SEXTA-FEIRA, 24 DE MAIO DE 2019 • EDIÇÃO Nº 5652
DIÁRIO OPERÁRIO E SOCIALISTA DESDE 2003
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CUT e outras entidades convocam trabalhadores a apoiarem ato dos estudantes do dia 30: todos às ruas! POLÍTICA
Os aliados do “centrão” dentro da esquerda para sustentar o golpe: governadores do Nordeste se reúnem com Bolsonaro Flertando com o inimigo: Tarso Genro aponta que Mourão é uma alternativa a Bolsonaro Depois do êxito das mobilizações do último dia 15, quando mais de um milhão de pessoas saíram às ruas em mais de 300 cidades de todas as regiões do País contra o governo Bolsonaro, entidades nacionais dos estudantes convocaram uma nova mobilização, no próximo dia 30. EDITORIAL
Direções da esquerda não podem dar fôlego para a recuperação dos golpistas Os posicionamento errados das atuais direções da esquerda, isto é, do movimento operário, popular e dos movimentos sociais, são profundamente nocivos para o desenvolvimento da luta política contra o golpe de Estado.
Reino Unido: Theresa May anuncia sua renúncia Nesta sexta-feira (24), a primeira-ministra do Reino Unido, Theresa May, anunciou sua renúncia do cargo. May deixará o cargo no dia 7 de junho, e sua renúncia é a conclusão de um longo processo fracassado de tentar negociar os termos da saída do Reino Unido da União Europeia (UE), o chamado “Brexit”.
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A bancada da Ambev: os infiltrados O empresário milionário João Paulo Lemann, dono da Ambev, constituiu, na prática, uma bancada própria no interior do Congresso Nacional.
Centrão faz tudo para salvar Bolsonaro: Randolfe (Rede) pede impeachment de Weintraub Até as pesquisas da burguesia já mostram que Bolsonaro tem ampla rejeição popular
Bolsonaro reconhece o perigo da mobilização e volta atrás na questão das verbas Na última quarta-feira (22), Bolsonaro anunciou que vai usar verbas da reserva orçamentária para liberar recursos para a Educação. Com isso, será destinado um pouco mais que R$ 1,5 bilhão para a Educação – valor que é ainda muito inferior aos R$ 5,8 bilhões que foram cortados anteriormente.
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2 | EDITORIAL EDITORIAL
Direções da esquerda não podem dar fôlego para a recuperação dos golpistas
O
s posicionamento errados das atuais direções da esquerda, isto é, do movimento operário, popular e dos movimentos sociais, são profundamente nocivos para o desenvolvimento da luta política contra o golpe de Estado. Desta forma, a política de conciliação, com acordos e busca de alternativas por dentro do regime político reacionário, dão fôlego para os golpistas. Diante da gigantesca crise política do governo Bolsonaro e todo o regime golpista, as direções da esquerda, ao invés de direcionar a população no sentido de uma luta efetiva contra os golpistas, aproveitando a instabilidade da burguesia para liquidar de vez com o golpe de Estado, estão procurando realizar uma política para sustentar o regime bolsonarista. Setores da esquerda estão procurando realizar um acordo com o “centrão” para substituir o presidente fraudulento, Jair Bolsonaro, por elementos golpistas de uma outra ala da burguesia, como o próprio vice-presidente, o general Hamilton Mourão. Desta forma, colocam o impeachment – e não a mobilização popular – como solução para a crise do regime. É o caso de Tarso Genro (da ala direita do PT), que se posicionou, em coluna no Brasil 247: “Se me perguntassem num processo eleitoral em quem eu votaria se a opção
fosse Bolsonaro e Mourão eu diria que em nenhum dos dois. Não votaria no primeiro por razões de sanidade mental, aliadas a outras razões políticas de princípio, vinculadas à questão democrática. E não votaria em Mourão, por motivos vinculados à questão democrática e às reformas que ele apoia. No concreto, todavia, poderá se configurar nos próximos meses uma nova linha divisória na nova política do país pós-golpe: você apoiaria uma solução ou o “impeachment” de um insano, em favor de um outro que não é? É bom ir pensando sobre isso”, disse o ex-governador do Rio Grande do Sul, indicando que apoiaria o general Mourão contra Bolsonaro (grifo nosso). Outros setores da esquerda, como Rui Costa (governador da Bahia, PT), Guilherme Boulos (Psol) e intelectuais da esquerda pequeno-burguesa, como Gilberto Maringoni (também do Psol), colocam-se contra a derrubada de Bolsonaro porque supostamente seria algo “antidemocrático”. Rui Costa e Boulos chegaram a comparar a derrubada de Bolsonaro com o golpe contra Dilma Rousseff. Desta forma, para estes setores, a derrubada de uma presidenta eleita por um golpe financiado pelo imperialismo e a derrubada de um governo fraudulento pela mobilização popular seriam a mesma coisa.
Não bastasse isso, diversos setores da esquerda estão procurando realizar uma frente com setores da burguesia golpista – com sua suposta ala “esquerda”. O movimento “Direitos Já”, do qual participou Boulos, Haddad, Mercadante, Suplicy, Orlando Silva (PCdoB) e políticos do PSDB, PV, Rede e outros partidos golpistas, é uma comprovação disso. Trata-se de concretizar a tentativa fracassada de Ciro Gomes (PDT) de realizar uma “Frente Democrática” de oposição a Bolsonaro – em outros textos da Causa Operária, essa tentativa foi denunciada como uma forma de estabilizar o regime bolsonarista, com uma oposição de mentira. Pelas mais diversas formas que assumem, a política da esquerda pequeno-burguesa e burguesa tem o mesmo objetivo em comum: estabilizar o regime golpista. Seja através do impeachment de Bolsonaro, ou através de uma oposição puramente parlamentar, nos marcos das instituições burguesas, trata-se de um acordo com os políticos mais cafajestes da política nacional, dar sustentação aos inimigos da população como Bolsonaro. O que estão procurando fazer é uma aliança com os grupos que até ontem estavam apoiando o governo Bolsonaro, e que hoje estão pulando do barco furado por conta da crise.
COLUNA
Daenerys Targaryen, a Stalin de Game of Thrones? Por João Pimenta
B
em, eu avisei. Qual a importância de um jornal revolucionário comentar uma série de TV? Muitos diriam que nenhuma, que não deveríamos gastar nossas linhas digitais em comentar o mundo do entretenimento quando o País pega fogo na luta contra Bolsonaro. Mas esta seria uma concepção restrita de mundo. O cinema e a TV são propaganda, propaganda capitalista, propaganda de uma determinada filosofia, que precisa ser combatida e desmentida. Game of Thrones é uma série que foi assistida por dezenas de milhões de pessoas, uma série que na opinião deste humilde colunista é excepcional em termos de televisão, mas cujo final mostra uma filosofia com a qual não se pode concordar. Nos últimos dois episódios da série, nós vemos a transformação de Daenerys Targaryen, uma das principais personagens da série, de salvadora dos pobres e oprimidos, uma espécie de “monarca revolucionária”, em uma cruel e brutal assassina. A personagem defendia o fim da escravidão, em favor da servidão é claro, trata-se de uma série de fantasia medieval afinal, e se colocava como uma espécie de déspota esclarecida. Uma monarca benevolente, favorável à “destruição da roda da história” que
oprimia os mais fracos, uma espécie de revolucionária monárquica. O ponto culminante de sua transformação durante o cerco a Porto Real, a capital do reino fictício de Westeros, onde ela escolhe massacrar toda a cidade mesmo após ter vencido a batalha por desistência dos exércitos adversários, e ela o faz com ajuda de seu último dragão. O anão, outro dos personagens centrais da série, representado de forma brilhante por Peter Dinklage, irá explicar o por quê disso: ele argumenta que ela o fez por acreditar que sua causa era justa, que ela era uma paladina do correto e da bondade e portanto quaisquer ações suas estariam justificadas diante do objetivo de criar o “paraíso na terra”. Ele explica isso a Jon Snow abertamente exortando-o a assassinar a Mãe de Dragões e realizar uma espécie de golpe de Estado contra a déspota. Snow, por sua vez, realiza o assassinato após conversar com ela e ver que ela fez o que fez pelas razões descritas pelo anão, principalmente após ela dizer que sabia o que era o melhor para todos e defender seu papel como salvadora. Os roteiristas forçaram a transformação de Daenerys, a Quebradora de correntes, em genocida, fizeram com que a rainha que prometeu acabar
com as guerras terminasse prometendo mais guerras. A guinada deixou todos que acompanhavam a série atônitos, e não sem razão. Foi uma guinada forçada para cumprir uma moral bem estabelecida no mundo de hoje: revolucionários, sonhadores, radicais que têm um projeto de sociedade não devem ser seguidos, são apenas tiranos em potencial. A revolução de Daenerys engoliu a sua mãe, ela se tornou aquilo que prometeu acabar e foi assassinada. Ironicamente, os que a mataram por discordarem da ideia de que alguém poderia lutar por uma determinada ideia ou visão de mundo, depois se reuniram e moldaram a sociedade de acordo com a vontade de alguns poucos nobres, escolheram um líder moderado e restabeleceram a roda da história. Como séries de TV não funcionam de acordo com as leis da política ou da realidade, apenas de acordo com a caneta do roteirista, Game of Thrones termina com uma moral da história bem reacionária. Não precisava ser assim, Porto Real não precisava queimar, e ela poderia ter sido quem ela prometeu ser: uma déspota esclarecida, governante benevolente e tudo mais. Os fãs não queriam isso, mas no cinema hollywoodiano antes uma ode à reação, que uma ode à revolução.
Esse tipo de política apenas fortalece o bolsonarismo – não na figura de Bolsonaro – mas na figura do “centrão”, controlado pelos antigos partidos da ditadura militar (DEM, PP, PMDB, PSDB) e os próprios militares. Desta forma, se esta política for vitoriosa, as direções da esquerda terão contribuído para estabilização do regime político, de forma com que os golpistas estarão mais fortes para impor sua ditadura contra toda a população brasileira. Terão fortalecido os políticos que têm a mesma política de Bolsonaro, que é de matar, reprimir, torturar e tratorar todos os direitos da população. A alternativa para esta política se encontra na mobilização revolucionária das massas. O dia 15 de maio demonstrou que existe um gigantesco movimento de luta contra o governo Bolsonaro. É preciso estimular este movimento com palavras de ordem que direcionem a crise política no sentido dos interesses da população, pela derrubada do governo Bolsonaro, a libertação do ex-presidente Lula e a realização de novas eleições com Lula candidato. Essas palavras-de-ordem vão direto ao ponto central do problema, e portanto são mais eficientes para unificar todas as categorias de trabalhadores e a população em torno da derrota dos golpistas. É preciso aproveitar enquanto estão fragilizados.
POLÍTICA| 3
TODOS ÀS RUAS!
CUT e outras entidades convocam trabalhadores a apoiarem ato dos estudantes do dia 30 D
epois do êxito das mobilizações do último dia 15, quando mais de um milhão de pessoas saíram às ruas em mais de 300 cidades de todas as regiões do País contra o governo Bolsonaro, entidades nacionais dos estudantes convocaram uma nova mobilização, no próximo dia 30. O protesto contra os cortes na Educação, a “reforma”da Previdência e outros ataques do governo assumiu a palavra-de-ordem central de “fora Bolsonaro”, Já na semana passada, a UNE (União Nacional dos Estudantes (UNE), a UBES (União Brasileira de Estudantes Secundaristas) e a ANPG (Associação Nacional de Pós-Graduandos), divulgaram nota comum em que convocam estudantes “para se mobilizarem nos próximos dias, indo às ruas com suas produções acadêmicas e materiais de estudo; convocando assembleias em todas universidades, cursos, institutos federais e escolas; bem como convocando paralisações e a presença nos atos do dia 30 de Maio”, e ainda apontam que esta mobilização deve servir para “acumular forças” para a “Greve Geral de todos trabalhadores no dia 14 de Junho”. Por sua vez, a Central Única dos Trabalhadores (CUT) e outras “centrais” – CTB, CGTB, Força Sindical, Intersindical, UGT, Nova Central –, reunidas no começo desta semana, anunciaram que “estarão nas ruas“, no próximo dia 30 de maio. A CUT anunciou que “a decisão de participar da construção, organização e realização da segunda mobilização que o governo de Jair Bolsonaro (PSL) vai enfrentar rumo à greve geral do dia 14 de junho, foi tomada em reunião das centrais sindicais” , que ocorreu na sede do Dieese, em São Paulo, no último dia 20.
Porto Alegre (RS) Local: Esquina Democrática – Borges de Medeiros X Rua dos Andradas Horário: 18h Belo Horizonte (MG) Local: Praça da Estação – Avenida dos Andradas Horário: 09h
A Confederação Nacional dos Trabalhadores da Educação (CNTE), primeira entidade nacional a convocar e organizar a mobilização do dia 15, também anunciou que “está trabalhando para mobilizar a base de trabalhadores e trabalhadoras da educação para voltar às ruas, junto com os estudantes, no próximo dia 30“. Estas iniciativas reforçam a convocação feita pelas entidades estudantis e a tendência crescente de mobilizações massivas contra o governo ilegítimo de Bolsonaro e seus ataques contra os trabalhadores e a juventude, que apontam o caminho da unificação de milhões de explorados contra o regime golpista. Para intensificar a coesão desse movimento, que está apenas começando, e apontar no sentido da superação da sequência de derrotas do último período – desde o golpe de Estado que derrubou a presidenta Dilma Rousseff – é preciso superar a politica de lutas parciais (testada e reprovada nos últimos anos) e fazer avançar a mobilização em torno d uma perspetiva de conjunto, uma alternativa própria dos trabalhadores e da juventude diante da crise atual tendo como reivindicações centrais o Fora Bolsonaro e todos os golpis-
tas, a liberdade para Lula e a defesa de Eleições Gerais, com Lula candidato. Para impulsionar essa política e as reivindicações dos trabalhadores contra os ataques golpistas é preciso realizar nos próximos dias uma intensa campanha de agitação nos locais de trabalho, estudo e moradia, convocando para a mobilização da juventude no dia 30 e para fazer do dia 14 – a greve geral – uma gigantesca mobilização que abale ainda mais o já desequilibrado governo golpista e abra caminho para uma greve geral por tempo indeterminado, ou seja, até o atendimento das reivindicações populares, incluindo a queda do governo e a libertação de Lula. Atos por todo o País Veja abaixo algumas das capitas, onde já tem ato marcado, no próximo dia 30: São Paulo (SP) Local: Largo da Batata Horário: 16h Rio de Janeiro (RJ) Local: Cinelândia Horário: 15h
Brasília (DF) Local: Esplanada Horário: 10h Salvador (BA) Local: Praça do Campo Grande Horário: 10h Curitiba (PR) Local: Praça Santos Andrade Horário: 18h Fortaleza (CE) Horário: 10h Goiânia Local: Praça Universitária Horário: 15h Belém (PA) Horário: 13h Recife (PE) Local: Rua da Aurora Horário: 15h Manaus (AM) Local: Praça da Saudade Horário: 15h Natal (RN) Horário: 10h São Luis (MA) Local: Praça Deodoro Horário: 15h
FLERTANDO COM O INIMIGO
Tarso Genro aponta que Mourão é uma alternativa a Bolsonaro T
arso Genro, ex-prefeito petista da cidade de Porto Alegre, e um dos principais representantes da ala direitista do PT, em um artigo publicado na última segunda-feira, 20, no portal Brasil 247, apontou como solução para a crise política atual do país a substituição do golpista Bolsonaro pelo golpista Mourão. Em resumo, Tarso Genro afirma em seu texto que Mourão seria “mais sensato” que Bolsonaro, pois valorizaria a paz social, seja ela obtida por meios autoritários, ou por meio democráticos.. A defesa da substituição de Bolsonaro por Mourão é mais uma demonstração da orientação política dos setores direitistas no interior da esquerda, os quais vem, ao longo dos últimos tempos, se esforçando para chegar a um acordo por cima com a própria direita golpista. Não por acaso, nesta
semana uma reunião entre representantes deste setor da esquerda, como Fernando Haddad do PT, Guilherme Boulos do PSOL e Orlando Silva do Pc do B com representantes da direita tradicional, PSDB, DEM e MDB, também deixou evidente a política de conciliação com os golpistas que vem sendo orquestrada. Vale destacar que desde o início do processo golpista contra Dilma, Tarso Genro assumiu a posição direitista de “virar a página do golpe”, colocando-se contra uma luta mais decidida contra a direita. Se absteve também de fazer uma luta coerente contra a prisão do ex-presidente Lula. Tanto Tarso Genro, quanto Haddad fazem parte da corrente petista Mensagem ao Partido, a qual tem defendido nos últimos anos a conciliação com o golpe. Nesse sentido, a defesa da troca de
Bolsonaro por Mourão é decorrência deste processo. A política defendida por Tarso Genro, Haddad, entre outros, é a política de sustentação do regime golpista, do abandono da luta contra a direita golpista, da luta pela liberdade do ex-presidente Lula, das reivindicações da classe trabalhadora, ou seja, uma verdadeira traição ao movimento operário, estudantil e popular que ainda nutre esperanças nas lideranças de esquerda pequeno-burguesa. Ao contrário do que afirma Tarso Genro, a substituição de Bolsonaro por Mourão, ou por um outro membro da direita tradicional, é a continuação do golpe, da política de terror contra o povo, da destruição dos direitos da população. Esta política de acordo tende a vigorar caso as gigantescas mobilizações ocorridas no último dia 15 diminuírem
de intensidade. Nesse sentido é necessário intensificar as mobilizações, assim como a campanha política que aponta uma saída a esquerda para atual etapa de crise, expressa nas palavras de ordem: Fora Bolsonaro e todos os golpistas! Liberdade para Lula! Eleições Gerais! Lula candidato!
4 | INTERNACIONAL
REINO UNIDO
Theresa May anuncia sua renúncia
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esta sexta-feira (24), a primeira-ministra do Reino Unido, Theresa May, anunciou sua renúncia do cargo. May deixará o cargo no dia 7 de junho, e sua renúncia é a conclusão de um longo processo fracassado de tentar negociar os termos da saída do Reino Unido da União Europeia (UE), o chamado “Brexit”. Em março, o acordo de May com a UE foi rejeitado pelo Parlamento pela terceira vez. A pressão então aumentou para que May renunciasse ao cargo, depois de quase três anos no governo do Partido Conservador. A primeira-ministra anuncia sua saída no meio das eleições para o Parlamento Europeu, que acontece em todos os países do bloco europeu, inclusive no Reino Unido, que continua fazendo parte da UE. O partido de ex-
trema-direita liderado por Nigel Farage, Partido do Brexit, é o favorito nas pesquisas. Mais um indicador importante da deterioração do regime político no Reino Unido, com o crescimento da extrema-direita diante do desmoronamento dos partidos tradicionais do regime, fenômeno que se repete em toda a Europa, embora no Reino Unido estivesse relativamente contido após o deslocamento à esquerda do Partido Trabalhista. O Brexit foi adiado para o dia 31 de outubro. O governo continuará nas mãos do Partido Conservador, que terá que indicar um novo primeiro-ministro. Essa mudança deve apresentar um deslocamento do partido à direita, com figuras como o ex-prefeito de Londres Boris Johnson tendo grandes chances de chegar ao governo.
ARGENTINA
Não à prisão de Cristina Kirchner!
C
ristina Kirchner é uma perseguida política do Estado argentino, como Lula é o perseguido no Brasil. Depois da breve concessão aos governos nacionalistas da América para conter a revolta popular contra a política neoliberal da década de 1990, a partir de 2008, com mais uma crise do capitalismo, houve uma ofensiva contra esses governos de esquerda. Hoje em toda a América Latina, há um processo golpista e de tentativa de extermínio da esquerda, pela burguesia imperialista, começando pela esquerda nacionalista, como são Kirchner, Lula, Correa, Lugo, Maduro, Morales etc. Como Lula, ela está sendo julgada por dois processos-farsa, no último dia 21 de maio foram lidos os processos em uma audiência. O primeiro é sobre o um assassinato junto com seu falecido marido, o ex-presidente Néstor Kirchner, e o outro é de “subtrair
e apoderar-se ilegitimamente e deliberadamente de fundos públicos milionários”, acusada que enriquecimento ilícito. Uma arbitrariedade contra a ex-presidenta da Argentina que está sendo perseguida por Claudio Bonadio, que é o Sérgio Moro de Buenos Aires. Cristina Kirchner, como Lula, estava liderando as pesquisas para eleições presidenciais no país, mas diante da perseguição da direita e da ala direita de seu partido, como aconteceu com o ex-presidente que abriu mão de sua candidatura e lançou Haddad como substituto, Kirchner abriu mão da presidência para se lançar como vice. Uma política capituladora e prejudicial para a luta contra o golpe na Argentina. As semelhanças entre o Brasil e a Argentina são uma prova da perseguição internacional do imperialismo aos governos nacionalistas da América, onde a miséria e a fome sempre foram marcas dos governos de direi-
TODAS AS SEXTAS-FEIRAS, 14H00
ta desses países durante séculos. O governo golpista de Macri como o de Jair Bolsonaro estão trazendo á tona doenças que já estavam quase desaparecidas e a fome voltou assolar esses países de forma avassaladora. Cristina Kirchner como Lula, vai acabar
presa pelos golpistas, antes de acontecer a esquerda argentina deve lançar ela como cabeça de chapa e denunciar seus opositores de dentro e fora do partido. Não á prisão de Cristina Kirchner e Liberdade para Lula! Eleições gerais e Lula candidato.
TODAS AS SEGUNDAS-FEIRAS, 12H30
POLÍTICA | 5
DERROTAR O GOVERNO
Libertar Lula e derrotar a direita A direita golpista está em crise e é preciso aproveitar a oportunidade. O governo sofre com as contradições internas do bolsonarismo e de seus aliados, com a falta de articulação no Congresso, e agora, principalmente, com a contestação do governo nas ruas. No dia 15, pelo menos 1 milhão de pessoas lotaram as ruas no Brasil inteiro contra o governo. O estopim foram os cortes no orçamento das faculdades federais, mas os protestos pediam em uníssono a saída do governo: fora Bolsonaro! É hora de derrotar o governo e derrubar Bolsonaro. Não adianta combater políticas parciais desse governo. O projeto neoliberal da direita golpista e extremamente destrutivo e abrangente. Eventuais derrotas parciais do governo ficariam muito longe de resolver o problema dos trabalhadores e da população em geral. Por isso é preciso juntar-se às massas nessa exigência de saída do gover-
no. E é preciso estimular essa exigência, e fazer campanha em torno dessa palavra de ordem. O governo precisa ser derrubado para interromper esses ataques contra os trabalhadores. No entanto, não basta derrubar Bolsonaro. Neste momento, é preciso apresentar uma alternativa para o país. Acrescentar novas exigências ao Fora Bolsonaro! A direita já discute abertamente a substituição de Bolsonaro pelo general Hamilton Mourão, vice-presidente que conspira contra o governo desde o começo. Há setores de esquerda que chegam a apoiar essa alternativa, enquanto outros usam essa possibilidade para rejeitar o Fora Bolsonaro. Porém, não exigir Fora Bolsonaro agora equivale a apoiar que Bolsonaro fique, é uma política sem sentido e perigosa, pois Bolsonaro é um perigo para a população caso consiga se consolidar. Portanto, exigir a saída de Bolsonaro é
OS INFILTRADOS
A bancada da Ambev O
empresário milionário João Paulo Lemann, dono da Ambev, constituiu, na prática, uma bancada própria no interior do Congresso Nacional. São cinco deputados de diferentes partidos direitistas apoiados e financiados diretamente pelo capitalista. São eles: Felipe Rigoni (PSB-ES), Tiago Mitraud (Novo-MG), Rena Ferreirinha (PSB-RJ), Daniel José (Novo-SP) e a suposta “esquerdista” e “democrática”, a deputada Tabata Amaral (PDT-SP). De acordo com os dados publicados pelo portal UOL, a Fundação Lemann doou cerca de R$ 79.500 para a campanha eleitoral de Tabata Amaral. A bancada Lemann desmascara a tentativa do próprio imperialismo de apresentar determinados políticos golpistas e direitistas como sendo de “esquerda”, é o caso, por exemplo, da própria Tabata Amaral. A deputada do PDT de São Paulo
estudou em universidades norte-americanas, tendo como financiamento bolsas de estudo da própria Fundação Lemann. Assim como os outros deputados, Tabata Amaral integra institutos financiados pelo próprio imperialismo, como o RENOVAR. Trata-se de uma ONG que faz treinamento de lideranças; exatamente o mesmo slogan encontrado no site da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID) O desgaste dos setores golpistas tradicionais obriga o imperialismo a fabricar novas peças para servirem a sua política de destruição dos direitos da população. Apesar de aparentarem uma posição “democrática” e mais à esquerda, os jovens da bancada Lemann, na essência defendem a política golpista imposta pelos bancos e os monopólios internacionais, a política de terra arrasada do imperialismo.
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necessário, e precisa incluir uma alternativa para o país. Essa alternativa são as eleições: eleições gerais já! Diante disso, a liberdade de Lula é uma exigência da própria situação política do país. Não faz sentido uma nova eleição presidencial em que Lula não participe. Por isso é necessário
exigir a liberdade de Lula e que ele possa ser candidato dessa vez, para que o povo possa decidir soberanamente por meio do voto quem será o próximo presidente, diferentemente do que ocorreu em 2018, quando a vontade popular foi fraudada. Liberdade para Lula!
6 | POLÍTICA
DIREITA RECUA
Bolsonaro reconhece o perigo da mobilização e volta atrás na questão das verbas N a última quarta-feira (22), Bolsonaro anunciou que vai usar verbas da reserva orçamentária para liberar recursos para a Educação. Com isso, será destinado um pouco mais que R$ 1,5 bilhão para a Educação – valor que é ainda muito inferior aos R$ 5,8 bilhões que foram cortados anteriormente. No dia 15 de maio, após gigantescas manifestações contra o governo, o presidente ilegítimo Jair Bolsonaro declarou que os estudantes e trabalhadores que protestaram contra os ataques à Educação eram “idiotas úteis”. O vice-presidente Hamilton Mourão, por sua vez, afirmou que as manifes-
tações foram pontuais e não teriam continuidade. No entanto, o anúncio de que serão destinados R$ 1,5 bilhão para a Educação mostra que o regime político vê com muita preocupação a revolta popular contra o governo. As verbas liberadas para a Educação mostram um recuo do governo. É mais uma demonstração de que o governo está enfraquecido e não consegue impor seu programa neoliberal sem colocar setores da população em movimento. Por isso, é preciso ampliar a mobilização contra o governo Bolsonaro e derrubá-lo. Se a mobilização de um dia obrigou Bolsonaro a recuar, uma mobilização crescente e uma gre-
ve geral podem acabar de vez com o governo. O recuo de Bolsonaro, por outro lado, não pode ser entendido como um sinal de que o governo está disposto a negociar com a população. Se as oportunidades de derrubar o governo forem desperdiçadas e os golpistas conseguirem se unificar para estabelecer um governo mais coeso, a burguesia irá atacar a população de maneira muito mais brutal do que Bolsonaro tem feito até agora. É preciso sair às ruas já, multiplicar as mobilizações e lutar pela derrubada do governo Bolsonaro, a liberdade do ex-presidente Lula e por novas eleições, com Lula candidato!
CRISE POLÍTICA
Os aliados do “centrão” dentro da esquerda para sustentar o golpe: governadores do Nordeste se reúnem com Bolsonaro O desenrolar da crise política tem provocado uma intensa disputa no interior das forças políticas que dão sustentação ao governo Bolsonaro. Acuado, o chefe do executivo que somente chegou ao poder através de uma espetacular fraude e não tem apoio popular efetivo, anunciou uma viagem ao Nordeste, buscando construir uma ” agenda positiva” e uma articulação para garantir uma mínima governabilidade, diante inclusive das mobilizações populares e das sucessivas derrotas do governo no Congresso Nacional. Não por acaso, o presidente Jair Bolsonaro decidiu realizar uma viagem de articulação na região Nordeste, exatamente na região com os Estados comandados pelos governadores da “oposição”. Para os desavisados, a viagem pelo Nordeste, região que Bolsonaro foi derrotado nas últimas eleições presidenciais, pareceria uma ação desencontrada ou mesmo mais uma expressão da falta de propósito do bolsonarismo. Entretanto, a viagem do presidente à região, em que o presidente
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tem os piores índices de avaliações nas pesquisas de opinião – para 40% dos nordestinos, o governo é ruim ou péssimo, conforme o Ibope – é indicador de que é justamente a política de conciliação dos governadores nordestinos do centrão, como Renan Calheiros em Alagoas, e da “esquerda” (PCdoB, PT E PSB) um dos principais recursos para dar sustentabilidade para Bolsonaro. Antes da viagem oficial, os governadores nordestinos já costuraram reu-
niões setoriais e acenos a uma “pauta institucional” com Bolsonaro. O roteiro da viagem de Bolsonaro conta com a entrega, em Petrolina (PE), de um conjunto habitacional do programa Minha Casa Minha Vida no dia 24 de maio. Ainda em Pernambuco, o governo federal anunciará um incremento do Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste, visando obras de infra estrutura. Está prevista uma reunião com
os nove governadores do Nordeste e mais os governadores de Minas Gerais e Espirito Santo no Instituto Ricardo Brennand, complexo cultural da capital pernambucana, em que será lançado o Plano Regional de Desenvolvimento do Nordeste (PRDNE), mera peça de propaganda de Bolsonaro, que de forma alguma representará uma alternativa para o desenvolvimento do Nordeste. Sendo que a política recessiva e os cortes no orçamento público dos recursos destinados as políticas sociais impactaram negativamente a região, que já é a mais pobre do país, aumentando drasticamente a miséria e a pobreza. Neste sentido, a viagem de Bolsonaro é uma articulação com os governadores do centrão e da esquerda visando criar uma aparência de preocupação do governo federal com o Nordeste, isso quando cada vez mais a política econômica e os cortes nos programa sociais têm intensificado um profundo ataque contra a população nordestina.
POLÍTICA| 7
DERROTAR O REGIME GOLPISTA
Por que agora é a hora do Fora Bolsonaro? O
maior erro que se pode cometer em política é não avançar, ocupar posição diante do recuo e fragilização do adversário. Torna-se ainda muito mais grave, quando se trata de uma vacilação, de uma falta de atitude diante da derrocada de um adversário da extrema-direita fascista, um presidente ilegítimo, eleito pelo golpe e pela fraude, preposto do imperialismo, dos banqueiros e do grande capital nacional a eles associados, verdadeiras aves de rapina, que aí estão para devastar o país e todo o seu povo. A derrubada da presidenta Dilma em 2016, a campanha de calúnias contra a esquerda, a campanha de perseguição e prisão de Lula, o seu banimento das eleições, a operação de fraude para eleger Bolsonaro e um séquito de golpistas que tomaram conta dos executivos e dos legislativos brasileiros, foram iniciativas do golpe de Estado no Brasil, foi uma orquestração, que visa
promover uma profunda alteração do regime político brasileiro. Obviamente, tamanha operação de desmonte do regime político não poderia passar incólume à luta de classes. O resultado foi a polarização política estabelecida no país e que vem se acumulando durante todo o período do golpe e que as gigantescas moblizações ocorridas no último 15 de maio indicam uma mudança de um crescimento quantitativo, portanto de crescimento gradual da polarização, para um movimento qualitativo, uma mudança de estado, como da água em vapor, em que se abre o caminho para a reversão total do golpe através de uma ação ofensiva dos trabalhadores e de todos os explorados contra o conjunto do regime golpista. O governo Bolsonaro está à deriva, sem motor, sem remo, sem vento. A base de sustentação do governo ruiu ou está à beira disso. Os trabalhadores e a juventude foram às ruas e o que
se ouviu em esmagadora maioria foi o grito pela sua deposição. Bolsonaro é da extema-direita que quer esmagar os trabalhadores e suas organizações. Pode haver alguma dúvida sobre qual deve ser o eixo da luta contra esse governo? Não existe vazio em político. Caso a esquerda não se apoie no sentimento popular expresso desde o carnaval no grito de guerra pelo Fora Bolsonaro e que tomou um rumo de aberto confronto com os atos do dia 15, abre caminho para que o regime político se recomponha seja em com o próprio Bolsonaro, seja com um governo Bolsonaro sem Bolsonaro, como um governo com seu vice general Mourão. Esse filme, já vimos na história recente do país com Collor de Mello, com um detalhe crucial, Mourão é tão ou mais de extrema-direita que Bolsonaro. Na presente situação política, existem duas alternativas: Fora Bolsonaro ou Fica Bolsonaro!
A primeira alternativa, necessariamente, tem de estar baseada na mobilização popular, na luta por derrubar todo o regime golpista a partir de uma ação ampla das massas. A segunda alternativa é deixar nas mãos do regime golpista uma saída para a crise do país. Caso isso ocorra, o regime vai encontrar essa saída aprofundando mais ainda o golpe, o que só pode se dar pelo esmagamento de toda a classe trabalhadora e pela destruição do país, verdadeiros objetivos do golpe de Estado realizáveis por uma ditadura. A primeira opção é a reversão do golpe e a abertura de um período de avanço dos trabalhadores não apenas para reverter tudo que o golpe roubou da população, mas em avançar em direção a luta pelas reivindicações imediatas e históricas da classe trabalhadora. Por sua vez, a segunda opção significará um erro capital da esquerda, que poderá abrir caminho para um longo período tenebroso para os explorados brasileiros com implicações para outros países, particularmente os da América Latina.
CENTRÃO FAZ TUDO PARA SALVAR BOLSONARO
Randolfe (Rede) pede impeachment de Weintraub O moribundo “governo” Bolsonaro – já não há qualquer dúvida sobre isso – é um cadáver insepulto que, de forma ainda muito prematura, apodrece à luz do dia ante aos olhos da população e do eleitorado nacional. O ex-capitão do Exército e parlamentar de sete mandatos obscuros foi guindado ao cargo máximo do país numa operação que não foi outra coisa senão a maior e mais escancarada fraude eleitoral de toda a história do país, um verdadeiro estelionato contra a vontade da maioria da população. Todavia, a operação montada pelos representantes do que há de mais reacionário e retrógrado no país para conduzir um medíocre parlamentar do baixo clero ao Palácio do Planalto, já deu com os “burros n’água”; já naufragou, sem que ainda fossem completados seis meses desde a posse do presidente fantoche do imperialismo, dos bancos, das corporações econômicas, da extrema-direita e da burguesia golpista. O esgotamento precoce da operação fraudulenta engendrada pelo conjunto das forças reacionárias do país se fez conhecer já no início do terceiro mês de “governo”, em março, quando na maior festa popular do país, o carnaval, centenas de milhares de pessoas e foliões em quase todo o país ocuparam as ruas, praças e avenidas dos diversos estados entoando cânticos (VTNC) pedindo o fim do governo fraudulento. De lá para cá o que se vê em quase todo o país é o crescimento generalizado das manifestações de repúdio ao governo, seja elas menores, localizadas ou específicas. Bolsonaro vem se se tornando, nesse curto espaço de tempo, uma espécie de unanimidade nacional, onde até mesmo setores da bizarra direita nacional vem pedindo
a sua cabeça, tamanha a impopularidade do seu governo, que já registra índices de desaprovação superiores à sua aprovação. Nenhum outro governante, na história recente do país, foi à lona em tão pouco tempo, revelando que o atual ocupante do Planalto nada mais é do que uma improvisação de última hora do imperialismo e da burguesia golpista para fraudar a vontade popular que, como ficou demonstrado em todas as pesquisas de opinião durante o processo eleitoral, desejavam ver ocupando a cadeira presidencial não o miliciano fascista, mas o ex-presidente Lula, condenado e preso pela justiça “lavajatista” para não poder concorrer às eleições de 2018. Está mais do que claro que o atual regime e seus representantes – incluindo o governo Bolsonaro, obviamente – estão sustentados por “alfinetes” e que bastaria um sopro para todo o edifício golpista ruir e desmoronar, sem que praticamente nada ficasse de pé. Nas ruas, a população já manifestou o seu mais completo repúdio e a sua mais total insatisfação com os usurpadores golpistas. No último dia 15 de maio, mais de um milhão de estudantes, professores, servidores públicos e outros segmentos de trabalhadores fizeram ecoar por todo o país o grito que já é o “mantra” oficial das ruas e das praças do Brasil neste momento: FORA BOLSONARO! Contudo, na contramão desta enorme tendência de luta manifestada por um expressivo contingente da população, o que vemos por parte da quase totalidade da esquerda nacional é a tentativa de garantir uma sobrevida ao governo Bolsonaro, ao regime golpista que lhe dá sustentação e à extrema direita. Isso se expressa na recusa dos representan-
tes destes setores da esquerda em se sintonizar com o grito das ruas, com as aspirações das massas populares, que exigem o fim do atual governo e de todas as medidas antipopulares de ataque às suas condições de vida. Esta política infame, de prostração e derrotas diante de um governo completamente falido e repudiado pela maioria da população é o resultado da mais absoluta incapacidade de um setor da esquerda brasileira em compreender o atual curso dos acontecimentos, o desenvolvimento da situação política (que se inclina rapidamente à esquerda) e a formulação de uma estratégia correta, de luta e de enfrentamento ao regime golpista de fome, miséria e terror contra o conjunto da população explorada do país. Uma expressão clara desta política é a atuação de um setor dito de “oposição” dentro do parlamento, na Câmara Federal e no Senado. Diante da mais completa bancarrota do governo e da evaporação cada vez maior da sua base de sustentação (PSL, “Centrão”, partidos nanicos fisiológicos), representantes desta mesma “oposição”, ao invés de explorar estas contradições e fraturas intestinas dos governistas, aprofundando a crise para acelerar o ocaso do governo, agem exatamente no sentido contrário, buscando oferecer um oxigênio adicional aos golpistas. A “luta” desta oposição se resume a manobras e ações no terreno exclusivo da institucionalidade, como ficou demonstrado na “bravura” e na “combatividade” do Senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), que declarou estar entrando com um pedido de impeachment contra o Ministro da Educação, Abraham Weintraub, depois que o obscuro ministro olavista desrespeitou e intimidou a
parlamentar do PDT-SP, Tábata Amaral. Gostaríamos de perguntar ao excelentíssimo senador da Rede qual a eficácia, qual o propósito desta ação, qual o efeito prático desta medida diante da iminente queda do governo Bolsonaro e de todo o seu ministério bizarro, canhestro e desorientado. Esta política, é preciso que fique claro, é um beco sem saída para orientar a luta popular contra o moribundo governo, contra o regime golpista e seus asseclas. O senador Randolfe, com esta postura, se alia aos parlamentares reacionários do chamado “Centrão”, que buscam uma alternativa desesperada para salvar o desesperado Bolsonaro e o conjunto do regime, diante da mais completa debacle do governo e das instituições apodrecidas, que servem de fachada para o ataque cada vez maior contra o povo trabalhador e a soberania do país. O que Randolfe Rodrigues está propondo é menos ainda do que o impeachment do próprio Bolsonaro, hipótese que setores da própria direita já cogitam contra o presidente, na perspectiva de salvar o regime golpista e dar continuidade aos ataques do imperialismo, do grande capital e da burguesia contra os trabalhadores. Em oposição a esta política de derrotas e sem qualquer eficácia para oferecer uma perspectiva de lutas vitoriosas dos trabalhadores e do conjunto da população para a etapa que se abre, em função da crise terminal do governo Bolsonaro, é necessário colocar em marcha um plano e uma estratégia que coloque na ordem do dia a luta para colocar fim não só ao governo do ocupante clandestino do Planalto, mas que aponte para a liquidação completa e cabal de toda a estrutura golpista no país erguida pelo imperialismo, a burguesia e a extrema direita nacional, levantando a palavra de ordem de Fora Bolsonaro, Liberdade para Lula, Eleições gerais com Lula candidato.
8 | POLÍTICA E MORADIA E TERRA
IMPOPULARIDADE
Até as pesquisas da burguesia já mostram que Bolsonaro tem ampla rejeição popular C
omo resultado da crise política que se reflete no governo Bolsonaro, a impopularidade do presidente eleito pela fraude eleitoral está cada vez mais evidente. Em pesquisa realizada no último período, acerca da aprovação do governo, ficou constatado que o mesmo é amplamente rejeitado pela população, e isso é muito mais palpável pela mobilização popular nas ruas do que simplesmente através de pesquisas realizadas pela própria burguesia. Os dados apresentados mostram a queda de cinco pontos na aprovação do bolsonarismo, tendo assim 36,2% de desaprovação, mas é fato que os último atos realizados pelo país no último dia 15 denota-se que esse número é muito maior. Vale lembrar que apoio ao governo se apresenta de maneira muito superficial uma vez que
sua base social é cada vez mais menor à medida que a crise se aprofunda e o bolsonarismo é colocado na corda bamba. Os avanços de medidas antipopula-
res trouxeram à tona uma insatisfação que já estava colocada no cenário político desde o golpe de Estado. Bolsonaro apenas segue a linha golpista de massacre aos trabalhadores com um
viés da extrema-direita, logo uma ampla e prolongada mobilização popular é iminente, e a mesma tende a ser decisiva se levada com uma política efetiva contra os golpistas. Logicamente a pesquisa faz a tentativa de levantar a bola do presidente ilegítimo, mas a realidade que se apresenta deixa claro que está praticamente impossível esconder a impopularidade do governo eleito pela fraude eleitoral. A crise interna da burguesia mostra na prática que o governo ilegítimo de Bolsonaro está capenga e que é o momento certo para a esquerda levar à frente o trabalho de mobilizar os setores populares em consonância com a palavra de ordem de Fora Bolsonaro, deixando claro que é preciso derrotar todos os golpistas, libertar Lula e convocar eleições gerais com Lula candidato.
ATAQUES
Militante do MST sofre atentado em São Paulo
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esde que Bolsonaro e governadores de extrema direita assumiram, inúmeros atentados contra os sem terra, indígenas e quilombolas ocorreram. Exemplo dessa situação, ocorreu no último dia 20/05, em que o fascista Divino Salvador Gomes, conhecido
como Nenê Gomes, pai do prefeito de Riversul-SP (José Guilherme Gomes, do PDT), tentou por duas vezes atirar contra um trabalhador sem terra, integrante do assentamento emergencial 8 de março. A arma falhou e os tiros não foram efetuados, porém a intenção de ma-
TODAS ÀS QUARTAS-FEIRAS, 16H00
tar foi clara. Nenê já havia feito várias ameaças diretas contra os trabalhadores sem terra do local. Segundo matéria do MST: “O pai do prefeito é um invasor irregular da área pública Fazenda Can Can, que está em disputa judicial há onze anos. A área em litígio está hoje na posse das famílias através de decisão judicial – um agravo de instrumento, no qual o Tribunal de Justiça de SP mantém as famílias na área até que seja julgado o processo de reintegração de posse que o ITESP (Instituto de Terras do Estado de São Paulo) move contras os invasores irregulares, entre eles, Nenê Gomes. No momento há muita tensão na área, já que o agressor prometeu voltar ao local. Exigimos que o governador João Dória, o Secretário de Segurança Pública, o Secretário de Justiça e o ITESP, tomem providências contra essa tentativa de assassinato. A morosidade extrema do estado em cumprir a lei, o incentivo ao armamento
de ruralistas e as recentes declarações de incitação à violência por parte do governo estadual e federal, incendeiam o campo brasileiro e aumentam os conflitos. Repudiamos tal postura irresponsável por parte dos chefes do executivo, os quais declararam subordinação dos seus respectivos governos à Constituição, e nela a vida está acima da propriedade privada, e não o contrário. Pedimos solidariedade de entidades e defensores da Reforma Agrária que entrem em contato com as autoridades competentes, exigindo providências.” É preciso se solidarizar integralmente com os companheiros do MST e com os trabalhadores do movimento sem terra em geral e ir além da política inócua de exigir que os governantes burgueses combatam os fascistas, por eles apoiados. É preciso defender o armamento dos trabalhadores do campo e da cidade, sobretudo dos sem terras, que vem sendo alvo prioritário da extrema direita. Pelo direito ao armamento amplo e irrestrito de todos os trabalhadores.
ATIVIDADES DO PCO E DOS COMITÊS| 9
NOVO CARTAZ
Comitês de Luta Contra o Golpe produzem novo cartaz: Fora Bolsonaro! Liberdade para Lula! Eleições Gerais! E
m todo o país apresenta-se uma tendência às mobilizações contra Bolsonaro e sua política golpista. Enquanto o próprio governo se desintegra em suas contradições, as manifestações do dia 15 maio abriram caminho para uma luta popular contra os golpistas. Ao contrário de alguns setores pequeno-burgueses, o povo não parece querer negociar com o Bolsonaro e deixa isso bem claro na palavra de ordem que atravessou o Brasil: “Fora Bolsonaro”. No início do ano, o Carnaval já tinha demostrado outra versão dessa palavra de ordem, mas com o deboche que a data sugere. Todavia, enquanto essa tendência se apresenta de forma espontânea e legítima, insistentemente alguns setores tendem a jogar água fria na ação do povo. O problema maior dos setores pequeno-burgueses que se recusam a enfrentar os golpistas desde o levante contra Presidenta Dilma é a crença nas saídas institucionais. Entretanto, com o agravamento da situação política
do país fica a cada dia mais claro que essa crença é uma tentativa de salvar alguns cargos no parlamento e um ou outro cargo no executivo de verdadeiros traidores do povo. Na verdade, desde o início da campanha golpista contra Dilma, após as eleições de 2014, vários setores que se dizem de esquerda jogaram contra as mobilizações populares e consequentemente contra os próprios direitos do povo. Mesmo assim, uma visão mais clara desse panorama revela que as mobilizações populares são a única ferramenta efetiva para intervir na realidade. As instituições do Estado burguês agem contra os interesses do povo e a vontade popular Quando se trata do povo, o regime só entende a linguagem da força. Assim sendo, os trabalhadores e explorados não devem se agarrar a um Estado carcomido, moribundo e que sempre foi inimigo. Por isso, é preciso exigir o Fora Bolsonaro, eleições gerais e liberdade para Lula. Nesse momento, enquanto novas
manifestações contra os golpistas estão sendo organizadas, os Comitês de Luta Contra o Golpe produzem um novo cartaz com essas palavras de ordem. Trata-se de uma proposta consequente e clara: fora golpistas, novas eleições e liberdade para o verdadeiro presidente disputar as eleições. Com o avançado dos acontecimentos e dos ataques ao povo, não pode-
mos mais ter uma postura titubeante contra alguém que nunca fez questão de esconder a sua posição de inimigo do povo. Não podemos mais vacilar. Precisamos unificar as reações aos ataques do governo nas palavras de ordem Fora Bolsonaro, Eleições Gerais e Liberdade para Lula. Essa é a única política possível para a imensa maioria de explorados no Brasil.
AMPLA CAMPANHA
RODADA DE CURSOS
Comitês de Luta Contra o Golpe vão realizar ampla agitação com novos materiais pelo Fora Bolsonaro
PCO vai realizar nova rodada de cursos contra o fascismo neste final de semana
E
stá saindo do forno uma nova leva dos Jornais A Luta Contra o Golpe, órgão oficial dos Comitês de Luta Contra o Golpe, com uma tiragem de 1 milhão de exemplares, além dos já famosos adesivos Fora Bolsonaro e Liberdade para Lula, este último também em cartazes Os materiais são ferramentais dos ativistas e militantes dos Comitês na luta contra o golpe de Estado imposto sobre a população brasileira em 2016. Os atos do dia 15 de Maio apontaram para uma nova etapa na luta contra a direita, nela a palavra-de-ordem central é “Fora Bolsonaro”, parte da luta para derrotar todos os
golpistas, para o que outra reivindicação central é a defesa da Liberdade de Lula. É essencial que nos próximo atos dos dias 30 de Maio e 14 de Julho os comitês de Luta Contra o Golpe apontem o sentido da luta que devemos travar no próximo período, para isso é de fundamental importância do jornal, apontando para uma orientação política independente da burguesia golpista, que busca dar uma perspectiva para o conjunto dos trabalhadores e da juventude que saem às ruas, em número cada vez maior, abrindo caminho no sentido de uma vitória da luta contra o golpe.
N
este fim de semana (25-26 de Maio), ocorre mais uma rodada de cursos regionais sobre o tema “Fascismo: o que é e como combatê-lo.” Os cursos foram idealizados pelo PCO a partir do sucesso obtido com a 43ª Universidade de Férias, no início deste ano, com o mesmo tema, em São Paulo. A ascensão do fascismo a partir do golpe de Estado, em 2016, tem se tornado um problema cada vez mais atual e preocupante. Por outro lado, nota-se da parte de dirigentes da esquerda pequeno-burguesa, estratégias tão incorretas e confusas quanto aquelas que permitiram a ascensão dos fascistas na Europa, há quase um século. Em resposta a isso, o curso fundamenta-se no trabalho do dirigente revolucionário russo Leon Trótski, que ajudam a esclarecer o problema. Apresentam também as estratégias do movimento operário que conseguiram barrar ou derrotar os fascistas, ao longo da história, e que servem de base para a orientação dos trabalhadores no presente. Neste fim de semana os cursos acontecerão em Porto Alegre (RS); Irati, Londrina, Paranaguá, Paranavaí e Pitanga (PR); Campo Limpo Paulista, Fernandópolis, Ibitinga, Piracicaba e S. José dos Campos (SP); Delfim Moreira (MG); Porto Seguro e Salvador (BA). Outras das mais de 50 cidades onde o Partido está organizando o mesmo curso para datas futuras são: Palho-
ça (SC); Itapeva, São Vicente, Taubaté, Tremembé e Ribeirão Preto (SP); Nova Iguaçu, Petrópolis e Rio das Ostras (RJ); Alto Paraíso (DF); Goiânia e Jataí (GO); Campo Grande (MS); Itabuna e Coração de Maria (BA); Cabo de S. Agostinho, Camaragibe, Caruaru, Jaboatão, Olinda e Recife (PE); João Pessoa (PB); Natal (RN); Crato e Sobral (CE); Teresina (PI); São Luís (MA); Belém (PA). No total, serão alcançadas mais de 100 cidades, incluindo mais de uma dezena delas no Exterior, principalmente da Europa Informações pelo telefone (11) 9 6388-6198.
10 | COTV E RCO
COTV
ANÁLISE POLÍTICA DA SEMANA
Hoje tem Análise Internacional e CineClube Luis Buñuel
A orientação política das manifestações
Programação da Causa Operária TV desta sexta-feira, dia 24 de maio 10 horas – Reunião de Pauta 11 horas – Panorama Brasil 12 horas – Colunistas da COTV com Natália Pimenta
14 horas – Análise Internacional com Rui Costa Pimenta 17 horas – Universidade Marxista 19 horas – CineClube Luis Buñuel: “O cinema e o movimento estudantil” 20h30 – Resumo do Dia
ANÁLISE INTERNACIONAL
A burguesia imperialista teme que a unidade europeia caia sob o controle da extrema direita
O
Partido da Causa Operária (PCO), compreendendo a importância fundamental da imprensa na luta política, apresenta todas as sextas, a partir das 14h, o programa Análise Internacional, com o companheiro Rui Costa Pimenta, presidente do partido, onde são discutidos os principais acontecimentos políticos do Brasil e do mundo. Todos os vídeos das análises apresentadas encontram-se disponíveis no YouTube, no canal da Causa Operária TV (COTV), além de uma vasta programação, que atualmente conta com mais de 8 horas de programas diários ao vivo. Abaixo segue a transcrição da fala do companheiro Rui Costa Pimenta, apresentada em 19 de mai de 2019, durante a Análise Internacional. “Outro quadro, em outro país chave da unidade europeia (Alemanha) a situação é muito parecida porque a AFD (Alternative für Deutschland – Alternativa para a Alemanha) ameaça “abiscoitar” uma boa parte do eleitorado nessas eleições europeias, o que seria uma coisa desastrosa tanto para o partido conservador da Angela Merkel – a Merkel inclusive já renunciou antecipadamente participar de novas eleições e já apontou substituto –, como para o partido social democrata. O Partido Social Democrata Alemão tem sido sócio da política de direita alemã, e agora ambos se veem contestados pelo crescimento da extrema direita. No panorama geral, o receio de todo mundo, que é um receio muito grande, eu vou explicar porque que esse receio é grande, é que a extrema direita forme um bloco, se não majoritário no parlamento europeu, um bloco que seja uma força decisiva nas votações. Vamos explicar o pânico.
O pânico diante disso está dado pelo seguinte: A especulação nos jornais europeus é se a extrema direita vai conseguir se unificar para formar o bloco unitário apesar de suas divergências. Quer dizer, quando você começa a fazer esse tipo de especulação é porque você já conta com a enorme possibilidade de que a extrema direita saia vitoriosa das eleições. Suponhamos que eles vão ser vitoriosos. Será que eles vão conseguir montar um bloco assim, assado, unitário, etc e tal. Muita gente fala: “-Não, é muito disperso”. Aquele otimismo, otimismo de quem não tem o que fazer então fica otimista falando: “-Não, eles não vão se unificar”. O que é bobagem, eles podem se unificar principalmente se eles ganharem uma posição importante a unidade vai servir para que eles levem a diante suas propostas. Segundo. O grande problema é que, inclusive os jornais analisam isso, uma parcela da extrema direita não quer sair da unidade europeia e aparentemente esse sentimento está se transformando num sentimento geral da extrema direita. Por que? Porque a extrema direita está vendo a possibilidade de conquistar o controle da unidade europeia. Se eles conquistarem o controle ou se tiverem uma influência decisiva, por que sair? “- Vamos influenciar de dentro”. Essa é a ideia. Aparentemente essa é a ideia dos italianos que são a parte fundamental do bloco. Pode ser a ideia dos franceses e o resultado das eleições vai mostrar pra onde vai isso. Então um dos receios da burguesia imperialista europeia e mundial é de que ao invés de haver uma ruptura geral da unidade europeia, possa acontecer uma coisa pior, que é que a comunidade europeia cai sobre o controle da extrema direita.”
No programa Análise Política da Semana do dia 11 de maio de 2019, Rui Costa Pimenta mostra que a mobilização contra os cortes de verbas nas universidades deve assumir uma pauta mais ampla e pedir “Fora Bolsonaro”. As análises acontece ao vivo todos os sábados, às 11h30, na COTV, vídeo completo: www.youtube.com/watch?v=1wcXTFwXZ-U “Por incrível que pareça, em pleno governo Bolsonaro (um governo de extrema direita, uma ameaça a todas as organizações operárias do país)a maior parte das direções continua com uma política de reivindicações parciais. Por exemplo, na questão da educação, tendem a restringir o problema da mobilização a mobilização simplesmente ao corte de verbas, que, por mais importante que seja, é ultra limitada diante do que tá acontecendo no país. Sem que você vincule a defesa da universidade à luta pelo fim do governo Bolsonaro, essa mobilização já nasce estrangulada. Porque implicaria numa política de pequenas reformas parciais diante de um governo de ofensiva total contra os trabalhadores em todos os terrenos. Se isso já não funcionou na época do governo Temer, que tinha um poder
ofensivo muito menor, agora no governo Bolsonaro vai funcionar menos ainda. Por isso nós temos que colocar nas manifestações muito claramente o “fora Bolsonaro”. A mobilização não deve ser dirigida simplesmente às verbas, deve procurar unificar todos os setores contra o governo Bolsonaro. A pergunta é a seguinte: Ela tem esse potencial? Ela tem esse potencial. Porque tem uma ampla camada da população que quer ver o fim desse governo. A esquerda fala que não pode derrubar governo, porque é golpismo etc e tal. O que é um concepção antidemocrática no final das contas. É uma concepção que não se apoia sobre necessidades do povo mas sobre um determinado legalismo que não é nem mesmo um regime democrático. Quando a população sai na rua amplamente e quer o fim do governo, o democrático é que o governo acabe. No Brasil acontece o seguinte: O governo popular é derrubado por um golpe e todo mundo fica encolhido. O governo de extrema direito não se pode derrubar porque seria golpe. Então a única opção que você tem é sofrer o golpe da direita. Você não pode nem lutar democraticamente pela substituição do governo.”
MOVIMENTO OPERÁRIO | 11
CONTRA A RETIRADA DE DIREITOS
A campanha contra a privatização dos Correios tem que sair do Parlamento e ganhar as ruas O
s sindicalistas do Bando dos Quatro (ligados ao PT, PCdoB, PSTU e diretoria do Sintect-MG/LPS) que controlam a maioria dos sindicatos dos trabalhadores dos Correios, estão inertes, paralisados diante da “ameaça de morte” que o governo Bolsonaro fez a todos os trabalhadores dos Correios, anunciando que a ECT (Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos)será privatizada. Os sindicalistas dos Correios pensam que são parlamentares, pois ao invés de investir em uma grande campanha na base da categoria, a fim de mobilizar os trabalhadores ecetistas para lutar contra a sua própria destruição, que é a privatização dos Correios, eles se sentem mais confiantes em ficar indo ao Congresso Nacional, pedir para que parlamentares defendam os trabalhadores dos Correios. A Frente Parlamentar em defesa dos Correios, criada pelos parlamentares de esquerda, já existe no parlamento brasileiro desde o governo de FHC, no entanto, somente a luta na rua é possí-
vel derrubar a privatização e os golpistas do governo de Bolsonaro. A luta contra a privatização dos Correios, em um ambiente exclusivamente parlamentar, deu ensejo a que um deputado federal do PSB (Partido Socialista do Brasil) inventasse uma PL (projeto de Lei) para que a privatização dos Correios seja feito como aval do Legislativo nacional. É preciso denunciar essa política reacionária, que significa desviar a atenção dos trabalhadores e realizar uma encenação de que há uma luta real no Congresso dominado pela direita golpista canalizar. Desta forma, os sindicalistas realizam uma pequena movimentação, consumindo uma “energia” em ações dentro da latrina que é o Congresso Nacional e não realizam qualquer campanha real, junto aos trabalhadores e à população contra a privatização e demais ataques que os ecetistas vem sofrendo. Os esforços dos trabalhadores e do ativismo classista da categoria, precisa ser direcionado para um movimento
real, a partir dos locais de trabalho, contra os golpistas, que querem entregar a ECT para os grandes capitalistas. É preciso levantar dentro dos Correios a palavra de ordem “Fora Bolsonaro e todos os golpistas, Liberdade para Lula, Eleições gerais, com Lula candidato, por meio da criação
de comitês de luta, realização de plenárias e assembléias, publicação de milhares de panfletos e cartazes e organização de uma grande greve da categoria e da sua participação massiva na greve geral, tendo como eixos a luta pelo fora Bolsonaro e contra a privatização.
FRIGORÍFICOS
OPERAÇÃO DE PRIVATIZAÇÃO
Aumentam as mortes causadas pelas péssimas condições de trabalho nos frigoríficos
Corte dos comissionamentos serve à política de privatização na Caixa
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o ano de 2017, dados registrados nos órgãos oficiais, como o Instituto Nacional de Seguro Social (INSS), apontavam a morte de trabalhador a cada quatro horas por acidentes e/ou doenças do trabalho. No ano de 2018, os resultados registrados são de que a cada três horas e quarenta minutos há uma fatalidade ocasionada pelas mesmas causas. Os frigoríficos são o carro chefe, em se tratando de doenças e acidentes do trabalho. Em todo o país, esse setor industrial é de longe o primeiro no ranking do Ministério Público do Trabalho (MPT).
No ano passado, foram constados, em pelo menos dois Estado do Brasil que, o aumento de mortes por acidentes e doenças do trabalho estão diretamente ligados aos frigoríficos. Isso se deu nos Estados de Mato Grosso do Sul (com um aumento de 18%, em relação ao ano anterior) e Goiás (mais 14%). Para continuarem aumentando o lucro de suas fábricas, os patrões não se importam de assassinarem os seus funcionários com a imposição do trabalho extenuante e as péssimas condições de maquinários, manutenções de equipamentos, bem como, proteção e segurança.
O
governo golpista ilegítimo de Jair Bolsonaro e seus prepostos à frente da Caixa Econômica Federal (CEF), vem desenvolvendo um conjunto de ataques sem precedentes na história do banco, contra os trabalhadores e contra a própria instituição, um patrimônio do povo brasileiro. O objetivo é “preparar” a CEF para privatização, ou seja, sua entrega nas mãos dos banqueiros e capitalistas nacionais e internacionais. Os ataques são sistemáticos. Recentemente, a direção do banco abriu mais um Plano de Demissão Voluntária (PDV) que tem como meta colocar 3,5 mil trabalhadores no olho da rua, dando continuidade ao “enxugamento”, realizados pelos golpista, que já demitiu, desde 2017, cerca de 10 mil funcionários. Em 2018 a direção do banco, através do Conselho de Administração, aprovou uma mudança no estatuto da empresa permitindo que diretorias de controle (jurídica, auditoria e corregedoria) sejam ocupadas por representantes não concursados da Caixa, o que impõe o interesse privado em detrimento do público. Estão tentando, a todo o custo, fatiar o banco com a entrega, para o capital privado, da Lotex, do setor de seguridade e passar a administração do FGTS para o Bradesco e Santander. Além, é claro, das declarações do próprio presidente da Caixa de transformar o banco em Sociedade Anônima com ações na bolsa de valores, ou seja, o banco deixa de ser uma empresa 100% pública,
abrindo caminho para a sua privatização. Agora a mais nova investida da direita golpista da direção do banco aos trabalhadores está sendo o critério utilizados para descomissionamento. Facilita a retirada da função dos funcionários através do processo de avaliação funcional, para que o mesmo, depois de exercer o cargo comissionado por 10 anos, deixe de ter a sua comissão incorporada em seus vencimentos. Trata-se de uma jogada arquitetada pelos piores salafrários, que, além de prejudicar o trabalhador cortando parte considerável do seu salário, visa transformar a Caixa em um banco privado qualquer. Um absurdo. É necessário organizar uma mobilização do conjunto dos trabalhadores da Caixa, contra estes ataques e toda a operação de privatização do banco. Para tanto, é preciso colocar em marcha uma ampla campanha ampla mobilização para barrar a entrega do banco e a sua dilapidação em favor do grande capital financeiro. A greve geral, de 14 de junho, deve levantar essa denuncia e unir a luta em defesa dessa e de outras reivindicações dos bancários com a necessária luta contra o governo golpista, por meio dos eixos que impulsionem a luta pela derruba do governo: Fora Bolsonaro e todos os golpistas, eleições gerais, Liberdade para Lula, Lula presidente.
12 | NEGROS E CULTURA
FORA BOLSONARO
Governos do PSDB em São Paulo são denunciados por assassinatos de negros provocados pela PM H
á poucos dias de uma data marcante para o movimento negro brasileiro, o 13 de maio quando se relembra a abolição da escravatura, na última terça-feira, dia 21, foi protocolada pelo, Ministério Público de São Paulo, uma ação civil pública, na qual fica evidente essa constatação. Logo no resumo da ação o MP declara abertamente que: “O Estado de São Paulo é incompetente para controlar a letalidade policial, sobretudo contra a população jovem e negra, o que caracteriza racismo institucional, e, por isso deve ser condenado pela Justiça”. Escalada da letalidade policial O documento, entre outros apontamentos ainda mais graves da ação fatal da PM paulista, afirma categoricamente que o órgão incorre em ilegalidades, descumprindo a normatização, tanto brasileira quanto uma série de tratados internacionais, os quais o Brasil se obriga a incorporar ao seu ordenamento jurídico. E, diferentemente de outros membros do MP Lava-Jatista não habituados a lidar com provas aos seus argumentos, o MP paulista carrega seu texto com um volume extenso de dados para comprovar essas afirmativas, entre eles:
• os recordes de letalidade policial desde 2015; • 940 homicídios praticados por policiais de 2017, período com maior patamar em números oficiais desde 1996; • primeiro trimestre de 2019: crescimento de mortes praticadas por policiais sob o comando do governador João Doria (PSDB): 213 pessoas entre janeiro e março, contra 197 casos em 2018; • em 2016, 4.925 pessoas morreram. Dessas, 856 foram mortas pelas polícias; Contudo, um dos dados mais marcantes é a constatação da afirmação de inicia esse texto: Segundo o MP “Majoritariamente, as vítimas são homens (99%), entre 12 e 29 anos (82%) e negros (76%), conforme dados do FBSP (Fórum Brasileiro de Segurança Pública)”. O MP ainda destaca o protocolo de ação da polícia, claramente racista, baseada no estereótipo do “tipo suspeito”: “Um jovem negro será submetido a revistas pessoais imotivadas por policiais nas vias públicas com periodicidade escandalosamente superior a um jovem branco”; “E, com ampliada gravidade: correrá riscos muito maiores de ser morto por um policial do que um jovem branco,
como demonstram os estudos acima lembrados”. A falácia da segurança pública Seria até fácil imaginar que se trata de um órgão de esquerda, mas isso não é real. Mesmo depois de mostrar, de maneira clara, que a corporação é uma maquina de moer a juventude negra, o documento do MP sugere que essa “ineficiência” e “alta letalidade” decorrem do sucateamento da polícia. “Contando com equipamentos obsoletos, treinamento antiquado e falta de um aparato tecnológico de vigilância de suas ações, o PM parece se esforçar para promover uma escalada sem igual do número das chamadas MDIP (Morte Decorrente de Intervenção Policial), que registraram aumento de 18% entre 2017 e 2018”, segundo dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública divulgados em abril. Porém, com números como esses, o que seria de se esperar desse grupo com um equipamento de última geração e treinamento de ponta? Se a obsolescência do equipamento foi acompanhado de uma alta vertiginosa na letalidade das ações, outra conclusão se constrói: A Policia Militar é o órgão de extermínio do Estado, sustentado pelo política repressiva dedo Estado ca-
pitalista, destacadamente do sistema judiciário, inimigo declarado do jovem pobre e negro. A direita quer sua polícia bem armada e bem treinada. É a mesma polícia que declara abertamente que o tratamento dado em abordagens deve ser humanizado nos bairros da elite e truculento na periferia. A mesma PM que agride e odeia o movimento estudantil e o movimento operário quando se manifesta frente as arbitrariedades que enfrentam. A mesma PM que mata ativamente a juventude negra e pobre. É o papel do dos movimentos de luta dos negros, dos trabalhadores e de todos os explorados denunciar a ação criminosa desse braço armado do Estado. É preciso esclarecer ao trabalhador que a polícia não está ao seu lado, mas contra ele e seus interesses. Seja perseguindo a juventude, seja impedindo sua organização ou sua auto-defesa, a PM materializa a ação fascista do estado burguês contra a classe trabalhadora. Por isso, a reivindicação central desses movimentos deve ser a dissolução da PM e pela formação das milícias de auto-defesa, juntamente com a defesa do fim do regime golpista que impulsiona esta matança e toda a repressão contra o povo negro e trabalhador: Fora Bolsonaro e todos os golpistas, Eleições Gerais, já!
VENCEDOR DE PRÊMIO
Lula cumprimenta Chico Buarque por prêmio e zomba da Globo
U
m dia após o cantor, compositor e escritor Chico Buarque ter sido escolhido vencedor do Prêmio Camões deste ano, o ex-presidente Lula lhe enviou uma carta parabenizando-o pela conquista. Lula além de cumprimentá-lo pelo prêmio disse que ficou muito feliz por que o cantor foi colocado no ar na Rede Globo em horário nobre, alegando que foi a primeira vez que viu o rosto de Chico na emissora de televisão. O Prêmio Camões foi criado em 1988, é considerado o principal prêmio de literatura lusófona, sendo que Chico foi o décimo terceiro brasileiro a vencê-lo. A carta de Lula representa, além de uma lembrança a um amigo, uma crítica aos grandes monopólios da telecomunicação brasileira que colaboraram ativamente para a criação do clima necessário ao golpe de 2016 e que vem desempenhando um papel extremamente importante na seleção de informações
relativas a manutenção do mesmo, definindo a exibição destes conteúdos televisivos em determinados horários com baixos índices de audiência ou simplesmente ocultando-os. Além disso, assim como Raduan Nassar em 2017, Buarque terá agora a oportunidade de, perante autoridades do governo brasileiro e português, expor questões importantes relativas à prisão fraudulenta do ex-presidente, assim como tecer críticas severas ao ilegítimo governo de Bolsonaro. Se para a esquerda se trata de uma vitória mais simbólica do que política, para a direita é uma grande derrota, visto que suas referências “olavistas” demonstram não ter qualquer relevância na literatura de modo que se escancare a ausência de lideranças pensantes na direita nacional, que se demonstra na prática completamente despreparada para continuar no governo.
MULHERES E JUVENTUDE| 13
DEMAGOGIA DA DIREITA
Agressão a mulher pode resultar em multa N
esta semana, foi validada no Distrito Federal a lei que decreta a aplicação de multa com relação a violência contra a mulher. Essa é mais uma medida que entra pra conta das leis repressivas que a direita tentam impor, a pretexto de acabar com a opressão das mulheres de forma equivocada. Historicamente se comprovou que a luta das mulheres nunca obteve conquistas por meio de medidas protocoladas pelo Estado burguês, mas sim através de sua organização e luta política. É fato que esse mecanismo que está sendo utilizado, configura mais uma vez a demagogia da direita, a mesma que proíbe, por exemplo, a legalização do aborto e entrega as mulheres à tratamentos precários e assim as obriga a recorrer a clínicas clandestinas, na maioria dos casos funcionando em condições muito precárias, o que re-
sulta na morte de milhares de mulheres. Com a aplicação dessa multa, fica claro que a direita não está preocupada em resolver o problema das mulheres. Em um dos argumentos pra justificar a multa para agressores, os reacionários apontam que os atendimentos paras mulheres vítimas de violência geram custo pro Estado. Finalmente as leis repressivas tem apenas uma serventia, que é a de atacar ainda mais a população pobre, a mesma que é majoritariamente composta por negros, hoje os que mais sofrem com o encarceramento em massa no país. Portanto, para nada serve esse tipo de medida senão o de esmagar a população pobre e na contrapartida não contribui em nada na luta contra a violência à mulher de forma efetiva. Nesse sentido, mais uma vez é preciso reforçar que a luta das mulheres,
MOVIMENTO ESTUDANTIL
Polícia Civil prende cinco jovens na UFMG
No último dia 22, cinco alunos foram detidos pela Polícia Civil na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), no campus da Pampulha. As prisões foram efetuadas nos Diretórios Acadêmicos da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas (FAFICH) e na Escola de Belas Artes (EBA). A Policia Civil alega que as prisões foram realizadas por suspeita de tráfico de drogas. Todos os detidos foram levados ao Departamento Estadual de Combate ao Narcotráfico (DENARC), para prestarem depoimentos. As identidades dos alunos não foram divulgadas. Claramente ações como esta são
uma tentativa de desestabilizar e amedrontar o movimento estudantil, que foi bastante atuante no ato, ocorrido no último dia 15, contra o governo fascista de Jair Bolsonaro, e que prepara uma grande mobilização no próximo dia 30. É fundamental que os alunos, juntamente a toda comunidade acadêmica sigam na luta contra o golpe, através da organização de comitês dentro da UFMG e também com novas mobilizações populares, como a ocorrida ainda neste mês. É preciso derrotar o governo Bolsonaro e todo o regime de repressão contra os trabalhadores e a juventude.
assim como da classe trabalhadora deve ser travada nas ruas, através de sua própria organização, tendo como base um programa que visa a sua emancipação, o que significa – neste momen-
to – a luta contra o regime golpista e suas instituições golpistas, que agem para preservar o Estado burguês que mantém a opressão feminina e de todo os explorados.