Edição Diário Causa Operária nº5654

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DOMINGO, 26 DE MAIO DE 2019 • EDIÇÃO Nº 5654

DIÁRIO OPERÁRIO E SOCIALISTA DESDE 2003

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EDITORIAL

Se queremos que cresçam os atos do dia 15, é preciso desenvolver um movimento político Os atos do dia 15 de maio mostraram um verdadeiro movimento contra o governo Bolsonaro. Ao contrário do que apresentam algumas organizações de esquerda, não foi simplesmente manifestações em defesa da educação, mas um protesto geral contra os golpistas.

Reivindicação pequena, em geral, leva a mobilizações pequenas Setores da esquerda procuram apresentara ideia que a luta contra o governo Bolsonaro deveria se dar à partir de reivindicações parciais. As direções da esquerda afirmam que a luta específica, contra a reforma da previdência, contra os cortes na educação e assim por diante, seria a melhor maneira de unificar todos os setores da sociedade contra o governo.

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OPINIÃO| 3 EDITORIAL

Se queremos que cresçam os atos do dia 15, é preciso desenvolver um movimento político O

s atos do dia 15 de maio mostraram um verdadeiro movimento contra o governo Bolsonaro. Ao contrário do que apresentam algumas organizações de esquerda, não foi simplesmente manifestações em defesa da educação, mas um protesto geral contra os golpistas. A avaliação da maioria das organizações do movimento operário e popular colocam a coisa em uma perspectiva simplista, como se fosse necessário limitar os protestos a ataques parciais do governo Bolsonaro, como os cortes no orçamento das universidades federais e assim por diante. Trata-se de uma concepção errada. Para unificar todos os trabalhadores contra Bolsonaro é preciso unificar a luta em torno de uma reivindicação em comum. No caso, toda a população está sendo atacada pelo governo Bolsonaro, pelo golpe, pela fraude eleitoral e pela ditadura dos golpistas.

Nesse sentido, só será possível expandir as manifestações do dia 15 se o movimento for unificado em torno destas questões. É preciso exigir a reversão da fraude eleitoral, com a derrubada do atual governo e a realização de novas eleições, com a derrota do golpe, que passa necessariamente pela libertação de Lula e todos os presos políticos da ditadura dos golpistas É preciso participar das próximas manifestações contra o governo, no dia 30 deste mês e no dia 14 de junho (greve geral) com as palavras de ordem que abordam a luta contra todos os golpistas, para unificar todos os trabalhadores em torno da luta geral contra a ditadura dos capitalistas. Assim, as manifestações devem exigir a derrubada do atual governo – através do Fora Bolsonaro; a libertação do principal preso político do regime – liberdade para Lula; e a realização de novas eleições para reverter a fraude – Eleições

Gerais! Apenas desta forma será possível reunir todos os trabalhadores em uma frente única contra os ataques dos golpistas, com um movimento amplo

que derrote todas as medidas parciais da direita – reforma da previdência, ataques à educação, repressão nas cidades e no campo e assim por diante.

PAUTAS ESPECÍFICAS

Reivindicação pequena, em geral, leva a mobilizações pequenas S

etores da esquerda procuram apresentara ideia que a luta contra o governo Bolsonaro deveria se dar à partir de reivindicações parciais. As direções da esquerda afirmam que a luta específica, contra a reforma da previdência, contra os cortes na educação e assim por diante, seria a melhor maneira de unificar todos os setores da sociedade contra o governo. Entretanto, trata-se de uma estratégia política totalmente errada. Toda a população está sendo atacada por Bolsonaro. As lutas contra determinadas medidas específicas do governo não detém o potencial de reunir todo o povo em uma mobilização geral contra o governo. Reivindicações pequenas geralmente levam a mobilizações pequenas. No dia 15 de maio, por exemplo,

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o ato foi a gota d’água contra todos os ataques do governo golpista, não apenas uma mobilização contra os cortes. Quem mobilizou o ato foram os professores secundaristas e do primário – sendo que os ataques dos cortes contra a educação atingiam principalmente as universidades. Foi um ato político contra Bolsonaro e seu governo. As pautas específicas reúnem apenas os grupos que estão sendo afetados por essas políticas do governo. Já a realização de manifestações gerais contra os golpistas, à partir de pautas políticas amplas, como a derrubada do governo, a realização de novas eleições e a liberdade de Lula, são do interesse de todos, pois o os ataques da direita e do imperialismo estão atingindo todo mundo.

Na época da Ditadura Militar, durante a crise política do regime nos anos 70, os estudantes se mobilizaram contra a ditadura militar, com a palavra de ordem “Abaixo a ditadura”. Porém, na época, os setores da burocracia estudantil, controlada pelo PCB e PCdoB, tentaram limitar a manifestação dos estudantes em torno justamente de uma reivindicação “contra os cortes nas universidades”. Esta política foi rechaçada pela maioria dos estudantes, que foram às ruas em todos os cantos do país, com faixas “Abaixo a ditadura”. A luta política geral dos estudantes contra a ditadura militar, no final dos anos 70, incentivou, à partir deste movimento, a mobilização dos operários metalúrgicos do ABC, dos trabalhadores de todo o brasil contra ditadura militar.

Esse movimento geral foi primordial para o fim da ditadura. À partir do movimento dos estudantes contra os militares, os operários levaram adiante uma política ofensiva contra os capitalistas, realizando as maiores manifestações operárias da história do país, desde a greve geral de 1917. Isso só possível porque as mobilizações adquiriram um caráter geral contra a política dos militares. Sendo assim, é preciso acabar com a ilusão de que apenas reivindicações parciais podem reunir a população contra o governo. Ao contrário do que é pregado pelas direções, a única alternativa de derrotar o governo e os golpistas é através de reivindicações gerais, pela derrubada do governo (que está atacando a todos), por novas eleições (contra a fraude eleitoral) e pela liberdade de Lula.


4 | COBERTURA DOS COXINHATOS FASCISTAS

GOLPISTAS

Em Brasília, ato em defesa de Bolsonaro fracassa: manifestantes com bandeira dos EUA e “Super Moro” O

utro lugar que foi um total fracasso em termos de manifestação pró Bolsonaro foi Brasília. O ato foi minúsculo. Mas além disso, os brasilienses coxinhas demonstraram ser verdadeiros de Bolsonaro, que não sabe ler, nem escrever e nem tem medo de ser rídiculo. Manifestantes foram com bandeiras dos EUA, bonés escrito “Trump” (presidente dos EUA), faixas mal escritas e, não bastasse tudo isso, um pixuleco gigante do “Super Moro”.

Os patriotas

Jogo dos 7 erros?

Os coxinhas conseguiram inventar palavras novas. “Congrecista”; “Ao posse de arma”; “Ante crime”; “A provação da MP”….

Super Moro

OUTRO FRACASSO

Capital do Maranhão, São Luis, não reúne quase ninguém em defesa de Bolsonaro Mais um ato de apoio a Bolsonaro que foi um verdadeiro fracasso. As fotos que mostram uma perspectiva de cima revelam que o ato estava esvaziado.

O auge do rídiculo…


COBERTURA DOS COXINHATOS FASCISTAS| A REAÇÃO: ATO DA FAVELA CONTRA O FASCISMO NO RJ | 5

ATO ESVAZIADO

Em Belo Horizonte, ato em defesa do governo totalmente vazio: Fora Bolsonaro! A

s imagens da própria imprensa capitalista demonstram que também o ato em defesa de Bolsonaro em Belo Horizonte, capital de Minas Gerais, foi um fracasso.

Cada vez mais, fica claro que a população não quer Bolsonaro no poder. Por isso, é importante realizar mais manifestações contra o governo, com Fora Bolsonaro e exigindo Eleições Gerais Já!

GUARATINGUETÁ

RJ

Ato das favelas contra Bolsonaro No interior de São Paulo, apenas meia dúzia defendem e a repressão policial reúne mil pessoas na orla o governo Bolsonaro N

o interior de São Paulo, os fascistas defensores de Bolsonaro mostraram que não passam de um minoria.

H

oje (26), no mesmo dia em que Bolsonaro convocou manifestações da extrema-direita para apoiar seu governo, no Rio de Janeiro, um ato contra o extermínio da população – causada por Bolsonaro e Witzel – aconteceu. O ato reuniu cerca de mil pessoas. A polícia militar fez de tudo para impedir o ato, cercando as favelas da Zona Sul do Rio de Janeiro, onde estava acontecendo o ato.

Até um churrasco de família juntaria mais gente que isso…

RJ

Veja as fotos do ato “Parem de nos matar” contra a chacina de Bolsonaro e Witzel H

oje, domingo (26), no Rio de Janeiro, ao mesmo tempo em que ocorreu atos minúsculos em defesa de Bolsonaro, os trabalhadores saíram às ruas para denunciar o genocídio que Bolsonaro e Witzel estão cometendo nas favelas cariocas.


6 | POLÍTICA

FORA BOLSONARO

Temos que tornar o governo inviável E

sperar até 2022 para trocar o governo, como prega uma parte da esquerda, é uma política totalmente equivocada. Bolsonaro está destruindo o Brasil e esmagando os direitos do povo, não pode permanecer no poder, o povo tem o direito de arrancá-lo da presidência da República. Além disso, essa mesma esquerda diz que pedir o Fora Bolsonaro é antidemocrático. Pelo contrário, é democrático derrubar um governo antidemocrático, um governo que está devastando os direitos trabalhistas, roubando a aposentadoria, destruindo a educação, reprimindo e assassinando os trabalhadores urbanos e rurais. Essa avaliação de que não é o momento de pedir o Fora Bolsonaro não compreende a realidade política atual. Não foi apenas um problema da administração da situação política que levou o governo Bolsonaro à crise. A oposição ao golpe e à direita tem um longo período de amadurecimento através de lutas diversas, desde as mobilizações de 2013-2014 contra o golpe, que levaram ao aumento da polarização (o governo Bolsonaro é um capítulo dessa crise, não um fato isolado dela). Na verdade são quatro anos de lutas continuadas pelo Fora Bolsonaro, por-

carmos o adversário, será o adversário quem irá nos atacar. Impeachment e eleições gerais

que o Fora Bolsonaro é a continuação das lutas contra o impeachment de Dilma e o governo golpista de Temer. Por isso Bolsonaro nasceu como um governo fraco, porque já tinha muita impopularidade. Dizer que não há preparação para o Fora Bolsonaro é apagar as lutas dos últimos quatro anos. A soberania popular, a posição expressa pelo povo diante de um governo, é superior à soberania das instituições. O governo deve servir à maioria da população, se ele não faz isso e a

maioria da população percebe isso e pede sua deposição, então é legítimo que ele seja derrubado pelo povo. Existe uma oposição frontal entre a maioria da população e o governo que foi “eleito” (por uma das maiores fraudes da história do País), em cinco meses de governo. Se o povo não derrubar Bolsonaro, quem vai dar as cartas é a burguesia, a direita pode se recompor momentaneamente estabilizando o governo Bolsonaro, por exemplo. Se não ata-

O Fora Bolsonaro não significa exatamente o impeachment. É preciso ampliar a mobilização popular para tornar o governo completamente inviável, o que já está com meio caminho andado. O que vai impedir que as instituições tirem Bolsonaro, com uma saída por cima, é a constante e ampla mobilização popular. O movimento popular tem que deixar patente sua solução para a crise no País: nada de manobras, nada de Mourão, e sim eleições gerais (não apenas presidenciais, porque é preciso a queda de todo o regime golpista). Já existe um movimento pelo fim do governo, e o povo tem que apresentar sua proposta para um governo que substitua este. E essa proposta é justamente as eleições gerais. Para que essas eleições sejam democráticas, é preciso que o povo possa escolher seus candidatos. E Lula era o candidato favorito do povo nas eleições presidenciais, preso ilegalmente para não concorrer e não vencer. Logo, a liberdade para Lula é eixo fundamental dessa luta, Lula deve ser liberto e ter o direito de se candidatar nas eleições gerais, porque essa é a vontade popular.

ELEIÇÕES GERAIS

Nada de Mourão, nada de parlamentarismo, convocar eleições gerais A

esquerda diz que o Fora Bolsonaro significa a subida de Mourão à presidência. Diz que é melhor o lobo em pele de lobo (Bolsonaro), porque já está desmascarado e o povo já sabe quem é ele, do que o lobo em pele de cordeiro (Mourão). Mas tudo depende da situação. O lobo em pele de lobo, assim, ficaria quatro anos destruindo os direitos do povo, mesmo todo o mundo sabendo que ele é o lobo. Então não adiantaria nada o povo saber que ele é lobo. A única vantagem de o lobo não ter pele de cordeiro é que o povo reconhece ele como lobo e assim o combate para matá-lo, ou seja, no caso de Bolsonaro, para derrubá-lo do governo. O lobo em pele de cordeiro, no lugar do lobo em pele de lobo, engana-

ria o povo quando estiver no governo, segundo uma parcela da esquerda. O que determina, no entanto, o reconhecimento de um lobo com pele de lobo e um com pele de cordeiro é a mobilização popular. O vice nunca se fortalece quando o presidente é derrubado pela mobilização popular. Quando um presidente cai, todo o governo entra em crise, é uma vitória da mobilização popular contra o conjunto do regime político. Mesmo com João Goulart, que assumiu no lugar de Jânio Quadros, e que tinha o apoio da maioria da população e da esmagadora maioria dos sindicatos, isso não resolveu crise nenhuma. Ele foi derrubado pelo golpe militar. Se Temer se esgotou, Bolsonaro se esgotou, por que Mourão iria sobrevi-

ver? Mourão nem mesmo tem a base social de apoio que Bolsonaro tem, que já é diminuta. O parlamentarismo também não resolve nada, muito menos para os trabalhadores. Porque ele significa o domínio do “centrão”, ou seja, da união da direita direta ou indiretamente ligada ao imperialismo, toda ela capitalista e contra o povo. São os partidos da direita tradicional, que ajudaram no golpe contra Dilma, na prisão de Lula, na eleição de Bolsonaro e na própria sustentação do governo Bolsonaro. São aqueles que têm a mesma política de Bolsonaro. Mas mesmo eles não conseguiriam governar com força alguma, porque eles sequer conseguiram eleger um presidente da República e perderam quase toda sua base social (PSDB,

DEM, MDB, etc). Em grande medida, é por isso que Bolsonaro ainda não caiu, porque ele é o único que tem alguma base popular, mesmo que pequena, e isso serve como uma sustentação a seu governo, o que os outros partidos da direita não têm e não seriam sustentados por nada, uma vez que todo o regime está em crise. A esquerda não entende que a luta de classes é um desenvolvimento. Algumas medidas imediatas, em meio a uma imensa crise, como a queda de Bolsonaro, contribuem para esse desenvolvimento. Ou a burguesia dá um jeito para resolver a crise imediata, com a frente popular ou o fascismo, ou quem dá um jeito é o povo, por meio de uma mobilização revolucionária.


OPINIÃO E POLÊMICA | 7

VIDA OU MORTE DO GOVERNO

A sorte está lançada para Bolsonaro

sivo quanto os atos do dia 15 de maio, o governo ganhará uma sobrevida. O futuro do governo de extrema-direita será decidido nas ruas do Brasil, e principalmente na Avenida Paulista, onde acontecerá o principal ato dos bolsonaristas.

O fracasso da extrema-direita nos atos seria desastroso para eles em duas frentes. Em uma primeira frente pois o governo ficaria completamente impotente diante dos atos que já aconteceram, seria um governo que tem que se sustentar exclusivamente nas camadas superiores da sociedade e no imperialismo (que não o apoia com tanta veemência). Em outra frente o governo teria dado uma arma inestimável a nós da esquerda: a iniciativa política. O fracasso dos atos geraria um impulso para os atos estudantis do dia 30, na mesma semana, e um impulso fundamental para a greve geral do dia 14 de junho, convocada pela Central Única dos Trabalhadores. Resta agora esperar, a jogada é a da direita bolsonarista, depois virá a vez do povo. Se Bolsonaro fracassar, é preciso tomar a iniciativa e não dar moleza, é preciso pedir a derrubada de Bolsonaro e uma saída democrática, das massas mobilizadas nas ruas. Fora Bolsonaro! Liberdade para Lula! Eleições gerais já! Lula candidato!

niado e ofendido por um elemento da burguesia. Nesse sentido devemos entender a criminalização da homofobia como uma extensão dessa ferramenta. Na conjuntura do Golpe de Estado qualquer lei altamente subjetiva é um importante elemento de perseguição. No carnaval desse ano ouvimos as ruas ecoarem com a palavra de ordem popular ” Ei Bolsonaro, vai tomar no c*!”. Elementos da esquerda pequeno burguesa logo se prontificaram a reprimir esse grito pois trataria-se de um ato de homofobia, sem entender que por mais vulgar que seja o palavreado

ele representa um descontentamento com o governo e uma forma de contestá-lo. Ao invés disso limitam-se a analisar a coisa de um ponto de vista moralista. Pois bem, essa análise confusa fortalece e justifica a perseguição e a censura à quem gritar tais palavras ou coisas parecidas contra o governo. Em suma, estamos fortalecendo um Estado tomado pela direita através de um Golpe, dirigido por elementos de extrema-direita e com instituições policialescas, que através da mais pérfida demagogia conseguem mais pretextos e mais ferramentas para perseguir a população pobre e seus inimigos políticos

A

lea jacta est, “a sorte está lançada” em latim, assim disse o general Júlio César ao cruzar o rio Rubicão e invadir Roma, marcando o fim da República Romana e o começo do que ia se tornar o império Romano. A frase se tornou emblemática de jogada arriscadas, e Bolsonaro está lançando a sua própria sorte ao convocar os atos deste domingo, dia 26. A extrema-direita bolsonarista está convocando manifestações para todo o País em apoio ao presidente ilegítimo. Mas Bolsonaro não é César, nem de longe. O golpe de César marca uma ousadia enorme, uma coragem descomunal, uma visão política. Os atos de Bolsonaro marcam um governante acuado, um desespero total e uma miopia política. Os atos são um teste para a máquina do fascista: consegue ele colocar um número significativo de pessoas nas ruas? Consegue ele colocar um número similar ao milhão de pessoas que foi à rua contra o governo de Jair Bolsonaro, conseguirá ele fazer frente

ao crescente da palavra de ordem de “Fora Bolsonaro?” Para ele é uma questão de vida ou morte do governo. Se o governo fracassar nas ruas será mais um prego no caixão dele, se ele conseguir um resultado razoável, ainda que não tão mas-

UMA CAMPANHA REACIONÁRIA

Criminalização da LGBTfobia E

ssa semana foi reaberto o debate que começara no início do ano sobre a criminalização da homofobia. O STF (Supremo Tribunal Federal), botou em votação e decidiu, por maioria de 6 contra 5, que homofobia é crime. As penas de ofensa a um transexual, homossexual devem ser iguais às prevista na lei contra o racismo. Para aqueles que, ainda iludidos pelo Estado brasileiro, analisam superficialmente a questão, essa decisão pode parecer uma vitória para o movimento LGBT, mas a verdade é que não passa de mais uma ferramenta de perseguição nas mãos da burguesia. Não trataremos aqui sobre o aspecto técnico do problema, e sim do seu panorama político. A lei é uma ferramenta, uma ferramenta política. O fim para qual a ferramenta é empenhada é decido por aquele que a detém. Em uma sociedade de classes, usufrui da lei a classe que detém o Estado, os aparatos e as instituições. Esse deve ser o primeiro axioma se queremos fazer uma análise marxista, logo científica, sobre a criminalização da homofobia. A criminalização em questão foi pedido pela Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transgêneros e Intersexos (ABGLT), e pelo Partido Popular Socialista (PPS). O partido em questão foi fundado e dirigido pelo Roberto Freire, ministro da educação do governo Temer de 2016 a 2017. Essa fato deveria levantar dúvidas em qualquer observador atento da política brasileira. Porque a direita teria interesse em criminalizar a homofobia? Se não é de conhecimento do observador, a trajetória

política do PPS, outro fato deveria lhe atiçar a curiosidade: o mesmo STF que supervisionou o impeachment da Dilma; que permitiu a violação da constituição inúmeras vezes pela Operação Lava-Jato; negou a liberdade de Lula assim como sua participação nas eleições, sem direito a entrevistas (nem sequer seu nome pôde ser usado na campanha). Trata-se aqui de um problema simples, devemos entender que trata-se de mais uma ferramenta para encarcerar e perseguir os inimigos políticos do regime. O caráter da lei é punitivo e altamente subjetivo. “Ofensas” podem ser interpretadas da maneira que bem entender o judiciário. Esse início de ano foi também marcado por uma polêmica que está intrinsecamente interligada com a criminalização da homofobia: a liberdade de expressão. O humorista Danilo Gentili foi condenado por ter insultado uma deputada, o falecido jornalista Ricardo Boechat foi réu póstumo de um processo onde Kim Kataguiri pedia indenização por ter sido chamado bobalhão pelo apresentador. Todos esses absurdos jurídicos são permitidos por uma lei da década de 40 que tipifica como infração a injúria – ou ofensa da dignidade e do decoro, ainda vigente. Temos então uma poderosa ferramenta de perseguição e censura, uma lei abstrata que pode calar qualquer um que “fira a dignidade e o decoro” de outros. Uma total anulação da liberdade de expressão. Obviamente que só serve para a direita, nunca um cidadão pobre ou militante de esquerda poderá recorrer ao judiciário quando for insultado, calu-


8 | POLÍTICA E INTERNACIONAL

ELEIÇÕES GERAIS

Novas eleições só são democráticas se tiver Liberdade para Lula e Lula candidato N

os últimos dias, temos visto manifestações cada vez maiores de insatisfação contra Bolsonaro e suas medidas desatrosas em todos os setores do governo. Essas manifestações demonstram uma tendência cada vez maior à polarização política da população e tem mobilizado amplos setores da classe trabalhadora, que deixam muito claro que o governo ilegítimo de Bolsonaro está em completa oposição aos anseios dos trabalhadores. A população, inclusive aqueles que foram enganados pelas propagandas da burguesia e levados a votar em Bolsonaro, demonstra que sua consciência política e de classe está em crescimento e isso fica patente no crescimento dos movimentos e atos que surgem em todos os cantos contra o governo. A política de austeridade imposta aos trabalhadores já se revela como

mera continuidade do péssimo governo de Temer, após o golpe de 2016, e a eleição de Bolsonaro fica cada vez mais identificada com uma enorme fraude. Em todas as manifestações contra as medidas anti povo adotadas pelo governo estão presentes as palavras de ordem de “Fora Bolsonaro” e “Liberdade Para Lula” ou “Lula Livre”. Dessa forma, percebemos uma evolução na luta política no seio dos setores populares que cada vez mais adquirem a consciência de que a prisão política de Lula e seu afastamento do processo eleitoral de 2018, através de manobras ilegais do judiciário, fazem parte de um plano da burguesia nativa, coordenado pelos grandes capitalistas estrangeiros, com a intenção de saquear as riquezas do Brasil e elevar a exploração de nossa população a níveis inaceitáveis. Uma parcela cada vez maior da classe trabalhadora entende que se

Lula estivesse nas eleições hoje não teríamos Bolsonaro como presidente e por isso se juntam àqueles que pedem sua imediata libertação, anulação dos processos fraudulentos e o completo restabelecimento de seus direitos políticos, para que após a derrubada do governo Bolsonaro nas ruas, possamos exigir novas eleições gerais, mas dessa vez com Lula candidato, para que a vontade popular possa ser respeitada. A classe trabalhadora não aceitará saídas negociadas dentro de gabinetes parlamentares, através de acordos

escusos, onde o povo é invariavelmente preterido e traído. Não podemos abandonar as ruas enquanto não impusermos à burguesia a nossa política, que significa “Fora Bolsonaro”, “Fora Todos os Golpistas”, “Liberdade Para Lula” e “Novas Eleições Gerais com Lula Candidato”. Nossas pautas não podem ser frutos de acordos e negociatas, mas sim de um movimento de massas capaz de colocar abaixo o golpe e todas as medidas dele proveniente, como a revogação das reformas de Temer e das privatizações de Temer/Bolsonaro.

VENEZUELA

Governo venezuelano não pode se encontrar com Guaidó: é preciso prender o golpista! A

Noruega convidou o governo venezuelano a se reunir com o golpista Juan Guaidó para um rodada de conversas em Oslo, capital do país nórdico. Os dois lados confirmaram a presença e o envio de uma delegação para o país. De forma totalmente provocativa, Guaidó declarou que iria para negociar uma saída para a “ditadura” de Maduro, presidente eleito pela maioria do povo e apoiado amplamente pelos trabalhadores do país. Além disso, já colocou em questão que precisaria ser realizadas novas eleições no país.

A provocação de Guaidó reforça o ponto de que a participação do governo venezuelano nesta reunião será um erro. Maduro publicou nas redes sociais que irá enviar uma delegação “pelos esforços para avançar pelos diálogos de paz e estabilidade na Venezuela”. Trata-se de uma capitulação. Quem semeia a violência terrorista e a instabilidade no país são os próprios golpistas, liderados por Guaidó e o imperialismo norte-americano. O governo Maduro não deveria buscar um acordo com as marionetes dos EUA que

TODAS AS SEXTAS-FEIRAS, 14H00

querem entregar o país para os monopólios capitalistas. Ao contrário, diante de todas os ataques promovidos pelos fascistas venezuelanos, o governo deveria prender imediatamente Guaidó e todos os responsáveis pelas permanentes tentativas de golpe de Estado no país. A manutenção dos golpistas em liberdade e capitulação a eles, através de um “diálogo” para resolver a crise apenas ajudará os golpistas, que se não foram derrotados imediatamente poderão com mais facilidade realizar

um golpe vitorioso no futuro. O governo deveria ouvir as vozes das ruas, do povo trabalhador mobilizado, que exige a prisão de Juan Guaidó e de todos os golpistas. Apenas assim, através da mobilização popular, será possível derrotar a direita, e não com “negociações” fajutas, onde a esquerda cede e os direitistas não dão o braço a torcer. No Brasil, antes do golpe contra Dilma Rousseff, a mesma tentativa de negociar com os golpistas, como Eduardo Cunha, não ajudou em nada e apenas fortaleceu a direita.

TODAS AS SEGUNDAS-FEIRAS, 12H30



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