Edição Diário Causa Operária nº5454

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TERÇA-FEIRA, 7 DE NOVEMBRO DE 2018 • EDIÇÃO Nº 5454

DIÁRIO OPERÁRIO E SOCIALISTA DESDE 2003

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ABAIXO A ESCOLA SEM PARTIDO! REAGIR À “CAÇA ÀS BRUXAS” DOS BOLSONARISTAS NAS ESCOLAS A gigantesca operação de fraude que levou à vitória eleitoral do candidato da direita, apoiado – de fato – pelo governo golpista de Michel Temer e por todos os partidos que realizaram o golpe de Estado que derrubou a presidenta Dilma Rousseff, embora tenha recebido (nas suspeitíssimas urnas eletrônicas) apenas 39% dos votos do eleitorado, vem impulsionando uma ação de grupos ultra-reacionários contra todo tipo de atividade educacional e cultural que possa representar algum progresso no conhecimento.

Não deixar a direita avançar nas escolas: defender a liberdade de expressão dos professores na sala de aula A extrema-direita ficou motivada com a vitória fraudulenta de Jair Bolsonaro nas eleições de 2018. Todos os elementos mais reacionários da sociedade ressurgiram no cenário político.

Leia o Jornal Causa Operária Ediçao 1029

Eles faliram o país: golpistas geram maior Frente ampla com Bolsonaro? PSB não vai “inviabilizar” inflação dos últimos três anos governo ilegítimo Não é correto avaliar os adversários por um viés apenas moral. A luta de classes nos obriga a ter claro que são os interesses de classe o centro da questão.

Leia: O encarte especial sobre a Vitória da fraude

Frente ampla com Bolsonaro? PSB não vai “inviabilizar” governo ilegítimo


2 |OPINIÃO

ABUTRE

EDITORIAL

Não deixar a direita avançar nas escolas: defender a liberdade de expressão dos professores na sala de aula

A

extrema-direita ficou motivada com a vitória fraudulenta de Jair Bolsonaro nas eleições de 2018. Todos os elementos mais reacionários da sociedade ressurgiram no cenário político. Houve um aumento das agressões fascistas, contra os mais diversos grupos sociais, um aumento da perseguição política e judicial, e também um aumento da censura contra os grupos dissidentes. Esses grupos de extrema-direita já haviam levantado a cabeça no momento do golpe de estado contra Dilma Rousseff, em um momento anterior da etapa política. Agora, voltam ainda mais agressivos. Na época o projeto de censura nas salas de aula, o “Escola Sem Partido” não passava de uma lei que os vereadores procuravam passar por debaixo dos panos. A reação foi muito grande, e em diversas cidades houve manifestações contra a aprovação da lei. No atual momento, com a volta destes grupos retrógradas, a situação piorou. A passividade política da esquerda durante o período eleitoral, que deixou de lutar contra o golpe para acreditar em fantasias, fez com que a extrema-direita voltasse com todas as forças. O “Escola Sem Partido” é um dos principais projetos do golpista Jair Bolsonaro e, por mais que ele não tenha assumido o governo ainda, toda o aparato do estado já se organiza no sentido da linha política de Bolsonaro, levando adiante suas propostas de aumento da repressão contra a população, como fica claro com a proposta de ampliação da lei antiterrorismo, para perseguir movimentos sociais, a criação da Força-Tarefa controlada pelos militares e também a discussão em comissão do projeto “Escola Sem Partido” em âmbito nacional. De qualquer forma, da mesma maneira que os neonazistas que apoiam Bolsonaro não aguardaram este assumir à presidência para iniciar uma política de agressões contra os explorados, e nem os latifundiários esperaram para aumentar os ataques brutais aos indígenas e sem-terras, a Escola Sem Partido já está colocada na prática. Bolsonaro e outros políticos da

extrema-direita estão pedindo para que alunos e colegas de trabalho filmem professores em sala de aula que estiverem fazendo “doutrinação”. Um típica prática policial adota pela extrema-direita, e uma forma de tentar intimidar o professor em sala de aula. A extrema-direita utiliza isso como forma de linchamento. Divulgam um professor e formam um grupo, geralmente composto pelos pais, para começar a atacar o professor, persegui-lo e pressionar (se pressionar for necessário) a escola a demiti-lo de seu cargo. Isso em Santo André em que uma professora começou a ser perseguida por Bolsonaristas e entrou em crise de choros em sua casa, com medo de ir à escola – ao que aproveitaram para demiti-la. É importante ressaltar que não se deve cair no discurso de “doutrinação nas salas de aulas”. Isso é apenas uma forma de pressionar os professores de esquerda a não apresentarem o fato tal qual eles acham estar correto, mas da forma que a direita quiser. A “Escola Sem Partido” é na verdade a escola com o partido da direita, sem a esquerda. As escolas e universidades devem ser o lugar da livre circulação de ideias, e deve ter isso como princípio fundamental. Os professores devem ter total liberdade de expressão nas salas aulas, caso contrário é uma censura, e assim deve ser denunciado. A direita atua de forma totalmente policial, de forma a cercear todos os passos dos professores e persegui-los quando saírem dos limites traçados por ela traçados. O “Escola Sem Partido” reflete o aprofundamento do golpe de estado, e portanto de sua política de repressão e censura. Por isso, os professores precisam se organizar em comitês para barrar a ofensiva da direita nas escolas. É preciso que para cada professor demitido, tenha 100 professores na porta do colégio que o demitiu protestando contra a censura e fechando as salas de aulas. Para isso, a união entre estudantes e professores é fundamental para combater a extrema-direita, que de longe é minoria em todas as escolas.

FRASE DO DIA “Para mim, no dia 3 de janeiro de 2019, o MST e o MTST serão declarados organizações terroristas. No começo de fevereiro, o PT vai ser interditado. Haverá um expurgo na administração pública, que já está em preparação. Só não vê quem não quer” Pesquisadora Maud Chirio, sobre repressão do governo Bolsonaro

Frente ampla com Bolsonaro? PSB não vai “inviabilizar” governo ilegítimo

O

PSB – Partido Socialista Brasileiro – lançou nota, nesta segunda-feira, com o balanço da campanha eleitoral e a orientação para 2019. Nela, o partido afirma que fará oposição ao governo de Bolsonaro, dentro de uma “frente ampla” em defesa da democracia. A informação parece feita para agradar às bases do partido. Entretanto, na sequência, o PSB também afirma que não será o caso de inviabilizar o governo, nem aplicar-lhe “oposição sistemática”. Trata-se apenas de pressioná-lo “onde for possível”, para fazer prevalecer as agendas de interesse nacional. Infelizmente, o partido não explica como fará isso, considerando que perdeu participação na Câmara, em relação a 2014, e enfrenta uma ofensiva muito mais agressiva da extrema direita. Na verdade, o que este partido com vernizes de esquerda faz, é se adequar

GROSSOMODO POR MUNA

perfeitamente ao jogo da burguesia. É o que Marx e Lenin chamavam de “cretinismo parlamentar.” O PSB participou da base do governo petista mas, conforme o golpismo avançava, mudou de posição. Em 2016, o partido orientou seus parlamentares a votarem pelo impeachment de Dilma Rousseff. Atualmente, acomoda-se no papel de oposição. A burguesia nunca teve pudor para tirar governos que não lhe agradassem. Os trabalhadores também não podem. É fundamental repudiar aliança com parlamentares “de carreira” e partidos com posicionamento errático. Eles não lutam pelo povo; lutam para manter seus empregos no poder público, seja como oposição, seja como situação. Com esta nota, o PSB deixa claro que quer garantir seu lugar ao sol dentro do regime golpista e, para isso, não pretende ameaçá-lo.


POLÍTICA| 3

QUEM SÃO OS APOIADORES DE BOLSONARO

Regina Duarte, garota propaganda dos latifundiários N

ão é correto avaliar os adversários por um viés apenas moral. A luta de classes nos obriga a ter claro que são os interesses de classe o centro da questão. Então, não é o mais importante que existam capitalistas que possamos considerar ‘bons’, mas sabemos que há entre os capitalistas aqueles menos civilizados, entre os quais os latifundiários, escravagistas por natureza, escravocratas por convicção. A imprensa burguesa não usa o termo latifundiário, prefere ‘agronegócio’, nome bonito que se dá aos negócios dos grandes produtores de grãos, laranja, café, cana-de-açúcar etc., à custa de desmatamento, envenenamento dos rios, grilagem, assassinatos e conflitos com indígenas, sem terra e quilombolas. Também se inclui a pecuária, dos grandes criadores de gado e frango, também vivendo à custa de desmatamento, de exploração de mão de obra barata ou escrava. A maior parte da produção conta com empréstimo de dinheiro

público e se destina à exportação. Os piores casos de trabalho escravo são encontramos no agronegócio, as maiores ameaças aos indígenas e a causa da violência no campo. O agronegócio apoiou e apoia Jair Bolsonaro desde o primeiro momento. A atriz, ex-Rede Globo, Regina Duarte, aquela que apoiou os tucanos em todas as campanhas e que foi a primeira e mais famosa garota propaganda anti-PT desde a primeira eleição presidencial pós-Constituição de 1988, é casada com um latifundiário e também se tornou uma porta-voz das ‘causas’ dos grandes proprietários de terra: contra a demarcação de terras indígenas, contra a reforma agrária, pró pesticidas, pró transgênicos, pró armamento. Para quem não lembra, Regina Duarte protagonizou uma das peças da campanha de José Serra para as eleições presidenciais de 2002, com o bordão “tô com medo“. No vídeo da campanha, ela dizia: “Eu estou com medo. Faz tempo que eu não tinha este

sentimento. … Isso [a eleição do Lula] dá medo na gente”. Antes dela, na campanha de 1989, em que disputaram Collor e Lula, o empresário Mario Amato também dizia ter medo, e fazia uma alarmante previsão de que 800 mil empresários abandonariam o Brasil caso Lula vencesse a eleição. O caso de Regina Duarte, porém, é suficiente para que possamos identificar quem é o apoiador típico de Bolsonaro. Classe média e membros da elite econômica do país, conservadores e de extrema-direita. Regina Duarte não hesitou em fazer uma campanha calhorda e cheia de mentiras contra Lula, não se furtou a continuar propagando ódio ao petismo, apoiou o impeachment de Dilma Rousseff, e é defensora ferrenha da ‘propriedade’ (leia-se latifúndio) e inimiga declarada dos indígenas e dos trabalhadores rurais sem terra. Tomou partido pelo fim do Ministério da Cultura quando o desgoverno golpista de Michel Temer quis castigar

artistas e ativistas da área. Desde pelo menos 2009, é uma voz ativa contra os direitos indígenas que considera um excesso e prejudicial aos latifundiários. Uma de suas últimas performances foi ‘fantasiar-se’ de gari para acompanhar o então prefeito coxinha e fascista de São Paulo, João Dória. Pela companhia e a quem apoia, sabemos bem quais são seus interesses. Os que defendem a extrema-direita contra a população, contra os trabalhadores, contra setores oprimidos da sociedade brasileira, apoiam Bolsonaro, ponto. Regina Duarte é apenas um exemplo bem acabado desse grupo. Vivem de espalhar o medo e alimentar o ódio, demonizar os adversários, desinformar, mas sempre tendo em vista a defesa de seus próprios interesses. Essa defesa é feita à custa da vida dos outros se preciso, à custa da precarização do trabalho, da retirada de direitos e da violência. É contra isso que lutamos.

FORMAR COMITÊS DE LUTA CONTRA O GOLPE E AUTODEFESA NO CAMPO

Sem-terras precisam se organizar contra a lei anti-terrorista D

ia 27 de outubro, o acampamento do MST próximo a Dois Irmãos do Buriti, em Mato Grosso do Sul, ardeu em um incêndio criminoso, ateado por jagunços. Pouco dias depois, dia 30, foi a vez do acampamento Irmã Dorothy, Ceará, passar o inferno na terra, com cento e cinquenta famílias, tendo de acordar no meio da noite para salvar suas vidas em meio ao fogo covarde da burguesia agrária brasileira. E estes não são casos isolados. Somente em 2017, foram 71 pessoas mortas por centenas de atentados terroristas como estes, em um massacre que deixa um rastro cada vez maior de violência e terror no campo de nosso país. Mas os assassinos do campo não atingem toda e qualquer pessoa que desafie as regras de propriedade rural instituídas por nossas leis. Se que pequenos agricultores e suas famílias são sumariamente assassinados quando buscam um pequeno pedaço de terra para produzir, as grandes empresas do agronegócio, com a Cutrale, tem toda a liberdade para arrancar milhões de dólares de lucro em terras de propriedade da União, e isto há décadas, sem sequer serem questionadas, quanto mais serem acusadas do crime de terrorismo que agora querem imputar aos movimentos sociais do campo. Em resumo, para a burguesia tudo, para os operários do campo, nada. O seleto clube de latifundiários rurais brasileiros, é óbvio que vêem como um verdadeiro crime o fato de um operário do campo querer ter em suas mãos um pouco de terra viável para produzir.

E se o povo pobre e explorado não pode ter nem um punhado de terra em suas mãos, nas mãos dos grandes latifundiários brasileiros há mais de 500 anos está o poder absoluto de vida e morte sobre qualquer um que até mesmo levante questão sobre este inaceitável privilégio de deter o imenso território nacional, que de geração em geração mantém-se como posse de algumas poucas famílias tradicionais do campo. Poder de matar, atear fogo, escravizar, torturar, expulsar do campo, enfim exercer qualquer ato terrorista contra qualquer um que pense em democratizar minimamente o acesso à terra no Brasil. E não bastasse todo este poder, agora, o representante desta corja de assassinos, o fascista Bolsonaro, tomou para si a “missão” de destruir por completo qualquer movimento organizado dos companheiros sem-terra. O impostor Bolsonaro promete alterar a Lei do Terrorismo para enquadrar como atividade terrorista toda e qualquer forma de organização da luta camponesa no Brasil. E se ele conseguir, a nova lei será muito mais do que um sinal verde para a matança: representará uma verdadeira ordem para que um mar de sangue tome conta do campo, um massacre com o claro objetivo de mandar para a cova um por um dos companheiros de luta do MST e demais movimentos pelo acesso à terra no país. É óbvio que movimentos sem-teto, nas cidades, também estão no alvo fascista dos grandes especuladores imobiliários, e se confrontarão da mesma forma com uma violência

nunca vista em nossa história. Na verdade, a Lei do Terrorismo de Bolsonaro servirá justamente como autorização legal para a burguesia exercer ainda mais livremente o mais amplo terrorismo no campo e na cidade, e se os movimentos de ocupação rural ou urbano são os alvos prioritários, é claro que esta mesma violência será exercida contra sindicatos, partidos políticos e todas as organizações populares e operárias do nosso país. A situação é gravíssima e impõe a todos os movimentos de massas a tarefa urgente de organizarem-se em comitês de auto-defesa que sejam de fato capazes de impedir e neutralizar qualquer ataque a organizações, famílias e militantes da luta operária, do campo ou da cidade. É preciso mostrar aos fascistas, com organização e combatividade, inclusive com o uso da violência se pre-

ciso for, que não será nada fácil, pelo contrário, será impossível, destruir o movimento dos companheiros sem-terra e sem-teto. Além disto, os movimentos de luta e toda a esquerda, que de fato seja combativa, deve se mobilizar desde já para impedir, a todo custo, que seja aprovada a legalização do terrorismo contra os movimentos populares. Não se pode permitir que a burguesia se sinta confiante nem mesmo para tentar passar esta lei, quanto mais para colocá-la em prática. A burguesia deve compreender, pela imediata e intensa mobilização dos movimentos populares, que se até mesmo tentar aplicar estas medidas fascistas no Brasil, haverá retaliação à altura, haverá luta, e ninguém mais será pego de surpresa ou indefeso pela covardia assassina daqueles que se acham os donos do mundo em nosso país.

DE SEGUNDA A SEXTA ÀS 9H30


4| NACIONAL

CENSURA E PERSEGUIÇÃO

“Escola sem partido” é a ampliação da perseguição política contra Lula

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om a dissimulada eleição do filisteu Jair Bolsonaro (PSL), o golpe de Estado se encontra em um estágio mais avançado; sobretudo pela falsa sensação “democrática” construída pelo joguete eleitoral – totalmente dominado pela burguesia golpista.

Além do recrudescimento da extrema-direita – posta como batalhão de infantaria – frente as organizações de esquerda que lutam contra o golpe, uma das tarefas mais nefastas do movimento golpista consiste em desenvolver um ardiloso prélio com o

ELES FALIRAM O PAÍS

Golpistas geram maior inflação dos últimos três anos

U

ma das maiores preocupações da burguesia é o aumento da inflação. Como disse Lenin, principal líder da primeira revolução proletária da história, a inflação é o fator mais revolucionário da situação política. Isso porque a inflação é responsável pela diminuição exponencial da qualidade de vida dos trabalhadores. O problema, para o golpe, sempre foi esse. Entregavam o país, destruíam os direitos, atacavam as organizações populares, mas o problema sempre era de segurar a inflação. Isso porque sabem que com seu aumento, a situação pode desandar. Mas mesmo assim, apesar de todos os artifícios, não conseguiram controlar. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (INPCA), que é considerado inflação oficial do país ficou em 0,45%, no mês de Outubro, tendo registrado 0,48% no mês de Setembro, segundo dados divulgados

pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Trata-se do maior índice para o mês desde 2015, quando o governo Dilma por conta da sabotagem política e econômica da burguesia golpista, estava sendo impedida de governar. Com isso, fica claro a idiotice dos setores de classe média que apoiaram o golpe para resolver as contas do país. Os golpistas faliram o país. Não só a inflação está aumentando, como também o desemprego, tudo isso enquanto os trabalhadores empregados têm seus salários estagnados. Ou seja, estão criando uma situação de miséria no país, e não é por nada que o país está voltando para o Mapa da Fome da ONU. Além disso está aumentando os trabalhadores ambulantes, os moradores de rua, os trabalhos informais, os empregos paralelos, e assim por diante. Foi pra isso que deram o golpe.

objetivo de extinguir qualquer tipo de resistência aos interesses das classes dominantes. Nesse ofício, uma das bandeiras defendidas pelos golpistas expressa-se na implantação do projeto “Escola Sem Partido”. Para dar sequência à política de aniquilamento da classe trabalhadora e entrega das principais empresas estatais ao imperialismo, a frente golpista – iniciada com o amplamente repudiado governo Michel Temer (MDB) – após o falseado impeachment da presidenta Dilma Rousseff, tem recorrido a todos os meios possíveis. Nesse ínterim, o ignóbil projeto da Escola Sem Partido tem ocupado um papel de destaque no tocante à Educação. Um dos itens da proposta reflete claramente a desenfreada tentativa de censurar qualquer tipo de ideia que não esteja em consonância com o parco desenvolvimento intelectual – típico da intelligentsia burguesa. Assim,

um dos mandamentos do obscurantismo golpista, se dá em: “não cooptar os alunos para nenhuma corrente política, ideológica ou partidária”. Após a injusta e ilegal prisão do ex-presidente Lula, os setores mais debilitados foram ainda mais atingidos. Se um líder político da envergadura de Lula foi preso sem provas, o que esperar de professores e estudantes que tem lutado contra todo o aparato militar que vem avançando e se consolidando a cada dia? Nesse caso, a organização deve se dar através da formação e multiplicação de comitês de luta contra o golpe e de autodefesa; visto que não há mais tempo para vacilação quanto ao caráter ditatorial do regime golpista – sendo este já ponto pacífico! É preciso deixar claro que, nas questões concernentes aos seus interesses de maior importância, as classes dominantes utilizarão todas as armas possíveis para neutralizar e erradicar toda e qualquer forma de resistência. Desta forma – para os golpistas – o cerceamento das liberdades democráticas, a censura e a perseguição estarão sempre na ordem do dia.

Fora Bolsonaro Acompanhe a programação COTV no site: causaoperariatv.com.br no youtube: causaoperariatv


NACIONAL| 5

A LEI NÃO É PARA TODOS

Sérgio Moro tira férias ilegais para organizar Ministério da Justiça S e por um momento de devaneio pudéssemos imaginar uma reviravolta na situação política do ponto de vista de uma racha de grandes dimensões na aliança golpista e que, por força dessa crise, um monopólio de comunicação, como uma rede de televisão, por exemplo, fosse impelida a denunciar o golpe, possivelmente o “calcanhar de Aquiles” das inúmeras falcatruas, arbitrariedades e manipulações a ser denunciado em primeira-mão seria a “República de Curitiba” e o seu cafetão, o juizeco Sérgio Moro. Moro é aquele tipo de charlatão escolhido a dedo e treinado pelos “donos do golpe”, para fazer todo tipo de jogo sujo sem um mínimo de escrúpulo, justamente porque é só uma casca enxertada pelo que os seus patrões querem que ele seja, uma espécie de “boneco de ventríloquo” que projeta a voz do seu criador. É justamente pela carta branca assinada pelos “donos do golpe” para Moro e sua trupe e pela campanha gigantesca dos monopólios de comunicação em dar grande destaque monopólios às ações que vêm no sentido de apro-

fundar o golpe e encobrir as dezenas de denúncias sobre todo tipo de falcatruas e da política rampeira característica dos movimentos corruptos. Moro ganhou destaque como a figura responsável por “condenar por corrupção” Lula, o maior líder popular do país e a maior expressão da luta contra o golpe. A condenação e prisão de Lula foi peça-chave na busca dos golpistas em institucionalizar o golpe pelas eleições. Para que a imprensa venal pudesse manipular a opinião pública dando como verdades indícios de irregularidades absolutamente inconsistentes, prender e torturar psicologicamente políticos e empresários para delatarem Lula e o PT sem nenhuma prova material, rasgar a Constituição, enfim impor uma arbitrariedade sobre a outra para encenar a legalidade da prisão de Lula. Mas o circo de Moro não vive simplesmente das grosseiras ilegalidades que dão sustentação ao golpe. Como políticos rampeiros, a “República de Curitiba” se assemelha em tudo à gangue de Collor de Mello e PC Farias, em tempos idos conhecida como a “República de Alagoas”.

Essa figura que a direita procura apresentar como um paladino da moral e dos bons costumes contra a corrupção, tem o seu “ganha pão caseiro”. Aqui nem falamos das graves denúncias com provas materiais do ex-advogado da Odebrecht e da UTC, o espanhol Tecla Duran, que acusou Moro e seus sócios de venderem sentenças favoráveis aos acusados por corrupção pela Lava-Jato por caixa da 2, em troca do pagamento de comissões. No caso mais recente, o juiz da moralidade, ídolo dos coxinhas, recém convidado para ministro da Justiça, entrou em férias para ficar por conta de montar o seu gabinete no futuro governo do golpista Bolsonaro. Novamente, nesse aspecto, tem um gritante escândalo político. Se existisse um mínimo de legalidade no país, Moro teria que ser processado e Lula colocado em liberdade imediatamente. Como que um juiz condena e prende o principal candidato adversário do candidato “vencedor”nas eleições e ao final delas se transforma em ministro? Apenas em um país transformado pelo golpe em republiqueta de bananas

isso é possível. Mais voltemos ao comezinho do ministro da moral e dos bons costumes. É absolutamente ilegal um juiz entrar em férias para exercer uma atividade política. Com a “lei Moro”, qualquer juiz tem o direito de negociar sua futura participação em determinado governo e legislar até o momento de assumir o cargo. A situação é tão escancarada, que há poucos meses, Moro, que encontrava-se em férias, justificou sua intervenção para caçar habeas corpus favorável à liberdade de Lula, expedido pelo desembargador do TRF4, Rogério Favreto, utilizando o argumento do STF, que em 2008 considerou que”o juiz, mesmo em férias não perde a jurisdição”. Ou seja, com base nas leis, Moro está ilegal, com base no entendimento do STF, Moro está ilegal! Mas qual a importância? Sérgio Moro é a imagem do golpe. Tudo que é ilegal deixa de ser se atende aos interesses do golpe ou da quadrilha, essa verdadeira, que está tomando o país de assalto..

CRIA DO IMPERIALISMO

Escola Sem Partido é projeto importado dos EUA O

movimento Escola sem Partido (ESP), criado em 2004, visa a censurar professores e alunos no ambiente educacional por meio do fomento a legislação restritiva, por meio de ações judiciais e mesmo por meio de batidas de natureza fascista em unidades de ensino. Como relata o criador do projeto, o procurador do Estado de São Paulo e ultraconservador católico Miguel Nagib, o desenvolvimento inicial do ESP foi calcado no movimento análogo norte-americano No Indoctrination. Segundo a pesquisadora Elizabeth Macedo, o ESP participa da Atlas Network [Rede Atlas], cujo presidente é o argentino Alejandro Chafuen – membro do braço católico do fascismo espanhol, a ordem Opus Dei, do qual fazem parte também o jurista Ives Gandra e Geraldo Alckmin (PSDB-SP). A Atlas, por sua vez, é uma das muitas Organizações Não-Governamentais de fachada para a ação formativa e política direta do National Endowment for Democracy [Fundação Nacional para a Democracia], do Governo Federal Norte-Americano. A Atlas tem sido frequentemente denunciada como instrumento de articulação e fomento de think tanks e movimentos políticos de direita nos países da América Latina. No Brasil, assim como o Instituto Brasileiro de Ação Democrática (Ibad) antes do golpe de 1964, o Instituto Millenium financiado pela Atlas foi o responsável por desenvolver o arcabouço ideológico para o ressurgimento da extrema-direita no país, a uma vez em que incentivou a

formação de jovens e a criação de grupos políticos de natureza fascista, como o Movimento Brasil Livre (MBL) – por trás não apenas das manifestações de junho de 2013, mas também das invasões a atividades de esquerda. O mecanismo das décadas de 195060 se repete: as agências norte-americanas, a serviço do imperialismo, plantam nos países periféricos agências de fachada destinadas ao fomento e financiamento direto de grupos políticos golpistas, promovendo seus líderes e estimulando o anticomunismo, o anti-esquerdismo e, em nosso caso hoje, o anti-petismo. É a mesma lógica da criação do “inimigo comum” usada pelos nazistas contra os comunistas e os judeus. A transposição é tão direta que gera efeitos desconexos, como o medo de uma suposta “doutrinação comunista”, da qual fariam parte desde Fernando Henrique Cardoso (PSDB, o presidente mais neoliberal desde a redemocratização), até Luiz Inácio Lula da Silva e todo o PT. Como se sabe, embora o Partido dos Trabalhadores tenha ainda grupos marxistas minoritários, caracteriza-se ainda hoje por uma amálgama de movimentos populares parciais dentre os quais predomina o Novo Sindicalismo da corrente Construindo um Novo Brasil (CNB) – antiga Articulação dos 113, de Lula e José Dirceu. Essas correntes dominantes na esquerda latino-americana, de natureza nacionalista e centrista, nada têm de comunistas – como se pode atestar pela própria administração federal petista. Num esquema clássico, mal e mal poderiam qualificar-se como So-

cial-Democratas. O velho espectro do comunismo porém parece ter voltado a assombrar os setores histéricos da direita desde que o astrólogo Olavo de Carvalho voltou a ganhar popularidade – agora como se fosse intelectual – na virada do milênio. Em comum, tais grupos possuem fixação com a retórica de Schoppenhauer, e a obra em grande medida culturalista de Antonio Gramsci. Alega-se que a esquerda articularia um plano de dominação continental por meio do burocrático Forum de São Paulo: verdadeira obsessão dos direitistas que o “denunciam” como se fosse uma seita secreta, e não uma organização aberta de articulação política internacional. Esse foco na “doutrinação” de esquerda está no cerne da ação do Escola sem Partidor de . Assim como todo movimento dito apartidário, tratam-se na verdade de grupos políticos de extrema direita, que visam a usar a bandeira do apartidarismo para impor um mecanismo estatal de censura a alunos e professores. O espectro mais amplo de censura direitista do ESP é o da alteração da legislação vigente de diretrizes e bases da educação nacional, como o Projeto de Lei n.867/2015 – replicado também nas esferas estadual e municipal em todo o país, sobretudo após a deposição de Dilma Rousseff em 2016. O Projeto, apelidado por educadores de Lei da Mordaça chegou a ser colocado em pauta na Câmara dos Deputados há uma semana, no dia (31), e continua em vias de ser votado. Para além da esfera legislativa, e com o financiamento estrangeiro, o

ESP promove a intimidação de professores, coordenadores e diretores de escolas por meio de ações judiciais e representações ao Ministério Público. Por fim, junto ao MBL, os militantes do Escola sem Partido passaram a invadir escolas ocupadas por alunos e assembleias de sindicatos de docentes e de servidores das universidades. Desnecessário dizer que, com o aprofundamento do golpe, o ESP se tornaria uma alavanca para a censura estatal irrestrita em escolas, em materiais didáticos e em vários setores culturais. Se a ponta-de-lança do avanço do golpe hoje é a conformação de um possível governo de Jair Bolsonaro (PSL), a partir das eleições fraudulentas realizadas em outubro. Desde 1964, todo oficial militar que ascende ao Poder Executivo no Brasil nada mais é que um preposto do imperialismo. No caso atual não é diferente. Com Bolsonaro, os militares e a extrema-direita no poder, o patrulhamento ideológico e a censura prometem voltar com força total por todas as vias possíveis. Para dar combate a esse avanço da direita, portanto, é preciso combater o golpe de Estado como um todo, e sua expressão em vias de se concretizar: o governo dos militares “vencedores” das eleições fraudadas pelos golpistas. Fora, Bolsonaro! Fora, militares, do poder!


6 | MOVIMENTOS | COMITÊS

PARTICIPE

Contra a Escola Sem Partido, Educadores em Luta convocam todos para a 2ª Conferência contra o Golpe C

om a vitória, por meio da fraude eleitoral, do candidato da extrema-direita nas eleições, a política fascista da direita ganha força. Um exemplo disso é a intensificação da perseguição contra educadores de todo o País, por meio do chamado Projeto Escola Sem Partido. A proposta visa estabelecer a censura nas escolas de todo o Brasil, criminalizando, inclusive, os professores e estudantes que debatam e discutam temas políticos e sociais durante as aulas. A direita tentou impor o projeto logo na primeira semana pós-eleição. A proposta seria aprovada em uma comissão especial da Câmara e passaria para o Senado. A intenção, no entanto, foi barrada pela mobilização dos professores. Todavia, a votação da

proposta no Congresso pode acontecer nos próximos dias. Mesmo sem a aprovação, a perseguição aos professores se intensificou muito em todo o país, após a “eleição” de Bolsonaro. São várias as denúncias de educadores sofrendo assédio no interior das salas de aula, sendo intimidados por meio de filmagens e até mesmo presos, como ocorreu no Espirito Santo, onde um professor foi levado a delegacia, pois estava discutindo política com um colega de trabalho. É preciso que os professores se organizem por meio dos comitês de luta contra o golpe e reajam à censura, contra a ofensiva da direita fascista contra a educação. Uma etapa decisiva dessa luta se dará nos próximos dias 8 e 9

de dezembro, quando será realizada a próxima Conferência Aberta dos Comitês de Luta Contra o Golpe. É necessário organizar caravanas de todo o país e participar da atividade. Exigir o apoio dos sindicatos de professores à Confe-

rência, como corretamente fez o Sindicato dos Professores de São Paulo, a APEOESP. A Conferencia visa organizar a próxima etapa da luta contra os golpistas e contra o governo fascista de Jair Bolsonaro.

Aprenda como formar comitês de luta contra o golpe e a extrema-direita

O

s comitês de luta contra o golpe são instrumentos fundamentais para a mobilização política dos trabalhadores contra o regime fraudulento. As diversas manifestações políticas dos últimos tempos demonstraram o papel destes organismos que vêm aglomerando de mais em mais gente em torno de uma política combativa contra os golpistas. Por isso, iremos reproduzir aqui o texto dos comitês de luta contra o golpe explicando como formar um comitê, para que todos possam se organizar em suas cidades e participar deste amplo movimento nacional de luta. Como formar comitês Orientações para formação dos comitês de luta contra o golpe 1. O caráter dos comitês Os comitês são organismos suprapartidários voltados para a ação, voltados a agrupar toda e qualquer pessoa interessada na luta contra o golpe. É a luta contra o golpe o fator de coesão dos comitês, mesmo que algumas atividades se concentrem temporariamente em aspectos parciais dessa luta. Convém que a discussão política seja feita presencialmente e por meio do intercâmbio de textos. 2. A política nos comitês É essencial a compreensão de que o golpe não se limitou ao impeachment de Dilma Rousseff: ele não está “dado”. O golpe está em andamento e é constituído pelo avanço do grande capital internacional sobre os direitos da classe trabalhadora. A cada medida golpista implementada, a cada “reforma” (fiscal, previdenciária, trabalhista), a cada privatização, à medida em que a esquerda e os sindicatos são perseguidos e criminalizados, aprofunda-se o golpe. Lutar contra o golpe, assim, não se restringe a medidas políticas de tipo

institucional visando reverter o impeachment. Trata-se de mobilizar a classe trabalhadora de modo a constituir suas próprias organizações de luta política. 3. Iniciando o trabalho 1. O primeiro passo é encontrar algumas pessoas interessadas em lutar contra o golpe e montar o comitê. Ajuda fazer uma lista de contatos que podem se interessar em formar um comitê. Essas pessoas podem então ser procuradas e convidadas para uma reunião. Recomenda-se buscar militantes de organizações que são contra o golpe: partidos de esquerda, sindicatos, associações de bairro, ocupações etc. 2. Uma vez tendo conseguido algumas pessoas, é hora de marcar um dia e encontrar um local para a reunião. A primeira reunião serve para definir o caráter do comitê e já organizar algumas atividades. Para firmar a pauta do grupo, convém elaborar um manifesto pontuando as ações concretas específicas do governo golpista que motivaram sua formação. Esse será uma espécie de proto-comitê. 3. A partir daí, tendo as pessoas concordado em formar um comitê para lutar contra o golpe, o comitê já pode definir um dia fixo e local para se reunir. 4. É preciso organizar a divulgação do comitê: 4.1. impressão de filipetas informando sobre a intenção de formar o comitê, horário e local da reunião, para ser distribuída no local em que se pretende iniciar a atuação: escola, universidade, local de trabalho, bairro etc. 4.2. criação de uma página própria colaborativa na internet (a maneira mais simples e rápida é no Facebook), de modo a documentar e dar publicidade imediata a suas ações. 4.3. Caso não tenha sido bem sucedido no passo 1, esse será seu verdadeiro início. 5. Todas as reuniões servem para organizar alguma atividade, inde-

pendentemente de contar com uma, duas, cinco dez ou cinquenta pessoas. Quando o comitê ganhar algum volume, é hora de um lançamento oficial do comitê, com um debate público bem convocado. 6. Convém conectar o comitê a esta página central, enviando o manifesto de criação, a página na internet, nome e telefone para contato. Assim o coletivo compõe uma rede informacional capaz de absorver contribuições e multiplicar suas iniciativas. 7. À medida em que o comitê cresce, é natural que se criem comissões de trabalho temáticas. Usualmente são as seguintes • Comissão de comunicação: encarregada de gerenciar os canais de publicidade do comitê. • Comissão de articulação política: encarregada de conectar o comitê a outras frentes e coletivos. • Comissão de agitação: encarregada de organizar a agenda e os atos de rua. 4. Algumas atividades básicas que o comitê pode realizar 1. Colagem de cartazes. 2. Panfletagem em diversos locais, desde praças e locais de grande concentração de pessoas, até locais de estudo, fábricas, bairros etc. Quanto mais diversificado, melhor. 3. Produção de materiais do comitê (faixas para atos, materiais que ajudem a centralizar a atividade de rua, tais como bancas, cartazes informativos). 4. Murais com foto e texto explicando o golpe e chamando para o comitê, nos locais de atuação desse. 5. Mobilização de pessoas para atos. O comitê deve procurar participar ativamente das manifestações, tanto na sua cidade, quanto nacionais, tais como as que ocorreram em Brasília no dia 21 de junho de 2017 pela anulação do impeachment, ou como a que ocorreu em 10 de maio de 2017 contra a prisão de Lula, ou as

archas nacionais contra as reformas golpistas, atos das greves gerais etc. 6. Arrecadação de fundos. 7. Coleta de assinaturas em ações populares. 8. Produção de um boletim/jornal do comitê. Assim que tiver um mínimo de organização é interessante que o comitê tenha seu próprio órgão de imprensa, mesmo que modesto (uma folha frente e verso, algumas centenas de cópias). Nele, é possível informar nos seus locais de atuação sobre o progresso da luta contra o golpe tanto em âmbito local quanto nacional, polemizar, debater questões de interesse, convocar atos etc. 9. Organização de ações coletivas. Tendo o comitê alcançado certa influência no seu âmbito de atuação, o que será obtido efetivamente com um órgão de imprensa, ele pode organizar até mesmo paralisações locais, ocupações, bloqueio temporário de ruas, entre outros. 10. Produção de artigos locais para o site do comitê, as redes sociais ou outros órgãos de imprensa de esquerda, além de outras formas de propaganda que o comitê conseguir pensar. 11. Debates 5. Sobre a arrecadação financeira A arrecadação financeira é parte essencial de todo trabalho independente. A atividade pode ser encarada com naturalidade. Daremos aqui algumas sugestões: 1. Produção de materiais contra o golpe para venda (camisetas, canecas, bótons etc). 2. Arrecadação entre sindicatos e parlamentares. 3. Caixinha nas atividades públicas (banca na rua, trabalho de porta em porta etc.) 4. Rifas, pedágios etc. Convém dar preferência para as atividades que estejam diretamente relacionadas à luta contra o golpe e sempre fazer referência a essa questão.


MOVIMENTOS | SINDICAL | 7

RECEITA CAI 86%

Fim do imposto sindical é manobra dos golpistas para destruir os sindicatos Q

uando começou o movimento golpista pelo Fora Dilma, uma das bandeiras de primeira ordem dos golpistas, era o da “reforma trabalhista”, ou seja, retirada de direitos dos trabalhadores, seguida pelo fim do imposto sindical. Os golpistas, defendidos pelos “coxinhas”, que nunca foram sindicalizados em nenhum sindicato, diziam que o imposto sindical deveria ser extinto, pois os sindicatos não deveriam ser financiados por dinheiro público, e sim pelos trabalhadores que quisessem apoiar o sindicato. A esta posição também se aliava a posição dos sindicalistas da esquerda pequeno burguesa, ao estilo do Psol e PSTU, que em grandes sindicatos, propunha devolver ao trabalhador o dinheiro do imposto sindical, alegando que com o fim do imposto sindical, os sindicatos patronais deixariam de existir.

Uma falta de senso total, já que os sindicatos patronais sempre vão ter algum tipo de financiamento paralelo para combater os trabalhadores. Com a execução do golpe, e a derrubada do governo de Dilma Rousseff do PT, as medidas contra os trabalhadores foram aprovadas no corrupto e golpista Congresso Nacional brasileiro, como também a aprovação do fim do imposto sindical. O resultado dessa política golpista de ataque aos sindicatos dos trabalhadores resultou em uma queda de 86% da receita dos sindicatos brasileiros, conforme reportagem do jornal golpista O Globo, do dia 04/11/2018. Com essa queda brutal da receita, muitos sindicatos estão demitindo funcionários, fechando sedes sindicais, deixando de produzir materiais de propaganda e agitação nas bases de sua categoria, além de ficarem com o poder de fogo bem reduzido

para realizar manifestações em defesa dos trabalhadores, contra os patrões e contra os golpistas. No final das contas, o objetivo dos golpistas foi vitorioso, já que a falta do dinheiro vindo do imposto sindical enfraqueceu o movimento sindical de conjunto, uma política bem pensada pelos golpistas, pois os ataques que já foram desferidos aos trabalhadores e os que estão por vir pelo governo golpista e direitista Jair Bolsonaro, levarão os trabalhadores para um enfrentamento contra a direita nas ruas. Para evitar a mobilização, a política dos golpistas é a destruição das orga-

nizações políticas da classe operária, a começar pelos seus sindicatos, que, sem dinheiro, estarão com mais dificuldades para organizar os trabalhadores, e em um segundo momento a criminalização dessas organizações, que se estende de sindicatos aos partidos políticos. É por isso que a única maneira dos trabalhadores possuem para impedir novos ataques e reverter os já desferidos pelo golpe é organizar o movimentos populares, sindical e operário na luta contra o golpe e contra os golpistas. É necessário mobilizar-se imediatamente pelo Fora Bolsonaro e contra todos os golpistas.

MERITOCRACIA NOS CORREIOS

“Todo poder aos chefes” O

Entre em contato e participe: (11) 98589-7537 (TIM) | (11) 96388-6198 (Vivo) (11) 97077-2322 (Claro) | (11) 93143-4534 (OI) e-mail: alutacontraogolpe@gmail.com site: lutecontraogolpe.com.br facebook: www.facebook.com/lutecontraogolpe twitter: @lutecontragolpe

general Juarez Aparecido de Paula Cunha, indicado pelo ministro golpista das Comunicações, Gilberto Kassab, como o novo presidente da ECT (Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos), anunciou que os Correios em sua gestão não terá mais nomeação de cargos por indicação política, mas por “meritocracia”, buscando dar a entender que será justo com os trabalhadores que merecem. Pura balela. Primeiro devemos dizer que é uma mentira, já que o próprio ex-presidente dos Correios, Carlos Fortner, indicado político de Gilberto Kassab do PSD (Partido Social Democrata), continuará na direção da ECT por convite do próprio general golpista. Segundo, que sua própria indicação é política, pois o general em nada mereceu ser presidente dos Correios, a não ser o fato de ser milico e portanto, representante de quem está mandado de fato no regime político brasileiro, as Forças Armadas. No entanto, é necessário entender o que realmente o general golpista quer dizer com o fim das indicações políticas aos cargos da empresa, e priorizar a tal “meritocracia”. Em primeiro lugar, general golpista está avisando que irá rebaixar todos os funcionários da empresa que receberam promoção nos Correios através dos governos anteriores, principalmente o governo do PT. Em segundo lugar, que ele irá indicar politicamente “novas” pessoas aos cargos importantes na ECT, mascarando pela aparência, como se os novos indicados fossem pessoas que pos-

suem méritos para estar no cargo. Irá nivelar por cima, escolhendo pessoas de “nível superior”, elitizando novamente o controle da ECT pela ADCAP (Associação dos chefes e técnicos dos Correios). E por último, a mensagem é para dizer que os trabalhadores de nível básico, carteiros, atendentes, OTT´s (Operador de Triagem e Transbordos), nunca mais conseguirão ascender na ECT, se a empresa persistir aberta, esses trabalhadores morrerão no mesmo cargo, o de nível básico. Obviamente, que tudo isso dentro de uma política de privatização da empresa, aonde os “novos” dirigentes da ECT escolhidos a dedo de general, estarão entre os mais capachos, que se calarão diante dadestruição do patrimônio e de sua entrega para os capitalistas do mercado postal. Estamos de volta na era dos militares dentro dos Correios, aonde os chefes e capatazes da ECT, totalmente capachos dos militares, terão amplos poderes para reprimir os trabalhadores, a fim de que os militaes entreguistas destrua o patrimônio público. Somente a mobilização contra o golpe poderá impedir mais esse ataque ao conjunto dos trabalhadores dos Correios. Fora Bolsonaro e todos os golpistas!


8 | MOVIMENTOS | CIDADES

DENÚNCIA

Para demitir trabalhador com câncer, JBS/Friboi se recusa a receber atestado médico A

empresa do grupo JBS/Friboi, abatedouro Agrícola Jandelle, do município de Porecatu, cidade do Paraná, demitiu trabalhador diagnosticado com câncer. O frigorifico Jandelle foi condenado pela Justiça do trabalho a indenizar o funcionário em R$ 60 mil. Se está doente JBS demite, mesmo estando de licença Na decisão proferida pelo juiz Fábio Alessandro Palagano Francisco, da Vara do Trabalho da cidade de Porecatu, que uma testemunha indicada pela empresa confirmou que o autor da ação estava de licença naquele dia, portando de atestado médico, e por isso não poderia ser demitido. Para não se dar por ciente, a empresa se recusou a receber o atestado médico e consumou o ato demissional. Afirma, ainda que “o conjunto pro-

batório demonstra de forma robusta que a ré violou tanto a dignidade da parte autora quanto a boa-fé objetiva aplicável nas relações contratuais, realizando a dispensa imotivada de forma discriminatória mesmo ciente da grave doença no momento da dispensa”. A empresa foi obrigada a reintegrar o funcionário, porem, como foi em primeira instância poderá recorrer. Os patrões do JBS/Friboi não se importam com as condições de vida e trabalho de seus funcionários, por isso não fornecem o comunicado de Acidentes de Trabalho (CAT) e não dão as mínimas condições para se trabalhar. Em suas fábricas são inúmeros os acidentes que ocorrem todos os dias, inclusive com morte, ou seja, para os patrões a única coisa que importa é o lucro a qualquer custo.

SANTA CATARINA

Assassinos do Bope viram réus por homicídio Acompanhe a programação da Causa Operária TV

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rês policiais militares do Batalhão de Operações Especiais (Bope) de Santa Catarina tornaram-se réus pelo assassinato de José Manoel Pereira, morto com um tiro de fuzil na nuca em novembro de 2017. O Major Rafael Vicente, o Tenente Pedro Paulo Romandini Britto e o Cabo Carlos Eduardo Bedushi tem até 10 dias da intimação para responder as acusações. Mais um ato de violência atroz da Polícia contra a população, José Manoel foi metralhado em seu veículo, no qual havia mais três pessoas que ficaram feridas por tiros de Fuzis calibre 556, apenas por ser “confundido” com assaltante de banco.

O caso ocorreu na cidade de Balneário Piçarras. Segundo informações da própria Polícia, enquanto policiais trocavam tiros com supostas assaltantes de bancos, três destes supostos assaltantes foram assassinados, José Manoel que apenas passava pelo local, ao deparar-se com os tiros voltou ao seu automóvel para fugir do tiroteio, os policiais citados se aproximaram e sem perguntar nada simplesmente mergulharam o carro, sem saber quem estava lá dentro. Esse ato bárbaro e covarde, que é padrão nas forças policiais, mostra uma vez mais a necessidade da extinção das forças de repressão, assassinas do povo pobre e trabalhador.


MOVIMENTOS | MULHERES E JUVENTUDE | 9

MULHERES

Golpistas deixam hospitais sem médicos, mulher protesta e é agredida pela polícia

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m reflexo da política impetrada pelos golpistas desde sua ascensão no regime político, está no sucateamento de políticas públicas de extrema importância para a população, como a Saúde. Com a aprovação da emenda 95 que limita os investimentos em saúde e educação por 20 anos, e que já vigora a dois anos, fora um fator chave para culminar no atual cenário que se encontra a saúde pública e educação do País. Um exemplo prático disso, está no fato ocorrido no último final de semana, onde uma paciente que aguardava por atendimento em uma UPA (Unidade de Pronto Atendimento) do bairro Laranjeiras, em Sorocaba (SP) fora agredida por guarda. Devi-

do a precariedade do atendimento e descaso com os pacientes, a mesma protestava contra a negligência subjugada pelos golpistas no local, que estava sem a presença de médicos para fazer o atendimento devido. Enquanto fazia uso de seu direito como cidadã, a mesma caminhava pelo estabelecimento e mostrava a situação na qual os pacientes estão colocados, filmando os locais e mostrando a ausência do corpo médico por meio de uma transmissão ao vivo. No momento em que se aproximou de onde se encontrava o guarda, próximo a recepção da UPA, a paciente foi solicitada pelo guarda que parasse a gravação de forma agressiva, e também após a manifestação de outro profissional da unidade.

No momento em que a mulher fazia as filmagens, e que se recusou a parar, o guarda da unidade se colocou prontamente de maneira truculenta a imobilizar a paciente com disparo de arma de choque. Demonstrando a característica prima do órgão repressor do estado, que em

defesa dos interesse dos golpistas há de massacrar o povo de maneira indiscriminada, assim como no caso onde a ação covarde foi disparada contra uma mulher que protestava fazendo apenas filmagens denunciando o sucateamento da Unidade de Pronto Atendimento.

UFPE

Pinguim da Privataria quer ser reitor em um possível governo militar

E

stá previsto nos documentos estatutários e regimentais da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) que o reitor e o vice-reitor da instituição devem ser eleitos diretamente pela comunidade acadêmica. Desta forma, discentes, docentes e técnicos administrativos elegem, periodicamente, aquele que ocupará o mais alto cargo da administração universitária. No entanto, o lacaio do imperialismo Rodrigo Jungmann, mais conhecido como Pinguim da Privataria, defende a extinção das eleições para reitor na UFPE. O Pinguim da Privataria se tornou uma peça fundamental para a direita dentro das universidades e no estado de Pernambuco. Seguidor fiel do astrólogo Olavo de Carvalho, o Pinguim da Privataria é um articulador da extrema-direita, promovendo eventos para a reunião de skinheads, bolsonaristas e bandos fascistas e se propondo como ideólogo de um movimento privatista e pró-imperialista. A oposição às eleições para reitor não é um mero posicionamento desinteressado do Pinguim da Privataria. Aliado de setores como Mendonça Filho, o Pinguim da Privataria quer se tornar, por meio de uma indicação escusa, reitor da Universidade Federal de Pernambuco. Mas quais indícios o Pinguim da Privataria já deu para expor seu interesse em se tornar reitor da UFPE? E qual a viabilidade de se tornar reitor, uma vez que o Pinguim é odiado e rejeitado pela maioria dos estudantes e professores? Há algumas semanas, o Pinguim da Privataria vem utilizando seu perfil no Facebook para negar sua intenção em administrar a Universidade. Já são dezenas de postagens, todas com o mesmo conteúdo: “não quero ser reitor”. Mas qual sentido teria o Pinguim da

Privataria insistir tanto que não almeja o cargo, se não houvesse ao menos uma forte aposta no interior da direita golpista para que ele fosse elevado? Por que levantar o debate sobre sua candidatura à Reitoria, se ninguém mais o faz publicamente? É óbvio que colocar o Pinguim da Privataria na Reitoria da UFPE é um dos planos da direita. A Reitoria da UFPE cair nas mãos do Pinguim da Privataria seria uma grande conquista dos donos do golpe. Declaradamente inimigo do pensamento progressista, o Pinguim da Privataria levaria adiante, caso tornado reitor, uma política de verdadeira guerra contra professores e estudantes: uso constante da truculência policial, “patrulha ideológica”, boicote às cotas, proibição de eventos ligados ao movimento estudantil etc. Em um contexto de aprofundamento do golpe de Estado de 2016, em que a burguesia tenta impor um pacote de duríssimos ataques à população, o Pinguim da Privataria poderia ser bastante útil à direita. O único empecilho para o Pinguim da Privataria se tornar reitor é o fato de que ninguém da UFPE votaria nele. Mas é justamente por isso que o Pinguim é contra as eleições para reitor: ele só pode ser conduzido ao cargo se for dado um golpe contra as forças progressistas da Universidade. E também é justamente por isso que ele tanto “nega” que queira ser reitor: o faz para sinalizar à direita que a única forma de ele aceitar o cargo é se não for necessário disputar eleição alguma. Ser indicado ao invés de eleito seria apenas uma abstração, um sonho do Pinguim da Privataria, se não estivéssemos em um golpe de Estado. E é ciente disso que o Pinguim da Privataria falou, em video recente, que o reitor da UFPE não deveria ser eleito,

utilizando como justificativa o fato de que é assim que funciona nos Estados Unidos – país tido como culturalmente “superior” pelo Pinguim da Privataria. A única forma de o reitor da UFPE ser indicado por alguém é se o golpe de Estado se aprofundar rumo a uma ditadura ainda mais explícita contra a população. Em outras palavras, se os militares, que já controlam o Regime Político, tomarem ainda maior protagonismo. Mas como o Pinguim da Privataria é um capacho estadunidense, defensor da ditadura dos golpistas contra a população, um governo mili-

tar seria o mais propício para sua atuação como um infiltrado da direita nas universidades. A influência do Pinguim da Privataria nas universidades deve ser combatida incansavelmente, de modo a colocar a extrema-direita em seu devido lugar. Do mesmo modo, a luta dos estudantes e trabalhadores contra o governo ilegítimo de Bolsonaro deve ser levada com a maior seriedade e tenacidade possível, forçando os golpistas a estacionarem seus ataques. Fora Bolsonaro! Liberdade para Lula! Abaixo o golpe!

Segunda-feira às 19h


10| CULTURA | ESPORTE

CULTURA

Festival exibiu em São Paulo e no Rio de Janeiro versões restauradas dos filmes de Nelson Pereira dos Santos, grande nome do cinema brasileiro

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o dia 04/11 aconteceu no Rio de Janeiro e no dia 06/11, em São Paulo, as versões cinematográficas restauradas de 25 títulos, dentre os quais Rio 40 Graus e Rio, Zona Norte, de autoria de um dos principais cineastras brasileiros, Nelson Pereira dos Santos. As obras serão apresentadas ao longo do ano. Filha e produtora do cineastra, Márcia Pereira dos Santos destaca que seu pai abordou uma grande variedade de temas, estilos e gêneros, e que suas obras marcaram toda uma geração. Rio 40 Graus, por exemplo, apresenta traços do neorrealismo italiano, e serviu de pedra fundamental do Cinema Novo brasileiro. A película virou, em 1955, o que hoje se chama de ‘case’. O filme narra a vida de um grupo de garotos que, num típico domingo de verão, deixam a comunidade para vender amendoim na Zona Sul. O samba de Zé Kéti, A Voz do Morro, é o tema musical e o

próprio compositor interpreta o personagem Neguinho. Roberto Batalin, Glauce Rocha, Jece Valadão, Modesto de Souza e Sady Cabral estão no elenco. Há 63 anos, o chefe de censura da época tentou banir o filme das salas, alegando que se travava de uma grande mentira. Não, ele não se referia as condições sociais que Nelson denunciava. A mentira, todo mundo sabia, é que no Rio a temperatura chega a 39 graus, mas nunca a 40 – dizia ele. Hoje em dia, isso faz parte do folclore que cerca o filme, mas existem outras questões a considerar. Rio 40 Graus motivou um perrengue de Nelson com a Cinemateca Brasileira, na qual havia depositado o negativo de seu filme. Para imensa tristeza de Nelson – “Os filmes eram filhos para ele”, conta Márcia –, Rio 40 Graus queimou-se porque a cópia queimou. Uma extensa busca levou à descoberta de que na, antiga Checoslováquia, havia um internegativo e, assim, Rio 40

Graus foi salvo para voltar agora, envolto na sua aura de ‘clássico’ do cinema nacional. Os dois Rios, 40 Graus e Zona Norte, compõem um díptico sobre a adversidade social. E são obras de forte musicalidade. Rio Zona Norte mostra Grande Otelo como um compositor popular que caiu do trem da Central – houve, no Festival do Rio, no domingo, outra emocionante homenagem aos 20 anos do filme de Walter Salles com Fernanda Montenegro e Vinicius de Oliveira. Enquanto está morrendo, Otelo vê sua vida passar em flash-back. Lembra a dificuldade para vender seus sambas, e uma cena o mostra tentando cooptar Ângela Maria, a rainha do rádio que morreu em 29 de setembro, sob o olhar do jovem Glauber Rocha. Todo Nelson. Nos próximos meses, e graças ao IMS, será possível (re)descobrir e (re)valorizar a importância de Nelson. Suas duas adaptações de Graciliano Ramos, Vi-

das Secas e Memórias do Cárcere, são viscerais e o experimentalismo de Fome de Amor e a vibração de suas incursões pelo mundo popular em O Amuleto de Ogum e A Estrada da Vida – seu grande filme menos valorizado –, merecem, mais que nunca, ser resgatados.

ESPORTES

Mestre Moa, Zumbi e outros: E. C. Bahia homenageia personagens do Movimento Negro

E

m jogo contra a Chapecoense, nesse último sábado (4), o Esporte Clube Bahia, estampou 20 nomes de figuras marcantes do movimento negro para celebrar o mês da Consciência Negra, dentre eles estava Mestre Moa, mestre capoeirista que foi covardemente assassinado por um eleitor de Jair Messias Bolsonaro que o esfaqueou doze vezes após Mestre Moa ter defendido Fernando Haddad. O time de futebol teve uma iniciativa louvável e mostra que futebol e política são duas coisas fortemente ligadas. Por ser o esporte mais popular dentre o povo brasileiro e do mundo, a política se manifesta e é transvista na atitude dos times de futebol, nos jogadores individualmente e nas torcidas, como é o caso das diversas torcidas organizadas que se manifestaram contra Bolsonaro, tal qual a Gaviões da Fiel, torcida organizada do Corinthians. Essa politização no futebol na campanha contra capitão do exército é mais uma amostra de que este é verdadeiramente impopular, e venceu uma eleição fraudada em todos os sentidos possíveis, se legendo com apenas 39% do apoio da população. Quanto a manifestações pró Bolsonaro, estas só foram avistadas quando exigência do dono do Clube, como no caso do Atlético Paranaense. Nenhuma torcida organizada declarou apoio ao futuro presidente e não se vê grande manifestação ao seu favor nos estádios, muito pelo contrário.

A Revista Forum fez uma breve apresentação de cada um dos 20 homenageados, segue a “escalação” e logo em seguida os resumos: ZUMBI (1655-1695) Conhecido como Zumbi dos Palmares, foi um dos pioneiros da resistência contra a escravidão e o último dos líderes do Quilombo dos Palmares, o maior dos quilombos do período colonial. MILTON SANTOS (1926-2001) Primeiro e único latino-americano a ganhar o “prêmio Nobel” da geografia mundial. Baiano, destacou-se pelos estudos sobre globalização e urbanização no Terceiro Mundo. DANDARA (?-1694) Guereira negra do período colonial do Brasil. Após ser presa, suicidou-se para não retornar à condição de escrava. Foi esposa de Zumbi, com quem teve três filhos. MOA (1954-2018) Considerado um dos maiores mestres de capoeira de Angola da Bahia, Moa do Katendê também foi fundador do bloco afoxé Badauê. LUIZA BAIRROS (1953-2016) Gaúcha radicada na Bahia, onde construiu seu histórico de militância negra. Doutora em Sociologia pela Universidade de Michigan, foi ministra da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial. GANGA ZUMBA (1630-1678) Primeiro líder do Quilombo dos Palmares e antecessor de seu sobrinho, Zumbi. MARIA FELIPA (?-1873) Marisqueira, pescadora e trabalhadora braçal, liderou um grupo de 200 pessoas, entre mulheres e ín-

dios, contra os portugueses que atacavam a Ilha de Itaparica, em 1822. É considerada uma das heroínas da luta da Independência da Bahia. MÃE MENININHA (1894-1986) Mais famosa ialorixá da Bahia e uma das mais admiradas mães-de-santo do Brasil. Foi responsável por abrir as portas do Terreiro do Gantois, em Salvador, aos brancos e católicos. LUIS GAMA (1830-1882) Baiano, é considerado o Patrono da Abolição da Escravidão do Brasil. Conquistou judicialmente a própria liberdade e passou a atuar na advocacia em prol dos negros. BATATINHA (1924-1997) Um dos maiores nomes do samba da Bahia, foi homenageado por artistas como Paulinho da Viola, Gilberto Gil, Chico Buarque, Caetano Veloso e Maria Bethânia. EDERALDO GENTIL (1947-2012) Cantor e compositor da geração mais talentosa do samba baiano, ao lado de Batatinha. Foi gravado por nomes como Clara Nunes. NEGUINHO DO SAMBA (19542009) Músico baiano, criador do estilo samba-reggae e fundador do grupo Olodum e da banda Didá, ambos com sede no Pelourinho MESTRE BIMBA (1900-1974) Criador da Luta Regional Baiana, mais tarde chamada de capoeira regional. Foi o responsável por tirar a capoeira da marginalidade. LUÍSA MAHIN (Séc. XIX) Mãe de Luis Gama e africana radicada no Brasil, liderou as principais revoltas e levantes de escravos que

sacudiram a Província da Bahia nas primeiras décadas do século XIX. JONATAS CONCEIÇÃO (1952-2009) Poeta e professor da UNEB, foi um dos fundadores do Movimento Negro Unificado na Bahia. Era diretor do bloco Ilê Aiyê, onde coordenava o projeto pedagógico. TEODORO SAMPAIO (1855-1937) Filho de escrava, foi um dos maiores pensadores brasileiros de seu tempo. Nascido na Bahia e engenheiro por profissão, escreveu obras de vasta erudição geográfica e histórica. BIRIBA (1938-2006) Um dos maiores ídolos da história tricolor, campeão brasileiro de 1959. Nascido no bairro de Itapuã, preferia jogar na ponta direita, mas aceitou mudar de lado para formar dupla infernal com Marito, outro expoente do Esquadrão. CARLITO (1927-1980) Maior artilheiro do Bahia em todos os tempos, com 253 gols em 13 anos de clube, de 1946 a 59. É também o maior goleada tricolor na história dos Ba-Vis, com 21 tentos marcados. MANOEL QUERINO (1851-1923) Fundador do Liceu de Artes e Ofícios da Bahia e da Escola de Belas Artes, foi pintor, escritor, abolicionista e pioneiro nos registros antropológicos e na valorização da cultura africana na Bahia. EDISON CARNEIRO (1912-1972) Escritor nascido em Salvador, foi também um dos maiores etnólogos brasileiros a estudar a cultura afro-brasileira. Jornalista, professor e folclorista, é autor da obra “Quilombo dos Palmares”.


ATIVIDADES DO PCO | 11

EM JANEIRO

Assista aulas ministradas por Rui Costa Pimenta na Universidade de Férias do PCO A

nsioso para cada análise política do Rui Costa Pimenta sobre os fatos controversos da política de cada semana? Bolsonaro foi “eleito”, os militares estão no poder e você não sabe se foge do país ou se pinta de verde-amarelo? Esperando por uma ponta de esperança, ou um milagre divino para dar clareza sobre o mar de confusões da política brasileira e mundial? Pois bem, a 43ª Universidade de Férias da Aliança da Juventude Revolucionária (AJR) e do Partido da Causa Operária (PCO) será a oportunidade de você tirar as suas dúvidas e aprender o que fazer com o curso “Fascismo: o que é, como combatê-lo?”, ministrado pelo companheiro Rui Costa Pimenta. Ela ocorrerá entre os dias 12 e 26 de janeiro de 2019 e será a melhor forma de iniciar um ano que promete tantos fantasmas: aprendendo, se organizando e estando junto ao movimento que mais luta contra o golpe no Brasil. Rui é presidente do PCO e responsável pelas análises políticas com maior poder organizativo prático para a luta contra o golpe e contra o fascismo no Brasil. Por ter uma sólida for-

mação marxista, associada a um vasto acesso a informação material da situação política nacional concedida pelos militantes do Partido em todo o Brasil, além da vivência de mais de 40 anos como militante revolucionário, o companheiro Rui Costa Pimenta representa a verdadeira vanguarda da luta operária mundial. Devido a isso, suas análises têm “previsto” um sem número de fatos políticos, inclusive, o próprio golpe. Em 2013, Rui já falava de um possível golpe de Estado no Brasil na tradicional Análise Política da Semana. Essa posição foi aprofundada em 2015, quando o Partido lançou o livro “Está em curso um golpe no Brasil?”, o qual contém uma série de textos analíticos que, por fim, provaram ser verdadeiros com a efetivação do golpe em 2016. Desde então, as Análises do companheiro têm sido cada vez mais aceitas e respeitadas como um importante centro de apoio para as diretrizes políticas a serem traçadas pela esquerda no enfrentamento do embate político contra os golpistas. Mesmo nas situações em que alguns de seus posicionamentos foram colo-

07/11/1917

Primeira revolução proletária da história, trabalhadores tomam o poder na Rússia

O

dia 7 de novembro de 1917 (ou 25 de outubro de acordo com o calendário juliano) é mundialmente conhecido como a tomada do poder russo pelo partido bolchevique. Com o exílio de Lênin na Finlândia, coube a Trotsky a condução do processo revolucionário para a ocupação do Palácio de Inverno. O próprio Trotsky descreveu o fato no livro “A revolução de outubro”: “No dia 25 de outubro, o Palácio de Inverno foi pouco a pouco cercado por nossas tropas. À uma hora da tarde, anunciei na sessão do Soviete de Petrogrado, em nome do Comitê Militar Revolucionário, que o governo de Kerenski já não existia e que, na expectativa da

decisão do Congresso dos Sovietes de toda a Rússia, o poder passava para as mãos do Comitê Militar Revolucionário.” A partir daí a influência do processo revolucionário comunista tomaria proporções mundiais, orientando inúmeras lutas e revoluções dentro do movimento operário, além de cadenciar diretamente os costumes e legislações de cunho protecionista e humanista. Foi a primeira vez na história que representantes da classe trabalhadora tomaram o poder e conduziram um processo vitorioso de luta contra a burguesia, colocando o sistema capitalista em xeque.

cados em questão, a esquerda acabou por ver provada a veracidade dessas posições políticas de Rui Pimenta e do PCO com a experiência sucedida. Esse fato configura o curso da 43ª Universidade de Férias como uma oportunidade ímpar para todos os companheiros interessados em entender e combater o fascismo crescente no Brasil, com o analista político de

maior clareza e com as posições mais contundentes para cada momento da luta política vigente hoje. Não perca essa oportunidade, procure o PCO pelos contatos a seguir e se inscreva já: (11) 98589-7537 (TIM) (11) 96388-6198 (Vivo) (11) 97077-2322 (Claro) (11) 93143-4534 (Oi)



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