Edição Diário Causa Operária nº 5616

Page 1

QUINTA-FEIRA, 18 DE ABRIL DE 2019 • EDIÇÃO Nº 5616

DIÁRIO OPERÁRIO E SOCIALISTA DESDE 2003

WWW.PCO.ORG.BR

Fora Bolsonaro! É preciso aproveitar a crise da direita para mobilizar e apresentar uma saída à esquerda A crise do governo Bolsonaro começou antes mesmo da posse do presidente ilegítimo. Neste ano já aconteceram demissões, debates e mais crises em torno da composição do governo e da política a ser levada adiante pelos golpistas.

18 de abril de 1954: Gamal Abdel Nasser chega à presidência do Egito

EDITORIAL

Direita está esmagando a liberdade de expressão, no final vai sobrar para os Acesse a página trabalhadores

terça-feira, a decisão do ministro do Supremo dos Comitês de Nesta Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, (16) de que a Polícia Federal realizasse busca e apreensão Luta Contra o na casa de pessoas acusadas de publicarem na Golpe e saiba censura da Revista Crusoé e do site O Antagonista escancarou a censura existente no País. como criar um ou se juntar a um já existente Com extinção de mais de

Vice-líder do governo Bolsonaro anuncia liberação de venda de terras a estrangeiros O governo golpista e ilegítimo de Jair Bolsonaro pretende liberar totalmente a venda das terras brasileiras para as empresas estrangeiras. O anuncio foi feito pelo vice-líder da bancada do governo na Câmara, Darcísio Persondi (MDB-RS).

Dois anos de Coxão e Coxinha: relembre 15 das melhores charges de Jota Camelo

700 conselhos, Bolsonaro “Democracia” norte-americana: Operação retirou a mínima representação Condor votava execução de perseguidos popular no Estado políticos na América Latina

TODA SEGUNDA ÀS19H

Nessa semana, o governo Bolsonaro decretou a extinção de mais de 700 conselhos sociais. Entre os conselhos extintos está o Conade (Conselho Nacional da Pessoa com Deficiência), o Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), o Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas e o Conselho Nacional de Combate à Discriminação de LGBTs.

Em 2016 o presidente golpista da Argentina fechou um acordo com o então presidente norte-americano, Barack Obama, para que fossem entregues documentos do governo dos EUA sobre a Operação Condor. O objetivo desse acordo, como o próprio Obama alegou, era de minimizar o máximo possível a participação dos norte-americanos numa das operação mais sangrentas que o continente já viu, enfatizando que a partir do governo de Jimmy Carter eles teriam se “posicionado contra” os regimes ditatoriais. Uma tremenda mentira.



OPINIÃO | 3 EDITORIAL

Direita está esmagando a liberdade de expressão, no final vai sobrar para os trabalhadores N

esta terça-feira, a decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, (16) de que a Polícia Federal realizasse busca e apreensão na casa de pessoas acusadas de publicarem na censura da Revista Crusoé e do site O Antagonista escancarou a censura existente no País. Foram tomadas medidas como o bloqueio de contas em redes sociais e do WhatsApp de sete pessoas investigadas. A mais alta corte do País, dividida como todo regime político golpista, evidenciou o aprofundamento da crise não só no interior do Judiciário, como também do conjunto do regime. Nestes e noutros casos recentes, como as condenações do humorista bol-

sonarista Danilo Gentilli, sob a acusação de ofensa e injúria, fica evidente o uso do ultra reacionário do Poder Judiciário para perseguir pessoas que – sob as mais variadas formas – expressam posições consideradas ofensivas pelos atingidos e pelo juízes, sem que haja qualquer parâmetro legal para isso. No caso do processo instaurado pelo próprio STF, que também se coloca como parte diretamente interessada e acusadora, fica ainda mais claro o uso da censura em uma disputa interna no próprio poder Judiciário, no qual a Corte se confronta com setores da Operação Lava Jato e seus apoiadores. Embora em todos esses casos os alvos imediatos sejam elementos da

direita, o precedente da censura e da perseguição política por expressar posicionamento diverso daquele que um setor do Judiciário considera ilegal ou inadequado, constitui-se em uma ameaça à liberdade de expressão e na intensificação do ataque aos direitos democráticos de todo o povo brasileiro, principalmente dos setores explorados, das suas organizações de luta e da esquerda, já amplamente perseguidos pelo regime golpista. No caso da luta no Judiciário, entre duas alas direitistas, se alguma delas sair vencedora e se consolidar, ou se houver um acordo, e puderem se organizar em função dos interesses de

diferentes capitalistas aos quais estão vinculadas, vão partir para cima dos trabalhadores, das suas lideranças e organizações, intensificando o que vêm fazendo contra Lula e outros presos políticos do regime golpista. Ao contrário de apoiar estas alas, a censura, a cassação da liberdade de expressão, a repressão estatal como instrumento de perseguição aos opositores etc. – como fazem setores da esquerda pequeno burguesa – é preciso denunciar essa situação e mobilizar contra a censura e contra o regime golpista de conjunto, levantando a luta pelo fora Bolsonaro e todos os golpistas.

CRISE NA DIREI

Fora Bolsonaro! É preciso aproveitar a crise da direita para mobilizar e apresentar uma saída à esquerda A

crise do governo Bolsonaro começou antes mesmo da posse do presidente ilegítimo. Neste ano já aconteceram demissões, debates e mais crises em torno da composição do governo e da política a ser levada adiante pelos golpistas. Diversos setores da direita golpista estão em guerra nas instituições. De um lado o Supremo Tribunal Federal (STF) e uma ala dos generais, de outro a operação Lava Jato, sua imprensa (como o blog O Antagonista) e generais bolsonaristas. O STF, através do ministro Alexandre de Moraes, censurou o site O Antagonista, que é de direita, passando por cima de outros entendimentos que a corte possui, como é o caso de Gilmar

Mendes, que se colocou contra a censura. A censura se deu em torno da matéria “o amigo do amigo de meu pai” publicada, também, no site direitista Crusoé. Os responsáveis pela matéria também foram intimados a prestar depoimento no prazo de setenta e duas horas. É positivo que a direita esteja em crise e que haja toda essa briga. Ocorre que a esquerda precisa aproveitar o momento para se mobilizar pela derrubada do governo Bolsonaro! É preciso dar uma saída à esquerda para a crise, antes que a direita consiga resolver os seus conflitos e se organizar para atacar os trabalhadores e esta saída está na palavra de ordem de “Fora Bolsonaro!”

TODOS OS DIAS NA CAUSA OPERÁRIA TV


4 | POLÍTICA

GOVERNO ILEGÍTIMO

Vice-líder do governo Bolsonaro anuncia liberação de venda de terras a estrangeiros O

governo golpista e ilegítimo de Jair Bolsonaro pretende liberar totalmente a venda das terras brasileiras para as empresas estrangeiras. O anuncio foi feito pelo vice-líder da bancada do governo na Câmara, Darcísio Persondi (MDB-RS). Integrante de longa data da bancada ruralista, Persondi afirmou durante discurso na Comissão de Meio-Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, que a proposta tem que ser aprovada nem que seja na marra, “quer queira a oposição, ou não” A proposta favorece o setor mais abertamente pró-imperialista do agronegócio brasileiro, que hoje se encontra dentro do governo Bolsonaro, tendo sua representante na Ministra da Agricultura, Teresa Cristina do DEM-MS.

A proposta é mais um duro ataque do governo capacho dos EUA de Bolsonaro contra a soberania nacional. A liberação das vendas das terras brasileiras irá afetar de maneira muito violenta as classes mais pobres que vivem no campo, os camponeses, sem-terras, além das comunidades indígenas e quilombolas. Estes, além de terem que enfrentar a ditadura no campo imposta pelos ruralistas nacionais, terão de enfrentar também a ditadura dos grandes monopólios estrangeiros, os quais adotarão todos os métodos para expulsar das terras os pequenos camponeses, os sem-terra, índios e quilombolas. É preciso mobilizar os trabalhadores e setores populares contra esse proposta, bem como todos os ataques feitos pelo governo golpista de Bolsonaro contra a população. É preciso unificar essa luta sob a palavra de ordem de Fora Bolsonaro e todos os golpistas.

GOLPISTA

Com extinção de mais de 700 conselhos, Bolsonaro retirou a mínima representação popular no Estado N

essa semana, o governo Bolsonaro decretou a extinção de mais de 700 conselhos sociais. Entre os conselhos extintos está o Conade (Conselho Nacional da Pessoa com Deficiência), o Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), o Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas e o Conselho Nacional de Combate à Discriminação de LGBTs. Os conselhos atingidos faziam parte da Política Nacional de Participação Social (PNPS) e o Sistema Nacional de Participação Social (SNPS), criados em 2014 na gestão da ex-presidenta Dilma Rousseff. Os conselhos sociais, embora muito limitados, têm como função intermediar a comunicação entre as instituições públicas e a sociedade civil – isto é, sindicatos, movimentos sociais e organizações sociais em geral. Com a extinção dos conselhos, Bolsonaro tenta dificultar ainda mais a influência des-

sas organizações no regime político. O ministro-chefe da Casa Civil do governo Bolsonaro, Onyx Lorenzoni, deixou claro que a extinção dos conselhos é uma perseguição por motivações ideológicas: “estes conselhos vinham de uma visão completamente distorcida do que é representação e participação da população. Tinham como gênese a visão ideológica dos governos anteriores de fragilizar a representação da própria sociedade”, disse Para o governo Bolsonaro, a população não deve ter o direito de se organizar, de reivindicar, de se expressar – em resumo, o ideal para os bolsonaristas é que a direita possa passar por cima dos interesses da população livremente. Por isso, é necessário mobilizar imediatamente pela derrubada do governo ilegítimo e golpista de Bolsonaro e de Mourão. Fora Bolsonaro e todos os golpistas!


POLÍTICA E MORADIA E TERRA | 5

AMAZONAS

Após assassinato de liderança, pistoleiros continuam ameaçando famílias de Seringal São Domingos N

o dia 30 de março, moradores do Seringal São Domingos, no município de Lábreas no Amazonas foram atacados por pistoleiros. Esses jagunços contratados pelos latifundiários queimaram duas casas de famílias da região, atiraram contra elas e, nesse conflito, assassinaram a liderança Nemis Machado de Oliveira, de 50 anos, que ainda teve parte do corpo queimada. A imprensa local também noticia o assassinato de mais três pessoas. Por conta disso, a Defensoria Pública do Estado do Acre realizou uma reunião em Rio Branco na última sexta-feira (5) com os moradores expulsos, os deputados federais Perpétua Almeida (PCdoB-AC) e Alan Rick (DEM-AC), os membros da Defensoria Pública da União, o Ministério Público Federal e o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA), da Comissão Pastoral da Terra no Acre e outros representantes de movimentos sociais com a finalidade de apurar o ocorrido. O relatório da reunião indicou que já são 40 famílias que deixaram o local por conta dos pistoleiros e as remanescentes podem sofrer novos ataques. Ainda na quinta-feira (4), as famílias do Projeto de Assentamento PAD Pei-

xono, no Ramal Granada foram acuadas por seis homens armados que estavam a procura da liderança “Cocó” do Seringal que conseguiu escapar e se esconder. Só nesses primeiros meses de 2019, já foram 10 assassinatos contabilizados pela Pastoral da Terra. Em 2018, foram registrados 28 mortes; em 2017, 71. Para piorar, os latifundiários estão se sentindo à vontade para empregar seus jagunços agora que o INCRA está tomado por generais bolsonaristas ligados aos ruralistas. Para se ter uma noção o presidente do Incra, general João Carlos Jesus Corrêa, nomeou o coronel da reserva do Exército Marco Antônio dos Santos para a diretoria de Gestão Estratégica. Segundo a postagem no site “De olho nos ruralistas”, esse coronel publicou no blog “Resistência Militar” que o MST seria uma organização paramilitar comandada pelo “ex-presidente Luis (sic) Inácio Lula da Silva” e que “as forças da lei e ordem terão que ser empregadas na totalidade de seus efetivos” para conter o caráter “paramilitar” do MST. Um posicionamento totalmente favorável aos latifundiários e contrário aos movimentos que lutam pela terra.

O governo produto de uma fraude eleitoral do presidente Jair Bolsonaro oficializa a repressão contra os movimentos sociais em benefício dos latifundiários e demais setores ligados ao capital internacional. O aval que Bolsonaro deu ao Exército pelo assassinato com 80 tiros do músico; o ataque ideológico à esquerda pelo Ministro da Educação, Weintraub, e pelo Ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo; o pacote anti-crime do Ministro da Justiça Sérgio Moro que dá carta branca para a Polícia Militar continuar matando a popula-

ção pobre e negra; os 115 militares que já ocupam os cargos de confiança nos ministérios do Presidente da República são exemplos claros de um governo formado para atacar a esquerda, os movimentos sociais e a população. Para combater esse ataque generalizado, é urgente a mobilização popular. É necessário denunciar esse governo ditatorial e se organizar nos bairros, nos sindicatos, nos partidos em torno da palavra de ordem “Fora Bolsonaro e todos os golpistas” e intensificar o movimento popular nas ruas.


6 | POLÍTICA

DOIS ANOS DE COXÃO E COXINHA

Relembre das melhores charges de Jota Camelo

Veja mais Coxão e Coxinha no Diário Causa Operária Online


INTERNACIONAL | 7

“DEMOCRACIA” NORTE-AMERICANA

Operação Condor votava execução de perseguidos políticos na América Latina E m 2016 o presidente golpista da Argentina fechou um acordo com o então presidente norte-americano, Barack Obama, para que fossem entregues documentos do governo dos EUA sobre a Operação Condor. O objetivo desse acordo, como o próprio Obama alegou, era de minimizar o máximo possível a participação dos norte-americanos numa das operação mais sangrentas que o continente já viu, enfatizando que a partir do governo de Jimmy Carter eles teriam se “posicionado contra” os regimes ditatoriais. Uma tremenda mentira. O documento relata parte do modus operandi da operação. O centro de operação, por exemplo, tinha um ho-

rário fixo de funcionamento que era de 9h30 as 19h30, localizava-se na Argentina e reuniu membros dos países envolvidos na operação: Chile, Brasil, Bolívia, Peru, Paraguai, Uruguai e a própria Argentina. Os militares que deliberavam na reunião votavam a execução dos alvos, uma método ironicamente democrático para uma operação tão fascista, mas isso só comprova o quão organizado e calculista era órgão dirigente. Toda a logística de uma ditadura deve ser medida para que a burguesia mantenha controle da situação – um tanto quanto explosiva – a todo momento. Para os agentes, estava estabelecido código de vestimenta, quais veícu-

los poderiam utilizar, e caso houvesse contratação de algum assassino de aluguel, o custo que estava estabelecido no orçamento e chegava até US$ 3,5 mil. Os países envolvidos pagavam US$10 mil como entrada, em seguinte pagavam uma anuidade para custear a operação.

Embora Obama tenha tentado amenizar a participação dos norte-americanos, eles foram os principais idealizadores das ditaduras e das operações sangrentas usadas contra a esquerda, o movimento operário e popular. O envolvimento do FBI e da CIA fica explícito no documento.

18 DE ABRIL DE 1954

Gamal Abdel Nasser chega à presidência do Egito G

amal Abdel Nasser Hussei, nascido em 15 de janeiro de 1918 e falecido em 28 de setembro de 1970, foi o segundo e o mais importante presidente do Egito. Filho de um carteiro, nascido em Bakos, no Egito, seguiu a carreira militar e combateu na guerra contra o recém-criado Estado de Israel, em 1948. Após tornar-se coronel, organizou o Movimento dos Oficiais Livres, que, em julho de 1952, derrubou o rei Farouk e, assim, encerrou o regime monárquico no país. Segundo consta, não havia intenção deliberada do Movimento dos Oficiais Livres em instalar-se no poder, mas sim restabelecer uma democracia parlamentar. A revolução de julho (de 1952), porém, declarada um sucesso após os Oficiais Livres tomaram o controle de todos os prédios do governo, estações de rádio e delegacias de polícia, bem como da sede do exército no Cairo, levou à necessidade de se decidir sobre o governo do país. Assim, passaram a governar como Conselho de Comando Revolucionário (RCC), com Muhammad Naguib como presidente e Gamal Abdel Nasser como vice-presidente. Em junho de 1953, a monarquia é definitivamente abolida e nasce a Republica do Egito. Nesse momento, são confirmados presidente e vice-presidente do país Muhammad Naguib e Gamal Abdel Nasser. Em abril de 1954, Nasser chega à presidência e, sob sua liderança, o Egito nacionaliza o canal de Suez e assume um papel central nos esforços an-

ti-imperialistas no mundo árabe e na África. O feito mesmo de nacionalizar o canal de Suez, pondo fim a uma crise que se arrastava, e tinha do outro lado a Inglaterra, o transforma em referencia para todo o mundo árabe. Ele foi igualmente fundamental para estabelecer o movimento internacional não-alinhado. As políticas nacionalistas e sua versão do pan-arabismo o colocam como uma das figuras políticas mais importantes na história árabe moderna e na política no século 20 como um todo. A importância da revolução de 1952 e de Nasser em particular só pode ser bem compreendida quando se considera que o Egito tinha sido subjugado desde o Século XVI, primeiro pelo império Otomano, passando pelas mãos dos franceses e ingleses, que estão também entre os responsáveis pela criação do Estado de Israel – principal elemento de desestabilização no Oriente Médio, impactando os países Árabes como um todo e o Egito de forma bastante especial. O país sai de um regime monárquico e a constituição de 1956 parece enviesada por ele, pois subordina a Assembleia Nacional ao presidente, no caso Nasser. Ela também estabeleceu um partido único, a União Nacional (posteriormente chamada de União Socialista Árabe). A Carta de 1961 cria um Congresso Nacional das Forças Populares corporativista, mas seus membros não serão escolhidos pelo livre

debate e, ao mesmo tempo, as organizações populares eram controladas pelo governo. Por outro lado, a despeito do corporativismo e do controle das organizações populares, a revolução nasserista vai permitir e incentivar a ocupação de vários cargos por parte dos movimentos de massas, e a União Socialista Árabe propôs a destinação de metade das vagas nas organizações políticas e na Câmara dos Deputados a operários e camponeses. Uma série de reformas também melhorou as condições de vida e de trabalho das classes populares e permitiu certa participação na administração das empresas. O regime nacionalista do Egito não pode ser comparado ao fascismo da Itália de Mussolini ou ou nazismo da Alemanha de Hitler, pois não eliminou as organizações da classe trabalhadora, em suprimiu os movimentos de massa, muito embora em grande medida tutelados. Havia mais uma conciliação com o movimento operário (forte desde a Revolução), ao mesmo tempo que buscava impedir sua independência. Ou seja, diferente de um regime fascista não combate o movimento operário. O pan-arabismo de Gamal Abdel Nasser não implicava a submissão de outros povos pelo Egito, o que o distancia ainda mais do fascismo e seu expansionismo. Por outro lado, a política de Nasser, como a dos regimes nazifascistas, procurou neutralizar as contradições da luta de classes:

“As inevitáveis e naturais lutas de classe não podem ser ignoradas ou negadas, mas as suas soluções devem ser alcançadas pacificamente, dentro do molde da união nacional, a através da dissolução de distinção entre classes.” Os regimes fascistas alemão e italiano eram controlados pela burguesia imperialista de seus países e visavam explorar seus povos e outros povos, de forma a garantir o usufruto das riquezas nacionais pelos capitalistas e não pelo povo. Como já dissemos em outras oportunidades, o nacionalismo não é a mesma coisa em um país atrasado e em um país desenvolvido. Em um país desenvolvido, o nacionalismo é a defesa do imperialismo desse país, enquanto que, em um país atrasado, trata-se da luta contra o imperialismo – mesmo que, invariavelmente faça-se algum tipo de conciliação com o imperialismo, pois representa, de toda forma, os interesses da frágil burguesia nacional de dado país. “Quando o regime nacionalista, devido aos interesses da burguesia, se aproxima do imperialismo, ele se desloca à direita; quando, por outro lado, os interesses da burguesia são os mesmos que os interesses nacionais e o regime entra em choque com o imperialismo, ele é deslocado para a esquerda do espectro político.” Hoje, o Egito deve olhar para o período de Nasser no governo e ver sementes de um país independente, altivo, consciente da dominação estrangeira e disposto a lutar para por fim a ela. É por isso que lembramos de Gamal Abdel Nasser e do país que, com sua liderança, ergueu-se contra os interesses imperialistas.

CONHEÇA E DIVULGUE OS PRODUTOS DA LOJA VIRTUAL DO PCO. FAÇA SEUS PEDIDOS ATRAVÉS DO TELEFONE: (11) 9 4999-6537.


8 | CIDADES E COTV

BAHIA

Conta de luz tem aumento acima da inflação, aumento maior para o trabalhador do que para os empresários

A

Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) autorizou um aumento nas conta de luz do estado da Bahia, que será de 6,67% para “clientes residenciais” e de 5,09% para “indústrias e comércio de médio e grande porte”, em outras palavras, o aumento é maior para o trabalhador do que para o empresário Além do aumento ser maior para o trabalhador do que para as indústrias e empresas, ele ainda é acima da inflação, que foi de 3,75% em 2018.

É preciso lembrar que o atual governador da Bahia, Rui Costa, faz parte da ala direita do PT, apoia a reforma da previdência e tem uma política alinhada a de Bolsonaro. É preciso lutar contra esse governo que atua a favor dos empresários e contra o trabalhador, assim como é preciso lutar contra o governo de extrema-direita de Bolsonaro, que tem como objetivo acabar com todos os direitos do trabalhador. Fora Bolsonaro! Liberdade para Lula!

RUI COSTA PIMENTA

“Só a luta política das massas pode mudar o regime” A

“Análise Política da Semana” é um programa do canal CausaOperáriaTV do Youtube mantido pelo PCO e é apresentado por seu Presidente, Rui Costa Pimenta. O programa vai ao ar todos os sábados a partir das 11h30 da manhã e tem como temas de pauta os principais acontecimentos políticos da semana no Brasil. Essa fala faz parte do programa transmitido ao vivo no dia 06 de Abril de 2019 no qual o companheiro Rui Costa Pimenta comentou sobre as comemorações ao Golpe de 1964 e as manifestações do “Fora Bolsonaro” pelo país, juntamente com a crise do governo nacional e a importância das massas populares na luta pela mudança do regime atual. “Então, isso daí coloca muito claramente o problema de que nós caminhamos para um grande enfrentamento entre as massas populares e a burguesia no Brasil. Não só no Brasil,

TVMULHERES TODAS AS SEGUNDAS-FEIRAS, 19H00

mas vimos o caso na França, nós estamos vendo toda a situação política europeia e a situação é totalmente fora de controle. Toda a política de contemporização com o Bolsonarismo é dinheiro jogado fora, só serve mesmo para retardar a organização e o enfrentamento das massas com um sistema político totalmente podre, com um regime economicamente todo podre, altamente custoso que leva a situação das massas a uma situação de vida ou morte e por tanto a luta política deveria ser colocada na perspectiva de derrubar todo esse regime que se comprometeu com o golpe, se revelou em um amplo setor da população como sendo um regime de guerra contra os trabalhadores, uma democracia de fachada que na primeira oportunidade é removida pelos interessados do capital estrangeiro e do capital nacional”.


COMITÊS DE LUTA CONTRA O GOLPE E PCO | 9

ACESSE

Acesse a página dos Comitês de Luta Contra o Golpe e saiba como criar um ou se juntar a um já existente

O

s comitês de luta foi uma iniciativa para barrar a ofensiva golpista no país, desde 2016 foram criados centenas de comitês em diversas regiões. Primeiramente os comitês servem como um instrumento de organização da militância diante da luta contra o Golpe de Estado, e podem ser o mais amplo possível, tendo como premissa a organização de pessoas em torno de atividades de rua e que sejam mobilizadoras. No novo site dos Comitês de Luta Contra o Golpe você pode encontrar todas as informações acerca dos comitês e seu funcionamento. São colocadas matérias constantemente sobre as atividades realizadas pelos companheiros que compõe os comitês. Para melhor exemplificar, essas atividades consistem em campanha de rua, onde se realiza um trabalho de agitação e propaganda com a população, além

da organização de atos em torno da campanha contra o golpe. Os comitês, tem sido ferramentas de grande importância na luta política do último período, fazendo parte de grandes mobilizações e organizando atos importantes, como atos em defesa da liberdade do ex-presidente Lula e a Conferência dos Comitês de Luta Contra o Golpe, que logo mais terá sua segunda edição no mês de maio. Por isso, não deixe de fazer parte dos comitês e compor a militância que desde o inicio esteve na luta contra o golpe e ofensiva da direita. Acesse o sitio dos comitês e saiba como organizar um comitê de luta em sua cidade ou se já existir um em sua cidade, entre em contato com os companheiros responsáveis e se integre ao comitê e fortaleça a luta contra o golpe e pelo Fora Bolsonaro. Acesse: A Luta Contra O Golpe

CURSO

Cerca de 100 cidades receberão aulas do curso “Fascismo: o que é, e como combatê-lo” do PCO

C

om base na evolução da situação política no Brasil e no mundo, o Partido da Causa Operária ofereceu, na 43ª Universidade de Férias, o curso completo sobre o Fascismo: o que é e como combatê-lo, com base nos textos de Leon Trótski. Como forma de alcançar mais interessados em conhecer a história do surgimento do fascismo e impedir o avanço da extrema direita no país, vão ocorrer em vários estados versões resumidas do curso apresentado pelo companheiro Rui Costa Pimenta, e o objetivo é reproduzir em mais de 100

cidades. A primeira rodada aconteceu no último final de semana, dias 13 e 14, nas capitais de São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília e Alagoas. A segunda rodada será, nos dias 27 e 28, sendo o curso gratuito e aberto a qualquer pessoa, basta se inscrever no link. Inscreva-se e acompanhe o Diário Causa Operária para saber em quais cidades o curso será apresentado. É uma oportunidade para se aprofundar no tema e aprender com os próprios militantes do partido que ministrarão os cursos regionais.



Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.