Edição Diário Causa Operária nº5631

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SEXTA-FEIRA, 3 DE MAIO DE 2019 • EDIÇÃO Nº 5631

DIÁRIO OPERÁRIO E SOCIALISTA DESDE 2003

Por uma greve geral para derrotar a “reforma” da Previdência, libertar Lula e colocar para fora Bolsonaro

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EDITORIAL

Bolsonaro é a continuação da política de ataques de FHC

Mais do mesmo. Assim pode ser definida a política de desmonte do País e ataques aos direitos democráticos e políticos, sociais e econômicos dos trabalhadores, impostos pelos governos neoliberais de Fernando Henrique Cardoso e Bolsonaro.

POLÍTICA

O “Fora todos” do PSTU: Fora Dilma, Fora Maduro… Fica Bolsonaro O 1º de Maio mostrou uma profunda contradição no interior do movimento operário, por detrás da aparente “unidade” alardeada pela maioria das direções. Ministro do Meio Ambiente decide extinção de unidade de conservação em sede de latifúndio no Paraná

POLÍTICA

Partido NOVO, o partido dos “liberais” que torcem por Bolsonaro

O regime golpista está caminhando em direção à beira do penhasco. A destruição da economia nacional, os ataques ao ensino público, a truculência contra os movimentos sociais do campo e da cidade, o desmantelamento das empresas públicas, a tentativa de impor o roubo de bilhões da Previdência etc.

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Após a concessão, efetuada pelo Ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, do Parque Nacional Pau Brasil, no sul da Bahia, à iniciativa privada, agora foi possível perceber mais um ataque ao País.

Milicianos acusados de serem responsáveis por desabamento de prédios no RJ foram condecorados por Bolsonaro

A cada dois dias, uma mulher morre vítima de aborto inseguro A direita pode continuar a fazer demagogia com a luta das mulheres e suas reivindicações, mas suas ações sempre denotam seu caráter totalmente contrário aos interesses da população feminina e quaisquer parâmetros que as amparam.

Antes do golpe de estado contra Dilma Rousseff em 2016, quando a imprensa e a burguesia nacional iniciaram a campanha pela derrubada do governo petista, o Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado, o PSTU, em coro com a direita golpista nacional e próprio imperialismo, levantou a palavra de ordem de “Fora Todos”.



OPINIÃO E POLÊMICA | 3 EDITORIAL

Bolsonaro é a continuação da política de ataques de FHC M

ais do mesmo. Assim pode ser definida a política de desmonte do País e ataques aos direitos democráticos e políticos, sociais e econômicos dos trabalhadores, impostos pelos governos neoliberais de Fernando Henrique Cardoso e Bolsonaro. Depois de 8 anos de governo, FHC deixou o País em frangalhos. A fome era a moeda corrente do país. Regiões inteiras do país, principalmente no nordeste, tinham índices de mortalidade infantil comparáveis aos países mais devastados da África. A crise era tão profunda que para evitar que ocorresse no Brasil revoltas sociais e políticas que ocorreram em diversos países da América Latina, como a Argentina, Venezuela e Bolívia, também vítimas da mesma política neoliberal, a grande burguesia nacional e o imperialismo permitiram a vitória eleitoral de Lula. Aliás, FHC só não saiu escorraçado do governo devido a política de conciliação da esquerda, principalmente do PT. FHC fez o possível e o impossível para depenar o País em favor do imperialismo norte-americano, dos banqueiros e do grande capital. Entregou a quase totalidade das grandes empresas nacionais: Vale do Rio Doce, Sistema Telebrás, bancos estaduais, entre tantas outras. Apenas a Vale do Rio doce, foi vendida pelo milésima parte do seu valor real. Dados atuais dão conta que a atual Vale tem reservas minerais da ordem de 3 trilhões e foi “vendida” e ainda com dinheiro financiado pelo BNDES e com a aceitação das chamadas “moedas podres” – o valor do papel não correspondia ao valor real – por pouco mais de 3 bilhões. Um negócio para lá da China! Bolsonaro está aí para dar continuidade a essa política de arrasa quarteirão. Tudo que FHC não fez por conta da própria crise em que se transformou seu governo, Bolsonaro e sua gangue de assaltantes, todos ligados a wall street, querem fazer. FHC não conseguiu entregar a Amazônia, o Banco do Brasil, os Correios e a Petrobrás, Bolsonaro diz que vai fazer. A reforma da Previdência de FHC

foi muito ruim para a população trabalhadora, Bolsonaro que fazer uma reforma que na prática impõe que o trabalhador morra sem se aposentar. O governo FHC assassinou sem-terras, promoveu um brutal ataque aos trabalhadores da cidade, caçou o direito de greve. Bolsonaro acusa FHC de “comunista” e quer fazer muito mais, quer simplesmente destruir as organizações dos trabalhadores. As semelhanças não param por aí. O governo FHC também foi produto de uma fraude, aliás, várias fraudes. Tivemos a fraude de Collor de Mello para impedir a vitória de Lula. Tivemos a fraude do impeachment de Collor de Mello, para permitir que o grande capital de rearticulasse e pudesse fraudar as eleições seguintes com um candidato seu, também contra Lula. Tivemos, enfim, a fraude do plano Real, talvez só superada pela fraude do golpe de 2016, para permitir a vitória de FHC e a destruição do país, também contra Lula. Bolsonaro em si já é uma fraude. Mas a fraude não começou com ele. A fraude começou com o impeachment de Dilma Roussef em uma das campanhas mais sórdidas feitas pelo imperialismo e a grande burguesia nacional contra o PT, Dilma, Lula e ou-

tros dirigentes do partido. Tivemos a fraude da campanha de perseguição e posterior prisão de Lula. Finalmente a fraude se consumou com a exclusão de Lula das eleições e a imposição do candidato fraude da extrema-direita, Jair Messias Bolsonaro. Essa é a burguesia e o seu Estado. Para garantir a sua sobrevida, pois é um sistema para lá de caduco, não se importa em transformar a esmagadora maioria da população brasileira em salsicha. Mais se há uma linha de continuidade nos governos da burguesia, também há várias semelhanças entre a esquerda no sentido de capitular e fazer o jogo da burguesia e no final das contas, ser a legitimadora da política de ataques da burguesia. A burguesia, sempre muito ciosa dos seus interesses, também montou uma “oposição” contra FHC, na época Itamar Franco e Antônio Carlos Magalhães (em quem o PT votou para presidência do Senado). Isso permitiu a estabilidade do regime, porque o PT acreditou nessa oposição “fajuta”, querendo o “impeachment” de FHC, uma saída institucional, assim com fizeram com Collor (para colocar seu vice, Itamar), desacreditando as mobilizações que tinham potencial para

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levar uma saída real para a falência do governo. No dias de Bolsonaro, alardeado por muitos esquerdistas nas eleições como o “demônio em forma de gente”, setores da esquerda, os mesmos que antes demonizavam o “bozo”, também querem saídas institucionais e alianças com supostos opositores ao regime, como Ciro Gomes, Marina Silva e tantos outros ardororosos defensores do golpe, do impeachment e da prisão de Lula. No meio da esquerda surgiu até aqueles que vêem no vice Mourão, fascista tanto quanto o presidente capitão, um democrata, de trato afável, portanto passível de se chegar a um acordo. Como se vê, a burguesia, talvez não sempre, encontra a direita e a esquerda que ela quer para fazer o “jogo” político do seu interesse. O problema é que do outro lado da linha tem um povo que sofre todas as consequências dessa política nefasta do capital. Tem ainda Lula, a maior expressão popular da luta contra o golpe, que está preso há mais de 1 ano. Enquanto isso a burguesia joga e a esquerda acha que está no jogo. Pode até estar, mas as suas peças são movidas no tabuleiro pela própria burguesia.


4 | OPINIÃO E POLÊMICA

APOIADORES DO GOVERNO ILEGÍTIMO

Partido NOVO, o partido dos “liberais” que torcem por Bolsonaro O

regime golpista está caminhando em direção à beira do penhasco. A destruição da economia nacional, os ataques ao ensino público, a truculência contra os movimentos sociais do campo e da cidade, o desmantelamento das empresas públicas, a tentativa de impor o roubo de bilhões da Previdência etc. elevaram profundamente o descontentamento popular. A agudização desta crise ameaça levar o regime a um colapso sem precedentes. Embora a bússola dos golpistas esteja calibrada para levá-los ao arremate, certos setores têm buscado dar-lhes a sustentação necessária para que, ao menos, alguns objetivos sejam alcançados. Nesta quarta-feira (1), em evento do Dia do Trabalhador, Paulinho da Força (Solidariedade), afirmou que ele e todo o “centrão” está trabalhando para fazer uma reforma da previdência “que não garanta a reeleição” de Bolsonaro. O que configura um apoio escancarado à “reforma” e ao próprio regime golpista, compactuando com o objetivo dos grandes capitalistas de levar o povo a miséria em detrimento do enriquecimento dos banqueiros. Outro apoiador declarado desta política é o deputado Paulo Ganime (Novo). Em entrevista ao portal de notícias O Antagonista, Ganime afirmou que

a articulação em torno da aprovação dessa “reforma” já circula pelos bastidores do Congresso há pelo menos um mês. O deputado do Partido Novo chegou a escrever no próprio Twitter: “Votei no João Amoêdo e adoraria tê-lo como presidente. Mas agora torço para que o Jair Bolsonaro faça um excelente mandato e trabalho para que o Brasil esteja muito forte em 2022, mesmo que isso resulte na sua reeleição.” O posicionamento dos ditos “liberais” revela o caráter bolsonarista desses apoiadores do golpe. Está mais que claro que, o Partido Novo, o MBL, o Instituto Mises e o Instituto Liberal são amplamente favoráveis ao regime golpista. Os Institutos, inclusive, participaram do documentário sobre 64, onde rasgaram elogios favoráveis a ditadura militar. Em relação ao Partido Novo, sabe-se que de novo nada tem. A grande tarefa do Partido Novo ao lançar João Amoedo era de retirar votos do Bolsonaro para garantir a vitória do candidato do imperialismo, Geraldo Alckmin (PSDB), no que foi mal sucedido. Em relação aos “liberais”, é a velha cantilena dos boçais anacrônicos adeptos do capitalismo da época de Adam Smith, onde o capitalismo estava em pleno vigor, gozava de sua fase democrática e permitia a livre circula-

ção de mercadorias. Hoje, portanto, trata-se do imperialismo, a fase superior do capitalismo, a qual não permite a livre circulação de mercadorias. Nas condições atuais, quem controla o mercado são os grandes monopólios. O mundo, porém, se encontra partilhado entre as grandes potências, entre as associações dos capitalistas monopolistas. A política “liberal” consiste, em todo caso, na base de pavimentação para os regimes autoritários e de caráter fascista.

Por mais que o governo golpista caminhe por conta própria em direção à ruína, ele não sucumbirá por conta própria; tampouco será combatido pelo dito “Centrão” ou por qualquer via institucional. É preciso organizar as massas para formar um movimento coeso, capaz de liquidar todo o regime golpista. Para isso, é – fundamental – que Lula seja libertado, pois, é o único capaz de aglutinar as massas e promover uma mudança na correlação de forças entre a população e os golpistas.

O “FORA TODOS” DO PSTU

Fora Dilma, Fora Maduro… Fica Bolsonaro

A

ntes do golpe de estado contra Dilma Rousseff em 2016, quando a imprensa e a burguesia nacional iniciaram a campanha pela derrubada do governo petista, o Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado, o PSTU, em coro com a direita golpista nacional e próprio imperialismo, levantou a palavra de ordem de “Fora Todos”. O PSTU

atuava assim como um propagandista, no interior da esquerda, da política golpista da direita nacional e internacional. O papel direitista desempenhado pelo PSTU naquele momento não era novidade, o partido morenista já havia atuado de forma favorável a todos os golpes de Estado ocorridos antes, como no Egito e na Ucrânia, por exemplos.

Passado três anos do golpe, após todos os ataques e toda a destruição provocada pelo imperialismo contra o povo brasileiro, após a prisão de Lula, defendida também pelo PSTU, após as inúmeras mortes de lideranças de esquerda, a escalada de mortes nas periferias, o partido morenista segue sua linha de frente única com o imperialismo. Isto ficou demonstrado mais uma vez no ato de 1º de maio ocorrido em São Paulo, no Vale do Anhangabaú. Durante sua intervenção no ato, a ex-candidata à presidência da república pelo PSTU, Vera Lucia, defendeu como palavra de ordem o “Fora Maduro”. O governo chavista de Nicolas Maduro, por meio de imenso apoio popular, conseguiu conter mais uma investida golpista da direita venzuelana em conluio com o governo norte-americano de Donald Trump. Na última terça-feira, os golpistas Juan Guaidó e Leopoldo Lopez tentaram armar uma operação farsesca para desestabilizar o governo, fracassando vergonhosa-

mente. O PSTU, no entanto, resolveu dar um apoio a ação golpista da direita venezuelana, defendendo o Fora Maduro em pleno dia marcado historicamente pela luta contra o imperialismo. É preciso deixar claro que a posição do PSTU na atual conjuntura, de investida golpista do imperialismo em todos os países do continente sul-americano, é uma posição criminosa e totalmente pró-imperialista. A defesa do Fora Maduro alinha o partido morenista de maneira direta às forças imperialistas contra os povos oprimidos de todo o globo. A intervenção do PSTU no ato também deixou claro o caráter e farsesco e exclusivamente golpista do “Fora Todos”. O partido morenista que antes do golpe levantava de maneira entusiastica o “Fora Todos”, agora se nega completamente a levantar o Fora Bolsonaro. O “Fora Todos”, portanto, era na verdade apenas e tão somente “Fora Dilma”, conforme defendido pela direita, o que agora se tornou “Fica Bolsonaro”. Trata-se de uma posição direitista no interior da esquerda que necessita ser combatida a todo momento.


POLÍTICA | 5

RICARDO SALLES

Ministro do Meio Ambiente decide extinção de unidade de conservação em sede de latifúndio no Paraná A

pós a concessão, efetuada pelo Ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, do Parque Nacional Pau Brasil, no sul da Bahia, à iniciativa privada, agora foi possível perceber mais um ataque ao País. O próximo alvo é o Parque Nacional dos Campos Gerais, no centro-leste do Paraná. Em uma reunião, realizada durante o feriado de 1 de Maio, entre Ricardo Salles e o presidente da Associação Comercial e Industrial de Ponta Grossa, Douglas Taques Fonseca, foi discutido um plano para acabar com a preservação do espaço, abrindo o mesmo para a destruição efetuada por latifundiários da região. Este brutal ataque é justificado pelo bolsonarista com o discurso de “incentivo ao aumento das atividades econômicas”.

Vale lembrar que estes não são os únicos ataques de Ricardo Salles a classe trabalhadora e aos interesses nacionais. Em declaração, o Ministro se posicionou favorável a caça de javalis, de atirar em membros do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), bem como da flexibilização das leis ambientais. É fundamental que se intensifiquem as lutas contra a ação dos golpistas, em especial para barrar o entreguismo de terras aos grandes latifundiários. Por isso é fundamental a criação e manutenção dos Comitês de Luta Contra o Golpe e de Autodefesa, exigindo a saída imediata do presidente fascista Jair Bolsonaro e de todos os golpistas.

RIO DE JANEIRO

Milicianos acusados de serem responsáveis por desabamento de prédios no RJ foram condecorados por Bolsonaro

A

Policia Civil do Rio de Janeiro deu início nesta quinta-feira, 2 de maio, a uma operação contra milicianos que atuam na Zona Oeste do Rio de Janeiro. O objetivo da operação é investigar o envolvimento dos milicianos com a construção de dois prédios que desabaram na comunidade da Muzema, na manhã do último dia 12 de abril, deixando 24 pessoas mortas. Dentre os investigados estão, Ronald Paulo Alves Pereira, preso no início do ano, e Adriano Magalhães da Nóbrega, ambos apontados como líderes de uma milícia que atua naquela capital, o “Escritório do Crime”. O grupo é apontado também como o responsável pela morte da vereadora carioca Marielle Franco. Tanto Ronald Paulo Alves, quanto Adriano Magalhães foram homenageados pelo filho de Bolsonaro, Flávio

Bolsonaro, na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro. A mãe de Adriano Magalhães chegou a trabalhar no gabinete de Flávio Bolsonaro. Tais fatos reforçam os indícios de relação direta de Bolsonaro e sua família com os grupos de milicianos cariocas. A relação entre Bolsonaro e as milícias é também um flanco aberto para que outros setores da burguesia, que neste momento estão em conflito com a ala bolsonarista, possam se utilizar para chantagear e tentar controlar o governo. Nesse sentido, é necessário impulsionar a mobilização popular. Os trabalhadores devem intervir na crise estabelecida entre os golpistas. É necessário levantar a palavra-de-ordem de Fora Bolsonaro e todos os golpistas, bem como todas as reivindicações democráticas das classes oprimidas.


6 | POLÍTICA

CONTRA REFORMA

É preciso romper a “unidade” com aqueles que defendem a reforma da Previdência e a prisão de Lula N

a última quarta-feira (1), várias cidades do país testemunharam atos em torno da celebração do primeiro de maio, isto é, o Dia Internacional de Luta da Classe Trabalhadora. No entanto, diferentemente do que vinha acontecendo, os atos desse ano tiveram uma característica em comum: a “unidade” da CUT com as demais “centrais” sindicais e seus dirigentes, algumas das quais claramente identificadas com bandeiras golpistas. O resultado dessa “unificação” foi visível em todos os atos: a mobilização foi baixíssima e a liberdade de Lula e a derrubada do governo Bolsonaro foi ignorada por praticamente todas as direções presentes. Em um momento de fragilidade do governo Bolsonaro e de tendência à mobilização pela liberdade de Lula, as direções da esquerda nacional desperdiçaram mais uma oportunidade de alavancar um movimento no sentido de colocar os golpistas contra a parede. Mais grave ainda, alguns dirigentes dessas “centrais” usaram o 1º de Maio para fazer campanha em favor de reivindicações de interesse do grande capital e dos seus governos imperialistas contra os trabalhadores. Esse foi o caso do dirigente da Força Sindical e deputado do centrão, Paulo Pereira da Silva, o “Paulinho da Força”, que usou

da atividade para fazer campanha a favor da “reforma” da Previdência e até para defender uma possível substituição de Bolsonaro pelo general Mourão. Em meio à esse quadro, setores da esquerda pequeno burguesa ainda usaram o evento para fazer propaganda de sua política de “frente ampla”, ou seja, de ampliar a aliança com setores da burguesia golpista. Foi o caso do dirigentes do MST e ex-candidato presidencial do PSOL que lamentou enfaticamente a ausência de Ciro Gomes e defendeu o alargamento da frente com os golpistas: ““O Ciro deveria estar aqui. Vou encontrar com ele esses dias, conversei com ele por telefone. Acho que ele deveria estar aqui. Pena que não pode vir. Mas é importante que a gente construa a mais ampla unidade possível”. No ato de São Paulo, o representante do PSTU/Conlutas defendeu também o “fora Maduro” fazendo coro com Trump, Bolsonaro e todos os setores mais reacionários que querem derrotar o governo e o povo venezuelano e impor uma ditadura a favor dos interesses do grande capital norte-americano na Venezuela. Contraditoriamente à dispersão dos atos, setores da esquerda nacional defendem que esse foi um “primeiro de maio histórico”, já que foi a primeira

vez em que a CUT se juntou às autoproclamadas “centrais sindicais” para celebrar o Dia de Luta da Classe Trabalhadora. Trata-se, obviamente, de uma falácia: a unidade que as direções da esquerda nacional deve fazer é com os setores dispostos a travar uma luta em comum, e não com organizações que se propõem abertamente a colaborar com a burguesia. A liberdade de Lula, a derrota da “reforma” da Previdência e a derrubada do governo Bolsonaro não serão alcançadas pelos trabalhadores se o movimento estiver infiltrado e for sabotado por setores que se opõem a essas reivindicações e defendem outra política, a política dos patrões de

aceitar a “reforma”, a politica da direita de manter Lula preso, a política do imperialismo de ataques à Venezuela etc. É necessário romper essa falsa “unidade” com os setores reacionários que buscam infiltrar-se no movimento para derrotá-lo, A unidade tem que ser com as organizações, movimentos e todos que defendem os direitos democráticos do povo brasileiro e latino-americano, que querem construir um verdadeiro movimento independente que mobilize para tomar as ruas para derrotar o roubo da Previdência, conquistar a liberdade de Lula e por abaixo o regime golpista e seus ataques contra o povo brasileiro e a economia nacional.

GREVE GERAL

Por uma greve geral para derrotar a “reforma” da Previdência, libertar Lula e colocar para fora Bolsonaro O 1º de Maio mostrou uma profunda contradição no interior do movimento operário, por detrás da aparente “unidade” alardeada pela maioria das direções. Enquanto milhares de ativistas se mobilizaram no Brasil e no Mundo para levantar as reivindicações centrais da luta da classe trabalhadora, como corresponderia no Dia Internacional de Luta da Classe Trabalhadora, ainda mais em um momento de crise histórica do capitalismo, quando a burguesia tenta despejar sobre os ombros dos trabalhadores todo o ônus pelo retrocesso e lança mão de golpes de Estado para impor ditaduras ainda mais duras, fascistas, contra os trabalhadores; por outro lado, ficou explícito o conluio entre setores infiltrados no interior do movimento dos trabalhadores com o grande capital imperialista e direita burguesa, inimiga dos trabalhadores. Ao lado dos que saíram às ruas para lutar contra o golpe, derrotar o roubo da Previdência (disfarçado de “reforma”), defender a liberdade de Lula e o fim do regime golpista com o fora Bolsonaro e todos os golpistas, participam das atividades setores que defenderam a aprovação da reforma

com pequenas alterações, como “Paulino da Força” (SDS), a frente com os golpistas, como Boulos (PSOL), o fica Bolsonaro (PSTU, Haddad etc.) e até sua substituição por um governo dos militares encabeçado pelo general Mourão (de novo, “Paulinho da Força). Bem como, amigos de Trump e Bolsonaro que bradaram “fora Maduro”, em apoio à política do imperialismo norte-americano, como o PSTU. Em contradição com essa política, como resultado do amplo repúdio à proposta de “reforma da Previdência, do gigantesco apoio popular à Lula e da rejeição majoritária ao governo ilegítimo de Bolsonaro, foi praticamente unânime (entre os trabalhadores que participaram das manifestações) o apoio à proposta de uma paralisação nacional (“greve geral”), no dia 14 de junho, apresentada pelo presidente da CUT- Central Única dos Trabalhadores, Vagner Freitas. É claro que esta medida de luta não será levada adiante, sem sabotagens, por parte dos que defendem a aprovação da “reforma” com retoques (mudanças parciais) ou que sonham em construir uma “frente ampla” com os golpistas. Para levá-la adiante de forma

consequente e eficaz é preciso passar por cima da política dos que querem apenas fazer figuração, influenciar negativamente e conter as tendências de luta presentes na etapa atual e ainda apontar em direção a perspectivas ilusórias para os explorados como esperar pelas próximas eleições. Uma das mais evidentes no ato de São Paulo, o maior do País e principal, foi o abandono por 90% dos dirigentes de qualquer menção à prisão do ex-presidente Lula, que – ao contrário do ano passado – não teve sua liberdade inscrita como um das reivindicações centrais do ato. O motivo era claro, a defesa da liberdade Lula, ou de qualquer medida real contra o golpe, não “unificava”, o movimento que em seu interior tinha deputados do centrão (como o deputado Paulinho), apoiadores da reforma, viúvas de Ciro Gomes, defensores explícitos da prisão de Lula (como o PSTU e o SDS) etc. A luta política no interior do movimento operário, evidenciou que para ser vitorioso, o movimento operário precisa superar a política de confusão impulsionada pela direita e que a maioria de suas direções repete.

A greve geral é uma luta política e não meramente econômica. Por isso é preciso uma luta política para derrogar os infiltrados que querem sabotar ou conter a mobilização para impulsionar a greve. Um aspecto central é impulsionar as reivindicações que reforcem a independência dos trabalhadores que unificam os que, de fato, querem lutar, como é o caso da luta pela liberdade de lula e pela derrubada de bolsonaro, ao lado da defesa da derrota total do roubo da Previdência, que não será possível por meio de um entendimento com os golpistas e agentes do imperialismo no interior do movimento operário.


POLÍTICA| 7

CRISE NO GOVERNO

Bolsonaro quer intervir na Venezuela, contra política de militares e do Congresso A

s disputas internas no governo Bolsonaro seguem se acirrando. Nas suas últimas declarações sobre a Venezuela, Bolsonaro não descartou uma intervenção do exército brasileiro, algo que os militares já disseram serem contra. Desde o início do governo esse tema parece colocar os militares contra a ala mais entreguista, que muita vezes é vocalizada pelo presidente eleito pela fraude. O próprio Bolsonaro, quando perguntado sobre o tema, coloca que o desejo dos Estados Unidos precisam ser levados em conta. Na verdade, é como se ele abrisse a possibilidade do Brasil invadir a Venezuela com uma procuração dos Estados Unidos para entregar o petróleo para eles. Entretanto, Mourão assumiu uma posição frontalmente contrária a isso, e em alguns momentos desautorizou as palavras do Ministro das Relações Exteriores e do Presidente.

No dia primeiro de maio, Bolsonaro afirmou em suas redes sociais que a questão relacionada a intervenção na Venezuela seriam decisão exclusiva dele. A frase tinha endereço certo para Mourão e os militares, que talvez por

PRIVATIZAÇÃO Golpistas vendem refinaria de Pasadena por menos da metade do valor de compra

A

privatização da Petrobras pela política entreguista do presidente Jair Bolsonaro avança mais uma etapa com a venda de 100% das ações da Refinaria de Pasadena, no Texas, Estados Unidos, para a empresa Chevron U.S.A Inc. A transação foi fechada nesta quarta-feira, 1º de maio, pelo valor de US$ 467 milhões (cerca de R$1,8 bilhão), menos da metade do valor de compra do sistema em 2014, quando a Petrobras a adquiriu por US$1,18 bilhão na operação. A aquisição da refinaria gerou polêmica, com a denúncia de 11 pessoas pelo Ministério Público Federal por corrupção e lavagem de dinheiro no negócio. Na época a ex-presidenta Dilma Rousseff, que presidia o Conselho de Administração da estatal, foi denunciada na Lava Jato, através dos suspeitos acordos de delação premiada, feitos por Nestor Cerveró, responsável por conduzir a compra da refinaria dentro da estatal e pelo

ex-senador Delcídio do Amaral, que acusaram Dilma de ter chancelado o negócio sabendo de todos os seus problemas da transação. A Petrobrás adquiriu metade da refinaria por US$ 360 milhões em 2006, sendo que a mesma teria sido adquirida um ano antes pela empresa belga Astra Oil, por US$ 42,5 milhões. Um ano depois, uma decisão judicial motivada pelo desentendimento entre a Petrobrás e Astra, obrigou a estatal a comprar os outros 50% das ações restantes da sócia, pelo valor total de US$ 1,18 bilhão na operação. Em 2017 os Auditores do Tribunal de Contas da União (TCU) isentaram o Conselho de Administração da estatal e a ex-presidenta Dilma de terem cometido qualquer “ato de gestão irregular” no episódio, com base em relatórios dos analistas do TCU e do Ministério Público de Contas, que contrariavam a versão dos delatores. Com uma produção de 110 mil barris de petróleo por dia, a venda do sistema de refino que inclui um complexo de 188,5 hectares no canal de navegação de Houston com tanques de estocagem com capacidade para 5,1 milhões de barris de petróleo e produtos refinados, além de 143 acres adicionais em terrenos. A medida faz parte dos planos do governo Bolsonaro do desmonte da companhia petrolífera, que prevê a venda de refinarias nacionais e de campos do pré-sal, liquidando com o desenvolvimento alcançado nos últimos anos, impulsionado pela cadeia de negócios de petróleo no Brasil, que elevou o ganho econômico do país como um todo.

conhecerem mais de perto a guerra busquem evitar o conflito. Vale notar que Rodrigo Maia (DEM), presidente de Câmara dos Deputados, veio rapidamente a público lembrar Bolsonaro de que uma declaração

de guerra precisa ser autorizada pelo Congresso. Segundo a já desgastada Constituição de 1988 só o congresso tem essa prerrogativa. A rusga do feriado colocou os militares e os olavetes frente a frente mais uma vez. Especula-se que governadores da região norte vem pressionando Mourão e outros generais para buscar amenizar o conflito com a Venezuela e controlar as falas de Jair Bolsonaro ou de Carlos, Eduardo ou qualquer outro filho que assuma o controle das redes sociais do Presidente. Os militares temem as consequências de uma invasão à Venezuela, sobretudo o possível efeito que isso pode ter sobre as tropas. Já Bolsonaro está em crise e pressionado, enquanto o vice faz campanha para criar condições de substituí-lo. Para Bolsonaro, o sucesso do golpe na Venezuela fortaleceria sua posição e a extrema-direita no país. É mais uma contradição interna da direita. A crise precisa ser aproveitada pelos trabalhadores, é hora de se mobilizar contra o governo para derrotar a direita golpista.


8 | MULHERES

MULHERES

A cada dois dias, uma mulher morre vítima de aborto inseguro A

direita pode continuar a fazer demagogia com a luta das mulheres e suas reivindicações, mas suas ações sempre denotam seu caráter totalmente contrário aos interesses da população feminina e quaisquer parâmetros que as amparam. Na última semana, a direita resgatou uma pauta anteriormente engavetada, mas que historicamente para as mulheres permanece como uma das reivindicações de sua emancipação; o direito ao aborto seguro e irrestrito. Foi trazida de volta a discussão implantada pela ala conservadora, o que seria assegurar a ” inviolabilidade da vida desde a concepção” através da PEC 29, a mesma já havia sido pautada pelo ex-senador Magno Malta (PR) em 2015, mas fora arquivada na época, e no início dessa ano foi desarquivada pelo plenário do Senado, o que se caracteriza como um duro ataque contra as mulheres e a saúde pública de conjunto.

Retomar essa política obscurantista, representa justamente o avanço desses setores que se escondem na sombra da extrema-direita inimiga das mulheres. Os setores bolsonaristas, que se pautam no viés conservador, nesse momento se sentem a vontade para levar adiante políticas nefastas contra setores oprimidos, como é o caso das mulheres. A consequência disso na vida das mulheres é algo muito brutal, são inúmeras as mortes de mulheres, decorrente de aborto realizado de forma insegura, e que na maioria das vezes se dá em clínicas clandestinas e ou em locais piores que colocam sua integridade em risco, e isso se dá principalmente com as mulheres mais pobres. Nesse sentido, é preciso ressaltar a importância da reivindicação desse direito que se trata de uma pauta democrática na luta das mulheres, evidenciado que a questão vai muito além de um problema moral, mas se

trata de um problema de saúde pública. Logo, o movimento de mulheres precisa intensificar sua sua organização de forma independente do Estado e das organizações burguesas e pequeno burguesas que querem conter a luta da mulher em torno de questões

identitárias e de aparência, avançando no sentido de impulsionar uma mobilização real , com uma política que vise sua emancipação completa, no sentido de derrota do regime golpista que busca intensificar sua opressão e chancelar seu massacre.

EDUCAÇÃO

Proposta do governo Bolsonaro de educação em casa é aumento do trabalho para a mulher A

direita extremamente reacionária que ocupa os cargos do governo golpista de Bolsonaro tem como prioridade ataques à educação, que vão desde robustos corte nos orçamentos de universidades, até a perseguição à professores. Como parte da política de desmantelamento do sistema público de ensino, surge o projeto de regulamentar o ensino doméstico, que delega totalmente aos pais a educação das crianças e isenta o estado. A responsável pela proposta é ninguém menos que Damares Alves, a ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos. Os episódios envolvendo a ministra são dos mais revoltantes, principalmente quando se trata dos direitos das mulheres, como quando Damares declarou apoio ao Estatuto do Nascituro, que dificultaria ainda mais o acesso ao aborto legal que já é extremamente restrito. Assinado por Bolsonaro e a espera da aprovação do Congresso, o projeto de Damares visa regulamentar a educação domiciliar no Brasil, modalidade em que os pais assumem a responsabilidade pelo aprendizado dos filhos. A justificativa seria a caótica condição da

educação pública, mas não esconde o conteúdo reacionário que remete ao projeto da “Escola com Fascismo” onde os direitistas acusam os professores de doutrinação e querem assumir o controle sobre o que pode ser ensinado aos alunos. Quem demonstrou total consonância com a proposta assinada por Bolsonaro é a ex-candidata à presidência, Manuela D’ávila, ao criticar o cuidado dos filhos feito pelo estado. Em seu livro lançado recentemente, Revolução Laura, Manuela chamou de “terceirização da maternidade” o auxílio estatal

na criação dos filhos, principalmente para mulheres que tem jornada dupla ou até mesmo tripla, através de creches e escolas públicas. O que Manuela não percebe com sua visão superficial feminista, é que delegando total responsabilidade da criação dos filhos aos pais, ela recai quase que totalmente sobre a mulher que mais uma vez é presa ao lar. As consequências da adoção, por parte de um setor da esquerda, do feminismo burguês é a defesa apática e confusa da liberdade das mulheres, que muitas vezes se resumem à tentar garantir que a

mulher possa escolher viver a vida que quiser, ignorando as condições em que se dará esse escolha, assim como as contradições da sociedade. Para que as mulheres possam estar em um patamar de igualdade é necessário que cesse a escravidão do lar, imposta através das responsabilidades que recaem sobre elas, da criação dos filhos e manutenção da casa. Enquanto não existirem mecanismos que suportem essas tarefas, as mulheres não conseguirão se desvencilhar da vida doméstica que impede que se integrem de forma efetiva na vida social e nas forças políticas. Uma defesa revolucionária das mulheres, seria lutar pela educação coletiva, por mais auxílio à maternidade, como mais vagas em creches públicas, e também acesso irrestrito ao aborto. Reivindicações concretas para livrar a mulher da escravidão do lar. A longo prazo é necessário aliar as reivindicações à luta da classe trabalhadora em geral, pelo socialismo e contra a burguesia, que mantém as mulheres em uma situação de submissão, facilitando assim uma exploração ainda maior de sua força de trabalho.

TVMULHERES TODAS AS SEGUNDAS-FEIRAS, 19H00


INTERNACIONAL | CIDADES | MOVIMENTO OPERÁRIO | 9

TENTATIVA DE GOLPE

Guaidó é agente de um ataque estrangeiro à Venezuela: golpe do dia 30 foi discutido dias antes em Brasília com o Cartel de Lima N

o último dia 30 (terça-feira), em mais uma tentativa de golpe na Venezuela, Juan Guaidó o capacho do imperialismo norte-americano já havia planejado como executar este ato contra o povo venezuelano. Desde a semana passada o pseudo grupo em defesa da America Latina, Cartel de Lima, já tinha conhecimento da ação do lacaio de Donald Trump na Venezuela, através de setores da direita golpista. A discussão aconteceu em Brasília com os demais países que compõe o grupo golpista e, portanto, era algo planejado contra o país latino. Ficou comprovado que Guaidó, não possui nenhum apoio interno dentro do país. Sua convocação dos militares venezuelanos, fracassou e demonstrou que o mesmo não representa os anseios do povo, mas sim de seus ini-

migos, revelando apenas uma ínfima parcela dos militares que se venderam assim como ele. Nessas condições, a ação fracassada não passou de mais uma tentativa dos tubarões imperialistas de invadir o país vizinho através da figura do golpista Guaidó, traidor de sua própria pátria, na tentativa de entregá-lo nas mãos dos norte-americanos que querem explorar e saquear a nação venezuelana, sendo ela maior reserva de petróleo do mundo. Mais uma vez, o governo capacho dos EUA e inimigo do povo brasileiro e latino-americano de Bolsonaro procurou apoiar a iniciativa fracassada de golpe na Venezuela e, deste modo, foi também derrotado pela falta de apoio de Guaidó e, principalmente, pela reação popular contra o golpe.

EFEITOS DO GOLPE

FRIGORÍFICOS

Cortes no orçamento provocam aumento de 339% dos casos de dengue e colocam mais de mil cidades em risco

A rotina dos patrões é tratar os trabalhadores apenas como objetos descartáveis E

D

esde 2016, quando Michel Temer assumiu o poder por meio de um golpe de Estado, derrubando a presidenta eleita Dilma Roussef, os parasitas golpistas que se alojaram no governo vêm implementando uma política de retirar investimentos de setores fundamentais para a população, como Educação, Saúde e Saneamento para botar mais dinheiro nas contas das famílias dos banqueiros e dos capitalistas que são os seus verdadeiros patrões e financiaram a sua subida ilegal ao poder. Um dos exemplos dessa política é a PEC do Teto (mais corretamente chamada de “PEC da Morte”) de Temer, que congelou os gastos em saúde e educação pelos próximos vinte anos. Bolsonaro mostrou que também pretende seguir com a precarização da vida da população ao expulsar do país os médicos cubanos, que vinham tratando pessoas em áreas afastadas onde os “doutores” brasileiros não manifestavam interesse de trabalhar. A tendência é que esse processo continue se aprofundando, visto que a situação econômica ainda é muito crítica para a burguesia.

Na área da Saúde, essa política vampiresca e assassina já causou um aumento de 339,9% dos casos de dengue no país, segundo dados do próprio Ministério da Saúde. Até o dia 13 de abril, foram registrados 451.685 casos prováveis de dengue no Brasil, contra 102.681 casos registrados no mesmo período em 2018. Além disso, 994 munícipios apresentam um alto índice de infestação, indicando risco de surto de dengue, zika e chikugunya. Mesmo com todos esses dados, o secretário de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, Wanderson Kleber, diz cinicamente que o País não vive uma situação de epidemia generalizada, alegando que os altos índices de casos registrados está dentro do esperado para 2019, dizendo que nos últimos dois anos houve redução do número de casos, então o aumento de mais de 300% seria natural. Ele termina botando a culpa também em São Pedro, ao dizer que “as condições ambientais foram propícias para a proliferação dos mosquitos com aumento de temperatura e mais chuvas”. Apesar das esquivas ordinárias do governo ilegítimo, é preciso dizer que o principal responsável pelo encaminhamento da situação da saúde e de outras áreas para um estado de calamidade é o golpe de Estado dado pelo imperialismo no país e sua política de cortes. Este só será derrotado se o povo se mobilizar e conquistar, nas ruas, o Fora Bolsonaro e a liberdade para Lula, que deverão vir seguidos de Eleições Gerais com a participação de do ex-presidente, preso político do regime golpista.

m sete de março morre Rodrigo Lopez, engolido por uma moedora de carnes no frigorifico Bello Monte, em Itaquiraí, município do estado de Mato Grosso do Sul. A morte do funcionário não é situação isolada, durante todos os meses do ano, se tem notícias de tragédias com a do operário Rodrigo e, neste caso, conforme Observatório De Olho nos Ruralistas de 23 de abril de 2019, os donos já estiveram envolvidos em questões de acidentes e doenças em outras empresas que comandavam. De acordo com O De Olho nos Ruralistas Os principais sócios da Bello Alimentos são Roberto Carlos Miotto Ferreira e os irmãos Lauri Francisco Paludo e Adroaldo Antônio Paludo, também sócios da Pluma Agroavícola, produtora de ovos férteis paranaense fundada nos anos 1990. Adroaldo reúne processos de danos morais referentes à falta de condições de higiene e segurança no ambiente de trabalho. Em um processo julgado em segunda instância em março de 2018, um funcionário reclama ter trabalhado em um aviário do empresário e de Adriana Maximiliano Paludo removendo aves mortas e outros dejetos sem o equipamento de proteção individual, exposto à possibilidade de contaminação. Fotografias anexadas ao processo mostravam o trabalhador andando sobre as fezes dos animais com suas roupas e calçados de uso diário. Um outro funcionário do sócio do Bello Frango Roberto Carlos Miotto Ferreira, dono, também em 2013, de um aviário foi morto ao inalar por um longo tempo formol, conforme teste-

munhas de defesa, as mascaras para proteção eram inadequadas e sequer tinha prazo de validade e, não os funcionários não eram instruídos a trabalhar com o formol. Apesar do nexo causal, a falta de equipamentos adequados, etc., a “Justiça” negou o direito a indenização à família do trabalhador falecido. Apesar da propaganda que, invariavelmente é enganosa, os frigoríficos, em sua maioria, inclusive o Bello Frango sempre dizem que há uma preocupação com as questões de segurança e proteção de trabalho, porem é o mesmo que faz o grupo JBS/Friboi de Osasco, o Seara Alimentos, o quadro de avisos sobre a Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA), nele é raro o registro dos números reais de acidentes, ou seja, para os responsáveis pela divulgação de existência de acidentes, só há uma palavra, qual seja, não há acidentes com afastamento, algo fora da realidade, principalmente pelo fato de que é muito raro não haver acidentes no setor de produção que está em primeiro lugar em acidentes e doenças do trabalho, ou seja, onde, em determinados frigoríficos como os abatedouros, por exemplo, o numero de trabalhadores que tem alguma enfermidade ou sofre acidentes é a sua quase totalidade, chegando a mais de 80%.


10 | NEGROS E JUVENTUDE

PROTESTO

No interior de São Paulo, mais de 100 entidades se manifestam contra a bandeira confederada norte-americana N

o último domingo, dia 28 de abril, foi realizado um ato em Santa Bárbara d’Oeste para protestar contra ouso da bandeira confederada norte-americana durante uma festa realizada na cidade. A chamada “Festa Confederada” é feita em homenagem à memória dos descendentes norte-americanos que para lá migraram e hasteia a bandeira dos escravagistas norte-americanos durante sua celebração. No protesto ocorrido em frente ao Cemitério dos Americanos, estiveram presentes mais de 100 entidades, entre elas partidos e políticos de esquerda organizados na região, coletivos de negros, coletivos de cultura negra, associações ligadas a religiões africanas e outras representações populares, além de pessoas independentes, não vinculadas com nenhuma entidade. Sua exigência era de que deixassem

de ostentar o símbolo racista durante a festa. A associação da bandeira confederada com o racismo e com a extrema-direita vem da época da Guerra da Secessão dos EUA, em que os estados do sul tentaram, através de conflito armado, uma separação da união. Apesar de alegarem banalidades, como a força e a independência de suas federações, o motivo real era que desejavam manter uma economia baseada na escravidão dos africanos, cuja erradicação era defendida no norte, mais industrializado e com uma economia dependente da mão-de-obra assalariada. A bandeira confederada era o símbolo desses estados do sul e até hoje é usada por entidades de extrema-direita norte-americanas para celebrar seu passado escravista. Aqui no Brasil, a Festa Confederada de Santa Bárbara d’Oeste é a única celebração que a ostenta oficialmente.

SUCATEAMENTO

Corte de verbas não é “picuinha ideológica”, é a destruição da Educação Pública N

a última quinta-feira (25), o olavete da educação, ministro Abraham Weintraub, anunciou um grande ataque ao orçamento das universidades federais, corte de 30% das verbas da UnB, UFBA e UFF. Sem aviso prévio, o ministro acusou as universidades de não atingirem bom desempenho devido a balbúrdia nos campi, onde estaria acontecendo eventos políticos, manifestações partidárias e festas inadequadas. Uma dia antes do anúncio dos cortes, foi lançada na UFSM, a Frente Parlamentar Mista pela Valorização das Universidades Federais, que conta com representantes de 67 universidades, reitores, deputados e senadores, com objetivo de valorizar a universidade pública e gratuita. Como o próprio nome diz, a frente não tem intenção alguma de organizar a comunidade acadêmica para lutar por seus direitos, mas simplesmente de colocar-se contra os ataques da extrema-direita, demarcando uma posição eleitoreira para, quem sabe, angariar votos na próxima eleição.

O deputado pedetista Túlio Gadelha, integrante da frente, caracterizou o ataque, em sua conta oficial do Twitter, como “picuinha ideológica” e cobrou do ministro explicação sobre quais foram os critérios utilizados para a escolha das universidades. A mesma cobrança foi feita pela deputada, Tabata Amaral, também do PDT, como se algum critério pudesse justificar o corte repentino de da verba das universidades. Anunciou o deputado Marcelo Freixo, do PSOL, também no Twitter, que

as ações de seu partido seriam acionar a Procuradoria-Geral da República para que o ministro respondesse por improbidade administrativa e na câmara apresentariam projeto para anular a decisão do MEC. Frente a esse ataque à universidade pública, mais uma vez a esquerda pequeno-burguesa optou pela via parlamentar para enfrentar a direita. Apelar às instituições tomadas pelos pela burguesia, tem pouco ou nenhum efeito contra as medidas dos bolsonaristas, até porque os cortes de verbas

em todos os setores da educação nada mais são do que a política neoliberal da burguesia sendo levada à cabo pelo governo golpista. Dias depois do anúncio sobre as três universidades, e diante da repercussão negativa da medida, o governo decidiu ampliar o corte para todas as universidades federais, não mais usando a justificativa de bagunça nos campi, mas sim motivos “técnicos, operacionais e isonômicos”. A decisão mostrou, mais uma vez, que os bolsonaristas usam as crítica morais para tentar conseguir um apoio de sua base reacionária, mas o objetivo é o desmonte da educação pública. Ação parlamentar alguma intimidou os direitistas que ampliaram os ataques às federais, e vão continuar atacando os serviços públicos enquanto a esquerda não os enfrentar. O movimento estudantil não pode mais esperar, é preciso organizar uma greve geral contra o governo Bolsonaro, juntamente com os professores e funcionários, unindo todas as universidades, enquanto elas ainda são públicas.

TODAS ÀS QUINTAS-FEIRAS, 14H NA CAUSA OPERÁRIA TV ASSISTA, CURTA E COMPARTILHE


MORADIA E TERRA E ESPORTES|11

BAHIA

Após o golpe, violência no campo aumenta 170% H

á alguns dias, a Comissão Pastoral da Terra (CPT) lançou o Relatório “Conflitos no Campo Brasil 2018″ com a 34ª publicação sobre os dados relativos à violência contra os trabalhadores do campo. O relatório foi lançado na sede da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), em Brasília (DF), com a presença de representantes dos membros do Conselho Nacional e da coordenação executiva da CPT. De acordo com o presidente da CPT, Dom José de Witte, o número de mortes em conflitos diminuiu. Por outro lado, o número de lideranças assassinadas aumentou. O Relatório registrou 1.489 conflitos em 2018, número superior aos 1.431 de 2017: um aumento de 3,9%. A maioria deles ocorreram na região amazônica. Entre os Estados, a Bahia, teve um aumento de 170%. No total, cerca de 1 milhão de pessoas foram envolvidas: um aumento de 35,% em comparação a 2017, que registrou 708.520 pessoas. O relatório também apresenta 2018 como o ano com o maior número de

conflitos por água desde 2002: 276 casos. 73.693 famílias foram afetadas; 85% delas pertencem a comunidades tradicionais. Foram 40% a mais de conflitos que em 2017, e 108% a mais de famílias afetadas.

Além disso, houve a expulsão de 2.307 famílias (número 59% superior a 2017). Essas expulsões devem ser compreendidas como atos ilegais, em que os ocupantes são retirados de suas terras sem mandado judicial de

despejo. As remoções têm ocorrido à mando de grandes latifundiários e empresários que, com o auxílio de jagunços e da polícia, aterrorizam, ameaçam e agem com violência contra os trabalhadores do campo. Todo esse aumento nos casos de conflitos, expulsões forçadas e violência são consequências do Golpe de Estado, que se iniciou com a derrubada da ex-presidenta Dilma, e com a ascensão do presidente ilegítimo Jair Bolsonaro, a tendência é que, naturalmente, a situação no campo se complique ainda mais. Nesta segunda-feira (dia 30/04), Bolsonaro afirmou que pretende enviar à Câmara dos Deputados um projeto de lei que torne isentos de punições proprietários que atirarem contra “invasores de terra”. Isso representa um perigo real e um grave risco para os trabalhadores do campo. É necessário que a população trabalhadora do campo e suas organizações, como o MST, entre outras, reajam ao Golpe e à escala fascista do governo Bolsonaro. É necessário que se mobilizem contra a violência no campo, pela formação de comitês de autodefesa e pelo direito de livre armamento como forma de se protegerem dos jagunços e latifundiários, garantindo, assim, a sua sobrevivência e o seu direito à terra.

As declarações ponderadas e sensatas do ex-jogador português servem como antídoto às críticas e golpes que o atacante brasileiro que atua no futebol francês vem recebendo, não somente neste caso específico, mas em qualquer outra situação que parte da imprensa europeia veja como uma oportunidade para atacar o futebol brasileiro e seu material humano, os jogadores, particularmente os que

atuam pela seleção nacional. O ataque ao futebol brasileiro – já dissemos isso aqui inúmeras vezes e diremos quantas vezes mais for necessário – cumpre o papel de tentar desacreditar e desmoralizar não só o nosso futebol, mas é parte da campanha para atacar o Brasil e o povo brasileiro, levada adiante pelo imperialismo, inimigo dos povos oprimidos e explorados em todo o mundo.

ESPORTES

De passagem pelo Brasil, excraque português Luis Figo sai em defesa de Neymar D

epois do bombardeio sofrido por parte da imprensa europeia e também do próprio técnico do time (PSG) onde atua, o craque brasileiro Neymar finalmente encontrou alguém que já esteve dentro dos gramados para defendê-lo da conduta adotada depois da partida, onde o atacante brasileiro revidou uma provocação oriunda das arquibancadas, vinda de um torcedor do time oponente, o Rennes. De passagem pelo Brasil em compromissos de divulgação da “Champions League”, o ex-craque português que atuou pelo Real Madrid e Barcelona, Luis Figo, eleito o melhor jogador do mundo em 2001, declarou em entrevista que embora reprovasse a atitude de Neymar, disse entender a situação do jogador. “Como jogador, posso entender perfeitamente o Neymar. Acho que é uma ação que tem que ser reprovada, mas entendo que depois de um jogo importante, em que você perde um título, está chateado, pode, após uma provocação, perder a cabeça e ter uma reação instintiva da qual se arrependa de cabeça fria. De todo

modo, é reprovável” (ESPN, 02/05). Indo um pouco mais além nas declarações, disse também sobre o nosso melhor jogador: “Acho que há muita responsabilidade depositada sobre ele, a pressão por ser um jogador que leve uma seleção a ser campeã do mundo ou um time a ser campeão da Europa. Claro que ele tem essa responsabilidade por causa da qualidade que sempre demonstrou” (idem, 02/05). Mas não parou por aí. Figo também rasgou elogios a Neymar, declarando aquilo que o torcedor brasileiro já sabe: “Acho que é um dos melhores jogadores da atualidade, que pode ganhar qualquer título individual. Mas os títulos individuais vêm junto com outros títulos coletivos. E depende muito de com quem você está competindo por esses títulos individuais, o contexto de momento, o seu rendimento na temporada, a qualidade do time que você defende e a importância do campeonato que você disputa. São muitas coisas que influenciam e que não têm necessariamente a ver com a qualidade individual do jogador” (idem, 02/05).



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