supostamente combater o “crime organizado”. Nela estão inclusos o Gabinete de Segurança Institucional (GSI), a Agência Brasileira de Inteligência (ABIN), os centros de inteligência da Marinha, do Exército e da Aeronáutica e a Polícia Federal, todos órgãos controlados pelas forças armadas. Além disso, também estão inclusos: o Conselho de Controle das Atividades Financeiras do Ministério da Fazenda, a Receita Federal, a Polícia Rodoviária Federal, o Departamento Penitenciário Nacional e a Secretaria Nacional de Segurança Pública. Quer dizer: foi criada uma grande operação especial para espionar a vida do povo, ter conhecimento de suas transações financeiras, de suas movimentações em presídios e assim por diante. Percebe-se que trata-se de uma grande equipe e que, portanto, não é em vão que a criaram. Quem está à frente desta força-tarefa são os militares. É uma organização que está sendo criada como preparação para o golpe militar, e que confirma ainda mais que existe todo uma manobra para dar um golpe no país. Nenhum golpe de Estado se realiza sem a permissão das Forças Armadas. No Brasil, isso ficou bastante claro com o decorrer do regime golpista, que, à medida em que ele foi entrando em crise, a aparição dos militares para defender o golpe foi se

explicitando. O alto-comando tem se pronunciando cada vez mais sobre a situação política no país, intimidando e até controlando as instituições, crescendo politicamente, aumentando seu efetivo de soldados e armas, realizando mais operações e assim por diante. Logo de início, ficou claro que a possibilidade de um golpe militar no Brasil não estava distante da realidade, já que em vários países do mundo, foi a solução que o imperialismo encontrou para segurar a crise política, como no caso do Zimbábue e de Honduras, além de obviamente o Egito. Mas não eram apenas estes os indícios. Depois do impeachment, os generais deram o indício de que eles iriam intervir caso a situação saísse do controle. Na imprensa burguesa golpista, como a Folha de S. Paulo e O Estado de S. Paulo, onde foram publicadas colunas de membros do alto-comando afirmando a constitucionalidade de uma intervenção militar no país. Vale lembrar que, assim que foi constituído o governo de Michel Temer, o Gabinete de Segurança Institucional (GSI) foi dado para o General Sérgio Etchegoyen, que tem uma longa tradição anti-comunista e golpista, tendo seus familiares – pai, avô e tio – participado da elaboração de diversos golpes de estados na história do país. Quer dizer, uma das primeiras ações do golpe foi colocar todo o aparato de inteligência e repressão, espionagem, e enfim, coisas essenciais do poder de estado, na mão de um General do

Exército totalmente reacionário. À medida que foi se aprofundando a crise do regime golpista, o Alto-Comando das Forças Armadas, que até então estava nos bastidores da política, manobrando, orquestrando e garantido que todo o processo desse certo sem sua intervenção direta, teve de sair do armário e atuar cada vez mais abertamente na situação política. Foi na época que começaram a vazar diversas declarações de componentes das Forças Armadas, inclusive declarações de gente do próprio Exército confirmando a organização de um golpe de estado nos bastidores políticos. No final de 2017, o episódio em que o General Hamilton Mourão, que hoje é candidato a vice-presidente na chapa de Jair Bolsonaro, apoiada pelo imperialismo, declarou no Clube Militar, onde se encontram vários antigos militares que ainda exercem muita influência na totalidade das Forças Armadas, que já estava tudo pronto, e que os militares já estavam prontos para tomar o poder. Logo após, o supremo comandante do Exército, o general Villas-Bôas, foi convidado pela Globo (imprensa da ditadura de 64) para participar do programa conversa com Bial, onde ele, além de não ter denunciado a declaração feita pelo General Mourão, ainda reafirmou que a intervenção militar é garantida pela constituição federal, mostrando uma unidade dos generais em torno da questão do golpe militar. Exatamente nesta época, os militares começaram a realizar uma série de operações de Garantia da Lei e da Ordem (GLO), como um treinamento para o golpe militar. Fazia tempo que o Exército não ERA acionado com tanta frequência, já que no início de 2017, houve ainda a crise nos presídios em que foram os militares os chamados para conter as revoltas dos presidiários. Seguiu-se a isso, o treinamento do exército brasileiro com os militares norte-americanos (que articularam o golpe no país), e que hoje além de estarem cerceando as fronteiras marítimas do país, ainda fornecem diversos equipamento bélicos, como tanques e armas, para as Forças Armadas brasileiras – uma forma de dar aos súditos o equipamento necessário para realizar o trabalho sujo. A operação golpista em torno da prisão do Lula, que foi a que mais tornou aguda a crise política no Brasil, derrubou parte dos panos que encobriram a atuação dos militares, que após as grandes mobilizações em Porto Alegre contra a condenação em segunda instância do presidente pelo Tribunal Regional Federal, tomaram conta do segundo estado mais importante do país, o Rio de Janeiro, quando viram a polarização política expressa no carnaval. A luta política foi se acirrando em volta do problema Lula, e os militares foram obrigados a sair do armário. No início de Abril deste ano, quando o pedido de habeas corpus de Lula ia ser julgado no Supremo Tribunal Fe-

deral, o comandante-chefe das Forças Armadas, Villas-Boas, fez uma declaração em seu twitter ameaçando intervir na situação caso fosse concedido o HC de Lula – declaração esta que foi acompanhada de diversas declarações de apoio por dezenas de outros militares, como por exemplo o General Paulo Chagas, que inclusive ameaçou em cartas os próprios juízes que haviam votado favoravelmente ao ex-presidente, como afirma uma reportagem da Carta Capital. A partir daí ficou claro que os militares estava tomando conta da situação política, inclusive ameaçando o próprio Tribunal Superior Eleitoral para que não permitisse que Lula concorresse às eleições; ou se não atuando diretamente para acabar com a greve dos caminhoneiros que quase derrubou o regime golpista. Os militares começaram a tomar pouco a pouco as principais instituições, nomeando o diretor da Polícia Federal, tendo membros nos ministérios do governo federal, e também, com a ascensão de Dias Toffoli para a presidência do STF, controlando o principal órgão judiciário do país, já que Toffoli colocou como assessor o general Fernando Azevedo e Silva. Agora, durante as eleições, também os militares procuram intervir na situação política, lançando diversos candidatos, aumentando sua bancada nas câmaras legislativas, como comprovam os dados. Mas também espionando as movimentações em torno da campanha eleitoral do PT, principal partido de esquerda da América Latina. E também se alinhando com a candidatura de Jair Bolsonaro, que já anunciou o General Heleno como futuro ministro de defesa de seu governo. Mas a ofensiva continua. Com a criação do novo grupo especializado, chamado de Força-Tarefa, fica claro a minuciosidade do imperialismo que entende que a necessidade de bem organizar o golpe, pois um golpe militar fracassado pode enfraquecê-los exponencialmente na situação política, como foi no caso da Turquia em que a população saiu às ruas para barrar o golpe de estado. Por isso, estão preparando o terreno para dar o golpe. E uma vez dado o golpe, o general Sérgio Etchegoyen já terá todo um aparato de repressão montado para reprimir e espionar a esquerda, os movimentos sociais, o movimento operário e as organizações populares de luta contra o golpe. Este é o objetivo da Força-Tarefa criada por Temer.


4| NACIONAL

CONFIRMADO

Quem impediu Lula de se candidatar foram os militares C

om o avanço do golpe, este diário já denunciava o domínio dos militares no cenário político-nacional e suas aproximações sucessivas nas demais instituições de poder. Fato é, que se comprovou que os militares foram um dos principais , se não o principal setor articulador do golpe dado em 2016 que derrubou Dilma Rousseff. Isso se comprovou a medida que os golpistas aprovavam sua agenda de massacre contra a população e caminhavam para chancelar a perseguição a esquerda, como se concretizou com a prisão do ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva. A todo momento, por trás da decisão das instituições golpistas estava um general do exército articulando a decisão das Forças Armadas. Nos últimos dias onde veio a denúncia de espionagem da campanha de Fernando Haddad, mostra escancaradamente que os militares já con-

trolam a situação. Sabendo que as espionagens iniciaram antes mesmo do golpe se concretizar, cujo qual estão por trás. Com o caso Lula, não foi diferente. No período onde os golpistas se apressavam para decretar a perseguição política ao ex-presidente, viu-se que durante as votações no STF (Supremo Tribunal Superior) as ameças não cessaram, isso se comprova com a declaração do general Villas Boas. O general em uma clara ameça demonstrou que se a votação fosse favorável a Lula, os militares tomariam conta da situação para assegurar a “democracia”, esta é a declaração de um setor que promoveu um dos períodos mais antidemocrático e representa o esmagamento direto do povo. Outro fato que comprova que os militares já estão tomando o poder, é a composição massiva em ministérios no último período. Portanto, não há dúvidas, o impedimento da candidatura de Lula, foi

COMPROVADO

Militares organizaram o Impeachment

D

e acordo com reportagem da revista Carta Capital, um deputado do PSDB não identificado teria revelado que “na época do impeachment, a inteligência do Exército tinha seus próprios cálculos quanto à votação e acertou na mosca, 367 deputados contra Dilma”. Não se trata de exercício divinatório: se os militares tinham a contabilidade exata da votação era porque estavam em contato com aqueles que financiaram o golpe e compraram os votos dos parlamentares. O Exército participou da organização do golpe. Como se sabe, não há golpe de Estado sem apoio das Forças Armadas. Se Dilma Rousseff foi deposta por meio de um impeachment fraudulento em 2016, é porque o Partido dos Trabalhadores não possuía apoio militar suficiente para resistir, e que portanto o Exército Brasileiro apoiou o golpe. O fato é comprovado por uma entrevista do próprio Comandante-Geral do Exército Brasileiro, general Eduardo Villas Bôas, concedida à revista Veja em abril de 2017 – um ano após o Circo de horrores da votação na Câmara dos Deputados. Segundo o general, o “Exército foi sondado para decretar estado de defesa” contra os golpistas – e, claro, negou-se a fazê-lo. Além disso, conforme depoimento de Lúcio Funaro, o operador da compra dos deputados com dinheiro do imperialismo, fora o então presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Em Brasília, circularam então rumores sobre a presença de grupos de estrangeiros engravatados e sem câmeras (não eram jornalistas) nas imediações dos anexos da Câmara durante a votação decisiva. Se a inteligência do exército tinha a

“conta certa” de votos naqueles dias incertos, era porque elementos da cúpula das Forças Armadas participaram da articulação para garantir seu sucesso. O anúncio de Hamilton Mourão sobre um golpe militar por “aproximações sucessivas” – em setembro de 2017 –, na verdade anunciava abertamente uma operação já em andamento. Atestam tal hipótese não apenas a presença de Sérgio Etchegoyen à frente do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) no Palácio do Planalto, como também a violenta intervenção que já ocorrera no Espírito Santo, e depois se expandiria para o Rio Grande do Norte e principalmente para o Rio de Janeiro – Estado até hoje comandado pelas Forças Armadas. Os oficiais não constituem porém uma classe com interesses próprios. Assim como em 1964, são apenas agentes de confiança do imperialismo, prontos para usar a força contra autoridades civis que se desalinhem dos desígnios externos. Sobretudo, estão prontos para impor uma ditadura capaz de assegurar os brutais ataques aos direitos da população brasileira planejados pelos golpistas. Por isso, não cabe qualquer ilusão de que as instituições dominadas pelos golpistas entregarão o poder ao povo por meio de eleições ou de qualquer processo judicial. Urge organizar a classe trabalhadora e mobilizar a população em comitês de luta contra o golpe. A perseguição que se anuncia a organizações e lideranças de esquerda, como no caso de Lula, tornará a tarefa cada vez mais mais difícil – sobretudo com a eleição de Jair Bolsonaro que se avizinha. Fora, Bolsonaro! Não à fraude eleitoral! Liberdade para Lula!

diretamente encabeçado pelos militares. Primeiro a articulação do golpe no congresso, e logo em seguida o domínio dos ministérios e controle dos tribunais, hoje os mesmos respondem a continência dos militares

e dão continuidade ao curso do golpe, que se encaminha para um golpe militar, onde os que se escondem atrás das instituições golpistas irão tomar de conta do cenário por completo.

Todos os dias na COTV no site: causaoperariatv.com.br no youtube: causaoperariatv Reunião de Pauta às 9h30

Jornal das 3 às 15h


MOVIMENTOS| 5

PARTIDO MILITAR GOLPISTA

Bolsonaro é o candidato do golpe militar nas eleições organizadas pelos golpistas P

ressionados pela quebra geral dos partidos da burguesia, amplamente repudiados pela população, a burguesia golpista colocou em campo o partido militar golpista, que se colocou em aberta campanha não apenas para dar o golpe por meio da fraude das eleições, como também para ampliar ainda mais o poder político que os militares conquistaram com o golpe de Estado que derrubou a presidenta Dilma Rousseff, em 2016, por meio de um impeachment fraudulento. Depois de exigirem da justiça golpista que Lula não fosse colocado em liberdade, ameaçando com um golpe militar caso o STF aprovasse o habeas corpus solicitado defesa do ex-presidente Lula e de novo ameaçarem com uma intervenção direta, caso sua candidatura não fosse retirada, os militares saíram dos “bastidores” e estão passando cada vez mais à “luz da ribalta”, se impondo como os principais impulsionadores da chapa golpista encabeçada pelo capitão Jair Bolsonaro e que tem como vice o general Hamilton Mourão, em clara sintonia com os donos do golpe, o imperialismo norte-americano e o grande capital. Não se trata de uma situação nova, a presença da cúpula dos militares intervindo na política, nos destinos do País, como muitos querem fazer crer, pelo contrário. O que temos é, justamente, o avanço do golpe de Estado que, em todas as suas etapas fundamentais contou com a presença decisiva dos militares, indicando e abençoando cada passo central dos golpistas contra os direitos democráticos do povo brasileiro, em favor da perseguição à esquerda, em favor da entrega da economia nacional para os grandes monopólios estrangeiros. Depois de serem decisivos no apoio à operação golpista no Congresso, os chefes militares passaram cada vez mais à controlar postos chaves no governo, indicando alguns dos seus

elementos mais reacionários, para o Ministério da Defesa (pela primeira vez em 20 anos, dirigido pro um militar); para a Secretária de Assuntos Institucionais (SIG), para a Secretária de Segurança Pública, para intervir no Rio de Janeiro etc. Com a burguesia dividida e com a ala mais direitamente ligada ao imperialismo, que comanda os grandes partidos burgueses (“centrão”), não conseguindo superar a rejeição popular para conseguir classificar na eleição fraudulenta que organizaram (sem a participação do único candidato com apoio popular, Lula), os chefes militares e suas poderosas máquinas foram decisivos para garantir a relativa unidade dos setores mais débeis e reacionários da burguesia em torno da chapa militar, assegurar a fraude das eleições, garantir a eleição fraudulenta de dezenas de militares e outros agentes dos órgãos de repressão e notórios “bandoleiros” dos setores mais reacionários do País (do judiciário ao estrelato pornô). Essa posição dos militares foi decisiva também para “centralizar” toda a direita golpista, fazer com que – na reta final do primeiro turno – todas as máquinas partidárias da burguesia trabalhassem de fato em favor da classificação da chapa golpista em primeiro lugar, atuando como sócios e cúmplices da fraude contra todo o povo brasileiro. Classificado seu candidato para o segundo turno, já com o apoio evidente dos partidos do “centrão” (que agora se escondem por detrás d num suposta neutralidade, em sua maioria), os chefes militares atuam ainda mais claramente, fazendo – inclusive – que seu capitão anuncie que um terço do seu ministério será composto por generais. Claramente os militares assumiriam o controle da maioria do Executivo, em uma clara ditadura militar, “referendada” pela fraude das urnas.

O poder dos militares vai ainda mais longe, assumiram de fato o controle sobre o poder judiciário, nomeando como assessor especial da presidência do Supremo Tribunal Federal (STF), o ex-comandante do Estado Maior das Forças Armadas. Não basta. Eles anunciam claramente que querem mais, que querem um poder total. Querem controlar diretamente também o Legislativo. Assim como anuncia o coordenador das candidaturas de militares das Forças Armadas e deputado eleito por São Paulo, o general Roberto Sebastião Peternelli Júnior (PSL), passou a defender publicamente a indicação do deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) para a presidência da Câmara. O deputado reeleito é filho do presidenciável, foi reeleito com o recorde de 1,8 milhão de votos, em uma “campanha” que ninguém viu, resultado do “milagre” das urnas eletrônicas e, como o pai, Jair Bolsonaro, é ferrenho defensor do golpe militar e admirador da ditadura. Buscando encobrir todo esse processo fraudulento, armado há muito tempo, a golpista Folha de S. Paulo, assinalou em sua coluna Painel que estaria havendo uma mudança de posição no interior das Forças Armadas. Assinalando, falsamente que “se

antes era comum fardados de alta patente afirmarem que o deputado tinha mais tempo de Câmara do que de Exército, sendo, portanto, mais político do que militar, hoje muitos o chamam em conversas privadas de ‘nosso candidato’”, como se houvesse – de fato – uma mudança significativa de posição e não fosse Bolsonaro-Mourão, há muito tempo, os candidatos do golpe militar. Os militares estão em aberta campanha golpista para tirar proveito da fraude das eleições e da situação defensiva em que se colocou a maioria da direção da esquerda que capitulou diante da cassação de Lula e busca se adaptar às pressões da direita golpista para encenar que de fato estaríamos diante de uma eleição minimamente democrática. A esquerda classista precisa superar as ilusões, comprovadamente irrealizáveis, de que o golpe pode ser derrotado por dentro das instituições, no jogo viciado e fraudulento imposto pela direita. A tarefa é levantar já a luta contra o governo militar que eles preparam: fora Bolsonaro e todo os golpistas. Nessa luta, uma tarefa fundamental é retomar a mobilização pela liberdade de Lula, unificando toda a esquerda, os explorados e suas organizações de Lula.

Comitês realizam campanha contra o golpe em São Paulo: Fora Bolsonaro e todos os golpistas! E

sta semana, uma série de atividades devem ser realizadas pelos comitês de luta contra o golpe, em São Paulo, e tem o objetivo de colocar nas ruas a campanha Fora Bolsonaro e todos os golpistas! Liberdade para Lula e todos os presos políticos. Os comitês foram e são armas essenciais na luta contra o golpe. Fizeram ampla campanha, nacional e internacional, contra a derrubada de Dilma Rousseff; organizaram caravanas em vários estados do Brasil, para lutar contra o golpe, além de terem

sido fundamentais na luta contra a prisão de Lula. Agora, o que está colocado é a luta contra a direita, dentro e fora do regime político. Os direitistas estão avançando contra a população e setores mais vulneráveis da sociedade, de maneira que os comitês devem se colocar, também, como comitês de autodefesa. Participe das colagens de cartazes e panfletagens, entre em contato e venha fazer parte da luta contra a direita golpista.


6 | NACIONAL & MOVIMENTOS

MINAS GERAIS

Eleição em MG escancara a fraude: povo queria um governo de esquerda, as urnas colocaram a direita E

ssas são as eleições mais fraudadas desde o nascimento da Constituição Federal de 1988, quer seja no plano federal, quer seja no plano estadual. Exemplo disto é a eleição para governador em Minas Gerais, cujos candidatos do segundo turno são Romeu Zema (Novo) e Antônio Anastasia (PSDB). Ambos os candidatos são tipos direitistas com políticas antipopulares, mesmo assim foram fraudulentamente encaminhados para o segundo turno mineiro. Em recente declaração, o candidato Zema afirmou que não iria mais privatizar as empresas estatais. Mais outra mentira eleitoral

para enganar os incautos. Zema tenta ludibriar a população depois de ter iludido no primeiro turno. Se a população é contra as privatizações, como pode ter votado no candidato que queria privatizar? Não obstante o recuo, tudo o que Zema prometeu não passa de uma grande falácia para justificar eventual fraude eleitoral. A maioria da população não compactua com a política do Partido Novo, aquele que já nasceu velho, pois o programa partidário sempre foi o de acabar com o estado para favorecer a burguesia. É preciso, pois, denunciar a grande fraude mineira.

MOVIMENTOS

MOVIMENTO ESTUDANTIL

NEGROS

Estudantes são reprimidos por panfletarem na Unicamp

Assassinos de negros norte-americanos, Ku Klux Klan apoia Bolsonaro: “Eles soa como nós”

C

O

caráter cada vez mais ditatorial do regime político nacional fica cada vez mais explicito. Um exemplo desse fato foi o que aconteceu com dois estudantes da Universidade de Campinas, a Unicamp, que estavam panfletando o material de campanha de Fernando Haddad em frente ao terminal de ônibus da cidade na manhã da última terça-feira, dia 16 de outubro. Enquanto distribuíam o material de campanha, um guarda municipal se aproximou dos jovens e disse que eles não poderiam panfletar no local. Os jovens alegaram então que estavam dentro da legislação eleitoral e que poderiam desempenhar a atividade, o guarda então apreendeu os panfletos dos estudantes, mais de mil e acionou a policia Federal. Após dar voz de prisão aos estudantes e ser questionado do caráter autoritário de sua atitude, o guarda respondeu que a ditadura militar vol-

tou, graças a deus. Os jovens foram então levados ao departamento de policia da cidade, na sede da policia federal e tiveram que prestar depoimento. O caso e só mais um dentre os inúmeros exemplos de perseguições contra a esquerda que vem ocorrendo durante a campanha eleitoral. Os golpistas agiram e agem abertamente para fraudar as eleições em prol de seus próprios interesses, elegendo um candidato conveniente ao golpe de estado. Para tanto, impõem uma campanha de intimidação, repressão e violência contra a militância de esquerda e o próprio povo. E necessário denunciar essas perseguições e organizar a luta da população e dos trabalhadores contra o golpe de estado. Para tanto e necessário organizar os comitês de luta contra o golpe e chamar o povo a lutar nas ruas contra os golpistas.

omo tem se visto na prática o fascismo tem ascendido no cenário político e isso se deve preferencialmente pelo estímulo da candidatura do representante da extrema-direita, Jair Bolsonaro. Nos últimos dias, isso se demonstrou pelo apoio de setores tão pérfidos quanto o candidato, em defesa de sua campanha. Por mais que o presidenciável tente amenizar seu discurso e fazer a boa e velha demagogia, o discurso cai por terra quando se aparece desde a assassino de mulheres o apoiando e até mesmo organizações fascistas e racistas como o Ku Klux Klan. Esta é uma das mais recentes declarações a favor de Bolsonaro. Uma das principais figuras que compôs o grupo racista, David Duke, declarou seu fiel apoio ao candidato da direita fascista. Em sua fala, o defensor da supremacia branca afirmou “ele soa como nós”, quer dizer, o ex-membro deixa muito claro o que representa o boneco de ventrículo da extrema-direita. É um verdadeiro defensor do massacre da população negra e que não mede esforços para espalhar

sua política totalmente antipopular que vai de encontro diretamente com a população mais pobre que é composta majoritariamente por negros. Portanto, receber este tipo de apoio não seria mera coincidência. A todo momento Duke, afirma que o candidato está aliado àquilo que o mesmo compartilha, que é um nacionalista e se assemelha com o homem branco americano e europeu. Ou seja, o antigo líder do grupo racista derrama elogios a Jair Bolsonaro. O ex-membro do Ku Klux Kan, também foi um dos articuladores das manifestações supremacistas e nazistas que aconteceram em Charlottesville, onde houve concentração da extrema-direita fascista que promoveu um cruel massacre na região. Nesse sentido, é preciso ter uma pronta reação ao candidato da direita fascista, impedir o avanço de setores que vêm sendo estimulados por sua campanha. É com o povo nas ruas que se combate o fascismo e impede a ascensão de grupos como os que declaram seu apoio a Bolsonaro.

Toda terça-feira às 19h


MOVIMENTOS| 7

CAPITALISMO

No campo, mulheres ganham metade do salário dos homens C

onstantemente a classe trabalhadora é reprimida pelo sistema capitalista. No campo, a prática de opressão é ainda pior e mais visível, em especial as mulheres, que, além de possuírem uma jornada de trabalho dupla, recebem menos que os homens que desempenham a mesma função. No dia 15 de outubro, data definida pela Organização das Nações Unidas (ONU), é comemorado o Dia Internacional das Mulheres do Campo. Para analisar a relação que elas possuem com a profissão que exercem, um estudo foi realizado, em 17 países, pela Corteva Agriscience, divisão agrícola da empresa estadunidense DowDuPont. Foram 4.157 mulheres entrevistadas, em cinco continentes, sendo 433 brasileiras, nas diversas regiões do país. Quando questionadas pela pesquisa sobre a equidade salarial, 50% afirmaram que recebem menos que os homens que desempenham a mesma função. No que se refere ao poder de decisão sobre a distribuição de renda na agricultura e no cultivo, 62% afir-

mam não ter oportunidade para expressarem seus posicionamentos. A respeito da disparidade entre gêneros, 78% das trabalhadoras do campo afirmam que são discriminadas no agronegócio. 58% delas ressaltam também que as oportunidades não são iguais para homens e mulheres e pelo menos metade não se considera bem-sucedida quando em comparação com o sexo oposto. Para 63% das mulheres, avanços foram percebidos nos últimos 10 anos de trabalho, no que se refere a igualdade entre os gêneros. Ainda assim acreditam que a disparidade é existente e perceptível, não acreditando que serão valorizadas, tão logo, da mesma forma. Sobre a satisfação com as atividades desempenhadas, 90% diz ter orgulho da profissão que exerce, seja no campo ou na indústria agrícola. Todavia o saldo brasileiro ainda é bastante negativo, segundo o estudo, em comparação aos outros países analisados. A discriminação entre os gêneros, no país, apenas nesse ramo, é 66% maior que a média mundial.

Com o aprofundamento do golpe, os ataques a classe trabalhadora se tornaram ainda mais intensos, principalmente aos trabalhadores do campo, em especial as mulheres. Também sofrem os efeitos dos golpistas as organizações de luta, a exemplo do MST e de lideranças populares. Nesse sentido todos devem se unir em torno da luta contra os retrocessos impostos pela direita, através de amplas mobilizações populares.

No que se refere aos direitos das mulheres, em especial as trabalhadoras do campo, é preciso a compreensão de que as desigualdades presentes são frutos da exploração imposta pelos capitalistas. Com dupla jornada de trabalho e renda inferior, são brutalmente reprimidas e colocadas em condição de inferioridade. Nesse sentido a igualdade entre os gêneros só será plenamente alcançada com o fim do capitalismo.

BANCÁRIOS

EXTREMA-DIREITA

Agência do Banco Itaú, em Brasília, sem as mínimas condições de trabalho e atendimento

Com Bolsonaro, extermínio no campo aumentará ainda mais

S

ituada em uma cidade satélite de Brasília, São Sebastião, a agência do Itaú é um verdadeiro caos, tanto para os funcionários quanto para os clientes. “É um ambiente insalubre e degradante” reclama um dos funcionários da agência, que prefere não se identificar devido às possíveis retaliações. São péssimas as condições de trabalho: agência lotada, acúmulo de poeira, pouco espaço físico são alguns exemplos da situação que estão submetidos funcionários e clientes. A agência funciona com apenas três caixas para atender uma multidão de pessoas que ficam mais de uma hora na fila para serem atendidos. A situação, em mais uma das agências do Banco Itaú, é o reflexo da política dos banqueiros golpistas, que a cada ano só vem aumentando os seus lucros às custas dos bancários e

de toda a população. No atual processo de golpe de Estado por que passa o País, os banqueiros se sentiram à vontade para aprofundar os ataques aos trabalhadores e de toda a população para satisfazer o seu apetite. Já são milhares de demissões e fechamento de centenas de agências por conta dessa política que só serve para beneficiar meia dúzia de banqueiros parasitas. Os trabalhadores e suas organizações não devem aceitar a política de aprofundamento dos ataques dos banqueiros e de seu governo golpista, onde meia dúzia de parasitas capitalistas lucram à custa da demissão de dezena de milhares de trabalhadores, do arrocho salarial de centena de milhares bancários. É preciso organizar imediatamente um movimento nacional dos bancários para barrar a ofensiva dos golpistas.

A

provável eleição de um candidato da extrema-direita, como Jair Bolsonaro, aliado diretamente com os setores ruralistas, ultra conservadores, fará com que o extermínio no campo, contra os camponeses aumente ainda mais. Desde o golpe de estado, com o impeachment da presidenta Dilma, os assassinatos no campo vem aumentando, foram e são inúmeras as mortes causadas pelos latifundiários contra a população camponesa no pais. Lideranças sem terra estão sendo massacradas, como o caso ocorrido na ultima semana, onde um dirigente sindical e líder sem-terra, Aluísio Sampaio, foi morto na sede do sindicato que presidia com vários tiros na cabeça, no Para. Durante visita a região em julho, Jair Bolsonaro elogiou os policiais conde-

nados por terem matado 19 trabalhadores sem terra no Pará, no que ficou conhecido como o massacre de Eldorado dos Carajás. Com a fraude eleitoral, a cassação da principal candidatura popular de Lula, a perseguição a esquerda durante toda a campanha eleitoral, os golpistas agem para que Bolsonaro seja o mais novo representante do golpe de estado contra o povo pobre e trabalhador. Intensificando os ataques as condições de vida da população, como e o caso dos sem-terra. Para combater essa ofensiva e necessário organizar os comitês de luta contra o golpe e, no caso dos sem-terra, os comitês de autodefesa, para resistir a ofensiva latifundiários contra a vida da população camponesa.


8 | INTERNACIONAL

FRANÇA

Polícia de Macron invade casa de ex-candidato de esquerda à presidência

N

esta terça-feira (16), a casa do deputado francês e líder do partido La France Insoumise (LFI- A França Insubmissa), Jean-Luc Mélenchon, assim como a sede do partido, foram invadidas pela polícia francesa. Méleonchon acordou com nove policiais em sua porta e que revistaram sua casa por inteiro. No mesmo dia a polícia também enviou agentes para a sede do LFI, onde Mélenchon, e os demais políticos que ali estavam, bateram de frente e protestaram contra a invasão. No ato, o líder do partido denunciou as ambições políticas por trás do acontecimento, sendo o seu partido um dos principais opositores ao “La Republique En Marche !” (A República em Marcha !), partido de Emmanuel Macron, atual presidente da França. O LFI está sob duas investigações jurídicas diferentes e simultâneas, a primeira acusando o partido de ter funcionários fantasmas, a segunda investigando “irregularidades” financeiras na campanha eleitoral de Mélenchon durante sua participação na corrida presidencial de 2017.

Após os eventos ocorridos o deputado demonstrou sua indignação no Plácio Bourbon, casa da Assembleia Nacional da França. “Eu sou um ser-humano, estou magoado pelo que aconteceu. Não somente por mim; pelos meus amigos, meus companheiros de combate”. “Nós somos todos investigáveis, mas não somos obrigados a participar dessa encenação”, disse ele, acusando a polícia de ser uma “polícia política”. A perseguição à esquerda está seguindo o mesmo roteiro no mundo inteiro . Abrem-se vários inquéritos contra um dirigente partidário ou líder político; a polícia e a justiça passam por cima dos procedimentos judiciais tratando o investigado como se fosse uma figura de alta periculosidade ignorando seus direitos políticos e democráticos; é feita uma encenação midiática para justificar a perseguição; e aos poucos a esquerda vai sendo minada e encurralada pela direita que domina as instituições burguesas. Macron foi uma grande sacada da direita imperialista francesa. Consegui-

Rui Costa Pimenta “O problema não vai ser resolvido nas eleições”

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ui Costa Pimenta alerta que independentemente de quem seja o próximo presidente, o governo estará sob tutela militar, a serviço daqueles que nunca saíram do poder. “Nós devemos dizer claramente o seguinte: Primeiramente, e esse é um ponto chave, o problema não vai ser resolvido pelas eleições. Muita gente que achou que a eleição era a solução agora está vendo que não é bem assim. Quando falaram que a eleição sem Lula era uma fraude, era verdade. Uma fraude para que ganhe a direita. Se essa direita é Bolsonaro ou Alckmin, não muda nada de essencial. Vamos considerar a hipótese de que o Bolsonaro ganhe a eleição. Existem nesse caso suas possibilidades: ou ele não governa, ou governa com os “democratas” coxinhas e anti-coxinhas. É o que aconteceu com o Collor. A gente já viu esse filme várias vezes. Quer dizer, a luta contra o Bolsonaro é uma luta contra nada. A luta teria

que ser contra o golpe de estado. Essa bandeira de luta foi abandonada em nome da ilusão e que nós vamos resolver tudo através da eleição. As pessoas foram envolvidas pela feitiçaria eleitoral, a pessoa acha que se for lá votar o mundo vai mudar. Mas não vai acontecer nada, não vai mudar nada. Os que estão no poder não vão sair de lá por causa da eleição. Nunca saíram. Entre governo e sai governo e continua a mesma corja. De vez em quando entra um governo que faz uma ou outra reforma para ajudar os pobres, mas é um paliativo. Nos últimos trinta anos ao Brasil retrocedeu industrialmente de uma maneira espetacular. E qualquer que seja o nome do novo presidente isso vai continuar. A entrega vai continuar. Os militares que já tomaram conta do governo não vão se sentir ameaçados por votos. Eles não vão largar o osso. O próximo governo vai ser colocado sob tutela militar”

ram eleger um candidato desconhecido e sem popularidade disfarçando-o de progressista, enquanto apresentavam um adversário espantalho endemoniado – nesse caso foi a Marine Le Pen, candidata do Front Nacional, um partido de extrema-direita que sempre ocupou o papel de bicho-papão nas

eleições francesas para que a burguesia pudesse eleger seu candidato de preferência. Agora eleito ele põe em prática uma política de austeridade e perseguição aos direitos trabalhistas do proletariado francês, enquanto estabelece um estado policialesco para perseguir a esquerda.

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