Edição Diário Causa Operária nº5585

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SEGUNDA-FEIRA, 18 DE MARÇO DE 2019 • EDIÇÃO Nº 5585

DIÁRIO OPERÁRIO E SOCIALISTA DESDE 2003

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A liberdade de Lula continua sendo um ponto chave para derrubar o regime golpista Em menos de três meses de existência, o governo Bolsonaro já se encontra em uma profunda crise política – crise tal que pode acarretar na derrubada do governo por meio de uma mobilização popular, caso a esquerda finalmente organize o povo indignado com o governo fraudulento em direção a uma verdadeira luta por sua derrubada. EDITORIAL

Por que a esquerda não levanta o fora Bolsonaro? O aprofundamento do Golpe de Estado no Brasil tem sido acompanhado de um aprofundamento da crise do regime político burguês, que a cada novo fato político se torna ainda mais desmoralizado diante da população.

Capitão do mato, Fernando Lugar dos Silêncios: guru do identitarismo, Holiday justifica morte de Marielle Djamila Ribeiro revela que é uma “estrelinha” Franco: ela era “extremista” do imperialismo Junto com os integrantes da gangue direitista, que se elegeu por contas das eleições fraudulentas de outubro passado, está o vereador paulistano e capitão-do-mato, Fernando Holiday (DEM), que é assim conhecido em virtude da sua “luta” contra todos os direitos da população negra. Também por isso é chamado de “negro de alma branca”.

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Revista Mulheres nº29 BARRAR A OFENSIVA FASCISTA CONTRA AS MULHERES Entre em contato com o Coletivo de Mulheres Rosa Luxemburgo do PCO

Veja como foi a Plenária Nacional Lula Livre em São Paulo

“Reforma” da Previdência: “demolição” para os trabalhadores e “arrumação” para os militares O governo do presidente ilegítimo, Jair Bolsonaro, anunciou que vai enviar na próxima quarta-feira (dia 20) um projeto de lei para mudar as regras de aposentadoria das Forças Armadas. Fica evidente que o governo metido em uma violenta crise, diante da crescente e massiva rejeição popular não só do roubo da Previdência que o governo prepara

Bolsonaro na corda bamba: greves de professores explodem em todas as regiões do País


2 | EDITORIAL EDITORIAL

Por que a esquerda não levanta o fora Bolsonaro? O

aprofundamento do Golpe de Estado no Brasil tem sido acompanhado de um aprofundamento da crise do regime político burguês, que a cada novo fato político se torna ainda mais desmoralizado diante da população. O Golpe que derrubou Dilma Rousseff em 2016 colocou no lugar do governo petista um governo extremamente impopular liderado por Michel Temer e que levou adiante uma política de profundos ataques contra os direitos trabalhadores e suas condições de vida. Vimos também o crescimento da mobilização popular contra o regime nascido do Golpe e houve uma intensificação da polarização política no país que colocou imensos obstáculos para o avanço dos interesses da burguesia. Apesar desse crescimento, a confusão e o oportunismo das direções das organizações esquerda não possibilitaram que o movimento contra o Golpe e contra o regime golpista evoluísse até suas últimas consequências, e muitos foram os esforços para canalizar a insatisfação e revolta popular para o campo eleitoral. Nesse sentido, a ala mais oportunista da esquerda defendeu a tese de que era necessário “virar a página do Golpe” e propunha que o movimento deixasse de lado a luta pelos seus interesses em nome da garantia da estabilidade do regime burguês. As eleições vieram e a esquerda protagonizou mais um show de horrores, capitulando vergonhosamente diante da perseguição política e cassação dos direitos políticos do ex-presidente Lula. Ao invés de enfrentar os golpistas

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e levar adiante a candidatura de Lula, a esquerda aceitou as arbitrariedades do judiciário dominado pela extrema direita e o substitui por Fernando Haddad, elemento que representava a ala direita do Partido dos Trabalhadores e que foi derrotado por Bolsonaro no segundo turno. A eleição foi marcada pela escandalosa fraude eleitoral, que contou com a prisão de adversários, a cassação dos direitos de milhões de eleitores e a repressão do aparato policial contra a campanha dos candidatos da esquerda. Da fraude eleitoral e da capitulação da esquerda surgiu o governo do elemento fascista Jair Bolsonaro, cuja base de apoio se resume aos elementos mais reacionários da política e aos aparatos de repressão do Estado burguês (policia, Forças Armadas, etc.). Em pouco tempo de governo vimos se aprofundar ainda mais a crise do regime e a palavra de ordem “Fora Bolsonaro” passou a ecoar em todos os cantos do país, inclusive na maior festa popular que é o carnaval, na qual foram milhares as expressões contra o regime e pelo fim do governo Bolsonaro. No entanto, a esquerda, que propôs “virar a página do Golpe”, agora se nega a apoiar o Fora Bolsonaro e se esconde por trás de campanhas demagógicas para não apoiar o que é um desejo real da população. Isso ocorre porque o movimento de esquerda se encontra totalmente dominado por uma política reformista e pequeno-burguesa que coloca a solução para os problemas da população como sendo uma tarefa parlamentar.

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Para a maior parte da esquerda e para as direções das organizações do movimento operário, o regime político burguês é tido como algo “sagrado”, mesmo que ele seja totalmente controlado pela extrema direita que derrubou o governo petista por meio de um Golpe de Estado. Esse setor é profundamente comprometido com a demagogia da democracia burguesa e se recusa a chamar o “Fora Bolsonaro”, pois reconhecem sua vitória eleitoral (que só foi possível pela fraude total do processo) como legítima. Para esse grupo de organizações e para suas direções, a manutenção dos cargos parlamentares e a estabilidade do regime político é a tarefa número um e para isso estão dispostos a se adaptarem cada vez mais ao avanço da extrema direita em detrimento dos interesses da população. No momento em que se recusa a impulsionar o “Fora Bolsonaro” essa ala oportunista da esquerda abre mão de disputar o poder político e permanece no cenário nacional apenas como um elemento demagógico e vazio de conteúdo real. A fragilidade e debilidade do governo nesse momento, em que a insatisfação popular cresce e toma corpo nas ruas, é a oportunidade de aprofundar a polarização política e impulsionar cada vez mais a mobilização generalizada contra o regime golpista de conjunto e de possibilitar uma vitória, mesmo que parcial, do conjunto dos explorados. Ao não chamar o “Fora Bolsonaro” a esquerda pequeno-burguesa oportunista acaba servindo de suporte, mesmo que não

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intencionalmente, de um regime falido e em frangalhos e coloca um freio para mobilização popular que não encontra vazão para suas insatisfações nas organizações de esquerda. Esse é o caso por exemplo do candidato que substituiu Lula nas eleições, Fernando Haddad, que parabenizou Bolsonaro pela vitória e desejou a ele boa sorte em seu governo. Outro elemento oportunista do PT, Washington Quaquá (presidente do PT fluminense), defendeu que o partido deveria “deixar Bolsonaro governar até o fim” e o pedir a sua saída seria uma bobagem. Já o candidato do PDT, Ciro Gomes, reconheceu também a vitória de Bolsonaro como sendo legítima e fez questão de dizer que não iria “violar o respeito”, ou seja, que não iria se colocar contra o governo mesmo que ele seja um governo de massacre da população. Guilherme Boulos, do PSOL, que também foi candidato à presidência em 2018 reconhece que Bolsonaro foi eleito presidente, e se recusa a denunciar a fraude nas eleições garantindo assim a legitimidade do governo da extrema direita. Declarações como esta deixam claro que o combate à extrema direita e à sua politica de guerra contra o povo não é uma prioridade para uma parte da esquerda, que se recusa a fazer um enfrentamento real com o regime golpista e propõe que o povo aceite a ditadura que a direita vem implantando no país, mas não deixam de provar que levantar esta palavra de ordem seja o caminho correto.

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OPINIÃO| 3 COLUNA

“Reforma” da Previdência: “demolição” para os trabalhadores e “arrumação” para os militares Por Antônio Carlos Silva

O

governo do presidente ilegítimo, Jair Bolsonaro, anunciou que vai enviar na próxima quarta-feira (dia 20) um projeto de lei para mudar as regras de aposentadoria das Forças Armadas. Fica evidente que o governo metido em uma violenta crise, diante da crescente e massiva rejeição popular não só do roubo da Previdência que o governo prepara, mas também do conjunto do governo, busca ceder à pressão do Congresso de que a “reforma” da Previdência, que altera a aposentadoria de trabalhadores da iniciativa privada e de servidores civis, já enviada ao Congresso, por meio de uma Proposta de Emenda Constitucional (PEC), no dia 20 de fevereiro, só iria transitar na Câmara, quando a proposta dos militares fosse enviada, o que foi acertado em uma reunião do presidente golpista daquela casa, deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ) com os líderes dos partidos. Isso em um quadro em que o governo pressões de todos os setores que, forçados pela situação, se unificaram para “eleger” Bolsonaro e evitar uma derrota da direita. Rejeitado cada dia mais pela população, denunciado (ainda que com muito encobrimento) por suas relações com todo tipo de máfia (inclusive, as milícias do Rio) Bolsonaro en-

TRABALHADORES MILITARES frenta pressões, disputas e ameaças de rachas das bancadas parlamentares (até das mais próximas como a “bancada evangélica”), dos olavistas e até do próprio ministro da Economia que, ainda que retoricamente, ameaça abandonar o governo se a “reforma” não for aprovada como ele propôs, entre outros. Nesse quadro de profunda crise, o governo prepara-se – segundo “vazado” – pelo jornal O Globo que “teve acesso à versão do texto enviada pelos comandantes das Forças Armadas ao Ministério da Economia“, para enviar ao Congresso o projeto de regime de aposentadoria das Forças Armadas que, segundo o próprio jornal golpista “prevê regras mais brandas do que as da reforma que atinge os trabalhadores da iniciativa privada e os servidores públicos civis“. Mas se a “reforma” proposta para os trabalhadores é tão boa e necessária quanto anuncia o governo e a venal imprensa burguesa, por que, então, seria necessário ter uma proposta diferenciada e com “regras mais brandas” para os militares, da mesma forma que – de fato – não atinge outros setores da burguesia (executivos com seus vencimentos milionários) e as altas cúpulas dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário.

REGRA DE TRANSIÇÃO - “Pedágio” = tempo adicional de 50% do tempo que falta para se aposentar Ex. Se faltam 4 anos para se aposentar, o trabalhador terá que trabalhar e contribuir por 6 anos - Para os militares, esse “pedágio” será de 17%. Ex. Se faltam 4 anos para se aposentar, o militar terá que”servir” e contribuir por 4 anos e 7 meses REAJUSTES - Elimina a obrigação de correção anual nos benefícios de aposentadoria e pensões - Reajustes anuais nos soldos VALOR DO BENEFÍCIO - Os servidores, que ingressaram após 2003, só terão direito à integralidade (manter na aposentadoria o último salário da carreira) e paridade (obter na aposentadoria os mesmos reajustes de quem ainda não se aposentou) se cumprirem a idade mínima de 62 anos para mulheres e 65 para homens - Os militares, eles continuarão ter direito ao soldo integral ALÍQUOTAS - No caso dos servidores públicos civis, as alíquotas de contribuição serão progressivas, variando de 7,5% a até 22% - Para os militares, as alíquotas passarão a ser de 8,5% em 2020, subindo um ponto percentual a cada ano até chegar em 10,5% IDADE MÍNIMA - 65 anos para homens e 62 para as mulheres e tempo de contribuição de 40 anos - Para os militares não há idade mínima, apenas tempo na ativa, de 35 anos


4 | OPINIÃO E POLÊMICA

LUGAR DOS SILÊNCIOS

Guru do identitarismo, Djamila Ribeiro revela que é uma “estrelinha” do imperialismo D

jamila Ribeiro é apontada como “personalidade do amanhã” e se encontrou com Macron. A julgar pela nomeação de Djamila Ribeiro como “personalidade do amanhã”, o amanhã será de tempos sombrios. Djamila Ribeiro é autora do livro O que é lugar de fala? e revela-nos como será uma sociedade em que esse “lugar de fala” predominar. Um futuro orwelliano. E lá vai ela para a França receber um prêmio patrocinado pelo imperialismo, por utilizar e propagar conceitos inventados pelo próprio imperialismo como forma de censura e opressão. A verdade é que todas essas teorias, como “Lugar de fala” e “apropriação cultural representam uma espécie de Index Prohibitorum e a origem delas é o centro nervoso do imperialismo mundial, os Estados Unidos. O tal “lugar de fala” é o lugar de fala do opressor. Por que lutar contra indivíduos, separando ainda mais a sociedade humana em classes, raças e gêneros, pelo direito de falar, em vez de lutar contra aquele que detém a palavra suprema, que é justamente o imperialismo mundial, com o domínio dos meios de comunicação? Não. É mais fácil agredir pessoas individualmente com conceitos vindos do hemisfério norte. Bandeiras inúteis de uma esquerda pequeno-burguesa. E enquanto essas pessoas são agredidas, cumprimenta-se Emmanuel Macron, um dos carniceiros da gente ne-

gra e da gente branca, com suas políticas genocidas, e propagandista dessas teses ridículas. Já muitos intelectuais apontam o “lugar de fala” como uma forma de censura. O sentido do “lugar de fala” é que um branco não pode opinar sobre assunto que envolve o negro e um homem não pode opinar sobre assunto de mulher. Ainda que seja importante que negros e mulheres tenham vozes próprias, impedir a manifestação de quem quer que seja é censura. Nos debates sobre questões de negros e mulheres nos meios da esquerda pequeno-burguesa, a argumentação de homens e brancos é refutada não porque seus argumentos sejam incoerentes, mas porque são argumentos de brancos. Não se refuta um argumento com outro argumento, mas refuta-se um argumento atacando-se o argumentador. Djamila Ribeiro é uma ativista que defende a censura. Afirma, por exemplo, que não se pode usar a palavra “mulata”, pois essa palavra vem de “mula”. É a favor, também, de proibir marchinhas de carnaval que tenham conteúdo machista, racista ou homofóbico. O que ela não percebe é que, se tiver sucesso, a própria censura será utilizada no futuro para proibir outras vozes, inclusive a dela. E, ainda mais ridículo, é não perceber o que acontecerá com a língua se ela passar a ser censurada. Não resta-

rá palavras para expressar ideias. E o lugar de fala irá para as cucuias. Uma bandeira de luta como “lugar de fala” representa uma luta inútil contra algo inútil, pois não tem poder de calar ninguém. Uma bandeira de luta como “apropriação cultural”, tampouco, pois toda cultura humana já foi apropriada de uma maneira ou de outra pela burguesia. Toda forma de cultura está no mercado. Essas políticas pequeno-burguesas são munições de pólvora seca. Serão usadas para combater um inimigo abstrato e o resultado, nesse combate, será quase nulo. Mas, no futuro, na época das “personalidades do amanhã”, voltar-se-á contra seus próprios propagadores para calar-lhes a boca e mostrar que lugar de fala só o tem quem é dono de meios de comunica-

NEGRO DE ALMA BRANCA

Capitão do mato, Fernando Holiday justifica morte de Marielle Franco: ela era “extremista”

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unto com os integrantes da gangue direitista, que se se elegeu por contas das eleições fraudulentas de outubro passado, está o vereador paulistano e capitão-do-mato, Fernando Holiday (DEM), que é assim conhecido em virtude da sua “luta” contra todos os direitos da população negra. Também

por isso é chamado de “negro de alma branca”. Não é de se espantar que Holiday tenha atacado Marielle Franco, ex-vereadora do PSOL, assassinada, como agora ficou mais claro, por integrantes das forças de repressão do Estado do Rio de Janeiro e das milícias cariocas

(filiado ao mesmo partido do vereador direitista), cirurgicamente organizadas para atuar em todo Rio de Janeiro, dentro ou fora da lei. Holiday, negro contratado pela extrema direita, afirmou, em rede social, que a atuação de Marielle “é uma lenda criada pela mídia”, e que ela “foi uma vereadora extremista que defendia ideais perturbadores”. Disse isso durante uma discussão para que fosse criada uma praça com o nome de Marielle, proposta contra a qual Holiday se colocou. O vereador, nesse sentido, é um dos defensores das milícias, as mesmas que executaram Marielle. A posição dele é exatamente a mesma de todos os golpistas que, na verdade, estão comemorando a morte de Marielle e de outros jovens negros e pobres assassinados pela polícia. Holiday, dessa forma, merece a mais dura crítica do movimento negro organizado. É um capitão do mato que precisa ser colocado no seu lugar. A luta contra Holiday e suas posições é parte da luta contra o golpe de Estado e, mais ainda, da luta contra o racismo.

ção de grande porte. E todos se calarão. O verdadeiro combate, seja do movimento negro, seja do movimento de mulheres e de outros milhares de movimentos de oprimidos deve ser travado em outro terreno. Em primeiro lugar é preciso determinar quem é o opressor. É o homem que oprime a mulher ou é o sistema capitalista que também oprime toda a humanidade? É o branco que oprime o negro ou é o sistema capitalista, que oprime brancos e negros? O uso de armas como “lugar de fala”, “apropriação cultural” e outras bobagens desse tipo é o mesmo que utilizar pedras contra balas de canhão. Não passam de pedras, mas são pedras direcionadas contra o inimigo errado.


POLÍTICA| 5

GOLPE

A liberdade de Lula continua sendo um ponto chave para derrubar o regime golpista E

m menos de três meses de existência, o governo Bolsonaro já se encontra em uma profun da crise política – crise tal que pode acarretar na derrubada do governo por meio de uma mobilização popular, caso a esquerda finalmente organize o povo indignado com o governo fraudulento em direção a uma verdadeira luta por sua derrubada. Essa crise, que é acompanhada por uma revolta crescente da população, expressa o verdadeiro teor do governo Bolsonaro: trata-se de um governo improvisado e sem uma base social robusta que foi colocado para tentar levar adiante o programa dos capitalistas para o Brasil. O governo Bolsonaro surgiu a partir da necessidade que o imperialismo tinha em impedir que o ex-presidente Lula vencesse as eleições presidenciais de 2018. Como os partidos tradicionais da burguesia (PSDB, DEM, MDB e PP) se encontram completamente desgas-

tados por causa da política neoliberal, que foi retomada a todo o vapor com o golpe de 2016, a figura do ex-presidente Lula se tornou ainda mais forte no sentido de representar um choque dos interesses da população com os interesses da burguesia. Diante da completa falência dos partidos tradicionais da burguesia, a eleição de Lula seria inevitável, caso não fosse realizada a operação fraudulenta que consistiu na cassação de sua candidatura. Mesmo sendo tirado da eleição, Lula continuou muito influente em toda a situação política nacional, de modo que foi necessário que o imperialismo investisse pesadamente na candidatura de Bolsonaro – que não estava desgastado como os políticos dos partidos tradicionais da burguesia – para impedir que o PT vencesse as eleições de 2018. As dificuldades de manter um governo com pouca base popular – Bolso-

LIBERDADE PARA LULA

Veja como foi a Plenária Nacional Lula Livre em São Paulo

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esse sábado, dia 16, ocorreu a Plenária Nacional Lula Livre, no Sindicato dos Metroviários, em São Paulo. Os militantes do PCO estiveram presentes, junto com mais de mil companheiros de todo o País e de diversas organizações e partidos de esquerda.

O Diário Causa Operária e a Causa Operária TV estiveram presentes no encontro, que foi a primeira iniciativa de organização da luta contra o golpe e pela liberdade de Lula esse ano. Veja algumas imagens e depoimentos do encontro.

naro só é apoiado por menos de 15% da população, e é o mais popular que a burguesia tem -, ainda mais em um período de crise acentuada do capitalismo, estão aparecendo de maneira estrondosa. O governo Bolsonaro não conseguiu ainda estabilizar a economia e já é repudiado amplamente pela população, que está cada vez mais ciente de que este é o representante dos banqueiros norte-americanos e europeus. O objetivo de levar Bolsonaro ao poder era que fossem criadas condições para atacar os trabalhadores em larga escala. Isto é, que houvesse uma relativa unidade da burguesia em torno de um programa de ataques aos trabalhadores e que não houvesse uma mobilização popular contrária ao governo. No entanto, não é isso que tem acontecido. Os diferentes interesses dos setores que sustentam o governo Bolsonaro

estão entravando que o governo flua com seus ataques aos trabalhadores. Ao mesmo tempo, o carnaval e outras manifestações demonstraram que há uma forte tendência à mobilização contra o governo. Essa mobilização, por sua vez, leva inevitavelmente para uma única solução: para impedir o programa do governo Bolsonaro, é necessário estabelecer um governo que tenha força para enfrentar os golpistas. Em outras palavras, para derrotar o governo Bolsonaro e seu programa, é necessário tirar Lula da cadeia.


6 | POLÍTICA

PROFESSORES

Greves de professores explodem em todas as regiões do País A

tendência de crise e evolução à esquerda do cenário político no governo Jair Bolsonaro, eleito através de uma fraude eleitoral, está deixando de ser uma tendência e começando a se tornar realidade. Este governo possui crises internas e existem fortes evidências de que a burguesia nacional não consegue controlar Bolsonaro e seus filhos. A crise intensificada nos últimos dias com os novos fatos e denúncias do caso Marielle que ligam, no mínimo politicamente, Jair Bolsonaro e sua família aos milicianos. É justamente nesse cenário que a população começa a se organizar para enfrentar esse governo que aplica uma política de aumento da repressão e extermínio da classe trabalhadora. A insatisfação do povo ficou evidente em manifestações populares como o carnaval e o Dia da Mulher Trabalhadora (8 de março), ela começa a adquirir um caráter mais organizado com as greves que começam a se espalhar por todas as regiões do Brasil. Um dos setores mais afetados pela política do fascista Bolsonaro é a educação. Entre as propostas nocivas ao setor temos o projeto Escola sem Partido, chamado por nós pelo seu verdadeiro nome, a Escola com Fascismo, a militarização das escolas, a privatização das universidades públicas e os ataques violentos da PM aos estudantes e aos professores em greve.

– Mossoró, RN, Sindicatos dos Servidores Públicos Municipais de Mossoró (Sindiserpum), em greve desde o dia 08/03/2019.

Segue a lista das redes municipais de ensino que já estão paralisadas:

Há também outras regiões que estão em intenso debate para aderir à greve:

– União da Vitória, PR, Sindicato do Magistério da Rede Municipal de União da Vitória, em greve desde o dia 12/03/2019.

– Universidade do Estado da Bahia (Uneb), BA, haverá uma assembleia no dia 21/03/2019 para decidir se a universidade entrará em greve.

– Feira de Santana, BA, Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Estado da Bahia (APLB), em greve desde o dia 11/03/2019.

– Universidade Estadual de Feira de Santana (Uefs), BA, haverá uma assembleia no dia 21/03/2019 para decidir se a universidade entrará em greve.

– Formoso do Araguaia, TO, em greve desde o dia 26/02/2019.

– Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (Uesb), BA, haverá uma assembleia no dia 21/03/2019 para decidir se a universidade entrará em greve.

– Caucaia, CE, Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Caucaia (Sindsep), em greve desde o dia 14/03/2019.

– Marcelino Vieira, RN, em greve desde 28/02/2019. Redes estaduais de ensino: – Minas Gerais, Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação de Minas Gerais (Sind-UTE/MG), a greve está marcada para o dia 22/03/2019 e irá se unir aos atos em defesa da previdência. – Universidade Estadual de Santa Cruz (Uesc), BA, em greve desde o dia 13/03/2019. – Universidade Estadual de Goiás (UEG), GO, em greve desde o dia 12/03/2019. – Universidade Estadual do Piauí (Uespi), PI, Associação dos Docentes da Uespi (Adcesp), a greve está marcada para o dia 18/03/2019. Essas são greves que estão em andamento ou que já tem data marcada para começar. Vale lembrar que no dia 22/03/2019 haverá a greve geral em defesa da previdência, que terá a participação de diversos partidos e centrais sindicais.

– Parauapebas, PA, Sindicato dos Servidores Públicos de Parauapebas (Sin-

seppar), os servidores decidirão até dia 19/03/2019 se entraram em estado de greve, eles já têm pretensão de participar do ato em defesa da previdência no dia 22/03/2019. – Amazonas, Sindicato dos Professores e Pedagogos de Manaus (Asprom), de acordo com o sindicato algumas reivindicações já foram atendidas, outras serão discutidas em assembleia no dia 22/03/2019. Também vale lembrar que outros municípios estiveram em greve nas últimas semanas, mas essas já foram encerradas: – São Paulo, SP, a greve foi encerrada depois de muita repressão e ameaça do prefeito de Bruno Covas (PSDB) aos servidores, que tiveram suas reivindicações parcialmente atendidas. – Brejo dos Santos, PB, Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Brejo dos Santos (SISPMUBS), a greve foi encerrada porque o poder judiciário da Paraíba, por meio do desembargador Marcos Cavalcanti de Albuquerque (que já foi governador da Paraíba) decretou a greve como irregular e exigiu que o sindicato suspendesse a mesma com a penalidade de R$20.000,00 por dia de descumprimento da ordem. Os servidores exigiam do prefeito Lauri

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Ferreira (PSDB) o pagamento do 13° salário de 2018, a reivindicação não foi atendida. A crescente crise do imperialismo gera mobilizações nos países centrais e periféricos, existem mobilizações de professores ocorrendo em países como Argentina, Colômbia, Argélia, Costa do Marfim, Quênia, Mali, África do Sul, México, EUA, Escócia, Polônia, Irã, Índia, etc. No Brasil desde o governo de Michel Temer a nova onda neoliberal de extrema-direita gera uma grande onda de reivindicações como resultado do esfolamento do trabalhador e da degradação das condições de trabalho, trazendo a tona pautas como aumento do salário, recebimento de salários atrasados, melhores condições de trabalho, denúncias da péssima estrutura das escolas e falta de merenda para os alunos, problemas presentes em todas as regiões do Brasil. Essa é a demonstração que o povo trabalhador está disposto e enfrentar esse governo que pretende vender todo o país e matar a população de fome. A classe trabalhadora precisa ir se organizar e ir as ruas exigir o Fora Bolsonaro e todos os golpistas! E Liberdade para Lula! *As listas presentes nessa matéria foram apuradas até o fechamento da mesma, às 21h do dia 16/03/2019.


POLÍTICA E INTERNACIONAL| 7

GURU IDEOLÓGICO

Bolsonaristas reconhecem a crise do governo: “mais seis meses, acabou”, afirma Olavo de Carvalho N

este sábado, o guru ideológico da extrema-direita brasileira, Olavo de Carvalho, participou de um evento promovido pelo assistente de Donald Trump e organizador dos grupos fascistas no mundo todo, Steve Bannon. Durante o evento, o “filósofo” brasileiro, que mora em Virgínia (EUA) foi questionado sobre sua avaliação do governo de Jair Bolsonaro. Ao que ele respondeu: “Se tudo continuar como está, já está mal. Não precisa mudar nada para ficar mal. É só continuar assim. Mais seis meses, acabou”. Fica claro então que a própria direita está reconhecendo a intensa crise

política do regime golpista no Brasil. O próprio Olavo de Carvalho afirmou que Bolsonaro está “rodeado por traidores” fardados. “Eu não confio em praticamente ninguém no governo exceto nele” Olavo chamou Mourão de “um cara idiota” e criticou as ações de Mourão com a saída de Bolsonaro. “O presidente viaja e qual a primeira coisa que ele [Mourão] faz? Viaja a São Paulo para um encontro político com Doria. Esse cara não tem ideia do que é vice-presidência. Durante a viagem, ele tem que ficar em Brasília”.

NÃO EXISTE MAIS LIVRE CONCORRÊNCIA

TODAS AS SEGUNDAS-FEIRAS, 12H30

Imperialismo norte-americano pressiona Alemanha a não usar equipamentos da chinesa Huawei

TODAS AS SEXTAS-FEIRAS, 14H00

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e acordo com o jornal The Wall Street Journal, o governo dos Estados Unidos aumentou a pressão para que a Alemanha pare de usar tecnologia da empresa chinesa Huawei. Uma carta enviada pelo embaixador dos EUA para o ministro da economia alemão ameaça: caso a Alemanha continue a utilizar os equipamentos da empresa Huawei para implementar sua futura rede 5G, os Estados Unidos vão parar de compartilhar informações de inteligência com a Alemanha. O governo de Donald Trump, nos últimos anos, tenta, assim como faz com a Alemanha, convencer vários países a não utilizar equipamentos de empresas chinesas com a desculpa de que a infraestrutura chinesa poderia ser empregada para fins de espionagem e, dessa maneira, deixaria os países que a usam vulneráveis em relação aos ataques cibernéticos. Alguns países aliados norte-americanos como a Nova Zelândia e a Austrália seguem a recomendação dos

EUA. Porém, vários países europeus questionam a ausência de provas por parte dos EUA que comprovem a existência destas falhas de segurança. Este clima tenso entre os EUA e a chinesa Huawei aumentou após a diretora financeira e também filha do fundador da empresa Meng Wanzhou ter sido presa acusada de violar sanções comerciais e realizar fraude financeira, no Canadá. A empresa alegou inocência. Logo após este ocorrido, a Huawei afirmou que vai abrir um processo contra o governo dos EUA sob a justificativa de que proibir a utilização de seus equipamentos é inconstitucional. O que acontece entre a empresa chinesa Huawei e os EUA é parte da guerra comercial que se intensifica entre os dois países, bem como entre conjunto dos países. O imperialismo não aceita concorrência e usa a justiça e outras instituições para impedir a Huawei de disputar o mercado. Isso é o imperialismo e a sua intenção de controlar todo o mercado.

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8 | MOVIMENTO OPERÁRIO

CAIXA ECONÔMICA

Trabalhadores da Caixa Econômica Federal se mobilizam contra os ataques do governo golpista de Bolsonaro N esta sexta-feira (15) os trabalhadores da Caixa Econômica de todo o País se mobilizaram no Dia Nacional de Luta da Caixa em resposta aos ataques da direita golpista, que governa o país através da maior fraude eleitoral de todos os tempos, contra a tentativa de privatização desse que é um patrimônio do povo brasileiro.

As manifestações tiveram como palavra de ordem em defesa da Caixa 100% pública. O atual presidente do banco e privatista, Pedro Guimarães, já anunciou que pretende entregar para o capital privado, nacional e internacional, parte da Caixa, tais como a Área de seguros, cartões, loterias e assets, setores esses que são um dos mais lucrativos da empresa.

A extrema direita está posta no governo do Brasil com a intenção de esmagar a classe trabalhadora e transferir para os grandes capitalistas mundiais todas as nossas riquezas naturais e estratégicas. É necessário barrar esta ofensiva, e a única forma para isso é levantar uma ampla mobilização que unifique os bancários e todos trabalha-

dores contra o golpe e o imperialismo. Sem barrar o golpe, todos dos direitos conquistados pelos trabalhadores estão em risco. Por isso é preciso organizar a mobilização de toda a categoria bancária, junto com todos os trabalhadores, colocando nas ruas uma intensa mobilização para derrotar o golpe e a anulação de todas as suas medidas.

CINISMO

GOLPE NA EDUCAÇÃO

IstoÉ golpista ataca PT para fazer propaganda pela privatização dos Correios

Escolas não receberam o kit escolar esse ano

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revista golpista IstoÉ, que faz parte da imprensa golpista no Brasil, portanto ajudou o golpe de estado de 2016, que derrubou a presidenta Dilma PT para estabelecer um governo capacho dos Estados Unidos, justamente para entregar o patrimônio nacional para os americanos, publicou nesta sexta-feira (15-03) uma matéria para reivindicar a privatização da ECT (Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos) com o título: “Como o PT quebrou os Correios”. O jornalista golpista da IstoÉ, Wlson Lima, que trabalhou no governo direitista do PSB do Distrito Federal, requenta o roteiro calunioso da direita contra o PT, para justificar a afirmação de que os Correios estaria quebrado por motivo do PT, como por exemplo, começar a matéria dizendo que o PT tem “Know-how” em quebrar empresas públicas: Seu texto começa com a seguinte afirmação caluniosa e cínica: “É público e notório que o PT conseguiu o feito de destruir uma empresa do porte da Petrobras, não somente com a corrupção desenfreada e desvios bilionários de recursos, mas com a manutenção de um grande propinoduto” O que é público e notório é que os que acusaram o PT de roubar a Petrobrás, estão entregando o petróleo nacional de graça para as grandes empresas petrolíferas do Mundo, como a Chevron e a Schell, e destruindo a Petrobrás, que na época do PT investia milhões de reais no seu fortalecimento, como a própria descoberta do Pré-sal. Na sequência a matéria usa outra informação falsa, a de que os Correios é uma empresa falimentar, que entrou no vermelho, um argumento golpista, pois usam a manipulação contábil dentro da ECT, realizada justamente depois do golpe pela turma

dos golpistas, Guilherme Campos e Gilberto Kassab do PSD para justificar a privatização da empresa. Também é citado no texto o batido e cínico argumento da corrupção dentro das Estatais durante o governo do PT, que só cresceu depois do golpe, para justificar a queda da lucratividade, o que não combina com o regime político que a revista defende, que é o capitalismo, já que a corrupção é parte indissociável do capitalismo. E pior, a matéria apresenta como solução entregar a decisão do futuro da ECT para o ministro golpista de Jair Bolsonaro, o economista liberal Paulo Guedes, representante dos maiores corruptos do planeta terra, que são os banqueiros. O próprio Paulo Guedes está sendo investigado em fraudes contra os Correios, como o rombo do Fundo de Pensão da categoria, o Postalis. E o que mais denuncia que é a matéria é a favor dos tubarões do mercado postal, como a Fedezx e DHL, que querem o fim da ECT como empresa de Correios é a conclusão da matéria, quando o “jornalista” golpista afirma: “O fato é que os Correios são um grande exemplo de empresa que conseguiu quebrar mesmo estando sozinha no mercado. É o cúmulo da incompetência do PT.” Aqui a IstoÉ deixa claro que quer o fim do monopólio estatal na entrega de cartas e encomendas, ou seja, quer a liberdade para os tubarões capitalistas, como a Fedex atuar livremente para abocanhar todo esse mercado pra si. A verdade é que o mercado de entregas de encomendas é um dos setores que mais cresce no Mundo, e os Correios no Brasil tem uma empresa, a ECT, que pela sua logística teria condições de liderar esse mercado, mas os golpistas estão trabalhando dia e noite para destrui-lá, e contam com ajuda estimada da imprensa golpista nacional, venal e “paga-pau” dos interesses imperialistas no Brasil. Somente com a derrubada do golpe e de todos os golpistas é possível manter a ECT e outras estatais funcionando e sob o controle dos trabalhadores. Pelo Fora Bolsonaro e todos os golpistas e pela Liberdade de Lula.

C

om o golpe que derrubou a presidenta eleita Dilma Roussef, a educação do País e em especial a do Estado de São Paulo tem piorado muito. Esse ano os alunos não receberam o kit escolar, com os materiais como caneta, borracha, lápis, régua, lápis para colorir entre outros itens. Esse ano não chegou nada nas escolas, nem os livros didáticos. As apostilas foram tiradas, mas o guia de transição somente foi ofertado de forma virtual. Se a escola pública já era bastante sucateada, esse ano está impossível trabalhar sem o pouco material disponível para a pratica de aulas dinâmicas. O governo de Doria, bem como o de seu colega de PSDB, Bruno Covas, prefeito de São Paulo, entrega tudo o que pode para seus patrões capitalistas

que o elegeram, enquanto que para o povo resta o sucateamento proposital das escolas públicas, para promoverem em um futuro próximo a privatização. Finalmente, com o golpe, a burguesia tirou de vez a carapuça e com a fraude e a manipulação escancaradas alçou o fascista Dória da prefeitura para o governo do Estado, a fim de produzir em escalar muito maior as barbaridades perpetradas na cidade de São Paulo. A mobilização dos servidores do município de São Paulo revela uma grande tendência para luta contra o golpe. Por isso é preciso que todas as categorias saiam às ruas para derrotar os ataques da direita. Os governos que estão no poder são inimigos dos trabalhadores e por isso é preciso sair às ruas e dizer “Fora Bolsonaro! Fora Doria! Fora Covas!”

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NEGROS E MORADIA E TERRA| 9

NEGROS

100 anos de Nat King Cole N

at King Cole foi um pianista e um dos maiores nomes do jazz, assim como, já mais famoso, um dos maiores cantores de música romântica da história. Cole nasceu em 17 de março de 1919, no Alabama, Estados Unidos e em seu tempo o racismo era ainda mais abertamente defendido pela direita fascista norte-americana. Quando Cole se mudou para Hancock Park, um bairro branco de Los Angeles, foi intensamente pressionado a sair porque o bairro não aceitava “nenhuma pessoa cujo sangue não fosse inteiramente de raça branca”, com exceção das pessoas que estavam exercendo a “capacidade de servos”. Em 1957 Cole fez um show em Birmingham, cidade do Alabama, sua apresentação foi separada em duas sessões, a primeira para uma plateia de brancos e a segunda para uma pla-

teia de negros. Nesse mesmo show Cole foi espancado no palco durante sua apresentação por membros do Conselho dos Cidadãos Brancos do Alabama. Esses são alguns exemplos de racismo nos EUA, mas isso não é algo exclusivo da época de Cole e sim algo que está presente até hoje. Vale lembrar que o atual presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, foi apoiado por grupos supremacistas brancos como a Ku Klux Klan (KKK), que promoveu e promove ataques à população negra do país e não se preocupa em disfarçar sua política de violência e extermínio contra ela. No dia 12 de agosto de 2017, em Charlottesville, nos EUA, acontecia uma manifestação anti-rascista onde supremacistas brancos decidiram se juntar para impedi-la. Os dois grupos entraram em confronto, os fascistas

estavam com escudos, capacetes e armas, um deles chegou a atropelar a multidão, matando uma mulher e deixando mais 19 feridos. Mesmo com uma diferença de 60 anos, os casos citados são uma clara demonstração da política fascista ainda presentes no país, que está sendo

impulsionada desde as eleições com as declarações do atual presidente Donald Trump, que é um elemento da extrema-direita com discursos carregados de racismo, xenofobia e diversas outras agressões às populações que ele e toda a extrema-direita fascista veem como inferiores.

MINAS GERAIS

MG: mulheres do MST são feridas após protestarem a favor de Marielle Franco e contra o desastre de Brumadinho N

uma semana marcada pelas comemorações do dia da mulher e por atos em memória de Marielle Franco e Anderson Gomes, o protesto das integrantes do Movimento dos Sem Terra (MST) terminou com feridas, devido à repressão policial na última quinta-feira, dia 14, na cidade de Sarzedo, na Grande BH. Cerca de 400 mulheres se reuniram para pedir justiça pelo assassinato da vereadora e seu motorista e pela tragédia da Vale, em Brumadinho, que vitimou não apenas famílias e funcionários mortos e desaparecidos, mas que ameaça o abastecimento de água à população da região. O grupo que ocupou os trilhos da via férrea foi disperso pela ação injustificada da PM, que soltou bombas de efeito moral, para a liberação da linha.

As pessoas feridas foram encaminhadas para o hospital da cidade. A Polícia Militar de Juatuba, que atuou na manifestação, negou uso da força e a PM declarou a abertura de um inquérito para investigar o ocorrido. A truculência policial contra as manifestantes evidencia a constante perseguição ao MST e a rejeição ao ato, que reivindica justiça por um crime que vitimou uma mulher, tendo como responsáveis, organizações militares ou paramilitares, organizados nas milícias cariocas, apoiadoras e apoiadas pelo atual presidente Jair Bolsonaro. Enquanto crimes como o ocorrido pela Vale, segue sem que os responsáveis sejam penalizados, a população que luta por justiça é perseguida e criminalizada. A mobilização nas ruas para combater a repressão do Estado atual,

que flerta com o crime, a corrupção e a impunidade, é urgente e a única arma da população, para combater a

ação arbitrária contra os movimentos sociais, contra as mulheres e contra os partidos esquerda no país.



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