Edição Diário Causa Operária nº5596

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SEXTA-FEIRA, 29 DE MARÇO DE 2019 • EDIÇÃO Nº 5596

DIÁRIO OPERÁRIO E SOCIALISTA DESDE 2003

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Todos às ruas neste domingo contra Bolsonaro e o golpe

Mais da metade dos mortos pela ditadura eram jovens de até 30 anos

EDITORIAL

Lula fora da cadeia e Bolsonaro fora do governo!

A orientação do presidente Jair Bolsonaro aos quartéis, para que comemorem no próximo dia 31 o aniversário do golpe militar de 64, desencadeia milhares de protestos em todo o país.

Neste domingo: confira onde atos já estão confirmados contra o golpe de 1964 No próximo dia 31 de março, o Partido da Causa Operária, juntamente com os Comitês de Luta Contra o Golpe irão realizar em todo o país atos contra a ameaça de golpe militar.

IBGE: Bolsonaro já tirou o emprego de 900 mil trabalhadores; subempregados são quase 28 milhões, maior número desde 2012 A luta para libertar Lula e derrubar o governo fraudulento de Jair Bolsonaro é fundamental para derrotar o golpe de Estado. As duas reivindicações, que se expressam nas palavras de ordem “liberdade para Lula” e “Fora Bolsonaro”, são complementares e colocam a seguinte questão: a mobilização dos trabalhadores contra os ataques dos golpistas.

Impopularidade da “reforma” da Previdência eleva às alturas crise do regime golpista A discussão entre o presidente ilegítimo, Jair Bolsonaro (PSL), e o presidente golpista da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM), escancarou a crise do regime golpista.



OPINIÃO | 3 EDITORIAL

Lula fora da cadeia e Bolsonaro fora do governo! A

luta para libertar Lula e derrubar o governo fraudulento de Jair Bolsonaro é fundamental para derrotar o golpe de Estado. As duas reivindicações, que se expressam nas palavras de ordem “liberdade para Lula” e “Fora Bolsonaro”, são complementares e colocam a seguinte questão: a mobilização dos trabalhadores contra os ataques dos golpistas. A luta pela liberdade de Lula significa mobilizar a população para libertar o mais importante preso político do regime golpista. É a luta contra este regime de extrema-direita criado pela Lava Jato – que hoje faz parte do governo Bolsonaro. No mesmo sentido, a luta pela derrubada de Bolsonaro é uma luta que afeta profundamente o regime burguês. Bolsonaro foi colocado no poder com base em uma intensa fraude eleitoral, que retirou Lula, o candidato da maioria do povo, das eleições de forma ilegal, e reprimiu e censurou as manifestações e a propaganda dos grupos de esquerda. Portanto, sua ascensão ao governo federal foi um plano orquestrado pelos golpistas. Assim, fica claro que as duas pautas são complementares e fundamentais. Lutar pela liberdade de Lula e contra Bolsonaro e todos os golpistas é lutar contra a reforma da previdência, contra as privatizações e a entrega das riquezas nacionais, contra a usurpação dos direitos democráticos da população, contra a repressão, a censura e a perseguição política. Todos aos atos contra a celebração da ditadura militar de 1964 no dia 31!

COLUNA

Aprendendo com o cinema como foi a ditadura Por João Silva

O

presidente ilegítimo e impopular Jair Bolsonaro autorizou que os militares organizem nos quartéis comemorações aos 55 anos do golpe militar de 1964. É mais uma das abominações que saem deste presidente e da corja fascista que tomou conta do país com a ajuda do judiciário, imprensa golpista e do imperialismo. Os que tomaram o Brasil com outro golpe querem disfarçar ou dissimular que o golpe não foi golpe, foi movimento, foi uma revolução democrática. Para aqueles que se esqueceram, aqueles que não conheceram, para aqueles que conhecem e querem lembrar e para aqueles que sofreram diretamente com os 21 anos da ditadura brasileira recomendo aqui alguns filmes para refrescar a memória e reforçar a luta contra o golpe militar e a volta da ditadura brasileira que só vai trazer mais censura, perseguição, tortura, assassinatos e um ataque sem precedentes às condições de vida da classe operária brasileira. 1. O dia que durou 21 anos Este é um documentário recente, foi lançado em 2013 pelo cineasta nascido no México, mas filho de brasileiros, Camilo Tavares. O documentário apresenta de maneira minuciosa um aspecto muito importante do golpe de 1964, a participação direta dos Estados Unidos na preparação, na execução e na manutenção do golpe no Brasil. Diante da nova ameaça de intervenção militar no Brasil este documentário é de extrema importância para compreender como se fabricam as condições para um golpe de estado. Em “O dia que durou 21 anos” o diretor mostra a participação direta do embaixador dos EUA no Brasil, Lincoln Gordon que veio ao país em 1961 com o objetivo de promover uma campanha para evitar um governo de esquerda no Brasil. Como Jango já estava no poder o objetivo era bloquear as ações do governo. Paralisar o governo brasileiro para desestabilizá-lo. O apoio dos EUA era evidente. A Câmara do Comércio norte-americano que reúne a nata do empresariado norte-americano declarou que apoiava incondicionalmente o AI-5. Ou seja, a repressão e tortura contra o povo brasileiro. 2. Cidadão Boilesen “Cidadão Boilesen” é um documentário brasileiro, de 2009, dirigido por Chaim Litewisk. Conta a história do assassinato do empresário, dono da Ultragaz, Henning Boilesen. Boilesen é um dinamarquês e se mudou para o Brasil, onde teve carreira bem-sucedida como industrial. Foi presidente do grupo Ultra, dos botijões Ultragaz. O interessante do filme é que percorre a trajetória do empresário, desde a Dinamarca até sua vida empresa-

rial no Brasil. Ele era presidente da Ultragaz e um dos donos do grupo Ultra que controlava cerca de 20 empresas variadas. Foi diretor da FIESP (Federação das Indústria do Estado de São Paulo) e diretor da Associação Comercial de SP. O empresário teve participação direta na OBAN, Operação Bandeirantes. Organização clandestina e repressiva criada em São Paulo para combater o movimento armado. Foi o embrião do que viria a ser o DOI-CODI, criado em 1971. A OBAN era financiada por vários empresários que faziam pagamentos regulares para financiar as operações de caça aos chamados terroristas. Além do grupo Ultra outros que financiavam a tortura era a Ford, General Motors. Um dos entrevistados fala de Amador Aguiar, dono do Banco Bradesco que assim como Boilensen também assistia as sessões de tortura. Outra denúncia apresentada é a de a Folha de S. Paulo disponibilizava os carros de distribuição de jornais para o transporte de presos para as sessões de tortura. 3. “Barra 68 – Sem perder a Ternura” O documentário é de 2001, dirigido por Vladimir Carvalho. Conta a história da invasão da Universidade de Brasília pelos militares em agosto de 1968. A Universidade de Brasília, Unb, assim como a USP, foi uma das instituições públicas de ensino superior mais perseguidas pelo regime militar. Ela foi idealizada pelo antropólogo Darcy Ribeiro, pelo educador Anísio Teixeira e pelo arquiteto Oscar Niemeyer e fundada apenas dois anos antes do golpe militar, em 21 de abril de 1962. A história que precede a invasão da Unb é bem interessante. Logo após o golpe, em 9 de abril de 1964, nove professores, o reitor Anísio Teixeira e o vice-reitor, Almir de Castro foram demitidos com o uso do Ato Institucional no. 1 que dizia que era necessário a “investigação primária” , com demis-

são e dispensa de funcionários públicos contra qualquer um que tivesse tentado contra a segurança do País, contra o regime democrático e a probidade da administração pública. Em setembro de 1965, nada menos que 223 professores da Unb pediram demissão devido às constantes intervenções do regime militar na Universidade. A invasão contada no filme se deu em 29 de agosto de 1968, o exército invadiu os alojamentos de estudantes e professores, 500 pessoas foram detidas na quadra de basquete da universidade, 60 pessoas foram presas e um estudante foi baleado. A invasão estava baseada num decreto que pedia a prisão de 7 estudantes, lideranças do movimento estudantil da Unb que tinha organizado um protesto contra a morte do estudante secundarista Edson Luís no Rio de Janeiro, assassinado pelos militares. Um dos personagens marcantes desta história é o estudante Honestino Guimarães, que era líder estudantil, presidente da Federação dos Estudantes da Unb e que foi preso pouco antes da invasão e solto apenas em novembro de 68. Honestino foi expulso da Unb quando ainda estava preso. Em 1973, já durante os anos de chumbo, Honestino foi preso e considerado desaparecido da Ditadura. Ditadura nunca mais! Outros títulos de relevância: • Panair • Em Busca de Iara • Manhã Cinzenta • Caparaó • Ação entre Amigos • Pra Frente Brasil • A Batalha do Chile • Desaparecido • Estado de Sítio • A Outra História Oficial • Chove Sobre Santiago • Porque Lutamos • Uma operação chamada condor • Crônica de uma Fuga • Cabra Marcado para Morrer


4 | OPINIÃO E POLÊMICA

“DEMOCRACIA"

França de Macron vai expulsar transexuais brasileiros com HIV A

“democracia” francesa está com uma política de expulsar pacientes que foram tratar o vírus HIV com a tecnologia de ponta da qual dispõe is hospitais franceses. A maioria dos envolvidos são latino americanos: brasileiros, argentinos, peruanos, argentina e equatorianos, e transexuais. Muitas dessas vítimas moram a anos no país. O País da Democracia Mônica, uma pernambucana transexual, mora na França desde 2009. Quando descobriu que era soropositiva entrou com o pedido de “estrangeira doente” para poder ser tratada, na época trabalhava como prostituta na capital. Agora, com 40 anos, tem 30 dias para sair do país. A pernambucana foi pra França se tratar e na esperança de mudar de vida, em 2017 seu

pedido de renovação de permanência foi negado. A mudança de política do Ministério do Interior mudou sua política em 2016. Antes permitiam a permanência de estrangeiros com doenças graves que não conseguiam tratá-la em seu país de origem, no caso dos brasileiros, embora haja tratamento para o HIV, não existe uma política para tratar os portadores transexuais. O fato de passarem por uma mudança de sexo, e para isso tomarem hormônios e remédios imprescindíveis para o processo muda em muitos aspectos o tratamento contra o vírus, por isso a necessidade de ir buscar tratamento na França. Algumas pessoas já teriam sido alvos dessa nova política sendo expulsas do país. Segundo uma ONG francesa voltada para portadores do vírus, Aides, essa política tem o intuito de regular,

e diminuir ao máximo o fluxo migratório do país. A França está fechando as portas de suas fronteira. Essa política de expulsar estrangeiros há muito tempo instalados no país, sobretudo que dependem da permanência no país, é totalmente fascista, relembra a expulsão em massas dos judeus na Alemanha no início do regime nazista. Quanto mais o tempo passa mais o regime francês adquire características fascistas, com a explosão das manifestações dos coletes amarelos no final do ano passado, – que continuam acontecendo por sinal e produto dessa política fascista do governo Macron -, mais de 8,5 mil manifestantes já foram presos. Sua política internacional é igualmente desprezíveis: invasão do Mali, Iêmen e bombardeios na Síria, sem

contar com o apoio que dão a Guaidó para derrubar um dos poucos países que não sucumbiu aos golpes na América Latina, a Venezuela. Apesar de tudo isso, Macron, e a imprensa internacional fazem propaganda de que a França é um país democrático, de presidente eleito pela população. Essas eleições, vale ressaltar, foram muito parecidas com a brasileira, o candidato da burguesia foi eleito por uma ínfima minoria através de manobras e enganação do povo. Na televisão o presidente faz propaganda para o feminismo e contra o racismo, está pisoteando os países oprimido, expulsando aqueles que foram pedir ajuda médica à França – reenviar transexuais ao Brasil na atual situação do país e assustador para muitos deles, além da questão médica -, e prendendo aqueles que protestam contra o governo.

IBGE

Bolsonaro já tirou o emprego de 900 mil trabalhadores; subempregados são quase 28 milhões, maior número desde 2012

O

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE) divulgou na manhã de hoje (29) o número oficial de desempregados no trimestre encerrado em fevereiro. São 892 mil trabalhadores sem emprego a mais do que em novembro do ano passado, um aumento de 11,6% para 12,4%, chegando a 13,1 milhões de trabalhadores desempregados. Além disso, o instituto divulgou o

total de trabalhadores subutilizados (desempregados, subocupados com menos de 40 horas de trabalho semanais e os que não conseguem procurar emprego). São 27,9 milhões de pessoas nessa condição, o que representa 24,6% da força de trabalho nacional, “pico da série histórica iniciada em 2012”, observa o IBGE. Esses dados batem com o período de governo de Bolsonaro, o fascista “elei-

to” na maior fraude eleitoral da história. Ele foi imposto pela burguesia para devastar os direitos dos trabalhadores, dentre eles o emprego digno, e em seus primeiros três meses de governo de extrema-direita aumentou o já altíssimo número de desempregados. Os trabalhadores, que se encontram em uma situação cada vez pior devido aos ataques deste governo fraudulento, têm consciência de que

ele é seu inimigo. Na última terça-feira (26), por exemplo, desempregados gritaram “Lula Livre” na fila no Vale do Anhangabaú, em São Paulo, na qual 15 mil pessoas disputavam 6 mil vagas de emprego. Nota-se, claramente, o total repúdio à direita, ao golpe e a Bolsonaro, uma vez que Lula e a luta por sua liberdade são o exato contraponto a toda a política de ataques levada a cabo pelos golpistas de extrema-direita.


POLÍTICA| 5

31 DE MARÇO

Todos às ruas neste domingo contra Bolsonaro e o golpe N

o próximo dia 31, o golpe de Estado que deu início a ditadura militar de 1964-1985 completa 55 anos. Em razão disso, o presidente golpista Jair Bolsonaro, eleito por meio de uma fraude, determinou que os comandos militares organizassem as “comemorações devidas”. A convocação despertou uma forte reação na esquerda e em diversos setores da população, que estão se sentindo ameaçados pelo governo ilegítimo. Por isso, em vários estados do Brasil, acontecerão, no dia 31 de março, atos contra a “comemoração” do golpe militar. Até o momento, já há atos marcados nas seguintes cidades: São Paulo, Brasília, Rio de Janeiro, Salvador, Belo

Horizonte e Recife. Militantes de várias outras cidades estão se reunindo nos próximos dias para convocar atos no mesmo sentido e dezenas de milhares de pessoas já mostraram interesse, por meio das redes sociais, de reagir contra a “comemoração” do governo Bolsonaro, que é uma verdadeira declaração de guerra aos direitos democráticos de todo o povo brasileiro. É preciso aproveitar o momento de fragilidade que vive o governo Bolsonaro para organizar uma mobilização ampla dos trabalhadores pela derrubada imediata do regime político golpista. Fora Bolsonaro e todos os golpistas! Liberdade para Lula! Todos às ruas nesse domingo, 31, contra a celebração do golpe de 1964

PREVIDÊNCIA

Impopularidade da “reforma” da Previdência eleva às alturas crise do regime golpista que evidencia também o agravamento das tensões do governo com setores da imprensa capitalista. As tensões se expressam por todos os lados

A

discussão entre o presidente ilegítimo, Jair Bolsonaro (PSL), e o presidente golpista da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM), escancarou a crise do regime golpista. Depois de dizer que Bolsonaro “brinca de presidir, enquanto o país tem milhões de desempregados e registra milhares de assassinatos todos os anos”, o deputado fez um apelo ao presidente: “pare, chega, peça ao entorno para parar de criticar”, alegando que “a bolsa está caindo [recuou 3,5% no dia 27], a expectativa dos investidores está ficando menor” e que “ninguém ganha com isso”. Por sua vez, o presidente afirmou em uma entrevista em São Paulo que “não existe brincadeira, muito pelo contrário”. Segundo setores da própria imprensa golpista, participaram dessa entrevista apenas jornalistas autorizados pela equipe de segurança presidencial. “Ficaram de fora TV Globo, GloboNews, CBN, O Globo, Valor, O Estado de S.Paulo, Folha de S.Paulo e UOL”, diz matéria no portal G1, da Globo. Uma situação

Na terça (dia 26), a Câmara dos Deputados aprovou a Proposta de Emenda Constitucional de 2015 que torna todo o Orçamento da União impositivo, o que significa que o governo teria de executar obrigatoriamente as despesas aprovadas pelo poder Legislativo. A PEC foi aprovada por 448 votos a 3, em primeiro turno e por 453 votos a 6, no segundo turno, o que se constituiu em uma derrota acachapante do governo que defendia justamente o oposto, o fim da imposição orçamentária. Tudo isso em um dia marcado pela rebelião do Congresso golpista contra o governo, impulsionada pela crise geral do governo e pela ausência do ministro da Economia, Paulo Guedes, a uma audiência marcada na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) para defender a sua proposta de “reforma” da Previdência. Desde os primeiros dias do governo, não há semana em que a crise do governo improvisado de Bolsonaro (que não era o candidato preferido da burguesia golpista) não se intensifique, refletindo o agravamento das tensões entre as diferentes alas da burguesia, frente a incapacidade do governo de adotar medidas que contenham minimamente o avanço da crise econômica e que ataquem ainda mais duramente os trabalhadores, como é o caso da “reforma” da Previdência.

A crise no Judiciário e entre os militares Na semana passada, a crise se agravou no Judiciário. Primeiro, com a prisão, ilegal, do ex-presidente golpista, Michel Temer, e , depois, com sua soltura por meio de um habeas corpus. Uma situação que expôs o enfrentamento cada vez mais intenso entre as alas fundamentais do golpe: os setores mais ligados ao imperialismo, como o setor ligado à máfia da operação Lava Jato, liderada – entre outros – pelo ministro Sérgio Moro e os setores mais ligados a setores da burguesia nacional, como a ala “garantista” (de Gilmar Mendes e cia.) no Supremo Tribunal Federal (STF). Uma divisão que se espalha por todas as instâncias, em todo o País. Nem entre o setor militar, “partido” com maior presença no governo Bolsonaro e um dos principais fiadores do seu governo, a situação se mostra tranquila. Setores militares apresentaram críticas semelhantes aos do próprio Bolsonaro e a própria imprensa golpista anunciou que “integrantes da ala mais moderada das Forças Armadas” teriam afirmado que “são contra a decisão do presidente Jair Bolsonaro de determinar ao Ministério da Defesa prepare as ‘comemorações devidas’ pelos 55 anos do golpe militar de 1964″. Ao mesmo tempo, setores mais direitistas da cúpula militar resolveram tornar públicas as celebrações pelo golpe. No meio dessas pressões, o governo balança na corda bamba, voltando atrás em decisões tornadas públicas e patinando. Na quinta-feira (dia 28),

por exemplo, o próprio presidente declarou que não se trata de “comemorar”, mas “rememorar” 1964; diante da ampla rejeição e polarização adotada por sua campanha golpista a favor da ditadura. Fraqueza na hora de aprovar a reforma Todas essas questões estão diretamente relacionadas à evidente fraqueza do governo expressa, principalmente, nas questão da “reforma” da Previdência. Também nessa quinta-feira, o governo anunciou a indicação do nome do deputado Delegado Marcelo Freitas (PSL-MG) como relator da proposta de emenda à Constituição (PEC) da reforma da Previdência na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara. A escolha do deputado, que está em seu primeiro mandato e não tem qualquer experiência em articulação política, ocorre depois que líderes do Congresso e do governo anunciavam que buscavam um nome capaz de, inclusive, atrair votos de setores da oposição burguesa ao governo, mostrando o claro isolamento do governo, também nessa questão fundamental. Essa decisão foi anunciada na Câmara depois de uma reunião na qual os principais participantes eram o presidente da CCJ, Felipe Francischini (PSL-PR), o ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni (DEM); a líder do Governo no Congresso, Joice Hasselmann (PSL-SP); o secretário Especial de Previdência, Rogério Marinho (PSDB) e o líder do PSL na Câmara, Delegado Waldir (GO); ou seja, todos elementos diretamente vinculados ao presidente ou ao seu partido, sem a presença dos aliados (como o próprio presidente da Câmara) do qual ele depende para aprovar a “reforma”.


6 | POLÍTICA

"REVOLUÇÃO DE 64"

Mais da metade dos mortos pela ditadura eram jovens de até 30 anos

A

orientação do presidente Jair Bolsonaro aos quartéis, para que comemorem no próximo dia 31 o aniversário do golpe militar de 64, desencadeia milhares de protestos em todo o país. A data relembrada pelos militares como “Revolução de 64” e que iniciou um estado de terrorismo que durou 21 anos, com o objetivo de “salvar o Brasil de uma ditadura comunista”, vitimou 434 pessoas reconhecidas oficialmente pelo regime, dentre as quais, 56% eram jovens com menos de 30 anos de idade e 29% tinham menos de 25 anos. Estes jovens foram barbaramente torturados e executados, culpados pelo regime por pretenderem implantar a “ditadura do proletariado”. Dados divulgados pela Folha de S. Paulo aumentam este número, acrescentando mais 600 vítimas, entre camponeses, sindicalistas, líderes rurais e religiosos, padres, advogados e ambientalistas mortos entre 1961 e 1988. No entanto, não se incluiu os mais de 1.100 índios Waimiri-Aitroari e Paracanãs exterminados, os que morreram internados em hospícios em todo o país ou exilados. O regime de opressão tão elogiado por Bolsonaro, reprimia qualquer expressão de insatisfação da população. Em manifestações estudantis contra os altos preços, como ocorreu no restaurante público Calabouço, no centro do Rio de Janeiro, na tarde do dia 28 de março de 1968, a primeira vítima do regime, o estudante secundarista Edson Luís de Lima Souto, de 18 anos, foi executado com um tiro à queima-roupa no peito por policiais armados, que invadiram o estabelecimento para reprimir o ato. Nos famosos “anos de chumbo”, jovens com algum ou nenhum en-

volvimento na militância política eram assassinados, sob o pretexto de reprimir a luta armada. Após do Ato Institucional 5 a opressão atingiu qualquer um que se posicionasse contra a ditadura, de acordo com o ex-deputado Adriano Diogo, que presidiu a Comissão da Verdade em São Paulo. “Eu mesmo nunca peguei numa arma e fiquei 90 dias na solitária na OBAN (Operação Bandeirante)”, afirma Diogo. Durante a ditadura, as passeatas contra o governo eram reprimidas a tiros e a juventude era tida como suspeita, mesmo que não apresentasse qualquer envolvimento com movimentos ou organizações clandestinas. O jovem Paulo Torres Gonçalves, estudante secundarista e funcionário do Ibope no Rio de 19 anos, sem militância comprovada, foi preso pelo DOPS em 26 de março de 1969 e nunca foi encontrado. Muitos episódios violentos foram registrados como a “sexta-feira sangrenta”, quando a manifestação de estudantes em frente ao prédio do antigo MEC (Ministério da Educação e Cultura), foi reprimida por agentes do DOPS, da Polícia Federal e soldados da PM que atiraram contra o grupo, ferindo três moças. Uma delas, a comerciária Maria Ângela Ribeiro de 22 anos, atingida no rosto, morreu em seguida. A violência era aplicada por militares de qualquer patente, que invadiam propriedades particulares à sua escolha, sem autorização. Uma dessas situações ocorreu no bar e pensão Estrela Dalva, em Francisco Beltrão, no Paraná, em junho de 1968, quando dois civis e dois militares à paisana tentaram entrar na residência, sendo barrados por Iguatemi Zu-

chi Teixeira, de 24 anos, um funcionário da casa. No dia seguinte, Iguatemi foi levado para o quartel do Exército, torturado por dias sendo, por fim, fuzilado por um dos soldados com quem tinha se indisposto. No laudo cadavérico, a morte de Iguatemi se deu “por meio de veneno, fogo, explosivo, asfixia ou tortura, ou por outro meio insidioso ou cruel, devido ao número e ao tipo de lesões encontradas”, causada por “anemia aguda por hemorragia interna e externa provocada por ferimentos penetrantes de abdômen e tórax” por “instrumento perfuro-contundente”. A violência não poupou nem integrantes da corporação, como no caso de Manoel Alves de Oliveira, de 29 anos, arrancado de casa na frente da mulher e dos cinco filhos pequenos, em abril de 1964, por um homem em trajes civis acompanhado de outros à paisana. O militar foi torturado com ferro quente e recebeu choques elétricos, por ter se candidatado à presidência do Clube dos Subtenentes e Sargentos do Exército e de ser simpatizante do ex-presidente João Goulart. Os “pseudo suicídios” eram comuns, como ocorreu com o jornalista Vladimir Herzog. O ferroviário José Nobre Parente de 38 anos, preso no Ceará, acusado de participar do movimento dos trabalhadores da RFFSA (Rede Ferroviária Federal), foi encontrado morto na cela em 19 de maio de 1966, “enforcado com o próprio cinto”. Sua mulher Francisca, a última pessoa a vê-lo vivo na cadeia, havia recolhido seus pertences pessoais, dentre eles, o cinto. Atitude semelhante a do estudante secundarista, Ismael Silva de Jesus era militante do PCB, preso em

Goiânia, aos 18 anos, em agosto de 1972. Após um espancamento brutal e muitos choques elétricos, ele teria se matado com uma corda de persiana por sentir “vergonha de estar preso”. Os tais “suicídios” vitimaram desertores da guerrilha como Massafumi Yoshinaga de 21 anos, mulheres como a baiana Esmeraldina Carvalho Cunha, de 49 anos, inconformada com a morte da filha caçula Nilda, de apenas 17 anos, após dois meses de torturas em Salvador. A violência dos militares não poupou idosos, como no caso de Leopoldo Chiapeti tinha 58 anos, foi preso em Mariano Moro (RS), no dia 30 de abril de 1964, acusado de pertencer ao “grupo dos onze”, ligado a Leonel Brizola. Mantido nu e incomunicável por quase um mês, sofreu choques elétricos, inclusive nos genitais, e afogamentos em água gelada. Sem se recuperar dos traumas sofridos, morreu no ano seguinte. Sem poupar cidadãos comuns, a ditadura foi ainda mais cruel com aqueles que tinham ligações com a luta armada, independente de idade. O estudante paulistano Eremias Delizoicov, militante da VPR, foi morto aos 18 anos, em outubro de 1969, no Rio de Janeiro, fuzilado com 19 tiros, por soldados do Exército. Seus pais nunca receberam os restos mortais. Estas e outras tragédias constam no relatório da Comissão Especial de Mortos e Desaparecidos Políticos (https://cemdp.sdh.gov.br/) com 362 registros oficiais de vítimas da ditadura militar (1964-1985), pelo Estado ou por seus agentes, oficialmente reconhecidas, além de outros registros deste período terrível que não deve ser esquecido, mas jamais homenageado.

GOLPE MILITAR

Diplomata que denunciou corrupção da ditadura: mais um “suicidado” pelos militares N

o atual cenário onde a ascensão da extrema-direita é representada pela fraude eleitoral que elegeu Jair Bolsonaro, onde o presidente fascista coloca na ordem do dia a celebração do golpe militar de 1964, é preciso relembrar o que foi esse regime e principalmente mostrar sua verdadeira face. Um fato recorrente da época e importante de ser relatado, é o então “suicídio” do diplomata José Jobim em 1979 em pleno funcionamento da ditadura militar. O diplomata foi um dos que se colocou a denunciar a sujeira do regime estabelecido -que de maneira falaciosa , é defendido pela direita com um período de prosperidade para o paísprincipalmente sobre a corrupção da ditadura. O mesmo avisou que denunciaria o superfaturamento na construção da Usina Hidrelétrica de Itaipu em

um livro de memórias que escreveria. Ele esteve presente desde o início das negociações para esta construção e testemunhou a ação dos que levavam o regime a frente. Isso aconteceu no dia 15 de março em Brasília na posse do general João Figueiredo como presidente da República. Já no dia 22, o embaixador saiu para visitar um amigo e não voltou mais. Nesse momento, José Jobim já estava nas mãos dos torturadores do regime fascista, ainda conseguiu deixar um bilhete a uma dona de farmácia, que informou sua família que fora sequestrado e sobre o local que ele descreveu que seria levado, que seria logo depois da Ponte da Joatinga. Ainda que relatasse ao delegado da época sobre o acontecido, a família de Jobim não obteve nenhuma ajuda e ou esclarecimento, e essa era a intenção.

Seu corpo foi encontrado dois dias depois no local no qual havia descrito, evidentemente se armou todo um cenário para parecer que José Jobim te-

ria se suicidado e não que tenha sido torturado e assassinado. Este é mais um que entra para a lista de suicidados pela ditadura militar.


POLÍTICA| 7

NESTE DOMINGO

Confira onde atos já estão confirmados contra o golpe de 1964 N

o próximo dia 31 de março, o Partido da Causa Operária, juntamente com os Comitês de Luta Contra o Golpe irão realizar em todo o país atos contra a ameaça de golpe militar. Durante a semana o presidente ilegítimo Jair Bolsonaro voltou a ameaçar o país com a imposição de uma nova ditadura contra o povo ao determinar que as Forças armadas comemorem o aniversário de 55 anos do golpe militar. Os ministros bolsonaristas seguiram as declarações fascistas do presidente e passaram a afirmar que não houve ditadura no Brasil, como foi o caso do chanceler brasileiro, Ernesto Araújo, que declarou que o 1964 foi “um movimento necessário para que o Brasil não se tornasse uma ditadura”. Os militares acataram a decisão do presidente e em várias regiões do país estão sendo organizadas comemorações da ditadura militar. A ditadura foi um período nefasto da história do país. Em nome dos interesses do grande capital internacional, os militares impuseram um regime de terror contra a população, torturando e assassinando milhares de pessoas. Desde a derrubada de Dilma Rousseff em 2016, com o golpe, a ameaça de dita-

dura paira no ar. Os militares participaram da organização do golpe contra o PT, da prisão do ex-presidente Lula e agora ocupam cada dia mais postos no governo de Bolsonaro, é preciso botar um freio nessa ameaça não só a esquerda, mas a todo povo brasileiro! Nesse sentido, convide seus amigos, familiares e venha participar das mobilizações nacionais contra a ameaça de golpe militar! Confira abaixo os locais de cada ato. Você pode obter mais informações acessando a página dos Comitês de Luta Contra o Golpe no facebook. Confira o vídeo de divulgação dos atos! link da página dos Comitês de Luta Contra o Golpe: https://www.facebook.com/lutecontraogolpe/ Locais nas capitais: • RIO DE JANEIRO – Ditadura Nunca Mais! Domingo, 31/03,15h Cinelândia • BRASÍLIA – Ato contra a celebração do golpe de 64. Domingo, 31/03,9h, Eixão 108 Norte • SÃO PAULO – Ato contra a celebração do golpe de 64. Domingo, 31/03,14h, MASP • BELO HORIZONTE – 1964 Nunca

Mais Domingo, 31/03 | 12h Praça da Liberdade • RECIFE – Ato contra a celebração do golpe de 64. Domingo, 31/03 | 14h

Rua da Aurora • SALVADOR – Ato contra a celebração do golpe de 64. Domingo, 31/03, 9h, Dique do Tororó

ATAQUES

Política de Bolsonaro contra os índios é inspirada na repressão da época da ditadura A

política de ataques aos povos indígenas com paralisação das demarcações, revisão das terras indígenas, retirada de direitos, violência e mortes não são nenhuma novidade e sim uma continuidade do que foi colocado na prática durante a ditadura militar. A Comissão Nacional da Verdade (CNV) elaborou um estudo sobre documentos oficiais que revelam que a ditadura militar atacou duramente os povos indígenas. Os povos indígenas foram alvo de operações ligadas ao Serviço Nacional de Informação (SNI) e de milhares de mortes da maneira mais terrível possível. As denuncias baseadas em documentos oficiais revelam que os indígenas foram assassinados de todas as maneiras desde disseminação de doenças, onde os militares removeram servidores que se colocavam ao lado dos indígenas, até helicópteros jogando bombas nas aldeias. Segundo os dados da Comissão Nacional da Verdade (CNV) estima que ao menos 8.350 índios foram mortos nesse período. No inicio da ditadura militar ao período de maior repressão foi criado o Plano de Integração Nacional (PIN), o que colocou em prática uma ofensiva violenta contra os povos indígenas em todas as regiões do Brasil. Com o argumento de desenvolvimento das regiões sul, sudeste e nordeste e inte-

gração do centro-oeste e norte, a ditadura passou como um rolo compressor contra os povos indígenas. São centenas de exemplos, mas cabe aqui citar os mais evidentes e violentos. Após o golpe de 1964, os militares fundaram dois centros de detenção de índios “infratores”, o Reformatório Krenak, em Resplendor (MG), e a Fazenda Guarani, em Carmésia (MG). Os dados oficiais mostram que mais de 100 indígenas considerados infratores foram presos, tratados como loucos e torturados, vindo de dezenas de etnias e mais de 11 estados brasileiros. As denuncias são de trabalhos forçados e espancamentos eram diários para “reeducação”. Os indígenas denunciam que eram presos indígenas que lutavam pela demarcação de terras ou que lutavam para não perder as terras demarcadas num período anterior a ditadura militar. Casos mais conhecidos são do povo Waimiri-Atroari que viviam entre Manaus (AM) e Boa Vista (RR), que estavam no caminho da construção da BR-174. No começo da década de 1970, haviam cerca de 3.000 indígenas e após a “intervenção” dos militares, foram reduzidos a apenas 350 habitantes em 1983, conforme dados da própria FUNAI. No relatório da CNV, mineradoras da região contrataram empresas paramilitares para conseguir explorar a região. Consta no relatório que “para

sua atuação na área, a mineradora Paranapanema contratou uma empresa paramilitar chamada Sacopã, especializada ’em limpar a selva’. Os responsáveis pela empresa tinham autorização do Comando Militar da Amazônia, para manter ao seu serviço 400 homens equipados com cartucheiras 20 milímetros, rifle 38, revólveres de variados calibres e cães amestrados”. Em recente relatório elaborado pelo Ministério Público Federal (MPF) a partir de indígenas que viveram esse período “helicópteros que sobrevoavam as aldeias derramando veneno e detonando explosivos sobre centenas de indígenas reunidos para celebração de rituais de passagem. Sucessivos ataques a tiros, esfaqueamentos e degolações violentas praticadas por homens brancos fardados contra indígenas sobreviventes dos ataques aéreos. Tratores que passavam destruindo roçados, locais de passagem e antigas capoeiras de aldeias centenárias – locais sagrados para os indígenas”. Ocorreram contra os Krenakore, Yanomami, Pataxó, Kayapó, Catrimani, Parakanã, Arara, Akrãtikatêjê e muitas outras que sequer foram registradas. Os crimes da ditadura eram tão evidentes que o sertanista da recém-criada Funai, Antônio Cotrim, afirmou ao se demitir que “estou cansado de ser um coveiro de índios… Não pretendo

contribuir para o enriquecimento de grupos econômicos à custa da extinção de culturas primitivas”. Os argumentos desse período são os mesmos do Governo do fascista Jair Bolsonaro. A alegação de integração dos povos indígenas, impedir o desenvolvimento, mineração e agricultura nessas terras controladas pelos índios e “excesso” de demarcações foram utilizados para as maiores atrocidades contra a população. Bolsonaro e os militares do seu governo querem impedir novas demarcações, revisar as terras indígenas já demarcadas, abrir a exploração para mineradoras e ao agronegócio e “integrar” os indígenas a população brasileira. Alguma semelhança nesse discurso? Essa mesma desculpa serve apenas para tomar as terras indígenas para exploração de grandes monopólios da mineração e agrícola e os indígenas servir de mão-de-obra escrava, as custas dos direitos e da destruição do modo de vida dessas comunidades tradicionais. Os militares e a extrema-direita, que são os mesmos do período dos anos de chumbo e hoje estão com Bolsonaro, já mostraram diversos exemplos dessa política: casos de assassinatos, remoções forçadas, epidemias geradas propositalmente, uso de bombas e armas pesadas, disseminação de bebidas e drogas nas aldeias para desestabilizar. Os ataques promovidos pelos militares aos indígenas em luta eram de enorme brutalidade e tudo registrado nos próprios documentos oficiais.


8 | INTERNACIONAL E MOVIMENTO OPERÁRIO

TRAIDOR, GOLPISTA E ENTREGUISTA

Lenín Moreno “vendeu” Assange aos EUA para reduzir dívida do Equador, diz Wikileaks L

enín Moreno, o presidente eleito pelo partido da esquerda Alianza PAíS, teve como principal cabo eleitoral o ex-presidente Rafael Correa. Moreno havia sido vice-presidente de Correa entre 2006 e 2013. O programa da chapa encabeçada por Moreno era uma linha de continuidade com relação à política de tipo nacionalista implementada por Rafael Correa e tantos outros governos defensores de políticas semelhantes na América Latina, como resultado do fracasso do neoliberalismo dos anos 80 e 90 do século passado, adotado na região por imposição do imperialismo. Em seguida a sua eleição, Lenín Moreno traiu os seus apoiadores a partir de uma intensa campanha de perseguição política ao ex-presidente Rafael Correa e seus partidários, inclusive ao

vice-presidente eleito em sua chapa, Jorge Glass. Assim como no Brasil, o carro-chefe da campanha de perseguição foram supostas denúncias de corrupção, o que resultou no pedido de prisão e no exílio forçado de Correa e na deposição e prisão do vice-presidente Jorge Glass. Uma outra vítima do golpe de Estado no Equador foi o jornalista, escritor e fundador da organização Wikileaks, Julian Assange, responsável pelo vazamento de uma grande quantidade de documentos confidenciais, principalmente do governo dos EUA. Como retaliação, o governo inglês em conluio com o norte-americano, forjou uma denúncia por agressão e estupro, o que levou Assange a se exilar na embaixada do Equador na Ingla-

BANCÁRIOS

terra, ainda durante o governo Rafael Correa. Com o golpe e em meio as ameaças crescentes para expulsar Assange da embaixada em Londres e deportá-lo para os EUA, o Wikileaks acaba de denunciar a tentativa do presidente golpista equatoriano de “vender” Assange para os EUA em troca do perdão de parte da dívida do país. Também foram di-

vulgados conteúdos vazados do Iphone do próprio Lenin Moreno, que apontam o envolvimento do presidente golpista em crimes por lavagem de dinheiro. Esse é o conteúdo do golpe: traição e entreguismo em meio o bacanal de corrupção, essa verdadeira e com provas, dos golpistas que tomaram de assalto a quase totalidade dos países latino-americanos.

ECT

Direção golpista do BB propõe que Sindicalistas dos Correios entregam trabalhadores paguem rombo da Cassi, novamente o futuro do plano de saúde mais uma vez nas mãos do TST

N

a última quarta-feira (27) a direção golpista do Banco do Brasil, em mesa de negociação com organizações dos trabalhadores da ativa e aposentados, apresentou mais uma proposta de mudança no estatuto da Caixa de Assistência dos Funcionários do Banco do Brasil (CASSI), depois que a sua última proposta ter sido derrotada por mais de 80% dos bancários em consulta, conforme delibera o estatuto da entidade. Esses parasitas, que hoje se encontram à frente do Banco do Brasil, que foram nomeados por um governo eleito através da maior fraude eleitoral já vista no País, com o objetivo de massacrar a população, através da famigerada política neoliberal, e entregar todo o patrimônio do povo brasileiro nas mãos dos grandes capitalistas, principalmente ao imperialismo norte-americano (vejam o capachismo de Bolsnonaro em sua visita aos EUA), estão, a todo custo, tentando de todas as formas liquidar com o plano de saúde dos funcionários do Banco do Brasil, cimentando o caminho pra entregar a Cassi aos planos de saúde privados. Na essência a proposta apresentada na última reunião não muda nada do projeto original dos golpistas. Em relação à governança: implementar o voto de minerva na diretoria; aumento da contribuição dos funcionários; e a liquidação do sistema de solidariedade do plano com a cobrança de mensalidades dos dependentes dos funcionários da ativa e aposentados.

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A justificativa da direção do banco em onerar os trabalhadores é a mesma ladainha utilizadas nas mudanças do estatuto da Cassi em 1996 e 2007: os supostos prejuízos da instituição. Querem, mais uma vez, que a categoria pague por um “rombo” que não é de responsabilidade dos associados. A Caixa de Assistência dos Funcionários do Banco do Brasil chega a ter uma receita de mais de R$ 3 bilhões com quase 1 milhão de participantes sendo um dos maiores investidores nas carteiras de crédito do BB. Os roubos, favorecimentos a hospitais, desvios de verbas e etc., principais causas da atual situação da Cassi, ficam como estão nada é feito, nada de apuração das denúncias feitas ao Banco. A Cassi é um patrimônio construído pelos trabalhadores e é a eles que cabem o seu gerenciamento e controle, hoje os seus administradores são escolhidos através de seleção interna, coordenada pelo banco que detém a prerrogativa de nomear o presidente da entidade. Cabe aos trabalhadores do Banco do Brasil barrar mais esse ataque do governo golpista e organizar a mobilização pelo controle do plano de saúde unicamente pelos dos trabalhadores.

s sindicalistas do movimento dos trabalhadores dos Correios, ligado ao Bando dos Quatro (PT, PCdoB, PSTU e diretoria do Sintect-MG -LPS), entraram com pedido no TST (Tribunal Superior do Trabalho) para que os ministros golpistas dessa corte decidam sobre o valor que os pais e mães de funcionários devam pagar para usar o plano de saúde dos Correios. O TST já notificou a direção da ECT sobre a vontade dos sindicalistas do Bando dos Quatro definirem o futuro do plano de saúde do trabalhador no Tribunal dos patrões, e obviamente, a direção golpista dos Correios, aceitou a vontade dos sindicalistas, anunciando que só está esperando os ministros do TST convocá-los para uma audiência. Os sindicalistas do Bando dos Quatro já entregaram a luta da categoria pelo plano de saúde gratuito na campanha salarial de 2017, quando orientaram os trabalhadores encerrarem uma greve de 20 dias, aceitando um acordo que dava carta branca para os ministros do TST decidirem sobre o pagamento de mensalidades no plano, como também a retirada dos país e mães dos trabalhadores do plano de saúde da categoria. Os juízes golpistas do TST, que só julgam contra os interesses dos trabalhadores, restringiram que os pais e mães de trabalhadores dos Correios pudessem usar o plano de saúde somente até 31 de julho de 2019, ou seja, daqui há 4 meses não haverá mais

atendimento médico para os pais e mães dos trabalhadores. Agora, os sindicalistas traidores querem que os juízes golpistas terminem o serviço começado na campanha salarial de 2017, determinando a cobrança de mensalidades também para país e mães no plano. Os sindicalistas do Bando dos Quatro abandonaram até a demagogia de chamar o trabalhador para lutar por seus direitos, pulando etapas, e já indo direto para quem eles confiam, os ministros biônicos e golpistas do TST. Para os sindicalistas do Bando dos Quatro, trabalhador não quer lutar, trabalhador é burro, inteligente é entregar os direitos dos trabalhadores para sejam decididos por juízes que aprovaram a Postal Saúde e formularam as mensalidades no plano e a retirada dos país. Contra a política pelega dos sindicalistas do Bando dos Quatro, os trabalhadores devem defender o fim da Postal Saúde, a volta dos Correios Saúde, com o fim das mensalidades no plano e manutenção dos pais e mães para ser atendidos pelo plano.



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