Edição Diário Causa Operária nº5483

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QUINTA-FEIRA, 6 DE DEZEMBRO DE 2018 • EDIÇÃO Nº 5483

DIÁRIO OPERÁRIO E SOCIALISTA DESDE 2003

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ABAIXO A INTERVENÇÃO FASCISTA NOS SINDICATOS: DEFENDER A AUTONOMIA DOS TRABALHADORES DIANTE DO ESTADO CAPITALISTA

Pelo menos do ponto de vista do seu planejamento e das intenções declaradas, o presidente recém eleito pelo golpe e pela fraude não deixa nenhuma margem de dúvida que seu governo será de guerra contra o povo.

Bolsonaro e o governo de guerra contra o povo

EDITORIAL

PORTAS PARA A LIBERDADE DE LULA ESTÃO FECHADAS NO STF E ABERTAS NAS RUAS

O governo ilegítimo de Jair Bolsonaro ainda não assumiu a presidência do Brasil, mas já está articulando a transição com o governo Temer e pelo “andar da carruagem” será um governo de terra arrasada para os trabalhadores e a população pobre do País.

6 de Dezembro de 1969: morre João Cândido, o Almirante Negro Quem são os Bolsonaristas? Olavo de Carvalho, o intelectual da extrema-direita Na última terça (4), o Supremo Tribunal Federal (STF) adiou mais uma vez o julgamento de um pedido de habeas corpus impetrado pela defesa de Lula. Mais uma vez, setores da esquerda nutriram esperanças de que o Poder Judiciário abriria as portas da liberdade para Lula. Mais uma vez se decepcionaram.

7 motivos para ser a favor do “Fora Bolsonaro” Para dar continuidade aos ataques que o governo Temer vinha desferindo contra os trabalhadores, a burguesia decidiu, no fim do primeiro turno, apoiar a candidatura de Jair Bolsonaro.

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OPINIÃO| 3 EDITORIAL

Portas para a liberdade de Lula estão fechadas no STF e abertas nas ruas

N

a última terça (4), o Supremo Tribunal Federal (STF) adiou mais uma vez o julgamento de um pedido de habeas corpus impetrado pela defesa de Lula. Mais uma vez, setores da esquerda nutriram esperanças de que o Poder Judiciário abriria as portas da liberdade para Lula. Mais uma vez se decepcionaram. As instituições estão completamente tomadas por representantes do imperialismo. Militares e golpistas em geral vêm sendo posicionados em todos os setores estratégicos do Poder Estatal. O general Sérgio Etchegoyen comanda o Poder Executivo diretamente no Palácio do Planalto, onde prepara a chegada de Jair Bolsonaro e Hamilton Mourão. O general Ajax Porto Pinheiro substituirá o asses-

sor do presidente do STF, Fernando Azevedo e Silva, que assumirá o Ministério da Defesa a partir de janeiro. Dezenas de militares como Major Olímpio tomarão seus postos no Poder Legislativo. O Ministério da Justiça será comandado por ninguém menos que Sérgio Moro, o Mussolini de Maringá, encarregado pelas corporações multinacionais de quebrar as indústrias da construção civil e de exploração petrolífera nacionais, mas sobretudo de perseguir e encarcerar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva – trancafiado numa masmorra em Curitiba desde março para que Bolsonaro e Moro chegassem ao poder a serviço do estrangeiro. À esquerda, não cabe qualquer ilusão nas instituições. O cenário político só será alterado com uma

COLUNA

Bolsonaro e o governo de guerra contra o povo Por João Silva

O

governo ilegítimo de Jair Bolsonaro ainda não assumiu a presidência do Brasil, mas já está articulando a transição com o governo Temer e pelo “andar da carruagem” será um governo de terra arrasada para os trabalhadores e a população pobre do País. Já está tomando medidas e elegendo a sua turba de saqueadores das riquezas nacionais. Entre as medidas já tomadas o futuro governo já provocou a saída de mais de 8 mil médicos cubanos que integravam o programa “Mais Médicos”, deixando regiões inteiras do Brasil sem nenhum tipo de atendimento hospitalar. A gangue do presidente ilegítimo também já está articulando o fim da aposentadoria por meio de medidas que irão inviabilizar que os trabalhadores se aposentem e permitir que milhões de reais das contribuições previdenciárias sejam desviadas para os bolsos dos capitalistas do setor privado, ou seja, os bancos. Esta semana, os trabalhadores e os sindicatos sofreram mais um ataque sem precedentes com o fim do Ministério do Trabalho que será fatiado em três partes sendo destinadas ao Ministério da Economia, da Cidadania e a parte que se refere aos registros sindicais vão parar nas mãos de Sérgio Moro, o “Mussolini de Maringá”, que vai comandar o superministério da Justiça com a mesma equipe da fraudulenta Operação Lava Jato.

O departamento do fundo de garantia e do FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador) vai ser destinado ao ministério da Economia comandado pelo ultraliberal Paulo Guedes que vai ter à disposição quase um R$ 1 trilhão do FGTS para transferir para os bancos privados. Já o Ministério da Justiça vai tomar conta da regularização dos sindicatos, uma espécie de fiscalização que vai resultar na perseguição a sindicatos por meio de fechamento e da prisão de dirigentes sindicais que não estiverem de acordo com os interesses do novo governo. É a tentativa de calar qualquer oposição sindical que venha a se levantar contra as medidas antioperárias e antidemocráticas que serão aprovadas como o fim dos direitos trabalhistas, a privatização em massa de empresas como os Correios, os bancos estatais e a Petrobrás. O plano do governo Bolsonaro é uma declaração de guerra contra o povo que vai deixar a população sem previdência, sem direitos trabalhistas, sem universidade pública, sem saúde pública, etc. A população vai ficar completamente desassistida e desamparada. É a política do cada um por si e Deus por Todos. É mais que necessário que as organizações sindicais do campo e da cidade, as organizações estudantis e populares se levantem o quanto antes contra este governo que quer deixar a população refém dos especuladores internacionais. A tarefa do momento é impulsionar a campanha “Fora Bolsonaro e Todos os Golpistas!” , Liberdade para Lula e todos os presos políticos”.

ampla mobilização popular contra a instalação do governo golpista de Jair Bolsonaro. É preciso levar a organização aos bairros populares, às escolas, aos locais de trabalho. É preciso parar o trânsito, ocupar as ruas, parar a produção. Sem essa organização da população que está em vias de ser brutalmente oprimida por um eventual governo Bolsonaro, os golpistas e o imperialismo seguirão aprofundando sua marcha de desmonte do Estado, entrega de nosso patrimônio, privatização irrestrita, destruição de direitos da população. O próprio ex-presidente Lula denuncia a fraude do processo eleitoral que teve como base sua prisão, e conclama a população e as organizações dos trabalhadores às ruas em carta ao PT enviada no final da última semana:

O PT nasceu na oposição, para defender a democracia e os direitos do povo, em tempos ainda mais difíceis que os de hoje. É isso que temos de voltar a fazer agora, com o respaldo dos nossos 47 milhões de votos, com a responsabilidade de sermos o maior partido político do país. (…) Temos de voltar às ruas, às fábricas, aos bairros e favelas, falar a linguagem do povo, nos reconectar com as bases. Mais especificamente por ocasião do Dia Mundial dos Direitos Humanos, Lula conclama à realização de uma Jornada Nacional Lula Livre, com ações em vários lugares do país e um grande ato na sede do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC às 18h. Na conta do ex-presidente no Twitter, o chamado: “Anote na agenda: dia 10 é dia de tomar as ruas pela liberdade de Lula”.


3| OPINIÃO E POLÊMICA

GOLPISTAS

Quem são os Bolsonaristas? Olavo de Carvalho, o intelectual da extrema-direita Uma breve caracterização

O

lavo Luiz Pimentel de Carvalho (Campinas, 1947), é tão intelectual quanto Jair Bolsonaro é patriota. Como tudo no mundo da direita recente, a fama de Olavo de Carvalho é uma fabricação à base de prestígio comprado, que encontra campo fértil em algum território situado entre a insegurança dos paranóicos e a iconoclastia dos adolescentes. Tornou-se célebre por mera manipulação editorial e mercadológica, que impulsionou seus relinchos como se fossem opinião, seu desatino como se fosse lógica, suas invenções como se fossem história. Não vale a pena traçar aqui uma biografia dessa figura bizarra: isso já foi bem feito recentemente por vários periódicos: desde a revista Época, da Globo, até a Carta Capital e o The Intercept. Cabem apenas breves caracterizações, uma política e outra intelectual, ilustradas pelo que declarou em sua última entrevista. Para caracterizá-lo politicamente, basta deixar clara a sua base social fundamental: o imperialismo. Toda sua ação propagandística é fundamentada na defesa intransigente dos interesses de grandes corporações – quer seja para confundir e desinformar (sua especialidade), quer seja para indicar os ministros da Educação e das Relações Exteriores de Jair Bolsonaro. Para qualificá-lo intelectualmente, é suficiente ressaltar que na verdade Carvalho é obscurantista, anticienficista e mistificador. Tendo iniciado sua carreira na década de 1970 como astrólogo, talvez possa se gabar apenas de jamais ter produzido sequer um pensamento intelectualmente honesto. A mentira, a desinformação, o alarmismo irracional, a paranóia constituem elementos comuns em seu discurso, cuja base metodológica é a falácia. Uma demonstração objetiva de tal procedimento: a obra de Arthur Schopenhauer, Eristische Dilalektik (38 estratagemas retóricos, dentre os quais, sofismas clássicos) foi recentemente traduzida e publicada no Brasil com comentários, notas e introdução

do Astrólogo, sob o título Como vencer um debate sem precisar ter razão. Evidentemente, detratores profissionais como Olavo de Carvalho, praticam tudo aquilo de que acusam seus adversários. Diz-se que Olavo de Carvalho seria um continuador do legado de outros polemistas como José Guilherme Merquior ou mesmo Roberto Campos. Trata-se de evidente injustiça com os diplomatas. Merquior de fato travou debates com os pensadores de seu tempo – como Michel Foucault (quer apreciemos ambos ou não) – e Roberto Campos era agente do imperialismo muito antes de publicar suas ideias no campo meramente teórico. Já Olavo de Carvalho e seu estilo trêfego e histriônico está mais próximo de figuras como Reinaldo Azevedo ou Diogo Mainardi. É um cão raivoso a serviço do capital – longe de qualquer elaboração mais profunda – que usa sua verve e arrogância para seduzir ou inibir os incautos. Platitudes de sua lavra como o “conceito da Paralaxe Cognitiva” – definido como “o afastamento entre o eixo da construção teórica e o eixo da experiência real anunciado pelo indivíduo” – mostram que seu pensamento filosófico é tão profundo quanto um pires. Numa época em que o que outrora se chamava de debate intelectual se expressa por meio de textos telegráficos em caixas de comentários de redes sociais, esse tipo de tática argumentativa arrevesada encontrou amplo público e muitos admiradores. Grande parte do prestígio granjeado por Olavo de Cavalho vem da empatia com seu estilo tanto iconoclástico quanto obscurantista. Afinal, quem nunca desejou ter seus professores (ou chefes) “desmascarados” por alguém supostamente superior? Se a universidade – sobretudo no Brasil – é o lugar de produção da distinção social, que outro alvo preferível que não o arrogante professor que só escreve em jargão acadêmico? Não apenas se trata de um anseio compreensível como até desejável. Ocorre que a arma de Olavo de Cavalho contra nossos

políticos e intelectuais não é o conhecimento, a argumentação lógica, mas a generalização, a falácia, a confusão. Para nosso Astrólogo, todos os intelectuais e políticos brasileiros são esquerdistas, pois teriam sido doutrinados desde os bancos escolares segundo o marxismo cultural de natureza gramsciana. Como, na verdade, a maior parte de nossa esquerda de fato não é marxista, procura desvencilhar-se da pecha, sem dar-se conta de que o tal marxismo cultural já é uma contradição em termos. Afinal, a base do marxismo é a prevalência do avanço das forças produtivas sobre as formas de produção. Polêmica Olavo de Carvalho concedeu recentemente uma entrevista a Moisés Rabinovici no programa Um olhar sobre o mundo, exibido na segunda (3) na TV Brasil. No programa, deu uma breve demonstração de sua lógica tortuosa ao colocar: O que você acha melhor se nós estamos numa posição de dependência? O melhor é depender dos Estados Unidos ou depender da China? A China é um país que tem uma prosperidade enorme em cinco cidades. O resto é uma miséria sem fim. É um país que não sustenta nem a si mesmo. Tudo que tem, ele gasta em armas. É o país que tem o maior exército de terra do mundo. Em segundo lugar, a China é obviamente um país imperialista. Vai ver a situação do Tibet. Você prefere ser vizinho dos Estados Unidos ou da China? São falácias. Primeiro porque o melhor, evidentemente, é almejar a superação da posição de dependência. E não se tem notícia de país central do imperialismo que tenha fomentado a emancipação econômica e social de suas próprias colônias. Em segundo lugar, não se coloca a dicotomia entre Estados Unidos e China, mas entre imperialismo e países atrasados. Em terceiro lugar, salvo no caso da Jangada de Pedra de Saramago em que a Península Ibérica se desprende da Eu-

ropa e ruma Atlântico adentro, não se tem notícia de países a que seja facultado optar pela vizinhança. Segundo Olavo de Carvalho na entrevista, vivíamos num país de esquerda “durante 50, 60 anos”. Ou seja: mesmo a ditadura militar – a mesma que fomentou o Brasil: ame-o ou deixe-o, a mesma que torturou e matou militante de esquerda, a mesma que entregou o país às multinacionais e fechou o nosso mercado para o exterior, a mesma que teve o próprio Roberto Campos como ministro, mesmo esse regime teria sido esquerdista. Evidentemente, o ociólogo-mór Fernando Henrique Cardoso, responsável pela retomada neoliberal da década de 1990 no Brasil é considerado por Olavo de Carvalho como praticamente um bolchevique. Em suma: Olavo de Carvalho vê marxismo e comunismo em todas as partes. Mas que lugar ele próprio reivindica para si? É evidente que alguém tão envolvido com as esferas de poder não poderia deixar de almejá-lo. E se lhe foi possível passar por intelectual até aqui, por que não passar-se também por estadista? Na entrevista, Olavo de Carvalho mostra que sua ambição é modesta, um sacrifício. Afinal, para que ser ministro como Roberto Campos se ele pode ser diplomata como Campos e Merquior? O que aconteceu foi o seguinte: o Bolsonaro, em discursos, duas vezes disse que me ofereceu dois ministérios, o da Educação ou da Cultura. Eu informei que não aceitaria nenhum. Então para não dizer que a minha má vontade é total eu disse que, em hipótese, eu aceitaria, a de embaixador nos Estados Unidos. Aceitaria por um motivo muito simples. A coisa que o Brasil mais precisa é dinheiro. E onde está o dinheiro? Está aqui. Então eu posso fazer algo útil para o Brasil. Vou lá e pego os US$ 267 bilhões que o Trump diz que tem para investir no Brasil. Mas isso não quer dizer que eu queira ser embaixador, nunca quis. Não quero mesmo. Acho um horror essa perspectiva. Seria um sacrifício. Se fosse, quero que seja temporário Seria de fato um sacrifício. Para todos nós.


ATIVIDADES DO PCO E COMITÊS | 3

ATIVIDADE

Quer um réveillon livre de coxinhas? Venha para o CCBP do Rio de Janeiro! E

ste ano de 2018 marca o segundo ano consecutivo em que os militantes do Partido se organizam para realizar uma festa de final de ano no estado fluminense. No ano passado, em 2017, realizamos uma atividade de passagem de ano em Maricá, em uma festa com muita comida boa, bebida gelada e música da melhor qualidade. Este ano foi marcado por um desenvolvimento acelerado do PCO no estado do Rio, quando alcançamos a conquista e a honra de inaugurar o Centro Cultural Benjamin Péret do Rio de Janeiro, uma excelente casa que fica no descontraído bairro da Lapa, na rua Taylor 47. Os militantes do Partido organizarão o nosso réveillon justamente neste espaço, o CCBP do Rio de Janeiro.

Desta vez, vendemos o convite da festa no valor de R$ 100,00, que dará direito à música ao vivo, comida e bebida liberados e um ambiente de descontração entre companheiros revolucionários. E o melhor: um réveillon sem coxinhas! A festa começa a partir das 20 horas, na rua Taylor, 47. O traje para a festa é esporte fino, para homens e mulheres. Além da música, a conversa, ambiente e os comes e bebes estamos planejando outras atividades para a festa. Fiquem ligados! O link para o evento da nossa festa de réveillon no Facebook vai a seguir. Pedimos ajuda aos companheiros confirmando presença no evento do Facebook e convidando amigos e familiares

e divulgando amplamente em todas as redes sociais. Evento do réveillon que será realizado no Centro Cultural Benjamin Péret, no Rio de Janeiro. Você, carioca e fluminense cansado da mesmice do réveillon na praia de Copacabana, que já não suporta

CHARGE

aquela parentada coxinha, que você faz questão de ter pouco contato, mas que certamente irá importunar o seu juízo falando um monte de besteiras sobre o ‘mito’… pra que passar por isso? Vem pro CCBP do Rio de Janeiro, na rua Taylor 47, a partir das 20 horas. Por um réveillon sem coxinhas!

& CONVIDAM PARA

31 DEZ 2018 | A partir das 20h OPEN BAR • MÚSICA DANÇANTE • CEIA COMPLETA • SHOW DE FOGOS • SORTEIO DE PRÊMIOS

E COM O EXTRAORDINÁRIO SHOW

CANTATA POPULAR

" SA N TA MA RÍA DE I Q U I Q U E"

Apresentada pela primeira vez no Brasil

INTERPRETADO POR MIRIAM MIRÀH & BANDA SENDERO A Cantata Santa Maria de Iquique é uma das maiores, senão a maior, obra da Nova Canção Chilena e de toda a música popular latino-americana desde os anos de 1960. Composta em 1969 pelo grande compositor Luís Advis. Esta interpretação da grande obra musical do país irmão é feita

pela primeira vez no Brasil pela Banda Sendero e com a cantora Míriam Miráh. A cantata narra a história do massacre dos operários do salitre realizado na escola que dá nome à Cantata ocorrida no governo de Pedro Montt em 1907. Um show inesquecível e que não se pode perder.

Tênis Clube Paulista, Rua Gualachos, 285 - Aclimação, São Paulo (Traje social completo obrigatório) Telefone e Whatsapp: 11-98589-7537 (TIM) | 11-96388-6198 (VIVO) | 11-97077-2322 (CLARO) | 11-93143-4534 (Oi) email: pco.sorg@gmail.com | mais informações em www.pco.org.br/reveillon

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4|POLÍTICA

GOLPE

Abaixo a intervenção fascista nos sindicatos: defender a autonomia dos trabalhadores diante do Estado capitalista P elo menos do ponto de vista do seu planejamento e das intenções declaradas, o presidente recém eleito pelo golpe e pela fraude não deixa nenhuma margem de dúvida que seu governo será de guerra contra o povo. Em entrevista a rádio Gaúcha, no último dia 3, o coordenador do governo de transição de Bolsonaro, Onyx Lorenzoni, reafirmou a intenção de extinguir o Ministério do Trabalho, dividindo as suas atribuições entre as pastas da Justiça, da Economia e da Cidadania. É difícil dimensionar todas a extensão dessa medida, mas de imediato saltam aos olhos as consequências para os trabalhadores e para as suas organizações, os sindicatos. Nesse regime de “partilha” caberá ao futuro ministro da Economia, o banqueiro Paulo Guedes, acusado de fraudes contra os fundos de pensão e um capataz sem disfarces do imperialismo norte-americano e dos bancos, a administração do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) e do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT). Guedes, que terá em mãos quase R$1 trilhão apenas do FGTS, já manifestou durante as eleições o objetivo de extinguir o fundo, com objetivo de diminuir mais ainda o custo para o capital. Considerando, ainda, que já está em curso um projeto para que os ban-

queiros abocanhem os recursos existentes da Caixa Econômica Federal, estará dada a senha para o maior calote do dinheiro do trabalhador já ocorrido na história do país. Se hoje o governo é responsável por garantir os recursos do FGTS independentemente das nebulosas transações em que aplica o dinheiro, o que esperar dos agiotas e especuladores rentistas? Mas esse é apenas um lado da moeda de destruição do patrimônio dos trabalhadores. O outro “filé” do Ministerio do Trabalho será o papel de arbitragem de demandas individuais dos trabalhadores e o controle sobre os sindicatos, a serem entregues ao principal funcionário do golpe de Estado no Brasil, o juiz Sérgio Moro, o responsável por colocar em prática toda a farsa que levou o ex-presidente Lula para a cadeia. No Brasil, onde a organização sindical não abarca a maioria dos trabalhadores, a Justiça do Trabalho sempre foi uma vazão individual da demanda do trabalhador. Esse papel de arbitragem do Estado permitiu, em certa medida, um mínimo poder de barganha do trabalhador individual diante do patrão. Processo semelhante ocorre com relação ao trabalho escravo. Embora seja prática presente no país, existe, mesmo que muito aquém do necessário, uma mínima fiscalização. Diante da política de implosão dos direitos dos trabalhadores, não é di-

fícil antever o resultado para a população mais indefesa, assim como o que pretendem com a Previdência, a “Reforma” Trabalhista, as privatizações, etc. No que diz respeito à transferência da permissão de registros de sindicatos para o Ministério da Justiça, na prática, todo o sindicalismo estará sob intervenção judicial, sob o controle jurídico da polícia. O que o golpe pretende é o restabelecimento de uma série de disposições judiciais como havia durante o Estado Novo e a ditadura militar. Ninguém melhor do que Moro para levar a cabo essa intervenção. Aqui, em certo sentido, estamos diante da síntese do golpe. Impor uma grande derrota à esquerda com a prisão de Lula e em seguida atacar duramente

MAIS MÉDICOS

Golpistas colocam médicos despreparados para preencher vagas de cubanos expulsos por Bolsonaro

A

pós expulsarem os médicos cubanos do país, os golpistas e seu mais novo representante, o presidente ilegítimo Jair Bolsonaro, estão colocando médicos despreparados para atender a população pobre do país. O ataque ao programa Mais Médicos expôs a política de caos e destruição dos direitos do povo que a direita quer levar adiante com o governo golpista de Bolsonaro. Para tentar enganar o povo, a imprensa golpista todos os dias divulga alguma notícia afirmando que o problema esta sendo sanado, e a maioria das vagas está sendo preenchida. Ocorre que, até o momento, apenas 10% dos médicos brasileiros cadastrados se apresentaram para ocupar os postos deixados pelos cubanos. Bolsonaro declarou, contra os cubanos, que a saúde de Cuba era inferior à brasileira e os médicos cubanos precisariam revalidar seus diplomas para continuar trabalhando no Brasil. Ao contrário do que declarou o golpista brasileiro, no entanto, a medicina cubana está entre as melhores do mundo, mesmo sendo um país que

sofre com os embargos do imperialismo. Cuba ocupa os primeiros lugares entre os países com menor mortalidade infantil no mundo. Possui uma pesquisa avançada no tratamento do câncer, além de ter sido o primeiro país do mundo a ter eliminado a transmissão materna do HIV. Para o golpista brasileiro, todavia, estes dados não importam o que vale é criar um pretexto para deixar o povo sem saúde, sem um direito básico. O discurso farsesco e demagógico contra a qualidade dos médicos cubanos de Bolsonaro cai por terra, no momento em que o governo golpista, diante da crise estabelecida, começa a preencher as vagas do programa com médicos brasileiros despreparados para o atendimento. Diante da falta de médicos, uma turma de medicina, recém-formada, de 36 médicos da Universidade Estadual do Pará, teve seu Certificado Regional de Medicina entregue antecipadamente para que pudessem se inscrever nas vagas do programa. Um áudio vazado de uma funcionária do Conselho Nacional das Secretarias Municipais da

Saúde revelou que, em vários casos, médicos sem qualquer condição de atender o povo estão sendo indicados para as prefeituras. Estes fatos demonstram a total falta de preocupação do governo golpista com a saúde da população pobre. Trata-se de um governo serviçal dos capitalistas, dos banqueiros e dos monopólios internacionais, seu principal objetivo beneficiar ainda mais os mais ricos em detrimento das condições de vida dos mais pobres. A luta contra o Bolsonaro deve começar desde já. É necessário organizar os comitês contra o golpe e levantar o Fora Bolsonaro e todos os golpistas.

toda a base social do PT, seja através da condenação do MST como “organização terrorista”, seja, como no caso, criando uma série de barreiras, inclusive o artifício da “corrupção”, para colocar sindicatos na ilegalidade e substituí-los por sindicatos fantasmas, sindicatos de tipo policial. Os trabalhadores, a começar pelas direções sindicais, têm que se levantar imediatamente contra o golpe e todas as suas manifestações de guerra contra o povo. Nesse caso, a intervenção fascista contra os sindicatos deve ser combatida com toda energia necessária, já antes de ser colocada em prática. A discussão sobre as nefastas consequências contra o povo trabalhador deve ser colocadas imediatamente na ordem do dia.


POLÍTICA | 5

CONTRA GOLPE

7 motivos para ser a favor do “Fora Bolsonaro” pobre no campo. Sem-terra e indígenas, que já vêm sendo perseguidos intensamente desde o golpe de 2016, estarão em ainda maior desvantagem nos conflitos com os posseiros. 2. Banqueiro na economia (Paulo Guedes)

P

ara dar continuidade aos ataques que o governo Temer vinha desferindo contra os trabalhadores, a burguesia decidiu, no fim do primeiro turno, apoiar a candidatura de Jair Bolsonaro. Depois de prender o maior líder popular do país e cassar sua candidatura, os donos do golpe conseguiram derrotar a esquerda eleitoralmente, fazendo de Bolsonaro o novo presidente do Brasil. O governo Bolsonaro é produto direto de uma fraude. Afinal, a vitória da direita só foi possível por causa do impedimento da candidatura do ex-presidente Lula. Além disso, uma vez que Bolsonaro recebeu o apoio dos donos do golpe, ele se tornou um representante direto dos interesses dos bancos. Tal panorama coloca o governo Bolsonaro como uma ameaça explícita à toda a população, de modo que a palavra de ordem de “Fora Bolsonaro” se torna um imperativo. Bolsonaro já deu várias demonstrações de que seu governo vem para massacrar ainda mais os trabalhadores. Antes mesmo de assumir, Bolsonaro conseguiu expulsar os médicos cubanos, retirando a assistência médica de mais de trinta milhões de brasileiros. Outra declaração de guerra de Bolsonaro contra a população é a escolha das pessoas que vão integrar seu governo. Veja abaixo sete membros do futuro governo Bolsonaro que são, em si, suficientes motivos pelos quais os trabalhadores devem se mobilizar pela derrubada do novo presidente do regime golpista. 1. Latifundiário na agricultura (Tereza Cristina) A ministra da Agricultura do governo Bolsonaro será Tereza Cristina, que é, atualmente, deputada pelo DEM (partido da ditadura militar de 1964). Eleita pelo estado do Mato Grosso do Sul, Tereza Cristina é presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária – ou seja, é a mulher escolhida pelos latifundiários para representar seus interesses. Se o Ministério da Agricultura será comandado por uma tradicional representante dos latifundiários, é óbvio que está nos planos do governo Bolsonaro o massacre de toda a população

Diferentemente da grande maioria dos ministros, que só foram anunciados por Bolsonaro depois de eleitos, Paulo Guedes já era anunciado como futuro ministro da Economia do governo Bolsonaro desde a campanha eleitoral. Fundador do Banco Pactual, Paulo Guedes é um defensor da reforma da Previdência. Além disso, Guedes estudou na Universidade de Chicago (conhecida pela formação de Chicago Boys, isto é, defensores dos mais inescrupulosos interesses dos banqueiros) e foi convidado pela ditadura fascista de Augusto Pinochet para trabalhar em uma universidade chilena. 3. Funcionário dos planos de saúde na saúde (Luiz Henrique Mandetta) O escolhido de Bolsonaro para o Ministério da Saúde também é um deputado do DEM eleito em Mato Grosso do Sul. Luiz Henrique Mandetta já foi presidente da Unimed no Mato Grosso do Sul, além de ter ocupado vários outros cargos administrativos na empresa. É, portanto, um serviçal dos planos de saúde. Não é à toa que Mandetta foi a favor da PEC dos Gastos, votada em 2016. No que diz respeito à Saúde, os interesses que Mandetta defende não são os da população, mas sim dos banqueiros, que querem destruir a Saúde Publica para sugar mais dinheiro do Estado, e dos planos de saúde, que almejam absorver parte da população que ficará sem assistência médica gratuita. 4. Defensor da censura na educação (Ricardo Velez Rodriguez) O ministro da Educação no governo Bolsonaro será o colombiano Ricardo Velez Rodriguez. Defensor do projeto Escola sem Partido, que é conhecido como “lei da mordaça” e “Escola com Fasismo”, Velez Rodriguez é, portanto, um defensor da censura. Sua indicação evidencia que o Ministério da Educação no governo Bolsonaro será utilizado fundamentalmente para perseguir professores e impulsionar o fascismo dentro das escolas. 5. Funcionário dos EUA no Banco Central (Roberto Campos Neto – Bob Fields) Em abril de 1917, nasceu Roberto Campos, que viria a ser um dos economistas brasileiros de maior projeção do século XX. Ministro da ditadura militar e, posteriormente, senador pelo partido da ditadura, Roberto Campos era um representante dos setores mais reacionários da burguesia. In-

transigentemente privatista, Roberto Campos era tão serviçal aos Estados Unidos que ficou conhecido como Bob Fields (uma tradução jocosa de seu nome). Mais de cinquenta anos depois, nasceu Robeto Campos Neto, herdeiro político de Bob Fields – isto é, Bob Fields, the grandson. Atualmente, Roberto Campos Neto é diretor do Banco Santander, que é um banco espanhol com atuação em diversos países. Além disso, Campos Neto é formado pela Universidade da Califórnia e é próximo de Paulo Guedes, o Chicago Boy. Bob Fields, the grandson foi o escolhido por Bolsonaro para assumir a presidência do Banco Central. Obviamente, será o mesmo que entregar o Banco Central brasileiro nas mãos dos Estados Unidos. 6. Fã dos EUA nas relações exteriores (Ernesto Araújo) “Com os EUA, o céu é o limite”, disse o futuro ministro das relações exteriores Ernesto Araújo. Indicado pelo guru da extrema-direita Olavo de Carvalho, Ernesto Araújo é um admirador declarado do atual presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Desde que foi dado o golpe de Estado contra Dilma Rousseff, a burguesia

se preocupou em alinhar o governo brasileiro aos interesses norte-americanos – afinal, o golpe foi um projeto concebido e orquestrado pelos Estados Unidos. Ernesto Araújo é a continuidade desse alinhamento subserviente, sendo que em um momento de maior crise do imperialismo, onde uma intervenção militar na Venezuela é cogitada incessantemente. 7. Carrasco na justiça (Sérgio Moro) Sérgio Moro já se tornou internacionalmente famoso por ter sido o juiz que prendeu o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. No entanto, o papel de Moro no golpe de Estado não foi o de simplesmente proferir uma sentença contra o maior líder popular do país, mas sim de contribuir para que o Judiciário brasileiro alcançasse um patamar ditatorial muito mais profundo. Moro, na medida em que chefiava a Operação Lava Jato, legalizou a tortura no Brasil – uma vez que banalizou o uso da delação premiada-, legalizou a prisão perpétua – uma vez que condenou um idoso, como José Dirceu, há dezenas de anos de prisão -, acabou com a presunção de inocência etc. Para Moro, a Justiça foi feita simplesmente para condenar todos os que se opõem à dominação imperialista. E será justamente esse carrasco que vai assumir o Ministério da Justiça de Bolsonaro.

Fora Bolsonaro


8| INTERNACIONAL

PROGRAMA MAIS MÉDICOS

Mais Médicos é apenas uma das muitas contribuições de Cuba pelo mundo na área da saúde A

participação de Cuba no Programa Mais Médicos é um dos aspectos que faz parte de uma imensa vontade politica de solidariedade do governo cubano, para compartilhar nossos sucessos com os povos do mundo inteiro, para oferecer o serviço médico em lugares de extrema pobreza que talvez tiveram um médico pela primeira vez . Nessa vontade política, inclui a formação de jovens médicos vindos de inúmeros países da África, Ásia, o Caribe anglófilo, América Latina, entre estes o Brasil. Cuba também tem a produção de vacinas importantes para o tratamento de epidemias, e de várias doenças crônicas. Com um senso de humanidade, Cuba assumiu o cuidado médico de

centenas de crianças ucranianas afetadas pelas consequências da tragédia atômica ocorrida na Ucrânia, em 26 de abril de 1986, com a explosão em um reator da Usina nuclear de Chernobyl. Destacam-se também as façanhas da luta contra o Ebola na África, a cegueira na América Latina e no Caribe, a cólera no Haiti, as brigadas do Contingente Internacional de Médicos Especializados em Desastres Henry Reeve. Os povos de Nossa América e do resto do mundo sabem que poderão contar sempre com a vocação humanista e solidária de nossos profissionais que têm uma única opção: lutar e crescer; lutar e vencer; lutar até a vitória sempre. * Por Juan Pozo Alvarez, Primeiro Secretário da Embaixada de Cuba no Brasil

CUBA

Quem não deixa os cubanos acessarem a Internet são os EUA, não o governo de Cuba H

oje (6), os cidadãos cubanos começam a utilizar Internet móvel com conexão 3G, com acesso completo pelos celulares. A estatal Empresa de Telecomunicações de Cuba (ETECSA) anunciou que o plano do governo é desenvolver a tecnologia 4G em 2019. Desde o ano passado, os cidadãos podem ter acesso à Internet em suas casas. Há alguns anos, também, eles utilizam centenas de pontos gratuitos de acesso à rede wifi como praças e parques por todo o país. Todos os municípios das províncias de Havana e Pinar del Río, por exemplo, possuem pontos públicos de acesso a wifi. Antes disso, eles também podiam acessar a partir de salas de navegação, como centros comunitários e coletivos. Segundo fontes oficiais, até 2016 um terço dos cubanos utilizava wifi para se conectar à Internet. A imprensa de direita, que apoia todos os tipos de ataques contra o povo brasileiro, busca distorcer a questão do acesso à Internet em Cuba. Diz que o governo finalmente “permitiu” que os cubanos tivessem acesso, ou seja, dão a entender que Cuba não tinha

acesso à rede porque a “ditadura” comunista censurava a liberdade de expressão, ou então que o país é miserável e não tem infraestrutura porque tudo pertence ao Estado. O segundo argumento é parcialmente verdadeiro. A infraestrutura de tecnologia de Cuba ainda é atrasada. Mas o outro lado da informação é uma inverdade e está diretamente ligada ao outro argumento, o de que Cuba não tinha acesso à Internet devido à censura do governo. O principal motivo da falta de infraestrutura e de acesso à Internet na ilha é o bloqueio econômico imposto pelo imperialismo norte-americano há quase 60 anos. Esse bloqueio limita o comércio de empresas e governos estrangeiros com Cuba, além de punir empresas que vendam produtos ou serviços à ilha que tenham algum componente produzido nos EUA. Os cabos submarinos de fibra óptica que passam pelo Caribe, e que permitem a construção de uma infraestrutura de Internet com alguma qualidade, são controlados pelos Estados Unidos. Portanto, Cuba não pode utilizá-los.

Devido a isso, Cuba inaugurou sua conexão à Internet em 1996, mas ela começou a se popularizar somente a partir de 2011 quando, graças a uma parceria com a Venezuela de Hugo Chávez, foi instalado um cabo de fibra óptica que ligasse os dois países e levasse à ilha caribenha uma conexão melhor. Mas foi só com a relativa flexibilização do bloqueio, a partir de 2014, com o acordo de aproximação diplomática entre EUA e Cuba, que empresas estrangeiras receberam permissão do governo norte-americano para começar a operar na modernização da infraestrutura de telecomunicações da ilha. Em Cuba, os preços dos pacotes de Internet são altos e a conexão ainda é relativamente lenta (possivelmente a maior parte dos brasileiros não veria grande diferença entre a Internet em Cuba e a do Brasil), mas essas são basicamente as únicas restrições que o povo tem para acessá-la. Não existe censura a nenhum tipo de portal, com exceção de certos sítios que veiculam pornografia. No entanto, o governo cubano pres-

ta grande atenção nas tentativas de desestabilização por parte do imperialismo norte-americano. As agências secretas dos EUA, como CIA, USAID e NED, sempre trabalham para se infiltrar nas redes cubanas a fim de promover um golpe de Estado e derrubar a Revolução. Um dos casos recentes foi o desenvolvimento da rede social ZunZuneo, semelhante ao Twitter. Criada pela USAID, ela seria uma ferramenta de aglutinação da juventude, em um primeiro momento sem nenhum caráter político. Segundo os plano, revelado pela imprensa internacional, mensagens contra o governo seriam disparadas de uma forma gradual e sutil, a fim de colocar a juventude cubana contra o governo, convocando manifestações até, finalmente, jogar o país no caos e executar um golpe de Estado. O serviço de inteligência cubano, entretanto, conseguiu desmantelar a trama. Mesmo assim, Cuba busca superar o seu atraso (proporcionado pelo domínio imperialista do mundo que esmaga os países pequenos e aumentado pelo bloqueio econômico que sofre) proporcionando acesso à Internet para sua população. Mesmo que ainda esteja engatinhando, em relação a outros países – como ao próprio Brasil – a Internet em Cuba é muito mais democrática.


MOVIMENTO OPERÁRIO | 9

FORA BOLSONARO

Combater a Escola com Fascismo nas universidades C

ontribuição de Educadores em Luta (PCO) para o 38° Congresso do ANDES-SN. A política de consolidação do golpe e de aprofundamento dos ataques contra os trabalhadores teve no processo sucessório de 2018 um capitulo fundamental. Através de uma manipulação sem precedentes, através de uma série de recursos, entre os quais a fraude pura e simples, o cancelamento de títulos eleitorais, a insidiosa intervenção da imprensa golpista, entre muitos outros expedientes, a direita impôs uma grande farsa para dar aparência de legitimidade e legalidade ao regime golpista. O ponto crucial dessa operação golpista para fraudar a vontade popular foi o impedimento, através de uma farsa judicial, da candidatura do ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva, que liderava todas as sondagens eleitorais com ampla margem. Podemos afirmar que a condenação de Lula através da operação Lava Jato pelo juiz Sergio Moro, agora indicado ministro do governo Bolsonaro, tinha como finalidade estratégica impedir a vitória do PT nas eleições de 2018. O governo Bolsonaro não foi escolhido pelo povo, mas foi imposto pelos golpistas, isso é uma apreensão objetiva dos resultados das eleições. Neste sentido, é uma profunda capitulação da esquerda reconhecer a vitória de Bolsonaro.

Observe que na avaliação política do resultado eleitoral, a diretoria do Andes indica que através do “ voto direto” um projeto de ataques contra os direitos dos trabalhadores foi escolhido pelo “ povo”. Isso significa que a diretoria do Andes é avalista política da fraude. De um ponto de vista da mobilização, a política de passividade, predominante na esquerda e nas direções sindicais ( Andes e Proifes) diante desses ataques, em geral somente notas ou declarações, tem representado um estimulo para o aumento dos ataques da extrema direita. È preciso colocar a luta pelo Fora Bolsonaro de uma maneira aberta para se contrapor a ofensiva da direita. Além disso, é preciso impulsionar os comitês de luta e auto-defesa , como instrumentos para a defesa das universidades públicas e da comunidade universitária. Urgente uma ampla campanha contra a direita, através da proliferação de comitês de luta contra o golpe e contra os fascistas, levantando a bandeira de Liberdade para Lula. Notem que a verdadeira medida de luta, ou seja a construção de comitês pela base, a diretoria do Andes não estimula, pois efetivamente não existe ação de luta por parte de uma diretoria vinculada a CSP/conlutas , que se omitiu da luta contra o golpe. É necessário a construção de uma frente de luta que coloque em movi-

BANCARIOS Trabalhadores do Bradesco sofrem com a falta de pessoal na agência de São Sebastião DF

A

política dos banqueiros golpistas de demissão em massa de bancários está levando o caos nas agências devido à falta de pessoal, que não dão conta da demanda de clientes que lotam as dependências bancárias. O Banco Bradesco, um dos carros chefes de jogar no olho da rua milhares de trabalhadores, já demitiu cerca de 9 mil funcionários desde o ano de 2017 até agora, com o fechamento de centenas de agências espalhadas pelo País. As barbaridades dos banqueiros, financiadores do golpe de Estado, não param por aí. Segundo o presidente-executivo do banco, Octavio de Lazari, em declaração no último dia 20 de novembro, o Bradesco pretende fechar mais 150 agências ainda neste ano de 2018 e mais 150 em 2019, ou seja, vem chumbo grosso contra os trabalhadores, logicamente uma grande quantidade perderão os seus empregos e para aqueles que permanecerem no banco aumentará a carga de trabalho, que já é exaustiva. Na esteira dessas barbaridades, os trabalhadores da agência São Sebas-

tião, localizada em uma das cidades no entorno de Brasília, reclamam da falta de pessoal, e sofrem com a superlotação, praticamente todos os dias, da agência com a sobrecarga de trabalho e a pressão que vem de todos os lados. Por um lado, dos chefetes, baba ovos do patrão, com a cobrança sistemática pelo o atendimento das metas de venda de produtos bancários, por outro lado os clientes ao reclamarem na demora do atendimento. É uma verdadeira loucura. Não é por acaso que a categoria bancária está no topo da lista de doenças causadas por motivos laborais, tanto psíquicos quanto físico. É preciso barrar, imediatamente, esta onda de demissões que já atingiu milhares de bancários através de uma ampla mobilização da categoria em conjunto com todos os trabalhadores e suas organizações contra o regime da direita golpista. Para os banqueiros, o que interessa é somente manter os lucros à custa da exploração dos bancários e de toda a população.

abaixo a escola com fascismo Organizar os professores Para acabar com a caça às Bruxas

Em cada sindicato, organizar uma central para denunciar a perseguição fascista, criar comitês para destruir a provocação da direita

número do disque solidário

11 972446304

mento uma mobilização contra os fascistas da “ escola sem partido”, pelo Fora Bolsonaro e todos os golpistas;

pela Liberdade para Lula e como método de luta a formação e fortalecimento dos comitês de Luta.


10 | MOVIMENTO OPERÁRIO

CORREIOS

Golpistas dos Correios entregarão o serviço de encomendas para Fedex, através de acordo com a Azul Cargo O CADE (Conselho de Administração de Defesa Econômica), que devido ao golpe está nas mãos do Imperialismo, aprovou no início de dezembro desse ano a criação de uma nova empresa de transporte de cargas no país. Uma empresa de joint venture no setor de logística, ou seja a criação de uma nova empresa de transporte de cargas, através da “sociedade” entre Azul Linhas Aéreas e a ECT (Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos). No entanto, a “sociedade” entre Azul Carga e a ECT é a típica associação que só acontece em países atrasados, aonde a maior empresa que é nacional, fica em desiguladade diante da empresa imperialista, no caso a Azul que movimenta 30 mil toneladas de cargas por ano, terá maior poder na associa-

ção, com 50,1% de participação, e a ECT, que movimenta 70 mil toneladas de cargas por ano, está em desvantagem na associação, ficando 49,9% da participação da joint venture. Então como explicar que a direção golpista da ECT aceitou firmar uma associação com a Azul, em que ela ,mesmo sendo minoritária no setor de cargas, será majoritária na associação? A questão é simples, a Azul é uma empresa do capitalismo americano, dos donos do golpe no Brasil, os Estados Unidos da América, que financiaram a derrubada do governo do PT no Brasil, justamente para colocar no governo brasileiro, pessoas vendidas e capachos dos interesses dos grandes capitalistas internacionais no país, que é o de roubar as riquezas daqui.

Essa sociedade atua no setor mais lucrativo das atividades dos Correios que é o de encomendas, que durante o governo do PT foi estudado a possibilidade da criação de uma empresa de viação aérea do próprio Correio, para transportar essa fortuna em cargas. No entanto, com o golpe de Estado, todos os projetos do governo do PT para fortalecer a econômia nacional, e as estatais, foram substituidas pela entrada de empresas internacionais. A Azul é uma empresa de origem americana, como também é a Fedex, tubarão do mercado de encomendas, e que luta no país pela privatização dos Correios, para abocanhar o setor de encomendas no país. O que chama muita atenção nessa operação é que a Fedex, principal con-

corrente dos Correios no país, não objetou contra essa associação da Azuil com os Correios, o que na lógica levará a essa joint venture se transformar na gigante do mercado, pois as duas juntas movimentará nada menos do que 100 mil toneladas de cargas por ano. Na lógica essa nova empresa vai quebrar as intenções monopolistas da Fedex, a não ser que a Azul seja uma “parceira” da Fedex, que na verdade é o único sentido para que os golpistas queiram tanto essa nova empresa. É necessário mobilizar os trabalhadores dos Correios contra os golpistas, através de formação de comitês de luta contra o golpe, e levar a classe operária e os movimentos sociais se colocar pelo Fora Bolsonaro e todos os golpistas, contra a privatização dos Correios.

ESSE É O CAPITALISMO No Brasil, quem não trabalha ganha 17 vezes mais do que os que trabalham até morrer

E

studo divulgado essa semana pelo Instituto brasileiro de Geografia e Estatística, o IBGE, revela a brutal desigualdade social brasileira. O levantamento sobre o rendimento médio mensal no país refere-se aos dados pesquisados no último ano. De acordo com a pesquisa, os 10% mais ricos do país ganham 17,6 vezes mais que os mais pobres. Enquanto o rendimento médio mensal per capita dos 10% mais ricos foi de R$ 6,629 em 2017, os 40% mais pobres receberam somente R$ 376. A comparação entre as regiões do país demonstrou que no nordeste a diferença é maior. Na região, os 10% mais ricos recebem 20 vezes mais que os 40% mais pobres. Na comparação entre as capitais do país, os mais ricos chegam a receber 34,6 vezes mais que os mais pobres. Manaus, capital do estado do Amazonas, lidera a diferença. Sobre a concentração da massa de rendimentos, ou seja, do total de toda a renda do país, os 10% mais ricos concentram 43,1% dessa massa, enquanto os 40% mais pobres detém somente 12,4%. O Índice de Palma do Brasil, que é razão da apropriação da renda do décimo mais rico em comparação com os quatro décimos mais pobres, subiu em 2017 em relação ao ano anterior. Em 2016 o índice era de 3,47, já em 2017 o índice foi de 3,5. Os dados revelam o aprofundamento da pobreza e da concentração da renda nas mãos daqueles que não trabalham, ou seja, da classe capitalista, enquanto a classe operária brasileira tem sua renda diminuída cada vez mais. O aumento da miséria e da pobreza tem relação direta com o golpe de estado, ou seja, com a política golpista de terra arrasada da direita, de congelamento dos investimentos

sociais, da terceirização, da reforma trabalhista, a qual retira direitos dos trabalhadores em benefício dos patrões. Isso sem falar na política de destruição das empresas nacionais, em prol dos monopólios estrangeiros, levando ao desemprego milhares de trabalhadores brasileiros. A direita golpista procura disseminar a ideia de que a sua política neoliberal irá beneficiar a população como um todo, para tanto, faz demagogia afirmando ser necessário diminuir a máquina estatal, “cortar regalias”, etc. Na realidade, a direita, os capitalistas, procuram ocultar, com isso, a verdadeira luta de classes que há na sociedade, na qual o neoliberalismo representa uma política de choque das classes dominantes contra as classes mais pobres. Nesse sentido, o golpe de estado representa, em sua base, uma política de guerra dos capitalistas, uma minoria parasitária, contra os direitos da classe trabalhadora, a maioria da sociedade, a classe que trabalha e produz toda a riqueza do país. O avanço do golpe, com a eleição fraudada de Jair Bolsonaro, tende a acentuar ainda mais esse ataque às condições de vida dos trabalhadoras. Em entrevista, nesta semana, Bolsonaro declarou que pretende aprofundar ainda mais a reforma trabalhista. Demonstrando ser um serviçal dos grandes capitalistas, o presidente ilegítimo da extrema-direita afirmou que é “horrível ser patrão no Brasil” A declaração aponta no sentido do avanço dessa política de terra arrasada, de aumento da miséria e da pobreza. Para combatê-la é necessário mobilizar a classe trabalhadora, por meio dos comitês de luta contra o golpe. Levantar desde já o Fora Bolsonaro e todos os golpistas!

DOMINGO ÀS 20H

TERÇA- FEIRA ÀS 19H

QUINTA-FEIRA ÀS 16H


NEGROS E CULTURA| 11

6 DE DEZEMBRO DE 1969

Morre João Cândido, o Almirante Negro

H

á 49 anos morria o líder da Revolta da Chibata, um dos maiores heróis do povo negro, o marinheiro João Cândido Felisberto, filho de ex-escravos e que foi acompanhado da pobreza até o final de sua vida, especialmente depois da revolta que colocou a República Velha de joelhos. A Revolta da Chibata, como é conhecida a revolta dos marinheiros em 1910, tinha como objetivo o fim dos castigos corporais contra os marinheiros, castigos estes promovidos pelos oficiais e se consistiam em chibatadas. Os setores mais afetados por tais práticas no interior da marinha eram os negros. A organização e clareza política do Almirante Negro, como ficou conhecido João Cândido, tornou possível, por exemplo, que a esquadra rebelde, co-

locasse a sede do Governo no Rio de Janeiro sob a mira dos canhões dos navios, o que forçou a burguesia nacional a atender todas as reivindicações. João Cândido entra para a história por sua capacidade de liderança e direção política que o colocam dentre os principais nomes na luta em defesa do povo negro e da população pobre e trabalhadora de um modo geral. Apesar de ter morrido completamente na pobreza, com 89 anos, e ter sido expulso e perseguido pela Marinha, ainda em 1910, e os governos por anos a fio sequer reconhecerem a existência do marinheiro, é preciso tomar os ensinamentos da Revolta, como o fato de não esperar nada das instituições a não ser pela força.

“O ROUBO DA HISTÓRIA”

EUA sabotam comissão para recuperar obras de artes roubadas por nazistas C

onfiscar obras de arte era para os nazistas tão importante quanto as vitórias militares; artista frustrado, Hitler escondeu em lugares como minas de sal milhares de peças e tinha planos de construir um gigantesco museu. O livro “O Museu Desaparecido – A Conspiração Nazista para Roubar as Obras-Primas da Arte Mundial”, trad. Silvana Cobucci Leite, WMF Martins Fontes, de Héctor Feliciano, ilumina em detalhe o funcionamento da máquina nazista de espoliação. Durante a Segunda Guerra Mundial, os nazistas criaram uma rede destinada ao roubo sistemático de museus e coleções privadas de toda a Europa e à transferência das obras subtraídas para a Alemanha para aumentar os acervos do museu de arte europeu que Hitler planejava formar. Héctor Feliciano teve acesso a documentos recentemente disponibilizados e entrevistou pessoas vinculadas com o espólio, para investigar o destino da arte roubada. Suas pesquisas permitiram localizar mais de duas mil obras desaparecidas e seu livro suscitou uma polêmica internacional sobre este espinhoso tema. Estima-se que partidários de Hitler confiscaram 16 mil obras de arte na guerra. Descoberta de 1.406 peças de mestres como Picasso e Matisse, avaliadas em R$ 3 bilhões, é a mais importante até agora. Em contrapartida, os proprietários dessas obras, iniciaram um movimento com manifestações públicas de repúdio a esse saque, para que pudessem recuperar seus valiosos bens. É “o maior roubo da história” – como afirmou o diplomata e advogado americano Stuart Eizenstat numa conferência sobre arte saqueada pelos nazistas realizada em Berlim –, mas o tema é muitas vezes varrido para debaixo do tapete.

Eizenstat foi há 20 anos um dos responsáveis pela aprovação de uma declaração durante a Conferência do Holocausto em Washington. O documento estabelece que obras de arte saqueadas pelos nazistas sejam identificadas e devolvidas a seus originais donos o mais rápido possível. Naquela época, representantes de 44 países concordaram em inspecionar seus próprios acervos de museus. O acordo foi considerado revolucionário. Mas 20 anos depois, Marc Masurovsky considera a declaração fracassada. O historiador é cofundador do Projeto de Pesquisa de Arte do Holocausto (Harp, na sigla em inglês), entidade fundada em Washington em 1997. A tarefa da instituição é a pesquisa em arquivos. Mas involuntariamente Masurovsky se tornou um ativista da restituição de obras de arte. “Eu consigo citar de cabeça uma dúzia de pessoas que entraram com processo e ainda não conseguiram justiça”, diz. O tema da pesquisa, que busca a origem das obras no próprio acervo, foi durante décadas um tabu após o fim da Segunda Guerra, em 1945. Diretores de museus de toda a Europa não estavam interessados em saber se suas coleções continham objetos retirados de seus verdadeiros donos entre 1933 e 1945, durante a perseguição nazista. Também legalmente, não havia direito a restituições. Na Europa, os direitos privados de propriedade sob a lei nacional estavam quase todos prescritos. A liberação de objetos não é mais obrigatória depois de 30 anos, de acordo com o código civil na Alemanha. Na França, as leis sobre bens culturais proíbem a retirada de obras de arte de coleções estatais. De acordo com um relatório de 2014 da Conferência do Holocausto

de Washington, a maioria dos Estados que assinaram os Princípios de Washington, em 1998, desde então não fizeram praticamente nada. Apenas cinco dos 44 países – Alemanha, França, Holanda, Áustria e Reino Unido – obedeceram o pedido de formação de “comissões para a resolução de casos polêmicos de arte saqueada pelos nazistas”. Nos EUA, fracassaram todas as tentativas de se estabelecer uma instância responsável por intermediar entre museus e requerentes, o que faz que herdeiros tenham que pagar do próprio bolso os caros processos judiciais necessários na tentativa de reaver obras roubadas da família. Não me admira que estas questões dê com os burros n´agua nos EUA, onde o apoio da sociedade estadunidense a nazistas vem desde o surgimento do Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães, em 1920, e que apesar de intermitente, durou pelo menos até as primeiras décadas do século XXI, e tem uma influência muito forte em sua política desde então. Além do que, a Associated Press inspirou Goebbels a fazer sua propaganda na Alemanha e recebeu material do próprio para formular suas manchetes, o que se adequou, pois naquele país não havia a distinção entre propaganda (no sentido de poder escolher o formato da propaganda a fazer) e publicidade (no sentido de ser pago para faze-lo) ao contrário dos países anglo-saxões industrializados da época. O jornal foi o único do mundo ocidental a poder continuar operando no país até o Ataque a Pearl Harbor em 1941. O próprio Hitler também admitiu que os campos de concentração foram inspirados das reservas indígenas norte-americanas. A noção de guerra humanitária foi copiada dos nazistas durante a segunda guerra mundial e

o nazismo se tornou parâmetro para que lideranças norte-americanas critiquem o uso de armas químicas muito embora os Estados Unidos planejaram usar armas químicas contra o nazistas e afiliados. A Fundação Rockefeller financiou o programa eugenista de Joseph Mengele e em 1934 eugenistas norte-americanos organizaram uma feira científica para recepcionar os médicos higienistas alemães além do fato de que estas pesquisas serviram de inspiração para a criação das leis de Nuremberg. A família Rockefeller através do Chase Bank é também investigada por guardar dinheiro que nazistas tomaram de judeus franceses na Suíça ainda durante a Segunda Guerra. Heinrich Himmler declarou que Ford era como “um dos nossos mais valiosos e importantes, combatentes espirituosos” depois de receber financiamento dele na campanha eleitoral de 1933, e Walt Disney apoiou ativamente o nazismo. O vice-presidente das relações exteriores da GM, James D. Mooney, recebeu condecorações similares a dele, como no caso da Ordem de Mérito da Águia Alemã de 1.ª Classe dele. O próprio Hitler reverenciava Ford, mantendo um retrato dele em seu gabinete, além de desejar colocar as suas ideias em prática na Alemanha. Também, grandes movimentos religiosos novos dos Estados Unidos apoiaram a perseguição do governo da Alemanha Nazi a homossexuais. O governo Trump, em 2017, cortou incentivos fiscais a ongs antinazistas dos Estados Unidos e de desradicalização deste movimento alegando nada após o episódio, e o mesmo usou de um lema fascista dos anos 20 para sua campanha eleitoral. São profundas as raizes com nazismo e o fascismo existentes nos EUA. Não dá pra concluir outra coisa senão que os herdeiros das obras de arte roubadas pelo nazismo vão ter que esperar muito tempo para conseguir alguma coisa, e tempo é o que eles não têm.


12 | ESPORTES E MORADIA E TERRA

GOLPE DE ESTADO NO BRASIL

Quem desmata mais? Militares e latifundiários entram em disputa por Ministério do Meio Ambiente

O

governo Bolsonaro, produto da fraude eleitoral e do Golpe de Estado no Brasil, volta a encontrar dificuldades devido à suas próprias contradições internas. Bolsonaro tem seu governo sustentado por diferentes setores da burguesia nacional, do imperialismo e das Forças Armadas e isso eleva o nível de disputa interna a respeito de quais nomes devem assumir

os cargos centrais do governo como pastas e ministérios. Na última semana, o conflito tem se tornado mais agudo quando o tema tratado é o Ministério do Meio Ambiente e tem colocado o governo em uma posição de difícil decisão. De um lado, se colocam os militares, muito interessados em abocanhar uma parte cada vez maior do poder político do

Estado, de outro estão os ruralistas, intimamente associados ao interesse do imperialismo internacional, que pretendem expandir os lucros dos latifundiários e das grandes empresas de agronegócio. Durante a campanha, Bolsonaro havia anunciado que o Ministério do Meio Ambiente seria controlado por um representante dos interesses do agronegócio, mas agora já se coloca em dúvida a respeito do nome que será indicado. De acordo com o próprio Bolsonaro o Ministério será o último a ter um nome indicado, o que deixa evidente que a crise dentro do futuro governo já causa contradições internas difíceis de superar. Vale ressaltar que os ministérios já anunciados por Bolsonaro contam uma elevada presença de militares de alta patente, o que indica que são as próprias Forças Armadas que vêm dando as cartas dentro do governo. Apesar disso, setores importantes da burguesia e do imperialismo também

querem afirmar seu poder sobre a máquina do Estado e sobre o próprio governo, o que leva à uma queda de braço dentro do próprio campo golpista que elegeu Bolsonaro através da fraude eleitoral. Para os trabalhadores, qualquer que seja a decisão tomada pelo governo golpista de Bolsonaro será um retrocesso e irá significar uma enxurrada de ataques e de políticas de conteúdo neoliberal. Para o povo, independente de qualquer acordo a que as alas golpistas do governo cheguem, o caminho continua sendo o mesmo: organizar as forças dos movimentos populares para mobilizar todas as categorias e setores combativos para enfrentar a direita e o avanço do Golpe de Estado no Brasil. É preciso que o conjunto do movimento operário e popular chame imediatamente a mobilização pelas palavras de ordem de “Fora Bolsonaro e Todos os Golpistas, Liberdade Para Lula e Todos os Presos Políticos”.

ATAQUE CONTRA O FUTEBOL BRASILEIRO

Marta fica em 4º lugar na primeira bola de ouro feminina A

revista France Football, publicação francesa “especializada” em futebol, elege todos os anos, em dezembro, os destaques da temporada para a entrega da Bola de Ouro, premiação dada aos melhores jogadores praticantes do esporte mais popular do mundo. A escolha dos “melhores”, obviamente, não é, em nenhum sentido, nem democrática e menos ainda isenta, pois trata-se de um veículo de comunicação oriundo de um país europeu imperialista, a França. São múltiplos os interesses envolvidos na escolha, particularmente no contexto atual, onde o grande capital, as corporações financeiras e os grupos econômicos assumiram diretamente o controle do futebol em quase todo o planeta. Nesta edição de 2018 a premiação como melhor jogador de futebol do mundo foi entregue ao croata Luka Modric, meio-campista volante que atua no time espanhol do Real Madrid. Modric foi o destaque da seleção da Croácia na campanha da Copa da Rússia, onde a seleção dos bálcãs ficou em segundo lugar, como vice campeã. O croata quebrou uma sequência vinda desde 2008, quando o argentino Lionel Messi e o português Cristiano Ronaldo revezaram na primeira colocação como ganhadores da premiação. O que ficou patente de forma clara e inequívoca na premiação, no entanto, foi a mais completa e total parcialidade do órgão de comunicação responsável pela escolha dos melhores do mundo. Entre os 10 (dez) primeiros colocados pela publicação francesa figura apenas 1 (um) sul-americano, o argenti-

no Messi, ganhador de várias edições da Bola de Ouro. O espanto ficou por conta de não haver na lista dos dez primeiros colocados nenhum jogador do Brasil. O craque brasileiro Neymar, que atuou destacadamente pelo seu clube na temporada e também na seleção brasileira, aparece tão somente no décimo segundo lugar. Uma farsa completa. À exceção de Messi, todos os outros que figuram entre os dez pri-

meiros colocados são jogadores nascidos na Europa ou naturalizados europeus. O continente sul-americano, a região do mundo que mais exporta craques para os gramados do velho continente ficou excluída da lista dos melhores. Parece piada, mas não é. Outra aberração verificada na premiação ficou por conta da escolha da melhor jogadora de futebol. Paralelo à eleição do melhor do mundo, a revis-

ta promoveu também a eleição – pela primeira vez – da Bola de Ouro feminina. A jogadora brasileira Marta, reconhecida nos quatro cantos do mundo como a melhor jogadora de futebol do planeta, ficou em quarto lugar na premiação. A craque brasileira vinha sendo a escolhida como melhor do mundo pela FIFA por seis edições consecutivas. A honraria da FIFA, no entanto, não tem o mesmo peso da Bola de Ouro, que desperta as atenções e olhares em todo o mundo futebolístico. Portanto, os inimigos do futebol brasileiro agiram rápido e trataram de excluir da mais importante premiação a brasileira Marta, incontestavelmente a melhor jogadora do mundo, reconhecida pela própria entidade maior do futebol mundial. Toda essa farsa patética e grotesca evidencia de forma clara a ofensiva do imperialismo mundial contra os povos oprimidos em todo o mundo. O espetáculo farsesco promovido pela imprensa européia na entrega da premiação do futebol mundial em 2018 é a expressão da decadência e da crise do capitalismo em escala mundial. O que o imperialismo europeu e seus sequazes buscam ao excluir os brasileiros (Neymar e Marta) é a tentativa de humilhar, submeter e desmoralizar o futebol brasileiro para atingir o Brasil e fazer recuar a luta dos povos explorados contra a dominação imperialista. Em bancarrota no mundo inteiro, o capitalismo se coloca cada vez mais na ofensiva contra os povos, na tentativa de encontrar uma sobrevida para a continuidade do seu regime de dominação e exploração.


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