DOMINGO, 2 DE JUNHO DE 2019 • EDIÇÃO Nº 5661
DIÁRIO OPERÁRIO E SOCIALISTA DESDE 2003
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Preparar a greve geral, fora Bolsonaro! Depois de uma série de ataques do regime golpista contra a imensa maioria do povo, que provocou um brutal retrocesso nas suas condições de vida, como o desemprego e subemprego atingindo mais de 27,5 milhões de brasileiros (cerca de 25% da força de trabalho), o rebaixamento dos salários, o aumento da fome, a redução dos gastos públicos com Saúde, Educação, Moradia e tudo mais que interessa à população etc.
EDITORIAL
A quem interessa dizer que os atos são só em defesa da educação? A esquerda pequeno-burguesa credita ser a dona de suas próprias ideias. É uma ilusão que é própria da classe média, que crê ser dona de seus próprios pensamentos, mas que em geral reproduz na maior parte do tempo a ideologia burguesa, exceto quando a classe operária em movimento consegue força suficiente para arrastar atrás de si parte dessa pequena burguesia.
Liberdade para Lula não unifica, o PSDB sim Já em novembro do ano passado, pouco tempo depois da fraude eleitoral que deu a vitória a Jair Bolsonaro, o deputado federal eleito pelo PSOL do Rio de Janeiro, Marcelo Freixo, afirmou para a imprensa golpista e para deleite dela mesma que a “pauta do Lula livre não unificava”. Naquele momento, muitos talvez não tivessem entendido exatamente o que representava tal ideia.
POLÍTICA
Organização do ato em São Paulo prejudica a mobilização O ato do 30 de maio em São Paulo foi chamado com partida do Largo da Batata, no bairro de Pinheiros, e obrigou os manifestantes a caminharem sete quilômetros até a avenida Paulista.
Censura a oradores do PCO no dia 30: tentativa de represar o “Fora Bolsonaro” O dia 30 de maio foi mais um passo adiante na luta contra o governo Bolsonaro.
OPINIÃO | 3 EDITORIAL
A quem interessa dizer que os atos são só em defesa da educação?
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esquerda pequeno-burguesa credita ser a dona de suas próprias ideias. É uma ilusão que é própria da classe média, que crê ser dona de seus próprios pensamentos, mas que em geral reproduz na maior parte do tempo a ideologia burguesa, exceto quando a classe operária em movimento consegue força suficiente para arrastar atrás de si parte dessa pequena burguesia.É assim também dentro dos movimento de luta dirigidos por essa esquerda pequeno burguesa. Em busca do que considera novas ideias, inovações e novas fórmulas para o movimento – como se isso fosse obra da mente genial de alguém e não um resultado da experiência histórica dos movimentos de luta – a esquerda não percebe que está apenas sendo veículo de propaganda de uma campanha da burguesia. A moda agora – embora a manobra já seja velha – é fazer um esforça para mostrar que a mobilização de massas que está tomando as ruas não é contra o governo Bolsonaro e portanto não seria contra o golpe e também não seria pela liberdade de Lula. Para não apresentar a política assim, a es-
querda pequeno-burguesa apenas diz que são “atos pela educação”. Uma política que procura passar por cima da própria vontade do povo que está nas ruas claramente contra Bolsonaro e contra tudo o que o golpe representa. Mas é preciso avisar os defensores dessa política dentro do movimento: a ideia de que os atos são “pela educação” não é uma criação da esquerda mas simplesmente a política que a direita, através dos principais jornais burgueses golpistas, quer impor ao movimento. Diante da impossibilidade de esconder os atos, que foram gigantescos, a direita trata de procurar impor uma orientação política para eles. Pelo menos desde o dia 15 de maio os jornais golpistas vem se esforçando para dizer que as manifestações são simplesmente “contra os cortes”, “pela educação”, mas nunca contra o governo. Nunca contra o golpe, menos ainda pela liberdade de Lula. Surgiu também a ideia de que os partidos políticos não poderiam levar bandeiras. Essa campanha se intensificou no dia 30. Foi tema de todos os órgãos da imprensa burguesa, que fazia questão de apresentar que seria “oportunismo”
de sindicatos e partidos de esquerda levantarem a palavra de ordem “Lula livre”. A esquerda pequeno burguesa reproduzindo tudo. É chato ter que reconhecer que nós não somos donos do nosso próprio pensamento.
Não precisa ser muito experiente para saber quem se beneficia com a política do “ato só pela educação”. Nada de colocar em risco o regime golpista podre!
COLUNA
Liberdade para Lula não unifica, o PSDB sim Por Henrique Áreas de Araujo
J
á em novembro do ano passado, pouco tempo depois da fraude eleitoral que deu a vitória a Jair Bolsonaro, o deputado federal eleito pelo PSOL do Rio de Janeiro, Marcelo Freixo, afirmou para a imprensa golpista e para deleite dela mesma que a “pauta do Lula livre não unificava”. Naquele momento, muitos talvez não tivessem entendido exatamente o que representava tal ideia. Freixo está atrás de uma frente ampla que unifique vários espectros políticos que pudessem formalizar uma “oposição” parlamentar, formal, institucional a Jair Bolsonaro. Podemos dizer que se trata de uma articulação para sustentar, através da chamada “oposição responsável” e consentida, o regime político golpista e o próprio governo ilegítimo e fraudulento de Bolsonaro. A nova cartada de Freixo é a busca por um vice do PDT de Ciro Gomes na disputa pela prefeitura do Rio de Janeiro nas eleições de 2020. Outro Psolista, Guilherme Boulos, aproveitou o ato de 1º de Maio em São Paulo para dizer que sentia falta da presença de Ciro Gomes ali. Ciro, tradicional político burguês que já foi do antigo PDS – partido herdeiro da ARENA da ditadura militar -, do PSDB e desde então já mudou de partido com mais frequência com que muda de camisa, afirmou no início da semana passada em um encontra em Recife que “unidade é o cacete” depois de responder rispidamente aos ques-
tionamentos da deputada petista Maria do Rosário sobre por que preferia atacar Lula. Em março deste ano, uma reunião em Brasília juntava Guilherme Boulos (PSOL), Flávio Dino (governador de Maranhão pelo PCdoB), Fernando Haddad (PT) e Ricardo Coutinho (governador da Paraíba do PSB). Essa reunião publicou documento que lançava uma política para a formação de uma frente ampla de “oposição” e que sinalizava para Ciro Gomes (PDT), Marina Silva (REDE) e Roberto Requião (MDB). Neste documento, Lula aparecia de maneira muito tímida (só para não dizer que não foi lembrado) e a ideia de que se devesse pedir a derrubada do governo Bolsonaro nem passou perto. Menos ainda a ideia de denunciar a eleição fraudulenta. No último dia 20 de maio a imprensa golpista anunciou a reunião ocorrida no apartamento do jurista Pedro Serrano. A reunião foi convocada pelo escritor tucano Fernando Guimarães e pelo advogado petista Marco Aurélio Carvalho. Cerca de 40 pessoas participaram do evento, segundo as informações da imprensa, de José Anníbal (ex-senador do PSDB) até Guilherme Boulos (PSOL), passando por Fernando Haddad, Eduardo Suplicy, Soninha Francine (PPS), Aldo Rebello (Solidariedade), André Franco Montoro (PSDB) e ainda o presidente do PV e o porta-voz da REDE. Segundo as informações foi criado o “movimento direitos já” e seria uma articulação para “isolar Bolsonaro”.
Os organizadores anunciaram que os próximos convidados do encontro, para que também façam parte do movimento, José Serra e Geraldo Alckmin (realmente dois baluartes dos direitos do povo, quem mora no estado de São Paulo sabe). Boulos, presente na reunião, afirmou que “essa é mais uma iniciativa que traz alguns setores que estão preocupados com a crise democrática no Brasil”, segundo matéria do sítio da Fórum. Sobre a mesma reunião, Marcelo Freixo (PSOL) disse que “diante do fascismo é necessário reorganizar as forças democráticas com capacidade de ação no Congresso [grifo nosso]” (idem). Nada como uma frente ampla parlamentar, melhor ainda se for com os partidos burgueses. Na segunda-feira, dia 27, foi a vez de Flávio Dino (especialistas em aliança com o PSDB) se encontrar com o presidente de honra do PSDB (quanta honra!), o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, para uma conversa em “defesa da democracia”. FHC é o mais novo integrante das articulações tal tal frente ampla. FHC é aquele tucano responsável pela devastação neoliberal no País nos anos 90. FHC é aquele que, junto com sus correligionários, esteve à frente do golpe contra Dilma. FHC é aquele, junto com sus correligionários e aliados e junto com a rede Globo, responsável por ter colocado o Bolsonarismo onde está agora. O PSDB é aquele partido de Alckmin, Serra e Beto Richa cujo esporte preferido, aqueles em São Paulo e este no Paraná, é colocar a tropa de choque para
espancar estudantes, professores e a população na periferia. É muita democracia, não é mesmo? A todo esse panorama se junta o esforço conjunto de toda a esquerda pequeno burguesa em não levantar a palavra de ordem de fora Bolsonaro. A todo esse panorama se junta também o esforço da esquerda pequeno-burguesa, seguindo as diretrizes da direita e da imprensa golpista, de afirmar que os atos que tomaram conta das ruas do País nos últimos dias 15 e 30 de maio eram “apenas pela educação”, não eram “contra o governo” e nem mesmo pela liberdade de Lula. Nada de querer derrubar esse governo, muito menos de libertar Lula. Nada de querer colocar abaixo esse regime golpista e todos os seus responsáveis que estão impondo ao povo uma devastação da economia e dos direitos políticos. “Direitos já!”, para alguns apenas discurso parlamentar para preparar a próxima eleição, para outros apenas um embuste para convencer o povo a não lutar contra a devastação produzida por eles mesmos. Na medida em que a situação política avança e avançam também as articulações de cúpula vai ficando cada vez mais límpido o porquê “Lua livre não unifica” como profetizou Marcelo Freixo. Para se unificar com o PSDB, o PDT de Ciro Gomes “unidade é o cacete” e outros partidos da burguesia golpista e precisa “esquecer” Lula na prisão e lembrar dele de vez em quando para arrecadar alguns votos do eleitorado de Lula.
4 | POLÍTICA
REGIME GOLPISTA
Preparar a greve geral, fora Bolsonaro! D
epois de uma série de ataques do regime golpista contra a imensa maioria do povo, que provocou um brutal retrocesso nas suas condições de vida, como o desemprego e subemprego atingindo mais de 27,5 milhões de brasileiros (cerca de 25% da força de trabalho), o rebaixamento dos salários, o aumento da fome, a redução dos gastos públicos com Saúde, Educação, Moradia e tudo mais que interessa à população etc., os explorados e suas organizações de luta estão retomando o caminho das grandes mobilizações de rua, sinalizando uma clara evolução no sentido de dirigi-las contra o governo golpista e ilegítimo de Jair Bolsonaro. Co m o que, se opõe – de forma concreta – à politica de setores reacionários da esquerda burguesa e pequeno burguesa que buscam um entendimento com os golpistas, seja apoiando suas medidas (como os governadores que querem apoiar a “reforma” da Previdência com algumas mudanças), seja buscando um entendimento com setores golpistas (FHC, PSB, Ciro Gomes etc.)em torno de uma “frente ampla” que não quer encontrar uma saída para acalmar a situação e esperar por novas eleições fraudulentas. As grandes mobilizações dos últimos dias 15 e 30 de Maio, ocorridas em mais de 300 cidades, em todas as regiões do País, mostraram, a enorme disposição de luta presente entre os trabalhadores e a juventude, contra o governo e seus ataques contra todo os explorados do País. Uma situa-
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ção que mostra a evolução de uma tendência que vinha se manifestando desde o carnaval, nos primeiros atos contra a “reforma” da Previdência etc. E que, de certa forma, é a continuação da evolução das lutas contra o impeachment, pela sua anulação, contra o governo Temer etc. Bem diferente do que procuram concluir a imprensa golpista e seus “analistas” e do que repetem setores da esquerda conciliadora , os milhões de pessoas que saíram às ruas, bem como os outros muitos milhões que os apoiam, não estão se manifestando apenas para protestar contra os cortes na Educação (como a direita gostaria), mas são a expressão clara e inequívoca da revolta crescente contra o governo ilegítimo de Jair Bolsonaro e seus ataques contra o povo trabalhador. Por isso mesmo, estão abalando ainda mais o já combalido governo e todo o regime politico.
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Isso fica evidente também nas pesquisas (mesmo que deformadas) e o fato de que tanto no dia 15, como no dia 30, as manifestações superaram, muitas vezes (pelo menos 1000% maiores), os esvaziados atos coxinhas, do último dia 26, de apoio a Bolsonaro, realizados com o financiamento dos capitalistas e suas organizações, ainda que de forma disfarçada diante da divisão interna crescente em suas fileiras. As manifestações expuseram a crise do regime e a fragilidade da operação de “salvação” ou sobrevida para o governo Bolsonaro que os diversos setores golpistas procuram colocar em marcha, desde o começo da última semana, em torno do anunciado “pacto”, envolvendo os chefes dos poderes do moribundo Executivo (dividido entre suas diversas alas), do reacionário e corrupto Legislativo (dominado pelo “centrão”) e do golpista e imperial Judiciário (claramente tutelado pelos
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militares), tendo como objetivos imediatos manter a ofensiva contra os trabalhadores (“reforma” da Previdência, cortes etc.) e impedir a queda, ao menos por hora, do governo que mostrou um apoio político pequeno, mas que é maior do que do que o dos outros setores tradicionais da política burguesa tão ou mais desgastados do que o “bolsonarismo”. As duas grandes manifestações no espaço de duas semanas, por suas vez, impulsionaram as tendências de luta, em torno da realização do dia nacional de paralisação, a greve geral, do dia 14 de junho. Que pode ser um primeiro passo para uma greve geral de verdade, por tempo indeterminado, até a derrota cabal dos ataques do governo Bolsonaro e sua queda. A tarefa central da próxima etapa é impulsionar uma intensa campanha nos locais de trabalho, estudo e moradia, realizando milhares de assembleias, panfletagens, colagens de cartazes etc. que impulsione a mobilização para parar todo o País, realizando milhares de assembleias, plenárias, reuniões de comitês etc. para reforçar a unidade dos trabalhadores e da juventude, enterrando a perspectiva fracassada de conciliação com os golpistas e fortalecendo a luta por uma alternativa dos explorados e de suas organizações de luta: a derrubada do governo Bolsonaro e de todos os golpistas, a conquista da liberdade de Lula e de eleições gerais, com Lula candidato. A greve geral precisa ser uma mobilização ativa, com grandes atos nas capitais e não um “dia de folga”que coloque em ação a poderosa classe operária em todo o País.
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POLÍTICA| 5
ATO 30 DE MAI0
Organização do ato em São Paulo prejudica a mobilização O
ato do 30 de maio em São Paulo foi chamado com partida do Largo da Batata, no bairro de Pinheiros, e obrigou os manifestantes a caminharem sete quilômetros até a avenida Paulista. Essa organização do ato, que parece mais uma extravagância ou tentativa de “inovar” por parte de setores da esquerda pequeno-burguesa, contribuiu para a desorganização do movimento. Com uma proposta dessas, é natural que houvesse uma dispersão da manifestação, mostrando o prejuízo ao desenvolvimento da luta causado por esse tipo de organização. Os militantes de São Paulo sabem que o principal apologista dos atos “diferentes” é justamente o psolista Guilherme Boulos. É dele normalmente a iniciativa de convocar o ato para o Largo da Batata, na Zona Oeste. Provavelmente é uma jogada de tipo eleitoral, já que os simpatizantes do PSOL são frequentadores assíduos da Vila Madalena, bairro boêmio frequentado pela esquerda pequeno burguesa, vizinho ao Largo da Batata.
O normal é que os grandes atos sejam marcados para os grandes centros urbanos, onde é fácil o acesso para pessoas de todos os locais da cidade. Em São Paulo, a Avenida Paulista, local tradicional das mobilizações, ou as praças da Sé e da República no centro da cidade. Nesse sentido, trazer as pessoas da periferia deve ser responsabilidade das diversas entidades estudantis e de esquerda que contenham alguma arrecadação financeira. Nos dias 15 e 30 de maio ocorreram atos de repúdio ao governo golpista nos quais participaram setores de toda a população. Esse caráter de massas deixa ainda mais patente o erro político de uma convocação para um local que atrapalha na organização do ato. Essa escolha do local não é um simples detalhe, mas faz parte do esforço de toda a direção do movimento de dificultar a mobilização contra o governo, pelo Fora Bolsonaro, e levantar uma mobilização esvaziada e por lutas parciais.
CENSURA A ORADORES DO PCO NO DIA 30
Tentativa de represar o “Fora Bolsonaro” O
dia 30 de maio foi mais um passo adiante na luta contra o governo Bolsonaro. A população foi às ruas contra o governo em uma segunda rodada de grandes manifestações nacionais contra o atual regime golpista, apesar disso, as direções tentam encobrir o fato de que trataram-se de mobilizações não somente contra os cortes na educação. Por essa razão, o Partido da Causa Operária sofreu um boicote e não conseguiu falar nos carros de som em alguns dos atos ocorridos nas cidades mais importantes do país. Aconteceu em vários lugares, mas destaca-se o caso do Rio de Janeiro e de São Paulo. Ambas as cidades foram palco das maiores manifestações ocorridas na primeira rodada de manifestações do dia 15 de maio, não por acaso são os dois maiores centros urbanos do Brasil. O Partido da Causa Operária levanta a palavra de ordem “Fora Bolsonaro” desde o segundo turno da eleições de 2018, onde a fraude eleitoral deixou claro as intenções da burguesia, e desde então vê-se a consonância desta política com a indignação popular contra o governo. Não poderia ser diferente, este governo anunciava ser um flagelo para o Brasil desde antes da eleições. As palavras de ordem contra o governo tomaram popularidade sobretudo depois do carnaval, quando o povo saiu às ruas mostrando de maneira animada o que achava de Bolsonaro e seus ministros. Desde então a repercussão e a reprodução de gritos contra Bolsonaro só vem aumentando nas manifestações ao passo que sua
popularidade decresce de maneira recorde para um governo de apenas 6 meses. Porém, as direções da esquerda ainda não conseguem representar a política popular, ao invés disso, apostam em acordos eleitorais para 2020 e 2022, e dialoga com boa parte do governo indesejado. Na verdade quem está pautando essas direções é o centrão, as oligarquias mais antigas da política brasileira. É estranho constatar que a mesma esquerda que puxava o “Fora Temer” e “Diretas Já” há mais ou menos um
ano, contra um governo que já estava de saída, agora se omite frente a um dos governos mais impopulares que o Brasil já conheceu. Embora as palavras estejam na boca do povo, as lideranças retrógradas da esquerda não ousam falá-las. O PCO, por levantá-las em todo lugar que está presente, e bater inexoravelmente nesta tecla, foi emudecido. Enquanto em todas cidades os manifestantes corriam atrás dos adesivos “Fora Bolsonaro” como em água no deserto, em São Paulo os “organizadores” do ato enrolavam e “faziam cera”
quando o PCO pedia a palavra no carro de som,, e no Rio de Janeiro as desculpas mais esfarrapas eram usadas para não deixar os companheiros do PCO levantarem as palavras de ordem do partido. Primeiramente foi dito que haviam encerrado-se as inscrições, poder-se-ia crer lendo isto que os companheiros demoram e perderam a oportunidade, mas a passeata nem havia saído do lugar ainda. Quando o carro de som que saiu da Candelária chegou na Cinelândia, um dos oradores disse que estavam abertas novamente as inscrições para falar em cima do carro de som, porém mais uma vez, negaram a oportunidade para o PCO, sob a alegação de que era a vez da juventude se pronunciar. Quando foi enviado um militante mais novo, para representar a Aliança da Juventude Revolucionária, simplesmente não houve recepção, somente um guarda costas que deixava subir alguns fotógrafos e barrava a entrada e a comunicação com qualquer pessoa dentro do carro de som, enquanto algumas jovens lideranças da UNE, PCdoB e PSOL faziam de conta que não viam e não ouviam os pedidos para falar. Falaram até a exaustão popular, todos os políticos parlamentares do PSOL presentes no ato, todos do PCdoB, PCB e PT. Vários representantes da UNE subiram no carro para repetir a mesma política vazia e demagógica. Ninguém levantou o Fora Bolsonaro, ninguém chamou por novas eleições ou pediu liberdade para Lula. Todos apenas prometeram ameaçar o governo se continuasse a mexer na educação. Basta saber o que mais Bolsonaro precisa destruir para entenderam que já passou de hora do povo tomar a situação em mãos.
6 | COTV
ANÁLISE POLÍTICA DA SEMANA
Perdido nos acontecimentos da semana? Assista a nossa análise e entenda
T
odos os sábados, a Causa Operária TV apresenta o programa Análise Política da Semana, com o presidente do PCO o companheiro Rui Costa Pimenta. Com mais de 20 mil visualizações toda semana, a Análise é o carro chefe do canal. O companheiro Rui analisa, sob o ponto de vista marxista, os principais acontecimentos da política nacional e internacional. Para todos que têm interesse numa analise que efetivamente sirva como uma orientação política, o programa é obrigatório. Nesse sábado, dia 1º de junho, foram analisados os atos do dia 30 de maio, a necessidade da palavra de ordem de “fora Bolsonaro” e a queda do PIB brasileiro. Se você ainda não viu, é só entrar no canal.
ANÁLISE SINDICAL
Causa Operária TV estreia novo programa na sua grade, veja só N
esse sábado, dia 1º de junho, a Causa Operária TV estreiou o programa sindical que leva o mesmo nome da revista da Corrente Nacional Causa Operária: Análise Sindical. O programa é apresentado pelos companheiros Lilian Miranda e Augusto Rolim, que são militantes da categoria dos professores, e é dividido em quatro partes: notícias sindicais, campanhas e materiais, análise e entrevista. O primeiro programa contou com diversos vídeos de companheiros de todo o País falando de suas categorias. O companheiro Edson Dorta, que falou dos Correios e as ameaças de privatização, a companheira Lourdes Melo falou sobre os professores do Piauí, também uma análise sobre as eleições do sindicato dos professores do Distrito Federal, entre outros. Na segunda parte teve a apresentação das campanhas desenvolvidas pe-
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la Corrente Sindical, a revista relatando diversos assuntos sobre a situação da política nacional, a apresentação da edição desse mês da revista e das camisetas contra a escola com fascismo e contra as privatizações. Na terceira parte teve a análise do companheiro Antonio Carlos Silva, coordenador da Corrente e da direção nacional do Partido da Causa Operária. Na seção de entrevista, contamos com a presença do Companheiro Antônio Eduardo, professor universitário da Bahia, que respondeu há algumas perguntas e fez uma breve análise sobre a situação dos professores baianos e a política do governo Rui Costa (PT). O programa será transmitido todos sábados as 18 horas, para todo público. Assista e se torne membro do canal.
POLÍTICA| 7
CANDIDATO IMPROVISADO
Com medo dos generais, Bolsonaro coloca guarda costas como chefe da Abin B
olsonaro foi um candidato improvisado pela burguesia diante do colapso dos partidos de direita tradicionais e o seu governo, desde o início, apresentou uma crise na qual se manifestam duas alas. De um lado, uma “ala ideológica”, formada por seguidores de Olavo de Carvalho; de outro, generais alinhados com a política tradicional do imperialismo. As duas têm se digladiado publicamente. A briga, que aparenta ser uma comédia, tem alicerces reais muito profundos. No início de maio desse ano, segundo matéria do Intercept, Bolsonaro trocou o diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência, a Abin. No lugar de Janér Tesch Hosken Alvarenga, que fez parte do Serviço Nacional de Informações da ditadura, entrou Alexandre Ramagem Rodrigues, delegado da Polícia Federal que coordenou a segurança pessoal de Bolsonaro após o suposto atentado em Juiz de Fora (MG) durante a campanha eleitoral. Bolsonaro, assim, coloca um segurança pessoal para evitar que a cú-
pula militar coordene a espionagem estatal. Segundo a mesma matéria, a Abin se encontra até hoje subordinada ao Gabinete de Segurança Institucional, o antigo Gabinete Militar, e seus membros estariam insatisfeitos com a nomeação do delegado da PF. O presidente acreditaria, no entanto, que precisaria de um homem da sua confiança para protegê-lo de
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uma eventual espionagem dos militares. Bolsonaro estaria se defrontando com os generais para evitar investigações contra seus familiares que poderiam, eventualmente, colocar em risco o seu mandato, por meio de uma conspiração dessa outra ala do governo. O comandante do GSI, no entanto, ainda é o general Augusto Heleno, que
por sua vez, embora seja um general, não apresentou-se em conflito com a ala bolsonarista. Isso não seria suficiente para impedir a espionagem, porque os militares contam também com os três serviços secretos militares nas suas mãos: o Centro de Inteligência da Marinha, o Centro de Inteligência do Exército e o Centro de Inteligência da Aeronáutica. Uma parte significativa da base social do bolsonarismo vem de elementos das camadas de baixa patente das Forças Armadas, que acreditam que Bolsonaro defenda seus interesses. Ao mesmo tempo que se identificam com Bolsonaro, essa base repudia os generais de quatro estrelas do governo, que são representantes diretos da burocracia do Exército. O governo está desmoralizado com a população e parte da burguesia desconfia de que Bolsonaro seja capaz de levar adiante o programa do golpe de Estado. O que garante a permanência de Bolsonaro é essa base e a tarefa de aprovar, o quanto antes, a Reforma da Previdência. Diante disso, a crise precisaria ser aproveitada pelos trabalhadores organizados para impor uma mobilização que derrubasse o governo.