Edição Diário Causa Operária nº5588

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QUINTA-FEIRA, 21 DE MARÇO DE 2019 • EDIÇÃO Nº 5588

DIÁRIO OPERÁRIO E SOCIALISTA DESDE 2003

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Bolsonaro quer entregar o País para os EUA. Pela soberania nacional, fora Bolsonaro! O governo ilegítimo de Jair Bolsonaro, resultado uma “incrível vitória eleitoral”, segundo o presidente dos EUA Donal Trump, que nada mais foi do que uma “incrível” fraude que teve como ponto central deixar de fora das eleições o candidato que o povo queria votar, Lula

Um governo operário faria o exato contrário do que Bolsonaro está fazendo em relação aos EUA A presença do presidente eleito pela fraude e pela manipulação aos Estados Unidos, Jair Bolosonaro, encerrada no dia de ontem, foi o coroamento dos objetivos do golpe para o Brasil.

Policial denuncia como a PM funciona: um órgão fascista para matar o povo pobre Um relato de um policial paranaense publicado no portal online Justificando, revela o caráter abertamente repressor e violento da Polícia Militar.

EDITORIAL

Contradições do golpe: em acordo da Petrobras com os EUA, Lava Jato reconhece que prisão de Lula é ilegal O acordo proposto entre os procuradores da Lava Jato e o governo norte-americano com a Petrobrás para criar uma Fundação de Direito Privado é mais um atestado de que aqueles à frente da operação são agentes do imperialismo e de que a operação como um todo é uma fraude – sobretudo a acusação e julgamento de Luiz Inácio Lula da Silva.

Elogio de Bolsonaro à CIA e espionagem norteamericana são ataques à soberania nacional Bolsonaro iniciou a semana indo fazer uma visita à Casa Branca. Os assuntos retratados nesse encontro foram amplamente divulgados pela nossa imprensa, ele quer vender tudo que conseguir aos americanos, e fazer daqui um quintal para que os ianques consigam aumentar o domínio sobre o continente.

Após anos sabotando e conspirando para roubar Alcântara, EUA irão receber esse presente de seu capacho Em mais uma ação que denota que o governo golpista de Jair Bolsonaro é capacho do imperialismo, está na conspiração alinhada ao governo norte-americano pela entrega da Base de Alcântara.

“Democracia”: após muita repressão, governo Macron quer proibir protestos dos coletes amarelos Em uma medida profundamente antidemocrática, o governo de Emmanuel Macron, na França, proibiu manifestações dos “coletes amarelos” em bairro das cidades de Paris, Bordeaux e Toulouse, após uma grande repressão a manifestação dos mesmos no último sábado (16).



OPINIÃO | 3 EDITORIAL

Contradições do golpe: em acordo da Petrobras com os EUA, Lava Jato reconhece que prisão de Lula é ilegal O

acordo proposto entre os procuradores da Lava Jato e o governo norte-americano com a Petrobrás para criar uma Fundação de Direito Privado é mais um atestado de que aqueles à frente da operação são agentes do imperialismo e de que a operação como um todo é uma fraude – sobretudo a acusação e julgamento de Luiz Inácio Lula da Silva. Num acesso de descaramento, o procurador federal Deltan Dallagnol et caterva propuseram uma maneira de embolsar os valores supostamente recuperados pela Justiça a partir das condenações judiciais – nada menos de R$ 2,5 bilhões. É evidentemente uma operação criminosa que coloca a descoberto as verdadeiras intenções deste grupo cuja base de operação são ações

judiciais fraudulentas calcadas tão somente em delações compradas ou extorquidas das testemunhas em troca de dinheiro ou abrandamento de condenações falsas: agir politicamente de modo a perseguir, criminalizar e encarcerar as organizações e lideranças populares; quebrar, por meio de embargo de obras e campanhas difamatórias, setores da economia nacional competitivos internacionalmente: indústria petrolífera, construção civil pesada, agronegócio; apossar-se do dinheiro público por meio de fundações e fundos depositários dos valores envolvidos nos supostos casos de corrupção da Lava Jato. Mostrando seu envolvimento com o esquema, o ministro da Justiça Sérgio Moro – o Mussolini de Maringá – insistiu na criação de uma “Agência” para

COLUNA

Bolsonaro nos EUA: ajoelhou, rezou e não ganhou nada Por João Silva

A

política entreguista de Bolsonaro está avançando de maneira desenfreada. A visita realizada nesta semana aos Estados Unidos da América provocou o aprofundamento da política pró-imperialista do Governo Bolsonaro contra o povo brasileiro. Além de ter um caráter abertamente ideológico com declarações de Bolsonaro do tipo “estou me sentindo em casa” e do ministro entreguista da Economia, Paulo Guedes, “amamos os EUA”. A visita dos capachos bolsonaristas vai ter sérias consequências à soberania brasileira. O governo ilegítimo de Bolsonaro, autoproclamado patriota, é o mais capacho, entreguista, vendilhão e traidor do Brasil. O patriotismo e o nacionalismo bolsonarista não passa de uma fachada puramente propagandista para esconder que te fato este é um governo abertamente vendido aos interesses imperialistas no Brasil. Não foi só a entrega das estatais, como a Petrobrás e a bilionária reserva de petróleo do Pré-sal que estava em jogo e nem da Embraer. O encontro entre Bolsonaro e Donald Trump provou que governo ilegítimo está dominado por setores absolutamente pró-imperialistas. A entrega da Base de Alcântara para consumo irrestrito dos norte-americanos vai deixar o Brasil a mercê dos interesses da estratégia militar dos EUA na América Latina. Inicialmente contra a Venezuela, mas também contra qualquer país que não seguir à risca a cartilha do imperialismo. A entrada do Brasil na OCDE como país desenvolvido vai ser mais prejudicial que vantajoso para o País que

vai perder os poucos benefícios dos chamados países pouco desenvolvidos. A indicação para a OTAN vai colocar o território brasileiro no radar desta organização que só promove a guerra e a destruição por onde passa. E para completar tem a liberação do visto para os turistas norte-americanos sem a contrapartida de que os brasileiros turistas possam entrar livremente nos EUA. Neste ponto Bolsonaro declarou que os turistas norte-americanos são maravilhosos e os brasileiros são uma vergonha, insinuando que estes teriam interesses escusos em entrar na terra do Tio Sam. Bolsonaro demonstrou que faz parte de um setor da população brasileira que não possue nenhum tipo de estima pelo Brasil. A visita, extraoficial, à CIA, a fábrica de produzir golpes de estado em todo o mundo, ainda escancarou que o governo Bolsonaro vai ser teleguiado de perto pelos norte-americanos para satisfazer qualquer vontade do governo Trump. Os feitos de Bolsonaro em pouco menos de 100 dias de governo são muitos, conseguiu ser o mais odiado nas ruas, no carnaval e até nas pesquisas fraudadas, em toda a história do País. Está destruindo o País com uma velocidade alucinante e está revelando que o seu dito nacionalismo e patriotismo passam muito longe. A reação popular ainda é tímida, mas tem potencial para se desenvolver e dever ser amplamente estimulada, pois somente com o povo na rua será possível derrubar esse governo ilegítimo capacho do imperialismo.

gerenciar os bens apreendidos em operações jurídicas e policiais. É bem verdade que o uso de um fundo público é mais complexo que a gestão de uma fundação privada. O mecanismo – para usar o nome caro aos golpistas – é o mesmo, em todo caso: usar as Forças de Repressão como verdadeiras milícias encarregadas de achacar, perseguir e extorquir qualquer grupo que se coloque no caminho do avanço do golpe imperialista no Brasil. No caso da condenação ilegal de Lula, já foi comprovado: Léo Pinheiro, empresário da empreiteira OAS e autor do depoimento extorquido por Moro na acusação de Lula, pagou R$ 6 milhões para que os demais delatores para que alterassem seus depoimentos de modo a compatibilizá-los com

a versão construída pela Lava Jato. Tudo isso feito com a coordenação do Departamento de Justiça dos Estados Unidos, conforme vídeo do próprio ex-vice-procurador geral, Kenneth Blanco, que veio a público há um ano. A partir da exposição da organização criminosa coordenada por Dallagnol e Moro, a defesa de Lula já protocolou nessa semana novo pedido de declaração de nulidade dos processos contra o ex-presidente. É uma formalidade institucional que deve ser cumprida. Tal recurso judicial porém só será efetivo se impulsionado politicamente por uma ampla campanha de massas pela liberdade de Lula e pela deposição imediata de Jair Bolsonaro e de todos os golpistas, que ascenderam ao poder por meio da prisão ilegal do principal candidato.


4 | OPINIÃO E POLÊMICA

GOLPISTAS

Elogio de Bolsonaro à CIA e espionagem norte-americana são ataques à soberania nacional B

olsonaro iniciou a semana indo fazer uma visita à Casa Branca. Os assuntos retratados nesse encontro foram amplamente divulgados pela nossa imprensa, ele quer vender tudo que conseguir aos americanos, e fazer daqui um quintal para que os ianques consigam aumentar o domínio sobre o continente. O presidente fez uma transmissão ao vivo no facebook, junto ao seu filho Eduardo Bolsonaro enquanto estavam na América do Norte, nela eles elogiam a CIA (Central Intelligence Agency – Agência Central de Inteligência). Esse capachismo não pode passar despercebido, a CIA é responsável pela sabotagem de países em todos os continentes, é a maior causadora de guerras, golpes políticos, infração da soberania de vários países, e assassinato de líderes políticos e membros de partidos operários. A NSA (National Security Agency – Agência Nacional de Segurança), outro órgão de espionagem do governo dos EUA, foi responsável por grampear a ex-presidente Dilma e mais 28 envolvidos – ministros, secretários funcionários e até o avião presidencial – nos início de sua gestão. As informações foram divulgadas pela WikiLeaks, uma organização transnacional e sem fins lucrativos que investiga e vaza informações de governos e empresas sobre assuntos sensíveis, como espionagem, sabotagem infrações de leis internacionais etc. Julian Assange, jornalista e fundador da WikiLeaks, é fortemente perseguido pe-

los Estados Unidos, tendo que se refugiar no equador, e anteriormente outros países, devido a sua militância virtual que expôs diversos escândalos dos governo estadunidense. A CIA foi culpada por financiar os contrarevolucionários na América Central para combater o sandinismo, injetando cocaína nos bairros negros da periferia dos EUA como forma de arrecadação das milícias paramilitares e ao mesmo tempo sabotagem do movimento negro. O jornalista Gary Webb descobriu o caso e o expôs num pequeno jornal americano, por isso sofreu uma intensa perseguição e calúnia do órgão até morrer em circunstanciadas duvidosas. Também esteve envolvida com o orquestrame3nto dos golpes militares na América do Sul. Em suma é uma instituição que serve os interesses imperialistas dos EUA e persegue a esquerda no mundo inteiro. É a melhor arma do capitalismo dos Estados Unidos no plano internacional. Não existe lei nem código moral que breque os agentes da CIA. O encontro de Jair com Gina Haspel, atual diretora da agência de espionagem, não estava na agenda presidencial, já é um indício de que está se tramando um duro ataque contra a soberania brasileira, e a elaboração de um plano para aumentar a ofensiva contra a Venezuela, uma das principais pautas de Trump para o continente. Bolsonaro quer entregar os recursos naturais do país para o imperialismo, nosso pré-sal, o Aquífero Guarani

e chegou a declarar que a Amazônia, território rico em recursos geológicos e biológicos, cuja extensão corresponde à 40% do território nacional segundo alguns estudos, não seria nossa. Pouco a pouco os americanos vão se tornar donos do solo brasileiro, a entrega da base de Alcântra é alarmante nesse sentindo, pois além de ser uma arma poderosa para guerrear contra Maduro, é um importante instrumento de domínio sobre o Brasil. Ceder uma base militar brasileira à forças estrangeiras não havia sido feito desde a segunda guerra mundial, e mesmo assim foi feito sob enormes ressalvas e restrições. O presidente também aboliu a reciprocidade entre o tratamento que os brasileiros dão aos estrangeiros. Esse princípio diplomático estabelecido no governo Lula pautava que se fosse exi-

gido visto para os brasileiros entrarem em algum país, o mesmo seria requerido para os viajantes desses país quando viessem visitar o Brasil. O tratamento que o brasileiro recebia no exterior seria replicado para os estrangeiros. O fim dessa política explicita o entreguismo e capachismo de Bolsonaro. Para os fascistas que governam o país, tudo aos americanos e nada para os brasileiros, em troca de algumas moedas estão dispostos a darem o comando do país para os americanos. São verdadeiras prostitutas governando. tirar a aposentadoria, os direitos, o salário, a saúde e a educação é o mínimo que eles pretendem fazer. Se for necessário não haverá mais necessidade em espionar o Brasil, Bolsonaro e sua trupe de palhaços vão s encarregar em passar todos as informações sigilosas em primeira mão.

LUTAR POR UM GOVERNO PERÁRIO

Um governo operário faria o exato contrário do que Bolsonaro está fazendo em relação aos EUA A

presença do presidente eleito pela fraude e pela manipulação aos Estados Unidos, Jair Bolosonaro, encerrada no dia de ontem, foi o coroamento dos objetivos do golpe para o Brasil. Servilismo seria pouco para qualificar a presença de Bolosnaro e sua patota em solo norte-americano. Um dos porta-vozes das Organizações Globo, Merval Pereira, publicou em seu blog matéria com o título “Como criança na Disney”, já a jornalista Miriam Leitão, classificou o acordo comercial entre os dois entre os dois países como “desequilibrado” e ainda citou uma declaração textual de um diplomata brasileiro: “demos tudo, não levamos nada”. Aqui estamos nos referindo ao grupo de comunicação cabeça do golpe de Estado no Brasil, portanto, insuspeita na defesa dos interesses imperialistas no país. Obiamente que o caso da Globo não é um mea-culpa. Na realidade a política de defesa dos interesses econômicos e político norte-americanos no país pelo governo Bolsonaro é

de tal magnitude, que a própria família Marinho se vê na contingência de tecer um determinado nível de críticas na tentativa de encobrir os própositos do próprio golpe de Estado. Bolsoanaro foi o plano B do golpe para as eleições. Diante do fracasso dos golpistas em impor o seu verdadeiro candidato, que seguiria os mesmos passos do desastrado capital presidente, mas com uma roupagem mais comedida. O eleito pelo golpe e pela fraude entrou de cabeça ou como citou o próprio porta-voz das Organizações Globo, “como pinto no lixo”. Na etapa extrema-direita do golpe Bolonaro foi aos EUA e sacramentou a entrega da Base de Alcântara, que teria como fundamento central permitir ao Brasil desenvolver um programa próprio para lançar satélites. Também assinou diversos acordos comerciais, abriu mão ainda de diversos vantagens na Organização Mundial do Comércio (OMC), que prejudicará, inclusive, setores golpistas da burguesia nacional, mas o que

fez, podemos dizer, foi representa apenas um ou alguns tentáculos do golpe. Desde 2016, o golpe já produziu muito contra o país. Os ataques a Petrobrás, uma empresa estatal que detém a tecnologia mais avançada de prospecção de petroleo em alto-mar, que detém uma imensa rede nacional de refino e que nesse momento, com a descoberta do pré-sal, conta com uma das maiores reservas de petroleo do mundo. Essa foi a alma do negócio do golpe! E não apenas no Brasil, mas também na Venezuela. Um outro caso, esse já mais antigo, mas também resultado da política neoliberal do final dos anos 90, é a Vale, a antiga estatal Vale do Rio Doce. Que o diga o assassinato em massa resultado do rompimento de uma barragem de resíduos em Brumadinho, Minas Gerais. Esse é o significado de uma empresa privada. Roubar os recursos naturais, expoliar os trabalhadores, e, ao final, afogar todos no mar de lamas.

Diante da barbárie capitalista, para os trabalhadores só têm uma saída. Lutar por um governo próprio. Controlar as empresas e as riquezas do país e colocá-las a serviço de uma verdadeira libertação nacional. Para começar, tudo que foi entregue tem que ser reestatizado e colocado sob o controle dos trabalhadores. Um governo operário seria internacionalista e solidário à classe operária do mundo inteiro, mas defenderia a soberania nacional diante do imperialismo enquanto o imperialismo perdurar, coisa que a sburguesias nacionais de países atrasados não são capazes de fazer. Por isso só um governo operário pode enfrentar o imperialismo e adotaria um programa correspondente a essa tarefa.


POLÍTICA| 5

GOVERNO ILEGÍTIMO

Bolsonaro quer entregar o País para os EUA. Pela soberania nacional, fora Bolsonaro! O governo ilegítimo de Jair Bolsonaro, resultado uma “incrível vitória eleitoral”, segundo o presidente dos EUA Donal Trump, que nada mais foi do que uma “incrível” fraude que teve como ponto central deixar de fora das eleições o candidato que o povo queria votar, Lula, deu em sua visita aos EUA provas irrefutáveis de que seu governo não é um governo do Brasil, defensor dos interesses do povo brasileiro e nem mesmo de uma minoria dos brasileiros (como é comum nos governos capitalistas que representam os interesses dos grandes capitalistas de cada País e dos seus “aliados” internacionais”). Ficou provado, por “A+B” que o governo atual não é mais que um governo de intervenção, à serviço dos grandes capitalistas norte-americanos. Não apenas age como um servo de Donald Trump, não escondendo sua admiração e submissão ao seu “chefe”, como se mostra disposto a atender às suas ordens às custas dos sacrifício dos interesses do povo brasileiro, inclusive de setores do grande capital, abrindo mão da própria soberania nacional, para satisfazer os vorazes apetites dos EUA, diante do avanço da crise histórica do capitalismo. Por detrás de show de servilismo e submissão pessoal do presidente e dos seus assessores, o governo golpista apontou para alguns pontos que buscam intensificar a entrega que o regime nascido no golpe de Estado de 2016 já vem realizando com a entrega do petróleo do pré-sal, privatizações etc. Destacamos alguns dos pontos centrais daquilo que foi divulgado. Fim da exigência de vistos para ingresso no Brasil Bolsonaro, anunciou na viagem uma medida unilateral de dispensar aos EUA e outros países imperialistas um privilégio, em geral imposto pelas impérios às suas colônias: “governo brasileiro concedeu a isenção de vistos para os norte-americanos”a pretexto de “estimular turismo e negócios”, afirmou.

A medida do governo prevê que cidadãos dos Estados Unidos, Canadá, Japão e Austrália entrem no Brasil sem exigência de visto., medida já vinha sendo estudada pelo governo golpista de Michel Temer e que recebeu resistência de setores golpistas do Itamaraty e dos capitalistas brasileiros, uma vez que não prevê qualquer reciprocidade, ou seja, o Brasil não recbe nada em troca, como a possibilidade de que os brasileiros possam ingressar livremente nesses países, como seria comum em uma negociação real que não fosse apenas um uma demonstração de servilismo diante dos países ricos. Contra a Venezuela e todos os latinos Em todas as questões que dizem respeito à America Latina, Bolsonaro se colocou claramente como um súdito, sem qualquer autonomia do governo dos EUA. No comando do governo brasileiro, Trump usou a visita para expor a submissão dos governo do Brasil aos interesses dos EUA, no exato momento em que impôs novas sanções contra a Venezuela, destacando que entre as “nossas prioridades mutuas” (dele e de Bolsonaro) está a Venezuela; agradecendo que o “Brasil foi uma das primeiras nações que reconheceram o governo Guaidó”, ou seja, que apoiou a tentativa de golpe de Estado naquele país, organizada diretamente pelo governo norte-americano contra o governo legítimo de Nicolas Maduro. Indo longe na farsa, Trump, agradeceu a “participação do Brasil na ajuda humanitária” fraudulenta que não chegou à Venezuela, mais que, segundo suas palavras, “alimentou milhares de venezuelanos famintos”. Bolsonaro não economizou em mostrar que está à disposição de Trump e dos EUA. Interrogado, em entrevista coletiva, se o Brasil apoiaria os EUA “em uma intervenção militar na Venezuela”, Bolsonaro, atacou a Venezuela e todos os latinos e se colocou à disposição de Trump (mesmo sem ter o

apoio sequer da maioria das FFAA brasileiras) e se gabou da atitude ilegal de permitir que o território brasileiro fosse usado pelos EUA nas provocações contra o povo venezuelano afirmando que “permitiu que alimentos dos EUA fosse deslocados por Roraima” durante a tentativa fracassada da operação fracassada da “ajuda humanitária. Em sua viagem, Bolsonaro também atacou todos os povos latinos, chamando venezuelanos, mexicanos, brasileiros etc, que migram para os EUA de uma “vergonha” e defendeu a construção do muro na divisa dos EUA com o México, que Trump não consegue aprovar nem mesmo no Congresso norte-americano, onde encontra resistência até mesmo de seus aliados, republicanos. A fraude da OTAN e OCDE x Perdas de garantias da OMC

Trump encenou agrados (sem qualquer base real e material) a Bolsonaro, que se contentou apenas com conversa do seu “chefe”. Disse que vai “designar o Brasil como principal aliado que não é da OTAN” – um status inexistente formalmente e que, portanto, não quer dizer nada – e disse esperar uma “parceria mais profunda”, ou seja, que o Brasil se colocasse formalmente sob o comando dos EUA, deixando de lado qualquer independência formal. Cobrou, sempre com a aquiescência de Bolsonaro, que o Brasil que elimine o que ainda existe barreira comerciais, que ofereçam ainda alguma proteção à economia brasileira contra a devastação que pode ser provocada pelo ingresso ainda maior e sem barreiras do grande capital norte-americano. Assim, no final da visita, foi anunciado que os EUA estaria disposto a apoiar a pretenção do governo golpista de que o Brasil integre a OCDE – Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico, organização controlada pelos principais países capitalistas do mundo (minoria), com o objetivo de impor seus interesses sobre o conjunto dos demais países. EM troca, sem nenhuma garantia da parti-

cipação na OCDE e sem que essa possível participação garanta qualquer ganho para o País, Bolsonaro decidiu abriu mão de pequenos benefícios asseguradas pela OMC – Organização Mundial do Comércio, a países mais pobres, considerados “em desenvolvimento. Uma situação que deve gerar significativos prejuízos a importantes setores exportadores brasileiros, como é o caso da agricultura. Entrega da Base de Alcantara Trump comemorou e a agradeceu a celebração de um “acordo para que empresa dos EUA possam lançar foguetes do Brasil”, elogiando o “local maravilhoso”, com o que “vamos [os EUA] economizar muitos recursos” pelo que “agradecemos a parceria do Brasil”. A medida abre caminho para a instalação de uma base militar dos EUA no Brasil e não assegura nada ao País, que ainda seria proibido de dar andamento ao seus projeto de lançamento de foguetes e não teria permissão, dos EUA, para usar a sua base para fins militares. O chamado Acordo de Salvaguardas Tecnológicas, sobre o uso, pelos EUA, da base de Alcântara, no Maranhão, para lançamentos aeroespaciais, vinha sendo negociado há décadas, foi aprovado no famigerado governo de FHC, mas foi rejeitado pelo Congresso Nacional, então dominado pelo centrão, por ser demais entreguista. Defender a soberania nacional O governo Bolsonaro, em crise, debilitado e com declinante apoio popular (que nunca foi majoritário) é cada dia mais uma ameaça aos interesses nacionais. Fica evidente que a importância decisiva de denunciar a politica entreguista e antinacional do governo ilegítimo de Bolsonaro e dar forma organizada e massiva do sentimento crescente na população de que é preciso se livrar do governo Bolsonaro para impedir o maior retrocesso de todos os tempos nas condições de vida e trabalho da imensa maioria da população. Pela soberania nacional, fora Bolsonaro!


6 | POLÍTICA

CAPACHO

Após anos sabotando e conspirando para roubar Alcântara, EUA irão receber esse presente de seu capacho E m mais uma ação que denota que o governo golpista de Jair Bolsonaro é capacho do imperialismo, está na conspiração alinhada ao governo norte-americano pela entrega da Base de Alcântara. Assim como fora denunciado as negociações corriam em segredo, portanto, de fato uma conspiração no que diz respeito a base militar. Houve anúncio acerca disso em janeiro, mas evidentemente já corria muito antes do mesmo. Alguns destaques importantes do então acordo entreguista, discorrem claramente como o país estaria subjugado aos comandos dos EUA com relação a certas ações realizadas na base. Um dos trechos do acordo afirma “não permitirá o ingresso significativo, qualitativa ou quantitativamente, de equipamentos, tecnologia, mão-de-obra, ou recursos financeiros, no Centro de Lançamentos de Alcântara, provenientes de países que não sejam Parceiros

(membros) do Regime de Controle de Tecnologia de Mísseis, exceto se de outro modo acordado entre as partes” ou seja, é um estreito alinhamento ao imperialismo. O interesse dos EUA com a Alcântara é muito claro, buscam instalar uma base militar norte-americana no país para justamente ter um maior controle do país, exercendo sua soberania em detrimento do esmagamento da que deveria existir no país. Esse fato se confirma, quando é mostrado na prática que os mesmos não necessitam de instalações para lançamentos ou algo relacionado, deixando claro que o objetivo é estar presente no máximo de países exercendo domínio sobre eles, isso se demonstra pelas inúmeras bases militares que o país tem pelo mundo a fora e que finalmente são pontos estratégicos para o imperialismo intervir. No Brasil, não é diferente , a base de Alcântara tem localização crucial para o

MARIONETE DO IMPERIALISMO

imperialismo norte-americano em sua política de ataca na América do Sul. Depois de anos e sabotagem à base, o imperialismo encontrou um capacho que pudesse entregar a base e a soberania nacional de bom grado, esse é o caráter

primeiro do fantoche da extrema-direita que foi eleito pela fraude eleitoral. É preciso levantar a palavra de ordem em defesa do soberania nacional, e para isso é preciso chamar o Fora Bolsonaro e todos os golpistas.

ENTREGUISMO

Bolsonaro é tão capacho que Brasil Acordo de importação de trigo com pode aderir à OTAN como uma verdadeira os EUA: entreguismo de Bolsonaro marionete dos EUA desagrada latifundiários

O

governo golpista de Bolsonaro, eleito pela fraude que foi a retirada de Lula nas eleições, segue dando inúmeras demonstrações de ‘capachismo’. Reuniões ‘secretas’ (!) com a CIA, entrega da Base de Alcântara para os norte-americanos, entrega de presente para o Trump ‘camisa 10’, são muitos os casos, que mostram que Bolsonaro não passa de um cão perfeitamente adestrado pelos norte-americanos. A escandalosa reunião com Trump teve como desdobramento a declaração do presidente dos EUA, que afirmou que pretende trabalhar para aproximar o Brasil da OTAN. Em matéria publicada (COLOCAR https://g1.globo. com/politica/noticia/2019/03/19/trump-bolsonaro-washington-casa-branca. ghtml) pelo portal G1, da golpista Globo, além de ver Trump afirmar que pretende trazer o Brasil para a OTAN, pudemos ver também Bolsonaro discutindo extensamente a possibilidade de participação brasileira na agressão militar imperialista à Venezuela. Devemos denunciar essa aproximação do Brasil à OTAN como um ataque duríssimo à toda a população brasileira, latino-americana e todos os demais povos que entrarem em conflito com os EUA e demais membros do bloco. Os países que compõe a OTAN tem a responsabilidade de aderirem a uma guerra quando um de seus membros é atacado por uma força exterior. Esta regra permite envolver o Brasil em diversos conflitos militares mundo afora. Trata-se de uma ameaça verdadeiramente assombrosa.

A

Isto significa que, uma vez que o Brasil seja um membro da OTAN, se os EUA entrarem em uma guerra contra a Venezuela, teremos que aderir ao lado dos norte-americanos. É, portanto, uma ameaça concreta, visto que o imperialismo norte-americano, embora tenha recuado momentaneamente, não parece ter desistido da intervenção estrangeira no país governado por Maduro. O governo Bolsonaro vem trilhando o mesmo caminho que a Colômbia, que se aproximou da OTAN recentemente, com a possibilidade de ingressar como um membro efetivo do bloco. Além de todas as consequências nefastas que a entrada na OTAN traria para o Brasil e para a Colômbia, convém destacar que isso viola os próprios tratados sul-americanos, que estabelecem que a nossa região é uma zona de paz. A OTAN é um instrumento de guerra do imperialismo, e a entrada do Brasil neste bloco, além de confirmar que o governo Bolsonaro é totalmente subalterno aos interesses dos EUA, vai provocar uma profunda crise em todo o continente sul-americano.

viagem do presidente golpista Jair Bolsonaro (PSL) aos Estados Unidos, em um encontro com Donald Trump, deixou claro o caráter submisso do governo fraudulento aos interesses dos norte-americanos. Foi acordado que o Brasil importará uma cota de trigo sem tarifas dos EUA, o que prejudicará países do Mercosul que exportavam trigo para o Brasil, caso da Argentina e do Uruguai. Dentro das regras do Mercosul, o Brasil teria que aplicar 10% de tarifa sobre a importação para um país não-membro do bloco. Contudo, é o início da destruição do próprio Mercosul e de setores da economia nacional, expostos à

CHARGE

concorrência destrutiva dos EUA, que subsidiam e protegem vários setores de sua economia, enquanto exigem o fim do subsídio estatal para os outros países. Além do trigo, os norte-americano querem mais abertura econômica e o fim de da taxação do etanol deles. O setor do agronegócio, fração da burguesia que apoiou o golpe de Estado e a eleição fraudulenta, será duramente atingido pelas medidas do governo, expostos à concorrência de um país imperialista, infinitamente mais poderoso. Bolsonaro avança em direção à política de terra arrasada na economia nacional.


POLÍTICA | 7

POLICIAL DENUNCIA COMO A PM FUNCIONA

Um órgão fascista para matar o povo pobre U

m relato de um policial paranaense publicado no portal online Justificando, revela o caráter abertamente repressor e violento da Polícia Militar. Uma das frases escritas pelo Policial em seu relato é que a PM “está em uma guerra ideológica para matar pobre”. Em sua descreição o PM conta que em 2016 ingressou na corporação e logo assumiu o comando de uma companhia que tinha por objetivo cuidar da região metropolitana de Curitiba. Durante o período que esteve à frente deste comando, o PM conta que presenciou uma série de irregularidades e arbitrariedades praticadas pelos comandantes e os policiais: “estou me referindo a distribuição de efetivo pela malha feita de maneira irresponsável, o que no final gera mortes e assaltos; refiro-me ao uso político das forças de segurança, realizando operações que aparecem muito, mas que não solucionam nada; refiro-me a vistas grossas para a corrupção policial, condenando os policiais novatos a experiências terríveis dentro da viatura; refiro-me a vistas grossas para execuções e torturas; refiro-me a métodos de fiscalização obsoletos e ineficientes;

dentre outras coisas.” Descreve o policial. Após fazer um conjunto de denuncias do que estava ocorrendo, o PM, que havia pedido para ser afastado do cargo, foi mandado para uma unidade de policiamento escolar. Nesta unidade os problemas continuaram. O policial denunciou, por exemplo, o caráter repressor e ineficaz do programa PROERD. O Programa Educacional de Resistência às Drogas, que tem sua origem nos EUA, na década de 1980, foi importado para o Brasil em 1992. O policial destaca, por exemplo, a influencia religiosa no interior da proposta. Conta que os policiais que participavam do projeto eram obrigados à frequentar a igreja, aqueles que se opusessem eram repreendidos. O PM destaca ainda que os estudos sobre o programa revelam a sua total ineficiência. “Os adolescentes que passaram pelo programa usaram mais drogas na vida adulta do que os que não passaram”. Ressalta ainda que a proposta não passa de instrumento de propaganda das ideias conservadoras, da extrema-direita e da própria religião.

Após ser transferido também deste cargo por conta das denuncias que fazia o PM contraiu depressão. Durante o tratamento entrou em contato com policiais nas mesmas condições que a sua. Foi então que conheceu histórias parecidas com a sua. Os policiais relatavam para ele as práticas de torturas e assassinatos que eram obrigados a fazer para continuar na corporação. Há o relato também dos chamados batismos. Um policial novato tem que demonstrar para seus superiores que é capaz de estar no cargo. Para que seja aceito sua missão é ir em alguma periferia e assassinar uma pessoa. Este é o batismo da corporação.

O PM conclui seu relato com a seguinte trecho: “somos treinados com o mantra BANDIDO BOM É BANDIDO MORTO, mas eu nunca vi um policial sair para executar um deputado bandido, um juiz que vende sentença, um senador que é chefe de tráfico. E eu não espero que saiam. O que eu quero demonstrar é que você, policial, está sendo enganado. Você está numa guerra ideológica para matar pobre. Não é bandido bom é bandido morto, mas sim, pobre bom é pobre morto. Você está sendo manipulado.” O relato corrobora o fato de que a PM não passa de uma instituição assassina da população pobre, negra e trabalhadora. Sob o pretexto de combater a violência, os policiais são “treinados” dentro de uma política de extrema-direita e de caráter fascista. A política extremamente repressiva no interior da policia fica expressa na ação dos policiais contra o povo. O número de mortos pelos policiais tem aumentado consideravelmente nos últimos anos, principalmente após o golpe de estado. A PM é uma instituição inimiga da população pobre, a única alternativa possível é a sua dissolução. É preciso por abaixo todo esse aparato repressivo. É preciso colocar a segurança sob controle da própria população, por meio das milicias populares, organizadas nos bairros operários.

MILITARES

Escolas militares são controladas por bolsonaristas: professor é afastado por criticar leitura de lema de Bolsonaro N

o dia 8 de março desse ano, o professor de geografia Wellington Divino Pereira, de 39 anos, foi afastado do cargo que ocupava no Colégio Estadual Militar Américo Antunes, em São Luís dos Montes Belo, no centro de Goiás. O motivo? Simplesmente ter discordado do slogan do governo ilegítimo de Jair Bolsonaro: “Brasil acima de tudo, Deus acima de todos”. O acontecimento que deu origem ao afastamento de Wellington Pereira ocorreu no dia 27 de fevereiro. Segundo os relatos, os alunos do colégio foram obrigados a ouvir a execução do Hino Nacional e a escutarem o diretor

da unidade e capitão Eduardo Alves ler a carta enviada pelo Ministro da Educação, Ricardo Vélez Rodriguez. Depois desse rito grotesco, o diretor perguntou se alguém queria se manifestar. Wellington Pereira, então, pediu a palavra e criticou a leitura do documento. O Colégio Estadual Militar Américo Antunes é uma das várias instituições de ensino que se encontra nas mãos dos militares. E é justamente por isso que o professor foi aberrantemente afastado: conforme denunciado sistematicamente por este Diário, as escolas militares servem para impor um clima de terror dentro da sala de aula

e impedir que qualquer oposição ao governo golpista se manifeste. As escolas do Distrito Federal, que estão, muitas delas, sob intervenção direta das Forças Armadas, fornecem exemplos infinitos de até onde vai o sadismo e o autoritarismo dos diretores militares. Professores e, sobretudo, professoras, são constantemente ameaçados. Ao mesmo tempo, há casos até de alunos que tiveram de urinar na sala de aula por não poder sair antes do intervalo. Segundo Wellington Pereira, ele já vinha sendo perseguido desde o ano passado. O próprio coordenador pedagógico da escola havia dito que Wel-

TODOS OS DIAS ÀS 10H NA CAUSA OPERÁRIA TV

lington Pereira tem “dificuldade de seguir regras” e que seu “perfil” era de um doutrinador marxista. A questão da suposta doutrinação marxista nas escolas é mais uma das mentiras fabricadas pela direita. Os professores decididamente esquerdistas não são maioria nas escolas e, ao mesmo tempo, têm toda e qualquer tentativa de discutir seriamente as contradições da sociedade capitalista cerceada. E o caso da escola mostra bem isso: como é a direita que está controlando as escolas, qualquer um que se apresente de maneira contraria ao governo será afastado.


8 | INTERNACIONAL

“DEMOCRACIA”

Após muita repressão, governo Macron quer proibir protestos dos coletes amarelos E

m uma medida profundamente antidemocrática, o governo de Emmanuel Macron, na França, proibiu manifestações dos “coletes amarelos” em bairro das cidades de Paris, Bordeaux e Toulouse, após uma grande repressão a manifestação dos mesmos no último sábado (16). A proibição foi anunciada pelo Primeiro-ministro da França, Edouard Philippe, nesta segunda-feira (18), em pronunciamento na televisão. Philippe assim se exprimiu: “a partir do próximo sábado 23 proibiremos protestos dos coletes amarelos nos bairros mais atingidos assim que identificar-

mos a presença de grupos radicais que querem causar danos” . O Primeiro-ministro ainda informou que a medida é por tempo indeterminado. Entre a áreas proibidas encontram-se a avenida Champs-Elysées em Paris, a Praça Neuberg em Bordeaux e a Praça do Capitólio em Toulouse, centros nevrálgico da atividade econômica da grande burguesia francesa e o por isso alvo da revolta popular contra os ricos, que o governo representa. O movimento dos coletes amarelos, que teve início em novembro do ano passado, tem colocado o go-

verno em xeque, mostrando a impopularidade deste, denunciando seu compromisso exclusivo com os bancos e a grande Burguesia francesa e europeia em detrimento do povo francês. No último sábado, na 18* manifestações seguida, várias lojas foram pilhadas e incendiadas em Paris, em resposta à política neoliberal de Macron que pune o povo francês, e a política de repressão que o governo tem levado contra o povo. Curiosamente, a França, que a burguesia europeia procura mostrá-la como exemplo de democracia e esta-

bilidade, contrastando com o que chamam de ditadura, como a Venezuela e a Rússia, pretendem cassar o direito fundamental de manifestação do povo para proteger o patrimônio de meia dúzia de capitalistas, o que na verdade constitui o ápice da tirania contra o povo e em favor dos ricos.

CICLONE EM MOÇAMBIQUE

21 DE MARÇO DE 1871

A opressão do imperialismo causa tanta catástrofe quanto um desastre natural

Otto von Bismarck assume como chanceler da Alemanha, depois de unificar o país

O

sudeste africano (Moçambique, Zimbabwe, e Malawi) está sendo atingido pela passagem do ciclone Idai, desde a última quinta-feira (14). O ciclone já vitimou mais de 450 pessoas (número que pode crescer exponencialmente) e estima-se que afetou diretamente outras 1,7 milhão nos três países. Contudo a região mais afetada pelos fortes ventos, que chegaram a 177 quilômetros por horas, é pelas chuvas torrenciais foi a Costa Central de Moçambique, o país confirmou mais de 200 mortes e milhares de desabrigados. O presidente da República de Moçambique, Filipe Nyusi (FRELIMO), que pretende decretar Estado de emergência Nacional, afirmou que a cifra de vítimas fatais pode chegar a mais de 1000, neste que está sendo classificado como a maior crise humanitária do sudeste africano em duas décadas. A importante cidade portuária Beira, uma das mais modernas e segunda maior cidade do país, com 500.000 habitantes, atrás apenas da capital Maputo, foi a mais afetada pelo Ciclone. A maior parte da infraestrutura da cidade foi afetada ou destruída, não há água potável e nem energia elétrica. Nos distritos vizinhos a Beira que também foram atingidos milhares continuam a em telhados ou em copas de árvores. Parte substantivas das casas foram destruídas pelas águas e pelo vento ou encontram-se inundadas, por conta das inundações causadas pelo transbordamento dos rios Búzi e Pungue. As equipes de resgate trabalham para resgatar os sobreviventes, refugiados em telhados ou em copas de árvores. O governo decretou três dias de luto nacional e exortou a população a unir-se para superar a tragédia. No Zimbábue foram registrados 98 mortes, número que poderá subir. No Malawi há pelo menos 150 mortos e 80.000 desabrigados. Os resultados catastróficos do Ciclone sobre a população de Moçambique e do sudeste africano, contudo, não devem ser atri-

buídos exclusivamente às forças cegas da natureza. Trata-se sobretudo, da exploração imperialista brutal que este países foram historicamente submetidos e da corrente do subdesenvolvimento, atraso que o imperialismo os atou. Moçambique, por exemplo, foi Colônia de Portugal até 1975, quando a revolução libertou o país do jugo estrangeiro. O país, contudo, extremamente pobre ficou ainda nao debilitado com os 10 anos de luta armada que terminou com a independência. Samora Machel, primeiro presidente da República popular de Moçambique, líder da Frelimo Frente de Libertação de Moçambique) herói nacional promovem uma série de transformações na economia que deram impulso ao país. Porém o imperialismo, em especial francês e Norte Americano financiaram a oposição, impulsionaram uma Guerra Civil que durou 20 anos e devastou a infraestrutura do país. Com a morte suspeita de Samora Machel em 1986 começou-se as negociações para o fim da guerra civil, o governo da FRELIMO, partido único do país, começou uma série de transformações econômicas impostas pelo imperialismo no sentido neoliberal, se bem que não tão profunda como o imperialismo pretendia. Com fim da guerra Civil nos anos de 1990, Moçambique passou a ser um país multi partidário e a Renamo, partido dos opositores a serviço do imperialismo, que desfecharam a guerra Civil, o segundo partido do país. O imperialismo procurou a todo momento manter Moçambique como uma país atrasado e pobre, intervindo violentamente para isso. Esse atraso imposto é um dos principais responsáveis pela extensão da tragédia, que poderiam ser grandemente minimizada caso o país dominasse a tecnologia e possui-se a infraestrutura mais avançada. Os crimes do imperialismo se dão direta e indiretamente, pelo que ele faz e pelo que impede a todo custo os países atrasados de fazerem.

N

o ano de 1862, o kaiser Guilherme I nomeou Otto von Bismark primeiro-ministro da Prússia. Naquela época, a Alemanha estava dividida em diversas nações, e a Prússia era apenas uma delas, ainda que a mais bem equipada militarmente e mais organizada politicamente. Bismark foi uma das apostas de Guilherme I para continuar no trono. Em 1864, Bismark empreendeu uma campanha bem-sucedida contra a

Dinamarca pela posse do Schleswig-Holstein; dois anos depois, derrota a Áustria, o que faz da Prússia a principal nação do mundo de língua alemã. Por fim, derrota a França em 1870, na guerra franco-prussiana. Um ano depois, Bismark unifica a Alemanha. A unificação alemã levará o país até ao final do século XIX a se tornar a nação mais industrializada da Europa, chegando a superar até mesmo o Reino Unido.

TODAS AS SEGUNDAS-FEIRAS, 12H30

TODAS AS SEXTAS-FEIRAS, 14H00


MOVIMENTO OPERÁRIO E CULTURA|9

SÃO PAULO

Professores municipais de Cubatão entram em greve O

s professores municipais de Cubatão, município do litoral de São Paulo, entraram em greve na manhã desta quarta-feira (20). Essa é a segunda paralisação esse ano, pois a prefeitura ficou de enviar um projeto de lei que aumenta em 30% as gratificações de quem tem nível superior. Para os professores, a administração municipal descumpriu os seguintes acordos: não encaminhou o projeto de lei para a Câmara para recomposição das perdas salariais; não fez os pagamentos de ampliação de jornada e carga suplementar; não suspendeu a tramitação das revisões de aposentadoria dos professores.

ECT

O objetivo é entregar para empresários parasitas a educação tudo que for possível, lucrar e os que não servirem para esse propósito serão sucateados até o ponto de se tornar insustentável para a população e para os servidores. A intenção da direita golpista é acabar com tudo o que é público e beneficiar meia dúzia de capitalistas em crise às custas dos trabalhadores e de toda a população em geral. Após o golpe, somente a mobilização dos trabalhadores pode barrar esses e todos os retrocessos promovidos pelos golpistas. Fora Bolsonaro e todos os golpistas!

CULTURA

General golpista fala em demitir Plano de incêndios futuros: Doria 21 mil trabalhadores dos Correios quer privatizar o Museu do Ipiranga imediatamente A O general Juarez Aparecido de Paula Cunha, golpista que assumiu no final do ano passado (2018) a presidência da ECT (Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos) deu esta semana uma declaração, ao jornal golpista Folha de S. Paulo, de que os Correios precisa demitir 20 mil trabalhadores. Na declaração, o golpista general afirma que o “número mágico” ideal de trabalhadores para a ECT é de 85 mil funcionários, ou seja, o general prepara a demissão de 20 mil pais e mães de família, pois a ECT funciona hoje com 106 mil trabalhadores para dar conta da entrega de cartas, encomendas e serviços de todo o país, além dos serviços internacionais. Segundo os golpistas as demissões serão realizadas por etapas. Primeiro vão fechar quase 500 agências próprias dos Correios, e tentarão demitir os trabalhadores dessas agências e de cargos que vão extinguir através de um PDI (Pedido de Demissão Incentivada) “especial”. Depois vão atrás dos trabalhadores que estão doentes, que adoeceram na empresa com o argumento fascista de que estes trabalhadores são falsos doentes. Segundo o general golpista, a ECT montou um esquema de “araponga”, investigação contra todos os médicos que atenderem pacientes dos Correios. “Temos um levantamento de todos os médicos que dão guia de dispensa” afirmou o general à imprensa. E por fim, não foi declarado na reportagem, mas já está acontecendo na prática, a ECT vai ressuscitar todos os processos administrativos contra trabalhadores que tem o perfil questionador, que luta pelo seu salário e contra a destruição da ECT, através de greve e manifestações, em Campinas um delegado sindical acaba de ser demitido, por um processo antigo, que não possuía nenhuma gravidade.

O general golpista dos Correios se mostra um cínico e mentiroso, como todos os golpistas que estão no governo Bolsonaro, discursou em sua posse de que era contra a privatização da ECT, mas atua na prática para acabar com a empresa, já que a demissão de trabalhadores dos Correios visa somente o enxugamento de gastos de uma empresa que só cresce, precisando da contratação do dobro de trabalhadores que possui. E pior, usará os métodos da época da ditadura militar para atacar os trabalhadores da empresa, afim de que eles não se levantem contra a entrega desse patrimônio do povo brasileiro que é a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos. Contra o general e a destruição dos Correios é necessário a organização da categoria ecetista em comitês de luta contra o golpe, com a palavra de ordem de Fora Bolsonaro e todos os golpistas!

Secretaria da Cultura do governador fascista do Estado de São Paulo, João Doria, está estudando uma forma de privatizar o Museu do Ipiranga, que hoje recebe recursos e é administrado pelo Estado, via Universidade de São Paulo. A proposta da gestão direitista consiste em conceder Museu do Ipiranga para a iniciativa privada, na forma de Organização Social (OS), Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP) ou fundações. Para defender essa proposta, o Secretário da Cultura da gestão do fascista Doria, Sérgio Sá Leitão, declarou na imprensa golpista do Estadão que todos querem que o museu tenha uma gestão profissional. O modelo 100% estatal de gestão de museus e centros culturais não funciona. Não há um exemplo de instituição que funcione com qualidade e excelência que tenha esse modelo. Se você está em um órgão público, o seu orçamento está no orçamento geral daquele órgão público. Então, se precisar tirar dinheiro do Museu para pagar o salário dos professores da USP, isso vai acontecer e o museu vai sofrer. Essa é mais uma das justificativas inconsistentes da direita que deixa de destinar recursos para a Educação e Cultura sob alegação de que não há orçamento, mas que destina quase metade do dinheiro público para pagar bancos. Dessa maneira não haverá mesmo recursos para pagar os funcionários das universidades públicas.

Outro argumento falso do secretário é a de que a gestão pública dos museus não funciona. Isso não é verdade, mesmo porque, apesar do incêndio no Museu Nacional do Rio de Janeiro em 2018, administrado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, os museus da Língua Portuguesa e o Memorial da América Latina pegaram fogo, respetivamente, nos anos de 2015 e 2013. Estes dois museus são administrados pela iniciativa privada. O que se tem que concluir é que a política direitista procura enxugar os gastos para a educação e cultura. Forçando os organismos públicos a operar sem recursos financeiros, resultando no incêndio do Museu Nacional do Rio de Janeiro no ano passado. Mesmo com a privatização, não há melhora na conservação do patrimônio cultural e na prestação do serviço público, podendo, inclusive, caso seja privatizado, ser cobrado ingresso para acesso ao museu, impedindo o acesso gratuito da cultura pelo povo. Tanto a nível federal, com o governo ilegítimo do Bolsonaro, quanto a nível estadual a política de privatização dos direitistas e golpistas está alcançando todos os organismos públicos, que estão sendo entregues de bandeja para os capitalistas. Como se pode ver, neste caso, uma parte do acesso popular à cultura está sendo ameaçada pela privatização. Sucatear para privatizar é o lema seguido por essa direita que não gosta de prestar serviços de educação e cultura de qualidade para o povo.


10 | ESPORTES ESPORTES

De olho na grana, FIFA quer mundial interclubes com 24 participantes em 2021

S

empre disposta a esforços no sentido de viabilizar os interesses capitalistas no futebol, a FIFA está lançando mais uma cartada para levar adiante uma nova operação de grande envergadura envolvendo o esporte mais popular do mundo. Desde que foi inaugurada a gestão liderada pelo suíço Joseph Blatter (1998-2015), a FIFA ampliou e intensificou seus múltiplos tentáculos para controlar e explorar, do ponto de vista dos negócios capitalistas, o futebol mundial, sempre em estreita conexão com os grupos e as corporações do grande capital ligadas ou não ao futebol. Denunciado por “gestão danosa” e “apropriação indevida de fundos” Blatter foi afastado da entidade em 2015. Outros dirigentes da sua gestão e proximidade também tiveram o mesmo destino. Michel Platini, à época líder da UEFA e cotado para suceder Blatter na direção da FIFA, também foi implicado no processo, sob a acusação de ter recebido do suíço um pagamento ilegal. Com o afastamento de Blatter, assumiu interinamente a presidência do organismo o suíço-italiano Gianni Infantino. Em fevereiro de 2016, Infantino foi eleito para presidir a entidade. Paralelamente, para o cargo de presidente da UEFA, foi eleito Aleksander Ceferin, esloveno que assumiu em se-

tembro/2016. A UEFA é a toda poderosa entidade que tutela o futebol europeu, quase que rivalizando em importância com a entidade mundial. Neste momento, está aberta entre a UEFA e a FIFA uma luta encarniçada em torno a interesses que não são outros senão como melhor se apropriar dos gigantescos recursos que são movimentados com as competições envolvendo os gigantes do futebol mundial, mas particularmente os milionários times europeus. Gianni Infantino vem anunciando a disposição da FIFA em organizar um novo formato para a disputa do mundial de clubes, abandonando a velha fórmula da disputa em vigor atualmente. Embora não haja declarações criticando o modelo atual, é óbvio que a fórmula atualmente vigente é desinteressante e não atraente, considerando os interesses do grande capital e dos investidores capitalistas. A FIFA está propondo que o novo mundial de clubes tenha 24 participantes, aumentando o número de equipes da Europa e da América do Sul. O novo modelo teria início a partir de 2021, às vésperas da realização da Copa do Mundo do Catar, em 2022. Com isso ficaria extinta a Copa das Confederações, realizada 1 (um) ano antes do evento mundial de seleções. Está claro que o novo mundial in-

terclubes é uma tentativa indisfarçável dos dirigentes da entidade maior do futebol de esvaziar outras competições, em particular a Champions League, que pelo seu peso e tradição, ocupa uma importância estratégia no cenário futebolístico mundial. Obviamente que o presidente da UEFA, Aleksander Ceferin não viu com bons olhos a iniciativa da FIFA, entendendo tratar-se de um golpe da entidade mundial contra a prestigiada competição organizada pela entidade da qual é o dirigente maior, composta pelos principais times do velho continente. Outra conclusão óbvia é que a investida da FIFA tem por objetivo estreitar e fortalecer os vínculos do futebol mundial com as grandes corporações

capitalistas ao redor do mundo. Os grandes investidores capitalistas despejam oceanos de dinheiro nos eventos mundiais do futebol e é este o interesse dos cartolas da FIFA com o novo formato do mundial de clubes, onde participariam as grandes forças da Europa e da América do Sul, os dois continentes onde se localizam as grandes equipes do futebol mundial. Fica cada vez mais evidente que a preocupação principal da FIFA não é com o futebol; sua arte, seu espetáculo, sua magia, mas única e tão somente em faturar política e economicamente explorando a grande paixão que o esporte mais popular do planeta desperta nas grandes massas populares ao redor do mundo.


MULHERES | 11

MULHERES

Decisão da OAB de tirar inscrição de advogado para quem supostamente praticar violência contra mulher é ato antidemocrático O plenário do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) aprovou, nesta segunda-feira 18, a edição de uma súmula transformando acusações de agressões e violência contra a mulher fatores impeditivos para a inscrição de bacharéis em Direito nos quadros da entidade. Nesses tempos estranhos, onde o judiciário legisla, o Ministério Público aloca verbas de estatais para criar fundações e que o presidente abre mão da Amazônia com base na “materialidade do fato”, a OAB inaugura uma nova modalidade de discriminação contra o trabalhador: impedir a inscrição do bacharel em direito aprovado em suas provas, nos quadros da OAB, desde que acusado de “violência contra a mulher” (…), “independente da instância criminal, assegurado ao Conselho Seccional a análise de cada caso concreto.” Não há o que se discutir quanto ao problema constituído que é a violência contra a mulher, de seu agravamento pela crise econômica e pela histeria ideológica fascista emergente no bolsonarismo. As estatísticas demonstram que denúncias de violência contra mulher aumentaram 30% em 2018 no Brasil em relação a 2017, número a ser ultrapassado em 2019. O que neste espaço vamos analisar é o texto da Súmula e sua eficácia no plano material. Redação da Súmula: “Requisitos para a inscrição nos quadros da Ordem dos Advogados do Brasil. Inidoneidade moral. A prática violência contra a mulher, assim definida na “Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a Mulher – ‘Convenção de Belém do Pará’ (1994)”, constitui fator apto a demonstrar a ausência de idoneidade moral para a inscrição de bacharel de Direito nos quadros da OAB, independente da instância criminal, assegurado ao Conselho Seccional a análise de cada caso concreto.” Três pontos chamam a atenção: -Requisitos para a inscrição -independente da instância criminal -assegurado ao Conselho Seccional a análise de cada caso concreto Ou seja, trata-se de requisito para os não inscritos. Os advogados atuantes, aprovados ou não no ditame, não serão auditados quanto a sua ficha corri-

da pregressa, nem mesmo cometendo a partir de agora o ato de violência, não terão qualquer sanção aplicada de forma sumária, como a disciplinada pela súmula. A independência da instância criminal, cria a possibilidade de que a mera acusação impeça a inscrição e, por consequência, o exercício da profissão. Isso num país, onde em média uma ação na esfera criminal leva um prazo médio de quatro anos e quatro meses para que tenha proferida a sentença em 1ª instância. Uma súmula que vincula ao Conselho da Seccional da própria OAB, este formado por um corpo de advogados, usurpa a atribuição de julgar e assim ultrapassa a competência do poder judiciário, incluindo a possibilidade de negar de plano a inscrição de bacharéis com base em acusações. Trata-se da inauguração de um tribunal administrativo de uma corporação a decidir os requisitos do direito de acesso à advocacia. Valores regionais, políticos, de associação e até mesmo de reserva de mercado terão relevância acima e além da lei, antes da aplicação desta, na decisão sobre quem pode ou não trabalhar. Em suma, profissionais estabelecidos julgarão administrativamente, quem pode ou não se inscrever na OAB. Farão isso, internamente, nas seccionais regionais. Julgarão respaldados por súmula formulada interna corporis, em um momento crítico para a advocacia, em que o próprio presidente ilegítimo Bolsonaro encabrestando politicamente a Ordem usa de demagogia eleitoral contra o Exame da admissão em seus quadros. Lembrando da função deste enquanto mecanismo de reserva de mercado. Agravada a situação pela iniciativa da União por meio de Paulo Guedes, de não abrir mais concursos, ou seja, do iminente e massivo redirecionamento dos anseios de milhares de bacharéis, diretamente dos concursos para a prova da Ordem. Temos, portanto, bacharéis sendo julgados administrativamente com base em acusações, por advogados já estabelecidos, antes mesmo de adentrarem os quadros da ordem. Sem respaldo em lei e anteriormente ao processo penal. Isso tudo num momento de crise econômica e desemprego en-

dêmico nas profissões jurídicas. Resta claro que essa iniciativa da OAB não só se alia a outras medidas de reserva de mercado, assim como resguarda advogados já inscritos, que já cometeram ou que venham a cometer violência contra as mulheres. Quais serão os critérios para instauração do processo administrativo? Notícia crime ou “clamor social”? Qual peso terá sobrenome e origem social do acusado? Esses processos serão transparentes, possibilitando a consulta pública aos autos? A OAB está pronta a usar as conclusões desse processo interno como forma de colaboração com o Ministério Público e autoridades policiais? Uma vez condenado, quanto tempo durará essa vedação? Após vários anos, uma vez criminalmente absolvido o bacharel, qual será o posicionamento da OAB em relação ao dano emergente e lucro cessante por todo esse período? Tantos questionamentos que não foram vislumbrados pelo simples fato de que a OAB não tem capacidade legislativa, por não ter experiência na redação de leis, não possuir um corpo técnico adequado. São todos fatores que refletem na má redação da súmula, assim como, sua incapacidade de vislumbrar as consequências e desdobramentos desta, além de ser absolutamente incompetente para a matéria. Não apenas, cabe aqui lembrarmos, é a única corporação a decidir por meio de prova instituída por ela mesma, quem pode ou não exercer uma profissão, ainda mais, sem respaldo constitucional. O bacharel acusado, idealmente, sob o Estado de Direito burguês, deveria sofrer a ação penal estatal. Condenado em última instância, submeter-se ao rigor da lei. Pois, preceitua-se que apenas o Estado guardaria o monopólio do poder de punição e por isso mesmo, é vedada a qualquer organismo privado a possibilidade de autotutela contra um cidadão. Fica clara que a adoção pela OAB e por outras corporações, onde se incluem o Ministério Público Federal e a magistratura enquanto corpo, da iniciativa legislativa, de criar leis à margem do parlamento burguês, tem como finalidade fazer demagogia, criar reservas de mercado, encastelar-se no poder estatal e perseguir quem não

pertence aos seus quadros e deixar impune os seus. Medida demagógica, que é comemorada pela esquerda pequeno-burguesa apenas por sua aparência, esta que embarca na onda punitivista, moralista, quando deveria exercer sua características essenciais de crítica e denúncia e por isso mesmo questionar: Quem vai julgar? Quem vai aplicar a regra? Quem será o sujeito médio a ser julgado. Por fim, quem se beneficia? Vejamos, por exemplo, o caso de uma juíza que mandou prender advogada negra e foi inocentada. Trata-se de uma violência estatal amplamente documentada, reforçada e aplicada com atuação de servidores e uso de verbas públicas. Toda essa máquina contra uma trabalhadora, de forma vexatória, em pleno exercício de seu labor. Não seria o caso de a OAB cassar o “registro” da magistrada? Essa mesma OAB não tem poderes sobre os juízes, não consegue “influenciar” o CNJ nem mesmo para aplicar a lei vigente no caso concreto e incontroverso, apesar do apoio da opinião pública. Esta mesma entidade vai possibilitar a um corpo interno, criar lei, julgar e aplicar pena. Esgotada essa etapa, em última instância dar àqueles magistrados, que perseguem e humilham advogados, o poder de vedar o acesso a profissão a qualquer bacharel. A OAB pode em resposta a qualquer questionamento, alegar a morosidade do judiciário, ou da ineficácia deste, ou que diferentemente da regra vigente, no seu tribunal interno haverá justiça, o direito a ampla defesa e o contraditório, esses ideais que nunca são aplicados a quem está em busca de um trabalho. Em última instância, as mesmas alegações de Dalagnol ao se apropriar de verbas públicas em nome de uma fundação, que ele e sua turma acabaria por gerir. “Faço por que posso!” A esquerda tem de reconhecer que essa é a mesma OAB que foi passiva em 1964 e 2016, que não tentou se impor contra a reforma trabalhista, que não esboça reação contra a reforma da previdência, que não denunciou a fraude eleitoral e que, em meio a uma crise econômica e desemprego em massa, quer impor um juízo de exceção que já mira sua expansão também para outras formas de acusações contra bacharéis.

TODAS AS SEGUNDAS-FEIRAS, 19H00

TVMULHERES

DE SEGUNDA A SEXTA, 11H


12 | MORADIA E TERRA

PARÁ

Grileiros e madeireiros abrem estrada ilegal em terra indígena no Xingu O

Sistema de Indicação do Desmatamento por Radar da bacia do rio Xingu (Sirad-X) detectou a abertura de uma estrada ilegal em uma região que abriga povos indígenas isolados, na Terra Indígena Ituna/Itatá . A estrada segue em direção ao vizinho território indígena Koatinemo, do povo Assurini, e foi aberta no meio da floresta para uso de madeireiros e grileiros que avançam na direção dos territórios indígenas. Os territórios são áreas de uso exclusivo dos povos indígenas que ali vivem. Qualquer trânsito de não-indígenas é proibido pela legislação e os recursos naturais – os rios, o solo, os animais, as florestas – são reservados para que os povos indígenas façam a manutenção de seu modo de vida. A terra indígena Ituna/Itátá foi a mais

desmatada do Rio Xingu, num total de 86% em relação a 2017. O governo fraudulento de Jair Bolsonaro significa uma carta branca para os latifundiários e ruralistas avançarem tanto sobre as terras indígenas e quilombolas quanto no desmatamento e na destruição da flora e da fauna do país. Desde o golpe de Estado contra ex-presidenta Dilma Rousseff (PT), em 2016, o que se percebe é uma escalada no assassinato de indígenas, quilombolas, na invasão de suas terras, no desmatamento ilegal e uma interrupção total das demarcações de terras e da reforma agrária. O governo Jair Bolsonaro, umbilicalmente ligado à Bancada Ruralista no Congresso Nacional, à União Democrática Ruralista (UDR) e às demais milícias armadas da burguesia no campo, deve ser enfrentado por uma ampla mobilização nacional contra o assassinato de indígenas e quilombolas e a tomada de suas terras.

RÁDIO CAUSA OPERÁRIA

Rui Costa Pimenta: “Bolsonaro é produto do golpe de Estado no Brasil”

R

ui Costa Pimenta, presidente nacional do Partido da Causa Operária (PCO), transmite ao vivo a Análise Política da Semana, todos os sábados a partir das 11:30 da manhã, direto do Centro Cultural Benjamin Péret (CCBP) de São Paulo. Na análise, ele apresenta uma avaliação marxista dos principais acontecimentos políticos da semana, no sentido de esclarecer à população cada passo da luta de classes no país. De acordo com o presidente do PCO, o governo de Bolsonaro é fraudulento: um produto do golpe de Estado ocorrido no Brasil com a derrubada da ex-presidente eleita Dilma Rousseff (PT), por meio de um impeachment no ano de 2016, dirigido pelo imperialismo e seus partidos políticos no Brasil, em especial o PSDB. O fato de o governo

Bolsonaro ser um governo nascido do golpe de Estado e uma fraude eleitoral monstruosa, explica sua profunda crise nesses quase três meses de existência. Pimenta caracteriza de forma precisa as crises e o caráter do governo Bolsonaro: “Nós temos um governo que é produto de um golpe de Estado, de uma fraude eleitoral gigantesca. Não é que foi uma fraude eleitoral qualquer, mas uma fraude eleitoral gigantesca. Porque tirar a pessoa que ia ganhar da eleição da eleição é a pior fraude que pode haver, é como se você fosse disputar um campeonato e tirasse todos os outros times do campeonato e jogasse sozinho. Até comprar o juiz é inferior a esse tipo de fraude. A fraude é gigantesca, ninguém vai falar isso daí, porque o pessoal tem

IMAGEM DO DIA

Trump não consegue esconder sua alegria ao ver seu serviçal assinar a entrega do Brasil

medo da imprensa, aí aparecem uns direitistas que vão falar não sei o que e não sei o que lá. Mas nós temos que falar exatamente as coisas como são e não ficar disfarçando. O governo está completamente na corda bamba, para usar um chavão conhecido, e isso quando ele tomou posse no início de Janeiro e nós estamos em meados de Março… nem chegamos ainda em meados de Março, estamos no primeiro terço de Março. Então, a situação é extremamente delicada. E se o governo não conseguir encaminhar o problema da economia, a situação dele vai se transformar numa situação absolutamente desesperada. Outra variante que temos na situação é que o governo comece a encaminhar o problema da economia ao gosto da burguesia, mas

haja uma tal mobilização de massas que o governo perca o controle da situação. A reforma que eles pretendem fazer, do ponto de vista econômico – e temos que entender isso – só é viável enquanto as massas permanecerem numa atividade de baixa intensidade; se houver uma atividade de alta intensidade das massas trabalhadores e tudo mais, as reformas são completamente inviáveis. Então nós temos o quadro todo do governo Bolsonaro.” Escute o áudio diretamente da Rádio Causa Operária: https://soundcloud.com/radiocausaoperaria/bolsonaro-e-produto-do-golpe?in=radiocausaoperaria/sets/momentos-analise-politica-da-semana-1

FRASE INOLVIDÁVEL

Esse é o Rio de Janeiro. Esse é o nosso Rio de Janeiro. Uma esculhambação completa. Marcelo Crivella FRASE DO DIA

Moçambique está arrasado. Fortes chuvas inundaram o país e mataram (mais) de mil pessoas. Até a cada do presidente foi atingida. Pergunta -se cadê a ajuda humanitária dos EUA e do Brasil? Acontece que Moçambique é pobre e não tem petróleo. Simples. E o povo que se dane. João Pedro Stédile


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