QUARTA-FEIRA, 20 DE MARÇO DE 2019 • EDIÇÃO Nº 5587
DIÁRIO OPERÁRIO E SOCIALISTA DESDE 2003
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Bolsonaro para Trump: “pode vir que a casa é sua”
Tiro no pé: PT se alia a PSL em nome de combate a corrupção na Alesp Nessa semana, vários partidos burgueses, como o DEM e PSL, procuraram formar uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) para investigar Paulo Preto, acusado de ser operador de propinas para o PSDB.
20 de março de 2003: EUA invadem o Iraque, destroem o país e deixam mais de um milhão de mortos
EDITORIAL
Plenária Nacional Lula Livre comprova: é hora de fortalecer os comitês pela liberdade de Lula Neste sábado (16), foi realizada a Plenária Nacional dos Comitês Lula Livre. Com muita adesão da militância, que compareceu em peso chegando a ter mil pessoas na plenária, o evento trouxe gente dos quatro cantos do Brasil.
“Comunista” Flávio Dino não é contra Bolsonaro transformar o Maranhão em um prostíbulo dos EUA Voltando às origens: Folha se tornará bolsonarista e será de extrema-direita novamente
Capacho até o limite: Bolsonaro isenta de visto turistas norte-americanos, mas brasileiros continuam barrados nos EUA Democracia à americana Bolsonaro está nos EUA para beijar a mão de Trump e sabe-se lá mais o que. Sabe-se, no entanto. Ele se encontrou secretamente com a diretora da da CIA, Gina Haspel, acusada de organizar e promover a tortura em prisões secretas espalhadas pelo mundo.
Direita folclórica no governo: “Mourão é um idiota”, garante Olavo de Carvalho, autor de manual para idiotas
OPINIÃO | 3 EDITORIAL
Plenária Nacional Lula Livre comprova: é hora de fortalecer os comitês pela liberdade de Lula N
este sábado (16), foi realizada a Plenária Nacional dos Comitês Lula Livre. Com muita adesão da militância, que compareceu em peso chegando a ter mil pessoas na plenária, o evento trouxe gente dos quatro cantos do Brasil. A coordenação chegou a ficar surpresa pois o número excedeu em muito as expectativas, tanto que houve mudança no local, passando da quadra do Sindicato dos Eletricitários para a quadra do Sindicato dos Metroviários, de forma a abrigar todos que vinham participar. Os principais dirigentes do Partido dos Trabalhadores, do Movimento dos Sem Terra, Frente Brasil Popular, Partido da Causa Operária, e demais partidos compareceram ao evento e realçaram a importância da luta pela liber-
dade de Lula. A carta do ex-presidente foi lida logo na abertura do evento e ovacionada pela plateia. Foi notável a insistência da militância, que compareceu no evento apesar da pouca divulgação feita pelos partidos que estavam na sua organização, a ausência de grandes caravanas organizadas, e da dificuldade de se inscrever pela internet. O evento em si também careceu de materiais panfletários do próprio evento para insuflarem os militantes. Superados todos esses detalhes, as bases da esquerda brasileira fizeram com os meios que tinham e compareceram ao evento: levaram seus materiais, suas bandeiras, organizaram suas caravanas e mostraram que a vontade de derrubar o golpe, libertar
COLUNA
Democracia à americana Por Rafael Dantas
Bolsonaro está nos EUA para beijar a mão de Trump e sabe-se lá mais o que. Sabe-se, no entanto. Ele se encontrou secretamente com a diretora da da CIA, Gina Haspel, acusada de organizar e promover a tortura em prisões secretas espalhadas pelo mundo. Uma figura sinistra, à altura da semi-ditadura brasileira, com Bolsonaro e o general Mourão à frente. O conteúdo da conversa não foi divulgado, já que o compromisso estava na agenda pessoal do presidente. Sobre o que o presidente ilegítimo conversaria com a pessoa apontada como uma das responsáveis pela criação de presídios secretos onde diversas práticas de tortura foram aplicadas depois do 11 de setembro de 2001? O “afogamento simulado” (waterboarding) foi usado amplamente pelas forças armadas norte-americanas para extrair confissões dos presos feitos nas guerras do Iraque e do Afeganistão. Almofadinhas pedantes discutem até hoje, nos EUA, se seria mesmo tortura cobrir a cabeça de um preso com um pano e encharcá-lo com água, depois de privá-lo do sono, mantê-lo em pé por horas e abusar de seus ouvidos com som alto. É a “democracia”
norte-americana: uma ditadura militar justificada por demagogos da pior espécie. Bolsonaro é um imitador. De espécie ainda pior: um capacho. Nos EUA, deu uma declaração que se soma a outra de semanas atrás. É um vislumbre da sua definição de democracia, uma democracia à americana por assim dizer. “Eu gostaria muito que os EUA levassem adiante a atual política de imigração, porque em larga medida nós devemos a nossa democracia no Hemisfério Sul aos Estados Unidos”, disse. “Democracia e liberdade só existe quando a sua respectiva Força Armada assim o quer”, tinha dito anteriormente. São duas afirmações complementares e mostram uma realidade. O regime democrático burguês é uma liberalidade dos donos do mundo. Existe enquanto for conveniente. Está em extinção no Brasil nas mãos dos militares, que têm Bolsonaro como uma fachada, a mando do imperialismo norte-americano. Existe um regime, que é praticamente uma ditadura, no Brasil porque os EUA e os militares assim o querem.
Lula e barrar o fascismo é genuína e latente no povo brasileiro. Essa predisposição a lutar tem que ser transformada em ação organizada. Os comitês têm aí a sua principal função e devem ser a ferramenta para canalizar a luta. A união da esquerda em torno da derrota de direita deve se dar através desses comitês. Devemos aproveitar que o governo entrou em crise; seu capachismo aos norte-americanos está escancarado, sua impopularidade foi posta a luz do dia pelo carnaval, os setores da burguesia não conseguem se entender em torno de um pauta conjunta, e a própria base do governo está trincando. Mais plenárias, congressos e conferências devem ser feitas para direcionar e deliberar sobre o rumo que to-
mará a luta à medida em que ela evolui. Quanto mais organizada estiver a esquerda, mais fácil será de partir para a ofensiva e fazer a direita recuar. Fora Bolsonaro e Todos os Golpistas, Liberdade Para Lula e Fora Imperialismo da Venezuela deve ser o ponto de união entre a esquerda. Organizar a greve geral também deve ser um dos focos da esquerda, ela é um importante instrumento para derrubar o regime golpista. Não podemos esperar as eleições para derrotar a direita e tomar as devidas providências. A luta deve ser organizada agora, nas ruas e junto aos trabalhadores. A reforma da Previdência, os ataques aos direitos trabalhistas e as demais ataques da direita devem ser derrotados.
4 | OPINIÃO E POLÊMICA
MARANHÃO
“Comunista” Flávio Dino não é contra Bolsonaro transformar o Maranhão em um prostíbulo dos EUA O
governador do Maranhão, Flávio Dino, do PCdoB, é um dos maiores mitos da esquerda brasileira. Embora exista toda uma campanha que procura apresenta-lo como um grande esquerdista, que gira em torno principalmente da propaganda de uma suposta valorização salarial para os professores no estado, quem acompanha de perto as suas ações políticas concretas sabe que de comunista, Dino não tem nada. A mais recente demonstração da sua política direitista é um verdadeiro escândalo. De uma forma muito sorrateira, o portal Vermelho, do PCdoB, procurou apresentar o que denuncia o título desta polêmica – o fato de que Flávio Dino não se opõe aos planos de Bolsonaro de transformar o Maranhão em um prostíbulo norte-americano – como uma posição digna de um grande esquerdista, talvez até revolucionário! É completamente inadmissível para um esquerdista brasileiro, quanto mais ainda um comunista, não se colocar frontalmente contra a entrega da base de Alcântara para os EUA. Todo o mundo civilizado conhece essa espécie de segredo de polichinelo, encoberto pela imprensa direitista mundial: os locais onde os norte-americanos possuem bases militares são verdadeiras terras sem-lei, faroestes, onde eles fazem o que querem, oprimindo as mulheres de forma brutal, através da prostituição, e toda a população, gerando uma região de muita miséria e crime. A situação em que se encontram o Iraque, o Afeganistão, a Síria e também Guantánamo, só para ficar em poucos exemplos, nos permi-
te tirar facilmente essa conclusão. Mas no caso de Flávio Dino, o crime político é muito mais grave. Não se trata de um militante qualquer da esquerda, que temos aos montes no país. Dino não tem apenas uma grande influência sobre um dos maiores partidos de esquerda no Brasil, o PCdoB, mas administra o governo do Maranhão. Não há nenhuma sombra de dúvida que, para aqueles que têm o mínimo de imaginação, as possibilidades de reação de Dino são diversas. O governo de um estado brasileiro possui muitos recursos que poderiam ser utilizados, como por exemplo a propaganda de massas. Os defensores dessa barbaridade, decerto esquerdistas no mínimo confusos, certamente dirão que embora esteja no Maranhão, a base de Alcântara não é administrada pelo estado, sendo assim uma base de responsabilidade federal. No entanto, uma vez que seja controlada pelos EUA, é óbvio que a população do entorno e na realidade de todo o Maranhão e até do Brasil sentirão o peso das botas sujas dos norte-americanos em suas cabeças. Simplesmente não há como procurar limpar a ficha de Dino nessa história. Diante desse verdadeiro crime de lesa pátria, que deixou todo o Brasil estupefato, como reagiu o “comunista” Flávio Dino? Procurando encobrir a manobra canina de Bolsonaro, afirmando, de acordo com a matéria do Vermelho que “É normal que haja Acordo de Salvaguardas Tecnológicas (ACT), em razão da proteção jurídica à propriedade intelectual. Contudo, o acordo não pode ser abusivo e conter cláusulas que violem a soberania
nacional. Também não concordo com nenhuma ampliação de área da Base ou com remoção de mais pessoas”. Ou seja, Dino não concorda, supostamente, com a entrega da base. Mas e aí? Não se trata de uma questão de opinião, não haverá nenhum plebiscito para perguntar ao povo se a base de Alcântara vai ser entregue de bandeja para os EUA. A pergunta é: o que Flávio Dino pretende fazer? Se já de saída ele afirma que o tal “acordo” é “normal”? A loucura e a demagogia, no entanto, ainda atingem um clímax posteriormente. Afirma Dino que “a exploração comercial não pode ser monopólio de um país, ou seja, a Base deve estar à disposição de todos os países que queiram usar e tenham condições para tanto. É vital a meu entender que se criem as condições para a retomada do Programa Espacial Brasileiro”. Ou seja, mais uma vez, o governador do Maranhão nos brinda com a sua ótima opinião, de que a base não deveria ficar sob o controle de um único país. A febre no entanto parece ter tomado conta de Dino de uma vez. Ao que parece, ele é o único que ainda não percebeu que o governo Bolsonaro seria fotografado em close caso tirássemos uma foto por debaixo das roupas íntimas de Trump. Qual o sentido de apresentar a proposta da retomada do programa Espacial Brasileiro nestas condições em que estamos dessa forma água com açúcar? O período eleitoral já passou, no entanto os políticos pequeno-burgueses não perdem o cacoete do discurso eleitoral, frases e discursos belíssimos (e com frequência não muito bonitos também) que nunca se concretizam em ações políticas efetivas.
Sendo um partido pequeno-burguês profissional, o PCdoB e o próprio Dino são useiros e vezeiros na arte da enganação. A matéria do Vermelho encerra afirmando, em uma expressão há muito manjada, que para Dino, “Alcântara já suportou muitos ônus com o projeto. É hora dos bônus, ou seja, caso se consume a exploração comercial é essencial que haja contrapartidas sociais em favor da cidade e da região”. Mais uma vez, uma ótima ideia, como bien-pensant que são. No entanto, alguém realmente acredita que essa posição criminosa, uma capitulação vergonhosa para dizer o mínimo, que ainda procuram vender como uma grande vitória de Dino em seu portal Vermelho, vai se concretizar em algum movimento concreto de reação contra a entrega de Alcântara para os EUA? Será que governador do Maranhão procura sensibilizar o capacho Bolsonaro e sua turma para que eles ofereçam alguma “contrapartida” por essa entrega? A verdade é que, embora as palavras possam enganar o leitor incauto, distraído, Flávio Dino não se opõe à entrega da base de Alcântara aos norte-americanos. Podemos ver que mais uma vez, a política do PCdoB para o presente período se expressa através da posição apresentada pelo governador Flávio Dino: o partido procura se integrar ao governo golpista do fascista Jair Bolsonaro. Essa integração ao bolsonarismo vai custar muito caro, e vai na contra-mão do próprio sentimento popular, como mostrou o carnaval. Esse é o verdadeiro motivo que leva as direções da esquerda pequeno-burguesa a não lutar pela palavra de ordem de “Fora Bolsonaro”.
TIRO NO PÉ
PT se alia a PSL em nome de combate a corrupção na Alesp N
essa semana, vários partidos burgueses, como o DEM e PSL, procuraram formar uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) para investigar Paulo Preto, acusado de ser operador de propinas para o PSDB. O que chamou a atenção foi o fato de que parlamentares do Partido dos Trabalhadores (PT) se mostraram dispostos a atuar junto ao PSL e demais partidos em prol da CPI. De fato, o PSDB é responsável por um número inimaginável de atrocidades realizadas contra o estado de São Paulo, sobre o qual os tucanos exercem controle há mais de duas décadas. Corrupção, privatizações, trucu-
lência policial – tudo isso faz parte do repertório das gestões do PSDB. No entanto, o caminho para derrotar os inimigos do povo não pode ser uma aliança parlamentar com a extrema-direita. O próprio PSL já sinalizou que o apoio do PT seria bem-vindo. O deputado estadual Gil Diniz, do PSL, afirmou que: “eu tenho aqui na bancada um pedido de CPI da Dersa, do Paulo Preto. Se o PT quiser assinar, se o PSOL quiser assinar comigo, ótimo. Nós precisamos investigar os ilícitos no estado de São Paulo”. O PSL, no entanto, é o partido de Bolsonaro – portanto, nenhuma pessoa que acompanha a política nacional poderia acreditar que os
deputados do PSL estariam dispostos a lutar contra os desmandos do PSDB. O que está por trás da CPI proposta pelo PSL é a crise do bloco golpista que foi aberta após o início do governo Bolsonaro. Os setores ligados ao PSDB, como os principais órgãos da imprensa burguesa, possuem interesses distintos dos que estão sendo defendidos pelos correligionários do presidente ilegítimo, Jair Bolsonaro. Diante disso, é natural que essas contradições explodam na forma de várias embates nas casas legislativas. Além de formar uma frente contra a corrupção junto ao PSL ser o mesmo que formar uma frente de apoio à ex-
trema-direita diante de seus conflitos com outros setores da burguesia, a política do tipo institucional para enfrentar o PSDB em São Paulo não leva a nada. Afinal, o estado é controlado pela máquina tucana, de modo que as instituições respondem diretamente aos interesses do PSDB. É necessário ser lembrado, também, que a luta contra a corrupção, desde 2013 até hoje, apenas serviu para prejudicar a esquerda. Fortalecer essa “luta”, portanto, não deve ajudar o PT a enfrentar seus algozes, isto é, a direita golpista, que não apenas é corrupta, mas também sanguinária e está infiltrada em todas as instituições burguesas.
POLÍTICA| 5
SERVILISMO E SUBMISSÃO
Bolsonaro para Trump: “pode vir que a casa é sua” E
m um grande festival de servilismo e submissão, o presidente ilegítimo Jair Bolsonaro foi recebido em Washigton, pelo presidente Donald Trump para dizer “amém” aos interesses do imperialismo no Brasil e no continente latino-americano e tentar se atuar como cabo eleitoral (sem voto!) do desgasto presidente norte-americano. O dia de ontem e o conjunto da viagem de Bolsonaro dos EUA ficarão marcados como um dos momentos de maior submissão, ate os dias de hoje (Bolsonaro mostra que não tem limites no capachismo) de um governo brasileiro a uma potência estrangeira. O encontro entre os dois presidentes reacionários foi precedido por uma série de declarações e pronunciamentos que evidenciaram um esforço ideológico, econômico, diplomático e militar de apresentar o País como se fosse uma colônia, nos mais diversos sentidos, dos EUA, com o presidente e sua “corte” fazendo declarações de estarem maravilhados pela Disneylândia, pela Coca-Cola, por Trump e tudo mais que fosse norte-americano e de direita. Já antes da reunião, o presidente ilegítimo anunciou, sem qualquer contrapartida dos EUA, que iria liberar todos os cidadãos daquele país da necessidade de visto de entrada para ingressarem no Brasil, colocando o Brasil em uma posição de submissão diplomática aos EUA (os brasileiros continuarão necessitando de permissão dos EUA para viajarem para lá). Mas a reunião entre os dois – formalmente – chefes de Estado mostrou ao mundo a imagem de um presidente vassalo dos EUA que, por pouco, não se ajoelhou diante do “seu ídolo” e chefe. Diante de tamanha bajulação, Donald Trump, tratou de expor os interesses do grande capital dos EUA que representa. Depois saudar seu súdito e “parabenizar pela incrível vitória eleitoral” , de fato incrível, pela impossibilidade de que Bolsonaro saísse vitorioso caso tivesse ocorrido eleições de verdade aqui no Brasil e se a direita golpista (orientada pelos EUA) não tivesse impedido que o ex-presidente Lula tivesse sido candidato. Para dar um pouco do “afago” (como a um animal de estimação) que Bolsonaro se mostra tão carente, diante do crescente repúdio popular a seu governo, Trump discursou que “temos idéias parecidas”, “a melhor relação que já tivemos” e um “acordo sobre os desafios e oportunidades que enfrenta nossa região”, falando como se fosse dono do continente latino americano. Trump direcionou o (triste) espetáculo para expor a submissão dos governo do Brasil aos interesses dos EUA, no momento em que impôs novas sanções contra a Venezuela, destacou que entre as “nossas prioridades mutuas” está a Venezuela, expondo a tese querida por Bolsonaro e cia. direitista de que “o que é bom para os EUA é bom para o Brasil”. Trump procurou
se mostrar satisfeito de que o “Brasil foi uma das primeiras nações que reconheceram o governo Guaidó”, ou seja, o governo brasileiro apoiou de cara a armação dos EUA para tentar dar o golpe de Estado na Venezuela e legitimar um elemento que não recebeu um só voto do povo venezuelano para ocupar a presidência da República. A farsa foi longe, Trump, agradeceu a “participação do Brasil na ajuda humanitária” fraudulenta que não chegou à Venezuela, mais que, segundo suas palavras, “alimentou milhares de venezuelanos famintos””. Falando de “reciprocidade”(apenas falando), Trump fez afagos vazios (e de interesse dos EUA) dizendo que vai “designar o Brasil como principal aliado que não é da OTAN” – um status inexistente formalmente e que, portanto, não quer dizer nada – e disse esperar uma “parceria mais profunda” e – de fato – cobrou do Brasil que elimine o que ainda existe barreira comerciais, que ofereçam ainda alguma proteção à economia brasileira contra a devastação que pode ser provocada pelo ingresso ainda maior e sem barreiras do grande capital norte-americano. Como um abutre, Trump comemorou, “o presidente [Bolsonaro] tem visão de liberar o setor privado, abrir a economia… nossas empresas estão prontas para entrar quando as regras do jogo estiverem iguais”. É como se o representante das raposas propusesse aos representantes das aves deixassem as portas abertas, prometendo que todos vão sair ganhando com o fim das barreiras entre os dois setores. Trump ainda comemorou que a celebração de um “acordo para que empresa dos EUA possam lançar foguetes do Brasil”, elogiando o “local maravilhoso”, com o que “vamos [os EUA] economizar muitos recursos” pelo que “agradecemos a parceria do Brasil”. Em meio à uma profunda crise interna em que, assim como seu visitante e servo, é cada vez mais repudiado pela população trabalhadora dos EUA que se desloca à esquerda, Trump ainda aproveitou para fazer campanha anticomunista, afirmando que “chegou o ocaso do socialismo no nosso hemisfério” e que “a última coisa que que-
remos nos EUA é o socialismo”, com o que mostrou [de forma disfarçada] uma preocupação sempre presente entre os capitalistas e suas máfias políticas. Por sua vez, Bolsonaro, procurou mostrar uma aproximação com os EUA e co Trump, cujo único resultado concreto é uma maior submissão pública do presidente e do governo golpista aos interesses dos EUA. Depois de agradecer a Trump ‘por sua calorosa hospitalidade”, tratou de convidá-lo para visitar o Brasil e passou à bajulação: “sempre fui um admirador dos EUA e essa admiração aumentou com sua chegada à presidência”. Genericamente anunciou que a reunião de 20 minutos, que com o tempo de tradução terá resultado em manifestações de pouco mais de 5 minutos de cada um dos presidentes teriam servido para “destravar assuntos que estavam na pauta há décadas.” E resumiu assim seu papel de súdito dos EUA: “hoje o Brasil tem um presidente que não é anti americanos, algo inédito há décadas” Repetiu o anuncio da medida unilateral de considerar os “norte-americanos” acima de outros países (o verdadeiro “deus” acima de todos) ao comunicar oficialmente que o “governo brasileiro concedeu a isenção de vistos para os norte-americanos”a pretexto de “estimular turismo e negócios”. E anunciou ou repetiu outras medidas de interesse do grande capital norte-americano como “lançamento de foro de energia” (para aumentar a entrega do petróleo e de outras riquezas e diminuir as barreiras, como a legislação ambiental que os EUA consideram excessiva, querem liberdade para promover mais “Brumadinhos”), o “centro de lançamento de de Alcântara” e a “cooperação militar vem se ampliando”, desfechando ataques e calúnias contra a Venezuela, bem a gosto do seu “chefe” e anfitrião. Indagado, na curta entrevista coletiva armada na casa Branca, sobre a posição do Brasil “se os EUA realizarem uma intervenção militar na Venezuela”, Bolsonaro, além de repetir elogios a Trump desconversou afirmando ser uma “questão de estratégia…. não pode ser debatida aqui” e repetiu a ati-
tude ilegal de permitir que o território brasileiro seja usado pelos EUA nas provocações contra o povo venezuelano afirmando que “permitiu que alimentos dos EUA fosse deslocados por Roraima” durante a tentativa fracassada da operação fracassada da “ajuda humanitária. Por todas as formas, o governo Bolsonaro usou criar com a visita e várias firulas pessoais e familiares, como a visita à Cia, fora da agenda pública que foi vazada (intencionalmente ou não?), a substituição do ministro das Relações Exteriores pelo seu filho e deputado, na reunião reservada com Trump etc., buscou fazer da viagem uma demonstração de força, de prestígio, para amenizar a crise interna do seu governo que segundo o próprio filósofo Olavo de Carvalho, apontado como “guru” de Bolsonaro e líder de uma das alas mais reacionárias do governo está de mãos amarradas por militares próximos com “mentalidade golpista”, a quem chamou de “bando de cagões” (Carvalho assinalou, na véspera da visita que o governo Bolsonaro ‘vai acabar em seis meses, se continuar assim“). Buscou criar uma imagem de força mas mostrou mais submissão e que é nada mais do que um funcionário do imperialismo empenhado em entregar o país para aqueles que consideram como o verdadeiro “deus acima de todos”.
6 | POLÍTICA
VOLTANDO ÀS ORIGENS
Folha se tornará bolsonarista e será de extrema-direita novamente O jornal golpista Folha de S. Paulo está passando por uma readaptação de sua linha editorial, um recurso para salvar o jornal da bancarrota total. A readaptação se dá a partir da luta no interior família Frias, donos do periódico golpista. Maria Cristina Frias assumiu como Diretora de Redação após a recente morte do irmão Otávio Frias Filho mantendo a linha editorial pérfida tão característica do periódico, que tem como elemento positivo para a burguesia o fato de querer passar-se por democrático – o que lhe deu relativa respeitabilidade, inclusive, entre setores da esquerda pequeno-burguesa. Contudo, Maria Cristina foi recentemente demitida pelo seu irmão mais novo e presidente do Grupo Folha, Luiz Frias. Este substituiu-a pelo jornalista Sérgio D’Avila, que atacou o ex-presidente Lula no mesmo jornal. Pela disposição ideológica e pelos interesses econômicos espera-se que Luiz Frias retorne o periódico a suas origens, ou seja um jornal de extrema-direita, retirando do periódico a demagogia pseudo-democrática e liberal, que marcou sua linha editorial após a redemocratização, já que seu apoio militante à ditadura militar e aos métodos de tortura assassinato (a Folha emprestava carros para ajudar no transporte de presos para
torturas etc.) causou asco na população após o fim do regime. Esta nova readaptação permitirá um corte de gastos domésticos e ao mesmo tempo ganho de um público consumidor, o bolsonarismo, ao mesmo tempo de receber os benefícios do governo, que como principal acionista do UOL e PagSeguro, lhes seriam de grande valia. Naquela ocasião a Folha deve de se readaptar, como parece ocorrer agora. Até mesmo setores de esquerda temem que a Folha, como se ela tivesse sido em algum momento democrática, torne-se um jornal 100% Bolsonarista, porta-voz do governo da extrema-direita. Nada mais natural, o fato mostra apenas que a Folha nunca foi democrático ou republicana, mas apenas utilizou-se de demagogia em determinado período para levar adiante a política perversa de todo um setor da burguesia brasileira e Internacional. Contudo, há um elemento importante no caso, pois não se trata de mera luta entre herdeiros ou oportunidade para lucrar, o caso revela um movimento mais profundo, a saber: a crise que se estabeleceu no interior do bloco que toda a burguesia brasileira formou para levar adiante o golpe de Estado e que resultou na subida do extrema-direita ao poder
CAPACHO ATÉ O LIMITE
Bolsonaro isenta de visto turistas norte-americanos, mas brasileiros continuam barrados nos EUA
J
air Bolsonaro, colocado na Presidência do Brasil pela fraude eleitoral e pelo golpe de Estado, não cansa de dar demonstrações de quanto é capacho do imperialismo norte-americano. Todas as semanas o presidente ilegítimo do Brasil se esforça para se curvar cada vez mais aos interesses dos capitalistas estadunidenses e promete entregar a eles todas as riquezas do país junto com a cabeça do próprio povo brasileiro. Atualmente em visita aos EUA, Bolsonaro anunciou que seu governo irá isentar os norte-americanos da necessidade de apresentarem visto para a entrada no Brasil. A decisão foi colocada em prática por meio de um decreto publicado nessa segunda-feira (18), em edição extra do Diário Oficial, e é válido para os custos de visita de estrangeiros oriundos dos EUA, Japão, Austrália e Canadá. A decisão entrará em vigor no dia 17 de junho desse ano, e vale apenas para os estrangeiros que quiserem entrar no país, mas não serve para os brasileiros que tentarem viajar para o exterior. A decisão unilateral do governo brasileiro, contrária todos os princípios da diplomacia e rebaixa o Brasil
diante de nações estrangeiras, cujo único interesse a exploração da mão de obra e dos recursos naturais. Decisões dessa natureza são geralmente produto de um acordo de isenção entre as duas nações, mas no caso de Bolsonaro, que é um cachorrinho na coleira do imperialismo, a decisão foi tomada de forma unilateral, sem que haja nenhuma contrapartida por parte dos outros países. Vale lembrar que os imigrantes brasileiros são tratados de forma extremamente cruel em todos esses países, principalmente quando são forçados a entrar de forma ilegal. No início desse ano, os norte-americanos colocaram dezenas de crianças imigrantes em jaulas, enquanto aguardava para expulsá-las do país, e uma delas chegou a falecer devido aos maus tratos. Bolsonaro, que já bateu continência diante da bandeira dos EUA, segue sendo um serviçal do imperialismo e mostra que está disposto a tudo para agradar seus patrões estrangeiros. É preciso denunciar a ação de capacho desse governo que se ajoelha aos inimigos do Brasil e quer entregar o povo nas mãos dos maiores exploradores do mundo.
com o governo igualmente em crise, Bolsonaro. Diante da crise do governo, resultado de sua impopularidade, da falta de base social, do ódio mortal que suscita em amplas camadas população, da posição totalmente subserviente aos imperialismo e da falta de perspectiva para enfrentar a crise econômica, a burguesia não consegue se unificar. Existe todo um setor que procura apoiar o governo como a última tábua de salvação e um outro setor, atingido pela política Bolsonarista e temeroso do que ela pode gerar, pede cautela e procura coibir as loucuras excessivas do governo. A Folha aparentemente está se preparando para ser o porta-
-voz da ala bolsonarista da burguesia, com tudo que isso implica. A falta de unidade da burguesia emperra o plano econômico neoliberal que o governo tem que fazer, o que cria uma situação de crise permanente para a burguesia. Enquanto o regime político se dissolve a olhos vistos, o governo entrega tudo que pode ao capital estrangeiro. A crise e burguesia vai se manifestando em todas as instituições que a represente, sejam públicas ou privadas. A divisão da burguesia cria também maior possibilidade para uma intervenção decisiva dos trabalhadores, é preciso aproveitar o momento de maior confusão e dispersão do inimigo para impor-lhe dura derrota.
POLÍTICA | 7
"GRANDE PENSADOR"
Direita folclórica no governo: “Mourão é um idiota”, garante Olavo de Carvalho, autor de manual para idiotas O
lavo de Carvalho é uma figura desprezível, indubitavelmente maluco. Não é brincadeira quando se diz que fugiu do hospício, fugiu mesmo. De um manicômio onde esteve internado por intervenção de familiares cansados de suas loucuras. Foi astrólogo, aderiu ao Islã, mas apresenta-se como católico. Faz mais de década, sabe-se lá com financiamento de quem, começou a ser apresentado a jovens com sendo um grande pensador, publicando um curso em DVD e livros de filosofia, ou o que ele acha ser filosofia. Foi denunciado como charlatão desde sempre, com seu jeito amalucado, vomitando palavrões a cada minuto, atacando a esquerda, inventando teorias conspiratórias esquisitas, fundador do site Mídia Sem Máscara e da Rádio Vox, instrumentos de propagação de pensamento conservador e disseminação de mentiras. É também o autor do livro “O Mínimo que Você Precisa Saber para não Ser um Idiota”, bem ao estilo arrogante e violento do pseudo filósofo. O astrólogo Olavo de Carvalho afirma ter medo de ir para o inferno após a morte, motivo pelo qual se atribuiu a missão e dedicar a vida a combater o comunismo e o marxismo. Com essa missão no horizonte, a partir do qual ele classifica o que bem quiser como comunismo, marxismo (e marxismo cultural é seu termo preferido), ou como contaminados por eles. Assim, a obsessão anticomunista e anti-marxista dele o faz atacar a ciência, o ateísmo, o secularismo, o positivismo, enfim qualquer coisa que, para ele, cheire a produto do mal que a esquerda representa (sim, a esquerda, e ele inclui tudo nesse ‘saco de gato’). Ele ignora a história. Parece que a Guerra Fria não acabou e ele demonstra um certo desespero para dar conta
de sua cruzada contra o esquerdismo – e aqui cabem todas as entidades globalistas – instituições do mal que têm objetivo único de enfraquecer os valores da família cristã, para colocar em seu lugar coisas como movimentos homossexual, feminista e ambientalista, armadilhas contra o ocidente cristão. Não tem também nenhum pudor em apoiar golpes militares pró Estados Unidos na América Latina e em qualquer lugar do mundo. É esse o guru de Bolsonaro e de outros tantos alucinados apoiadores do desgoverno do ex-capitão. Considera todos idiotas, apenas ele – e alguns poucos iluminados que tenham tido a honra de ‘estudar’ com ele, o mestre, são capazes de entender os desafios que o mundo dominado pelo esquerdismo representa. Ora, não é que, cheio de si, ele não hesita em nomear os idiotas do desgoverno do ex-capitão. Um de seus alvos preferidos tem sido o general Mourão,
aliás o vice-Presidente da República. Também têm sobrado para outros militares, como o general Heleno. Olavo de Carvalho ataca Mourão, questiona Heleno, ameaça o desgoverno, e ainda assim é convidado para jantar com o ex-capitão em sua viagem aos Estados Unidos. Está mais que claro que o desgoverno Bolsonaro, que vive de improviso e de futricas elaboradas pela família, com a clara relação com as milícias, a incompetência escancarada para gerenciar qualquer coisa, brigas internas, desconfiança entre aliados, entreguismo que beira ao fanatismo, colocando o país como capacho dos Estados Unidos, vergonha atrás de vergonha na imprensa internacional, a duvida sobre quem é quem na estrutura do governo, qual o papel dos filhos, confronto com os demais poderes da República, a insatisfação popular, tudo isso não deixa dúvida de que o ataque de Olavo de Carvalho a Mourão é apenas um sintoma da enorme crise em
TODOS OS DIAS ÀS 10H NA CAUSA OPERÁRIA TV
que se encontra o desgoverno da fakenews. Ora, o pseudo filosofo tem sido atacado de todos os lados e já não consegue manter por muito tempo o escudo protetor que impedia as críticas mais sérias a ele, que o desmascaram como um engodo. De toda forma, ele, Olavo de Carvalho, é o guru de Bolsonaro, e vai continuar a expor a crise interna do desgoverno, que vive de improviso – mas não pode viver para sempre dele. Temos que aproveitar essa crise para a mobilização pelo Fora Bolsonaro e pela liberdade de Lula. Não há motivo, não há razão, não há explicação possível para que a esquerda não atue para derrubar Bolsonaro. Todas as desculpas para não mobilizar a militância e o povo em geral contra a permanência do desgoverno Bolsonaro são falaciosas, indicando a incapacidade de parte da esquerda de entender os movimentos da história e seu papel nela.
8 | INTERNACIONAL
IMPERIALISMO
Dois capangas do imperialismo contra a Venezuela: Bolsonaro se encontra com chefe da OEA nos EUA D urante seu último dia nos EUA, onde encontrou-se com seus patrões, o capacho Jair Bolsonaro, presidente golpista e ilegítimo do Brasil, se reuniu com Donald Trump e Luis Almagro, Secretário Geral da Organização dos Estados Americanos, a OEA. Luis Almagro, que é uruguaio, foi expulso da Frente Ampla, partido que está a frente do governo do Uruguai. A expulsão ocorreu por conta da política pró-imperialista adotada por Almagro desde que assumiu o cargo de Secretario Geral da OEA. Desde que assumiu o cargo, o uruguaio tem fortalecido a política golpista da OEA contra os países latino-americanos, como Cuba, Nicarágua e a Venezuela. A OEA, que tem sede em Washington, foi criada em 1948 com o objetivo de ser uma organização de defesa dos
interesses norte-americanos na América Latina. A reunião de Bolsonaro com o Secretário Geral desta organização nos EUA, juntamente com o presiden-
20 DE MARÇO DE 2003
te norte-americano, Donald Trump, visa impulsionar uma nova ofensiva do imperialismo contra a Venezuela. Durante sua prestação de contas
aos seus patrões, o presidente golpista brasileiro deixou claro que há está em marcha uma nova investida contra o país latino-americano, detentor da maior reserva petrolífera do mundo. O encontro de Bolsonaro e Moro com os diretores da CIA, uma conduta puramente conspirativa do presidente golpista brasileiro, tinha também este objetivo. É preciso impulsionar uma ampla campanha contra o governo ilegítimo de Bolsonaro. É necessário aproveitar o momento de crise do governo golpista e de todo o regime para impulsionar um movimento de massas que tenha como objetivo claro a queda de Bolsonaro e de todos os golpistas, bem como de todo o regime político burguês. Levantar a palavra de ordem de “Fora Bolsonaro e todos os golpistas!”
TODAS AS SEGUNDAS-FEIRAS, 12H30
EUA invadem o Iraque, destroem o país e deixam mais de um milhão de mortos
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o dia 20 de março de 2003 os EUA deram início à invasão ao Iraque. Sob o pretexto de combater o terrorismo e derrubar o regime ditatorial de Saddam Hussein, o governo norte-americano de George W Bush, juntamente com uma coalizão de países imperialistas, lançou a primeira onda de ataque ao país do Oriente Médio. Nos primeiros dias da investida os norte-americanos destruíram a capital iraquiana, Bagdá. Os EUA tiveram o apoio da Reino Unido, na época governado por Tony Blair, da ala direita do Partido Trabalhista. Para além do discurso demagógico do imperialismo de “libertar o Iraque”, o que estava por trás da invasão era
o controle das reservas petrolíferas iraquianas. Passado vários anos da invasão, as supostas armas químicas nunca foram encontradas. O saldo da investida imperialista foi a destruição de toda a infraestrutura iraquiana, da economia nacional do país. Vale destacar que o Iraque era um dos países do Oriente Médio que detinha os mais altos índices de desenvolvimento social e econômico na região. O caso iraquiano serve para compreender a nova investida imperialista contra a Venezuela. Trata-se da mesma política criminosa para favorecer os grandes monopólios industriais e os bancos, tendo como pretexto a “democracia” e a “liberdade”
TODAS AS SEXTAS-FEIRAS, 14H00
CHARGE
TODOS OS DIAS, A PARTIR DAS 3H NA CAUSA OPERÁRIA TV
MOVIMENTO OPERÁRIO|9
PERSEGUIÇÃO
ECT forja demissão de trabalhador ativista dos Correios em Campinas
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a sexta-feira, dia 15 de março, a diretoria golpista da ECT (Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos) de Campinas demitiu por “justa causa” o trabalhador dos Correios de Campinas, José Cicero Oliveira Silva, conhecido por Cícero. Os golpistas que demitiram o trabalhador buscaram um processo antigo que havia contra Cicero, que já deveria ter sido arquivado, diante da inexistência de gravidade, usando-o agora, no momento em que os golpistas dizem que precisam demitir mais de 30 mil funcionários para privatizar os Correios. Cícero é trabalhador dos Correios desde 2003 no cargo de carteiro, lotado no CDD (Centro de Distribuição Domiciliar) Parque Itália, e nos seus 16 anos de funcionário dos Correios, nunca teve falta alguma que abonasse sua conduta funcional, pelo contrário, sempre cumpriu com suas obrigações profissionais.
Porém, os golpistas estão seguindo o que prometeram, perseguir os trabalhadores que lutam, e Cicero é justamente um trabalhador ativista, várias vezes delegado sindical de seu setor de trabalho, que participa de todas as greves da categoria. É necessário uma campanha dentro da ECT pela reintegração imediata do trabalhador, a demissão arbitrária e persecutória contra o trabalhador faz parte da política golpista e privatista que o governo Bolsonaro irá impor contra todos na ECT. Primeiro vão os ativistas, depois os aposentados, depois os que tem problemas de saúde, e por fim, todos serão demitidos, pois a privatização dos golpistas é destruição da empresa. Pela reintegração de Cícero, pela formação de comitês de luta contra o golpe dentro dos Correios, pelo Fora Bolsonaro e todos os golpistas! Pela Liberdade de Lula.
SUCATEAMENTO
DENÚNCIA
Nas escolas faltam até copos para tomar água
Da síndrome do túnel de carpo à síndrome do pânico: o desespero de uma trabalhadora em frigorífico da JBS/Friboi R
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epois do golpe de Estado contra a presidenta eleita Dilma Rousself, as escolas públicas do Estado de São Paulo, que há mais de vinte anos está nas “mãos” do PSDB, vem sofrendo ainda mais com inúmeros cortes nos gastos públicos. Com a desculpa de preservar o meio ambiente, estão cortando os copos descartáveis para beber água, café e afins. Nas escolas, falta de tudo: giz, canetão para lousa branca, papel sulfite, papel toalha, merenda, livros, papel higiênico, café, bolacha, livros, cadeira, produtos de limpeza etc. A escola pública está cada dia mais abandonada pelo governo tucano, falta de tudo nas escolas, xerox e impressão de provas são artigos de luxo,
pois na maioria das vezes se tem a impressora, não tem tinta, se tem tinta não tem a folha de sulfite e assim por diante. Depois da proibição do consumo de merenda escolar pelos professores, em algumas escolas, os professores não têm nem copo descartável para beber sua água, em uma escola alegaram que é para proteger o meio ambiente, as indústrias poluem o mundo. E a culpa é do copo do professor? As circunstâncias impostas pela política do governo, nas quais falta até algo básico que é o copo descartável, evidenciam que – longe de perseguir qualquer melhoria na Educação – o que temos é uma política de rapina, de terra arrasada para a Educação.
ecentemente, a trabalhadora de um frigorífico de abate de frango, empresa do grupo JBS/Friboi, no interior de São Paulo, teve que se submeter a uma cirurgia entre o pulso e a palma da mão esquerda para atenuar o problema referente à síndrome do túnel de carpo. Esta mão estava mais comprometida, no entanto, a trabalhadora sofre também na mão direita, problema esse ocasionado pelo esforço no trabalho. Conforme o médico Drauzio Varella, a síndrome do túnel do carpo é uma neuropatia resultante da compressão do nervo mediano no canal do carpo, estrutura anatômica que se localiza entre a mão e o antebraço. Através desse túnel rígido, além do nervo mediano, passam os tendões flexores que são revestidos pelo tecido sinovial. Qualquer situação que aumente a pressão dentro do canal provoca compressão do nervo mediano e a síndrome do túnel do carpo. Em depoimento, a trabalhadora afirmou: “No começo eu sentia um formigamento, uma dormência e esses sintomas geralmente ocorriam à noite, no dia seguinte, acabava indo normalmente para o trabalho, chegou um tempo que, os sintomas ocorriam no próprio frigorífico, os encarregados me mandavam para a enfermaria e lá, tomava um analgésico e aliviava um pouco, a situação foi piorando tanto que não conseguia segurar nada com as mãos, por mais leves que fossem. O problema não era só comigo, muita gente sofre da mesma doença.
Eu ainda contraí bursite e tendinite, trabalho nesta empresa há quatro anos e não muito tempo depois de entrar trabalho no corte de partes do frango e é muito rápido, mesmo acelerado, e os encarregados sempre pressionando para irmãos mais rápido ainda, para eles não existem limites. Não demorou muito para que eu começasse a sentir dores, quando entrei, não tinha nada disso”. “A causa principal da síndrome do túnel do carpo é a L.E.R. (Lesão do Esforço Repetitivo), gerada por movimentos repetitivos…” Drauzio Varella “Tive uma intervenção cirúrgica há um mês e estou fazendo fisioterapia… mal consigo segurar uma bolinha de borracha e realizar os movimentos pois, ainda sinto uma dor muito forte. Vou passar, na próxima semana, na perícia do Instituto Nacional de Seguro Social (INSS) e muito provavelmente ficarei mais um tempo afastada do trabalho, mas estou muito receosa de quando voltar e os encarregados me colocarem para realizar as mesmas tarefas, as quais realizava antes da cirurgia, aquilo não é serviço de gente.”
ASSISTA
10 | CIDADES E NEGROS
CHUVA DE TIROS
Operação policial aterroriza a Cidade de Deus, no Rio de Janeiro M oradores da comunidade Cidade de Deus (Rio de Janeiro) relatam em suas redes sociais situações de verdadeira guerra civil, nas quais helicópteros da PM se lançam em voos rasantes disparando aleatoriamente chuvas de tiros sobre a população. Nesta terça-feira Departamento Geral de Polícia Especializada (DPGE) deflagrou mais um operação. A ação mobilizou equipes das delegacias de Combate às Drogas (Dcod) e de Roubos e Furtos de Cargas (DRFC) atuam no local com o apoio da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core) e de helicópteros do Serviço Aeropolicial (Saer).
O regime aumenta a violência do aparato repressivo principalmente nas regiões mais pobres dos grandes centros urbanos. O controle social via terror tem sido uma arma da direita fascista, que usa sempre o pretexto da segurança pública para seguir matando a população. As comunidades devem ter suas próprias milícias populares (que não são esses grupos paramilitares de extrema-direita e ligados ao aparato repressivo do Estado) com cargos elegíveis que possam ser revogados a qualquer hora. No modelo atual a população pobre está sofrendo um massacre continuado em escala industrial.
DITADURA DOS CAPITALISTAS
Negro não pode nem entrar em supermercado que já é agredido por seguranças N a segunda-feira (18), o portal de notícias G1 divulgou vídeos de câmeras de segurança do supermercado Carrefour, do bairro Demarchi, em São Bernardo do Campo, referentes ao dia 20 de outubro de 2018. As imagens mostram Luís Carlos Gomes, após ter pago as suas compras, sendo agredido com um “mata-leão”. Deficiente físico e negro, Luís alega que começou a ser perseguido pelo gerente do supermercado e por um segurança ao tomar uma lata de cerveja dentro da loja. Mesmo informando que pagaria pela mercadoria, foi encurralado no banheiro e golpeado com um “mata-leão” na esteira rolante do Carrefour. Ele acusa o mercado de discriminação e racismo e pede uma indenização de R$ 200 mil. A respeito do ocorrido, o Carrefour divulgou a seguinte nota: “a empresa sente profundamente pela situação a qual nosso cliente foi submetido e informa que, logo após rigorosa apuração, os colaboradores envolvidos foram desligados. A rede repudia veementemente qualquer tipo de violên-
cia e reforça que, constantemente, realiza treinamentos e reorienta suas equipes, a partir da prática do respeito que exige dos seus colaboradores e prestadores de serviço. A empresa esclarece ainda que permanece colaborando com as investigações.” De acordo com Adriana Jarenco, advogada de Luís, o processo instaurado na 3ª Vara Cível da Comarca de São Bernardo afirma que seu cliente estava no Carrefour do bairro Demarchi, em São Bernardo do Campo, no dia 20 de outubro de 2018 para fazer compras e “pelo calor excessivo que fazia naquela noite, resolveu consumir uma lata de cerveja do pacote que estava comprando (sempre carregando consigo a unidade vazia)”. Em seu relato, Luís afirma que foi seguido pelo gerente do mercado que o “intimidou, ofendeu, injuriou e caluniou de forma ameaçadora” além de dizer “seu vagabundo, você vai ter que pagar por isso, seu ladrão!”. Diante desta situação, Luís mostrou ao gerente que tinha dinheiro para pagar e continuou a realizar as suas
DE SEGUNDA A SEXTA, 11H
compras. Logo depois, um segurança passou a acompanhar o gerente e, de acordo com o processo, “ambos passaram a intimidar o requerente, continuando a persegui-lo, injuriá-lo e ameaçá-lo”. Na hora que foi até o caixa para pagar as suas compras, o gerente e o segurança o acompanharam e continuaram com as ameaças e ofensas. Luís passou mal com a circunstância, deixou seu cartão do banco e documentos com a atendente do caixa e informou que precisava ir ao banheiro, O gerente de prevenção e segurança da empresa o acompanhou. Ao entrar no banheiro do supermercado, Luís foi agredido fisicamente pelos funcionários do Carrefour recebendo vários socos nas costelas e, ao ser jogado no chão, recebeu mais socos e chutes. O processo afirma também que os agressores deixaram o local e Luís saiu em seguida, dirigindo-se ao caixa para pagar as suas compras. Depois que realizou o pagamento, solicitou a presença do gerente e avisou que ligaria para a polícia. Foi neste momento que um segu-
rança golpeou Luís com um “mata-leão” e o arrastou, acompanhado pelo gerente, escada rolante abaixo. No estacionamento, foi jogado no chão mais uma vez e recebeu várias ofensas racistas e discriminatórias. Clientes que estavam no local socorreram Luís e impediram que a agressão continuasse. Estas pessoas presenciaram o rapaz ser arrastado com violência e jogado no chão e ouviram as ameaças e ofensas do gerente. As testemunhas ligaram para a Polícia Militar, que chegou ao local 30 minutos após o chamado. Luís foi levado para a Unidade de Pronto Atendimento mais próxima, fez vários exames, tomou analgésicos e fez radiografias do tórax. Não houve fratura. Depois do atendimento médico, Luís e as testemunhas foram para o 3º Distrito Policial de São Bernardo do Campo, fizeram um boletim de ocorrência e prestaram depoimento. Não só a polícia, mas a segurança privada dos capitalistas também contribui para perpetuar a opressão dos negros. Uma opressão capitalista que serve à exploração dos trabalhadores, esmagados pela polícia e por seguranças. Por isso, é preciso organizar para combater o capitalismo contra a opressão dos negros.
TODAS ÀS TERÇAS-FEIRAS ÀS 19H
MORADIA E TERRA E MOVIMENTOS | 11
BAHIA
Enteado de líder indígena ameaçada de morte por bolsonaristas está desaparecido há mais de 20 dias E m mais um caso de suspeita da ação de latifundiários bolsonaristas contra os povos indígenas no Extremo Sul da Bahia. O indígena tupinambá Deivid Charle dos Santos, 32 anos, está desaparecido há mais de 20 dias e a preocupação entre os indígenas da região e sua família é que tenho sido assassinado. O desaparecimento do indígena pode ser colocando na conta dos latifundiários bolsonaristas da região do município de Belmonte, local onde está localizada a aldeia Patiburi e onde Deivid morava. Outra informação é que Deivid é enteado da chefe indígena da Aldeia Patiburi e luta pela demarcação da Terra Indígena (TI) Tupinambá de Belmonte, a cacica Cátia Tupinambá. Cátia Tupinambá faz é acompanhada pelo Programa de Proteção aos Defensores de Direitos Humanos (PPDDH) devido as ameaças dos latifundiários da região.
A situação é tensa na região entre os indígenas Tupinambás e está se agravando nestes últimos anos. Em 2018, a justiça federal golpista emitiu reintegração de posse contra os indígenas
expulsando 50 famílias da TI Tupinambá de Belmonte em favor de latifundiários capixabas. Em 2017, aproximadamente vinte pistoleiros contratados pelos latifundiários atacaram a aldeia
Encanto da Patioba, incendiando 28 casas, espancaram e torturaram indígenas, destruíram roças e mataram animais de criação e até hoje ninguém foi punido ou indiciado. Em 2014, o filho da Cacica Cátia Tupinambá foi baleado e meses depois foi atropelado e acabou morrendo em decorrência do acidente. Essa situação não foi explicada até os dias de hoje, mas tudo indica uma perseguição aos familiares da Cacica realizada pelos latifundiários. Essa situação de violência e intimidação realizada pelos latifundiários vão se agravar ainda mais com o desenvolvimento das medidas tomadas pelo governo Bolsonaro de perseguir indígenas e movimentos sociais. É mais uma demonstração da necessidade de criação de comitês de autodefesa para garantir a demarcação da TI Tupinambá de Belmonte, a vida das famílias e o avança da violência dos latifundiários.
CULTURA
MULHERES
Documentário “Pastor Cláudio” denuncia os crimes cometidos pela ditadura militar e as torturas apoiadas por Bolsonaro
O lugar que a direita quer para as mulherers: governo chileno recomenda “vestido curto” para almoço com Bolsonaro
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a quinta-feira(14), estreou nos cinemas de São Paulo o filme “Pastor Cláudio”, da diretora Beth Formaggini. O documentário narra a trajetória política de Cláudio Guerra, ex-delegado do DOPS (Departamento da Ordem Política e Social) do Espírito Santo durante a ditadura militar. Pastor Cláudio, como preferia ser chamado, executou opositores ao regime militar como integrantes do PCB (Partido Comunista Brasileiro), além de ocultar cadáveres. Numa determinada parte do documentário, faz referência ao seu trabalho da seguinte forma: “a minha bandeira era cumprir ordens”. No caso, o cumprimento das ordens implicava na morte de civis como, em 1980, no atentado contra a sede da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) no Rio de Janeiro e no Riocentro, em 1981. Para a diretora Beth Formaggini: “Ele tinha orgulho de dizer que o governador tomava cafezinho no gabinete dele, e essas coisas passam nas frestas do discurso. Por outro lado, ali está um agente do Estado, um agente violador de direitos, falando ele mesmo essas violações”. No filme, o perfil de pastor Cláudio transita entre alguém que fazia questão de expor o que sentia e o perfil de um burocrata médio. Apoiado pela Lei da Anistia, responde processo no MPF (Ministério Público Federal) por executar Ronaldo Mouth Queiroz que era
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militante político e estudante de geologia, em 1973. O documentário “Pastor Cláudio” evidencia algo comum atualmente: a banalização da barbárie e o discurso de ódio. Para a diretora, “a gente tem este passado completamente impregnado [no presente] e o futuro corre sérios riscos de estar impregnado também. Chegou um momento em que ou enfrentamos a nossa história e lutamos pelos direitos humanos hoje, ou as mesmas práticas do passado são repetidas hoje”. A relevância deste filme está em denunciar os crimes da ditadura e lembrar que eles são apoiados pelo presidente ilegítimo fascista Jair Bolsonaro que gosta de salientar a sua admiração pelo coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, um torturador conhecido pelos seus requintes de crueldade e cujo governo de extrema direita está tentando resgatar algumas práticas do governo ditatorial.
pós beijar a mão de Trump em sua passagem pelos Estados Unidos, Bolsonaro visitará o Chile no próximo fim de semana. Na convocação aos parlamentares do país para um almoço com o presidente ilegítimo brasileiro, o convite diz sobre a vestimenta: “homens: terno escuro ou roupa equivalente; mulheres: vestido curto”. O convite é assinado pelo presidente chileno, Sebastián Piñera, e pela primeira-dama, Cecilia Morel. Dado o absurdo da situação, o governo chileno correu para dar uma desculpa, através do diretor-geral de protocolo do ministério das Relações Exteriores do Chile, Frank Tressler, disse que o texto não pede que mulheres vistam roupas curtas, mas sim que não se exige traje de gala. Adeputada Maite Pascal, do partido de esquerda Revolución Democrática tornou público o teor do convite, criticando tanto Piñera quanto Bolsonaro. “Não somente o governo (do Chile) decide receber com honras um presidente xenófobo e machista (Jair Bolsonaro), senão que também pede às deputadas da República que vão com ‘vestido curto’. Esse é o Sebastián Piñera que diz acolher demandas feministas, mas envia um convite que segue em 1800”, escreveu a deputada. A esposa de Piñera, Cecília, porta-voz do governo, também no intuito de retirar do governo a responsabilidade pelo absurdo, afirmou que a vestimenta sugerida é “parte do protoco-
lo do próprio Parlamento” e que “se quiserem renovar os protocolos, que se revisem todos”. Não se tenham ilusões. Isso é a direita. Querem cortar salários, preservar as desigualdades, dar cadeia para quem faça aborto, fazer as mulheres trabalharem quase o mesmo tempo que os homens. Além de tudo, veem as mulheres apenas como detalhes decorativos, por isso recomendam saia curta em um evento do governo. Seja no Chile ou no Brasil, o governo de direita se esforça para aprofundar a opressão contra as mulheres. Portanto, para libertar as mulheres é necessário enfrentar a direita que se apoderou dos governos latino-americanos e sua política de conjunto. Fora Bolsonaro e todos os golpistas da América-latina!
12 | JUVENTUDE E ESPORTES
CONEG
Estudantes devem organizar a luta contra o Escola Com Fascismo e a militarização bolsonarista C
omeça na próxima sexta-feira (22) e vai até domingo (25), em São Paulo, o 67° CONEG (Conselho Nacional de Entidades Gerais) da UNE. O conselho tem como propósito organizar a resistência por uma educação democrática e colocará em pauta questões como: acesso e permanência estudantil e a defesa da autonomia universitária, a luta contra a reforma da previdência e os ataques do governo Bolsonaro, Educação não é mercadoria – a luta nas universidades privadas, enfrentamento ao racismo e o genocídio da juventude negra, encontro de redes e linguagens, o papel da comunicação na luta popular e Combate ao machismo e a luta das mulheres. A pauta em destaque é o principal ataque do governo golpista de Jair Bolsonaro contra a educação: o projeto Escola Sem Partido (Escola Com Fascismo). Quanto a esse tema vale ressaltar
que equivale a amordaçar estudantes e professores que sejam contra o atual “governo”, ou seja, censurar e punir quem é contra o fascismo e todos os ataques que serão implantados à população com a ascensão do mesmo. É necessário que esse conselho organize o enfrentamento contra os grupos fascistas que se encontram nas universidades formando comitês de luta contra o golpe e de autodefesa para que esse enfrentamento tenha sucesso. É preciso ainda que o conselho inicie uma luta contra a militarização das escolas e se organize para expulsar a extrema-direita das instituições de ensino. Só a luta organizada dos estudantes e trabalhadores poderá barrar a ofensiva fascista contra a educação e toda a população. Conseguindo assim, após a derrota do golpe de estado, garantir de fato uma educação democrática no país.
ESPORTES
Brasileiro que integra a seleção russa é alvo de ataques racistas É natural que o país que ostenta a condição de praticar o melhor futebol do mundo seja também o maior celeiro de craques e, por consequência, um exportador de talentos dos gramados para os quatro cantos do planeta. O Brasil é o país que tem o maior número de jogadores atuando em clubes do exterior, em vários países do mundo. São centenas de craques espalhados em todos os continentes, muitos deles desconhecidos do torcedor brasileiro, em função do êxodo precoce para atuar no estrangeiro. É mais do que compreensível o desejo de todos no sentido de ter o reconhecimento do seu esforço e do seu futebol para integrar a seleção nacional e disputar uma Copa do Mundo defendendo as cores do seu país. A dura realidade, no entanto, muitas vezes se coloca como uma barreira quase que intransponível para a realização desse objetivo, o que é reconhecido por muito atletas, pois são conhecedores dos obstáculos existentes para a realização desse que é o sonho
de todos os jogadores. Para driblar esta implacável realidade, muitos jogadores brasileiros se naturalizam para obter a cidadania onde estão atuando já por algum tempo, em busca de uma oportunidade para integrar o selecionado nacional do país que os acolheu. O caso mais conhecido e que se tornou objeto de polêmica foi a do centroavante Diego Costa, brasileiro que se naturalizou espanhol e que atuou pela seleção do país europeu na última Copa, realizada na Rússia. Há outros casos de brasileiros naturalizados atuando em seleções estrangeiras. O caso que despertou mais recentemente a atenção e repercutiu na imprensa mundial diz respeito a um brasileiro que atua há quase dez anos na Europa, mais especificamente na Rússia. Estamos falando do brasileiro Ari, que atua pelo time do Krasnodar, é naturalizado russo e que vem sendo convocado pelo técnico da seleção russa, atuando como titular da equipe. Trata-se do segundo brasileiro atuando na seleção da Rússia, onde o
ASSISTA NA CAUSA OPERÁRIA TV
lateral Mário Fernandes já atua, tendo disputado a copa defendendo o país que sediou o último mundial, sendo o destaque da equipe no torneio. Ari foi objeto, esta semana, de ataques racistas por parte de um veterano jogador russo, o atacante Pavel Pogrebnyak, que atualmente defende o time do FK Ural. “É ridículo que pessoas de cor joguem na seleção russa”. “Tenho uma opinião negativa a respeito (das naturalizações). Não vejo sentido. Por que deram um passaporte russo a Ari?”, questionou…(ESPN, 19/03). Em resposta, o brasileiro declarou que “sobre esse comentário, muitos jornalistas me ligaram aqui. Eu prefiro nem falar nada, porque um cara desses nem merece atenção. Triste pensar que nos dias de hoje ainda exista algo assim. Minha ideia é continuar defendendo a seleção” (Idem, 19/03). A manifestação racista de Pavel repercutiu mal em todo o país e Ari recebeu a solidariedade de várias personalidades do universo esportivo, que repudiaram duramente as declarações do jogador russo.
O fenômeno do racismo e outras manifestações xenófobas e direitistas que acontecem em larga escala em quase todo o continente europeu é o resultado direto da decomposição econômica e social do capitalismo, incapaz de oferecer uma solução minimamente razoável e progressista para as agudas contradições que dilaceram o sistema alicerçado na propriedade privada dos meios de produção. O avanço da extrema-direita na quase totalidade dos países do velho continente atesta a incapacidade histórica da burguesia europeia e mundial em oferecer uma perspectiva de estabilidade aos regimes políticos europeus. Somente o combate sem tréguas da classe trabalhadora e do proletariado mais organizado e desenvolvido do mundo – o europeu – poderá abrir uma nova etapa de lutas vitoriosas das massas, apontando para a derrota mundial da burguesia, a liquidação da propriedade privada e a substituição desta pela propriedade social dos meios de produção.
DOMINGO ÀS 20H
COTV | 13
ANÁLISE
Rui Costa Pimenta: “o Fora Bolsonaro e os vacilos da esquerda” A
Análise Política da Semana (APS) é o maior e mais tradicional programa da Causa Operária TV, apresentada por Rui Costa Pimenta, presidente do PCO. O programa vai ao ar todos os sábados às 11h30m da manhã, com uma completa análise dos principais acontecimentos políticos da semana, sob um ponto de vista Marxista. Segue, transcrito, pequeno trecho da APS. “O grande problema que se coloca aqui é justamente o problema da luta contra o governo Bolsonaro, a primeira coisa que agente deveria dizer e colocar com toda a clareza é o problema do fora Bolsonaro. Nós temos os sábios chinês da esquerda, ele sempre apresenta uma solução idiota com a maior sabedoria, então falarão que o correto era desejar sorte ao governo Bolsonaro, lembrar isso agora é chato, você imagina ir em uma reunião do PT e falar “o Haddad depois de todo mundo mandar o Bolsonaro tomar naquele lugar desejou sorte para o Bolsonaro”, imagina é muito vexame, vexame total. Precisaria agora que o conjunta da esquerda das organizações populares se unificasse claramente em torno da palavra de ordem de fora Bolsonaro, no momento a coisa esta incerta, nós temos a declaração famosa do Boulos que nós não podemos dizer fora Bolsonaro se não nós somos igual ao Aécio e tudo mais, é tudo bobagem mas pesa para esquerda. Vamos ver concretamente as primeiras manifestações do problema, hoje de manhã antes de fazer a analise nós fizemos um balanço dos atos do 8 de março que foram em geral fraquíssimos, embora apresentassem uma certa tendência ao crescimento em todos eles o que agente via, o publico era fora Bolsonaro mas as pessoas que estavam dirigindo os atos não queriam impulsionar o fora Bolsonaro, quer dizer,
qual que é o sentido desta politica? Por que nessa altura do campeonato é uma defesa do Bolsonaro, o povo esta contra ele, ai nós vamos chegar e falar: não povo, não vamos insultar aqui o nosso querido presidente da republica, não vamos mandar ele executar determinados atos sexuais, qual que é o sentido disso? Já virou uma politica sem sentido. No começo parecia que tinha um sentido, o governo foi eleito, alguns dizem que ele foi eleito democraticamente o que é ridículo, mas vamos dizer foi eleito, mas agora o povo esta na rua gritando, todo mundo esta gritando isso ai, é uma coisa nacional, qual o sentido disso ai? Qual o sentido de conter esse pessoal em nome do que? Isso em primeiro lugar. Em segundo lugar, o governo Bolsonaro é um governo que conforme as medidas anunciadas algumas até aprovadas e tudo mais, elas são uma coisa absolutamente monstruosa, tem projeto ai que proibi o aborto em qualquer caso, tem deputado loco ai que quer inclusive proibir os anticoncepcionais. No que diz respeito a região agrária do país os ataques aos índios, os ataque aos trabalhadores sem terra, a entrega as mineradoras e a outras empresas, a entrega ao capital estrangeiro, o ataque aos sindicatos, é uma coisa monstruosa, então em nome da democracia nós vamos sentar e sofrer essa seção de tortura que é o governo Bolsonaro? Não faz sentido. Que tipo de politica que é essa? Então nós temos que dizer claramente, primeiro que ou cai o Bolsonaro ou cai o povo brasileiro, não tem meio termo, ele vai levar o pais pra uma situação de devastação, é um governo devastador, nenhuma pessoa com o espirito democrático poderia falar que é democrático que este governo permaneça nem que ele tivesse sido eleito mesmo sem fraude. Não é
democrático um governo que se ergue para atacar da forma que este governo esta atacando todo o povo brasileiro, isso não é democrático em nenhum sentido da palavra a não ser que você seja um formalista jurídico, esta na lei que tenho que cortar minha própria cabeça, não existe essas coisas. Um governo, um regime politico só se justificaria se ele desse condições de a população sobrevir de viver com o mínimo de condições, se o governo sai por ai praticamente matando a população você não tem que ter apego a esse governo por nenhum tipo de formalidade, agente tem que entender isso, o governo Bolsonaro é um atentado contra o pais é um atentado contra o povo brasileiro é um governo de guerra contra o povo é um governo monstruoso então o normal é que se peça pra o governo sair ainda mais sendo produto da fraude, sendo um governo na verdade totalmente ilegítimo, sendo produto do golpe de estado, produto da liquidação de toda a legislação que tinha os direitos demo-
cráticos da população, produto da intimidação dos forças armadas contra o país, produto do estrangulamento do STF pelos militares que colocaram até um militar como assessor do presidente do STF. Então por que que nós temos que ter este comedimento para falar fora Bolsonaro? Fora Bolsonaro é a palavra de ordem do momento, tem que derrubar o governo é ilegítimo, a vontade popular tem que prevalecer e agora se alguém tinha duvidas de que lado estava a vontade popular o carnaval dissipou estas duvidas, então não há motivos nenhum para isso ai, há não ser que a pessoa esteja por algum motivo na defesa do próprio Bolsonaro e ai nós teríamos o que? Uma esquerda bolsonarista? Uma coisa totalmente absurda, quer dizer, o problema chave é o seguinte o que nós temos que fazer agora? Esperar as eleições de 2022 ou botar a baixo o governo antes que ele acabe com o país? Esse é o dilema que está colocado, não poderia ser mais claro ,não poderia ser mais evidente.”