NA DEFESA DO MEIO AMBIENTE E DA CIDADANIA EM BOTUCATU
Do domínio Belga violento no Congo até a Colônia Belga em Botucatu/Fazenda Monte Alegre!
Rei é rei e tem sempre respeitabilidade, poder e ligações poderosas. Sua irmã era a imperatriz Carlota do México, ele era neto do Rei Luís Felipe I da França, além de primo da Rainha Vitória do Reino Unido — também imperatriz da Índia. Assim, Leopoldo II inventou uma tal de Conferência da África Ocidental, ocorrida em Berlim entre novembro de 1884 e fevereiro de 1885, com a participação das grandes potências da época.
Leopoldo II ganhou o direito de explorar particularmente, sem participação do seu país, uma imensa extensão da África, que chamou de Estado Livre do Congo, tornando-se um dos homens mais ricos do planeta. Para tanto, mentiu, manipulou e enganou, pois as promessas que fez de respeitar os direitos humanos ele sabia que não iria cumprir. Para controlar a exploração das riquezas naturais, madeira, borracha, marfim, ouro e diamantes, Leopoldo II contratou mercenários para escravizar os nativos. Os métodos de controle eram espancamentos, mutilações, assassinatos e estupros.
Para esconder do mundo as atrocidades praticadas, Leopoldo II proibiu o ingresso de estrangeiros em seus domínios. Os registros desses fatos são chocantes. Pessoas com mãos amputadas por se recusarem à escravidão. Não há dados precisos sobre quantas pessoas foram assassinadas e mutiladas naquela região da África sob o domínio do rei belga, porém historiadores e pesquisadores calculam em cerca de 10 milhões de pessoas!
HISTÓRIA DOS BELGAS
EM BOTUCATU NO LIVRO:
“BRASIL e BÉLGICA”
Páginas 3 e 4
A dominação Belga sobre o Congo é considerada a colonização mais violenta de todo o século XX. O rei Leopoldo II foi responsável por cometer uma série de atrocidades na região.
O assunto é extremamente cobrado em provas de história, mas principalmente nos vestibulares, com um destaque para as questões de segunda fase.
Assim, é recomendável que você domine as principais características da colonização belga sobre o Congo.
Introdução: A dominação Belga sobre as terras do Congo, no continente africano, teve início no século XIX, mais especificamente no ano de 1885, com a transformação do território congolês em propriedade do rei belga Leopoldo II, durante a Conferência de Berlim.
Em 1908, a região recebe o nome de Congo Belga para a região. Vale ressaltar que a região passou a ser considerada parte da Bélgica somente após forte pressão internacional para que o rei Leopoldo II abdicasse das terras que ainda estavam em sua posse particular.
Congo
Podemos destacar, por exemplo, a prática de mutilação de membros dos escravos por insatisfação dos senhores. A atitude fazia com que homens e mulheres se tornassem impossibilitados de trabalhar, o que era um motivo que poderia levar à execução.
Violência: Durante o período de dominação Belga, o Congo viveu os maiores horrores de toda a história da colonização contemporânea. Alguns historiadores afirmam que a colonização belga sobre a região tenha sido a colonização mais violenta de todo o século.
Em pouco tempo, o Congo havia se tornado uma das principais fontes de borrachada, de diamantes e de marfim para toda a Europa. Assim, para potencializar seus livros, o governo belga estabeleceu o uso de métodos brutais de trabalho e a violação dos direitos humanos.
A independência do Congo Belga
Na década de 1950, a população do Congo aderiu ao discurso nacionalista , em que lideranças locais exigiam o fim do domínio Belga sobre os territórios.
Em 1955, a associação Abako, que lutava pela independência, se tornou um forte partido político e contribui para difundir o discurso nacionalista por todo o país. Posteriormente, no ano de 1958, ocorreu o chamado Congresso Pan-Africano, que fortaleceu as lideranças nacionais da região e destacou o nome de Patrice Lumumba. Com a intensificação e radicalização das manifestações pela independência, em 1959, o Reino Belga reconheceu a independência do Congo. Um ano depois, em 1960, a região seria oficialmente reconhecida como o Estado Livre do Congo, que teve como primeiro presidente Joseph Kasavubu e Lumumba como cargo de primeiro-ministro.
O Congo na Atualidade: No entanto, em 1964, o país foi governo por Moisés Tshombe, que assumiu o poder através de uma intervenção da ONU (Organização das Nações Unidas). Assim, o Congo passou a viver um período de ditadura. O nome do Estado foi alterado para República do Zaire e assim permaneceu até a morte do ditador, em 1997. Atualmente, o país é democrático, mas enfrenta conflitos oriundos do período de colonização e ditadura. A dominação Belga sobre o
e d i t o r i a l
Foi uma época muito importante para a humanidade: O FIM DO COLONIALISMO!
E a BÉLGICA representou, entre os colonizadores europeus, a que utilizou os meios mais violentos, diria até cruéis, no domínio e na exploração dos negros do então CONGO BELGA.
Daí a URGÊNCIA do Governo Belga em retirar seus colonos da África:
era situação de risco gravíssima, com os libertos clamando por vingança. Escolheu-se o Brasil e, aqui, a FAZENDA MONTE ALEGRE do fazendeiro José Augusto Rodrigues, do município de Botucatu/SP.
Foi uma epopeia... Os belgas eram senhores de escravos e não estavam acostumados ao trabalho rural...com as próprias mãos... A Matriz – a Bélgi-
“Brasil e Bélgica - Cinco Séculos de Conexões e Interações”
Na luxuosa e substanciosa edição desse livro (disponível para download gratuito no site www.brasil-bélgica.com) está registrada a vinda dos Colonos Belgas do Congo para o Brasil, mais precisamente para Botucatu, onde foram alojados na FAZENDA MONTE ALEGRE, comprada pela BÉLGICA. Estava formada a COLÔNIA BELGA DE BOTUCATU/1962. Para registro histórico, os editores foram buscar no livro “MEMÓRIAS DE BOTUCATU”, de 1990 e na PEABIRU - Revista Botucatuense de Cultura, nº 02, março/abril de 1997. O Ministro Belga do Comércio Exterior, Pieter De Crem, esteve no Brasil para fortalecer os laços entre Brasil e Bélgica. Durante seus diversos compromissos, o
Ministro tem presenteado seus interlocutores com o livro “Brasil e Bélgica: Cinco Séculos de Conexões e Interações”.
Essa publicação, coordenada por Eddy Stols, Luciana Pelaes Mascaro e Clodoaldo Bueno, mostra os “laços entre Brasil e Bélgica”, mostrando que mesmo “separados por um oceano e milhares de quilômetros, Brasil e Bélgica são mais próximos do que se poderia imaginar” E que “trazer à tona esse vínculo é a principal missão desta obra, que nos oferece um registro histórico e cultural importante da relação entre os dois países.”
“Estamos certos de que, a partir dela, o Brasil e Bélgica passam a ter uma referência bibliográfica tão relevante quanto
Importante manifestação sobre os Belgas em Botucatu:
“Em 1961 quando os 1ºs belgas chegaram em Botucatu eu tinha 11 anos e residia na Faz.Monte Alegre que passou a se chamar Soc.Coop. Agro Pec.Belgo Brasileira. Acompanhei o “clima” e expectativa que antecederam a venda da Fazenda aos Belgas, a chegada das
EXPEDIENTE
NA DEFESA DO MEIO AMBIENTE E DA CIDADANIA EM BOTUCATU WEBJORNALISMO DIÁRIO
1as.famílias, a montagem das casas pré-fabricadas, a compra dos tratores Ford 8BR, as festividades, o primeiro caso de homicídio, etc... Convivi como amigo de várias crianças belgas e como empregado de seus pais, pois eu trabalhei no terreiro de café, na oficina mecânica e também como carteiro levando correspondências à cavalo em seus sítios.
Conheci a maioria das famílias, suas
DIRETOR: Armando Moraes Delmanto
EDITORAÇÃO E DIAGRAMAÇÃO: Gráfica Diagrama/ Edil Gomes
Contato@diariodacuesta com br Tels: 14.99745.6604 - 14. 991929689
ca! – os queria longe da Europa... Foram dados todos os incentivos para a Cooperativa dos Belgas de Botucatu: criação de gado, laticínio, fábrica de cerveja... e a volta para a Bélgica ou a integração definitiva ao Brasil. É importante REGISTRO HISTÓRICO!!!
A Direção.
inspiradora, capaz de demonstrar todos os benefícios da relação respeitosa, harmoniosa e cooperativa entre duas nações” “Faça o download completo ou selecione os capítulos. (AMD)
diferenças de língua (francês e flamengo), seus costumes, histórias da vida no Congo Belga, experiências profissionais: havia piloto de avião, mecânicos, encanadores, carpinteiros, etc.; muitos dos assuntos discutidos nas reuniões de cooperados, as festas de fim de ano. Vi a Fazenda Monte Alegre se desenvolver e junto com ela o comércio de Botucatu e Pratânia também ganhavam impulso. Quanto a qualidade da terra, de fato alguns sítios eram melhores e outros muito arenosos . Foi um período marcante que não se apagará da minha memória.
Antonio H.Bussoni.
O Diário da Cuesta não se responsabiliza por ideias e conceitos emitidos em artigos ou matérias assinadas, que expressem apenas o pensamento dos autores, não representando necessariamente a opinião da direção do jornal. A publicação se reserva o direito, por motivos de espaço e clareza, de resumir cartas, artigos e ensaios.
VIDA EM TRÊS CONTINENTES a r t i g o
O ser humano é, de per si, migrante? Essa não é, evidentemente, uma pergunta a que me proponho responder. Entretanto, desde os longínquos tempos da civilização, o homem é tentado a migrar, a deixar seus familiares, sua terra natal, seus costumes, sua língua, em busca de outra vida que ele não sabe bem qual seja.
Abraão saiu de seu remanso, levando consigo a mulher, Sara, seus empregados, seus pertences, para atender a um pedido de Deus. Trocou tudo isso por uma desconhecida e distante terra prometida.Desde, então,os homens se permitem migrar e nós, brasileiros, somos frutos da imigração européia, sobretudo da portuguesa. Recentemente, chegou-me às mãos o livro “ Minha Passagem por Três Continentes”, da belga Paula Roes Henry. A autora, há muitos anos radicada em Botucatu, relata, com bastante propriedade, sua vida - e de seus familiares - pela Europa, pela África e pela América do Sul. Mais especialmente, pela Bélgica - seu país natal - , pelo Congo Belga e pelo Brasil.
A infância e a adolescência da autora guardam momentos de ternura e apreensão, pois viveu as agruras da 2a. Grande Guerra Mundial e viu seu país ser invadido pelas tropas alemãs.Foram anos de violência, insegurança, fome e desespero.Mas a crueldade do conflito também selou o destino de Paula, pois, em um jovem mensageiro de guerra, ela encontrou aquele que seria seu grande amor. “ Na mesma noite, encontrei o soldado belga: era Léon, o meu futuro marido.”
No Congo Belga, a autora narra as peri-
VOCÊ SABIA?
pécias - não seriam aventuras? - por que passou a família. O marido, engenheiro agrônomo, foi trabalhar para uma multinacional européia, sociedade algodoeira “Cotonco”, nos confins da África Central. Iniciaram nova vida repleta de esperança, com um casal de pequerruchos a tira colo.O terceiro filho completaria, logo depois, a prole, ainda em território africano. Com a revolução dos negros contra a colonização belga, o casal Henry, após dez anos, retira-se do Congo. A África ficava para trás com sabor de amarga desilusão. A ultima etapa da vida da autora se dá no Brasil, mais especificamente em Botucatu, quando as primeiras 50 famílias de belgas vêm para nosso município na fazenda Monte Alegre, em 1961.
O governo brasileiro, atendendo a um apelo da ONU, acolhe os colonos belgas, expulsos do Congo.Segundo a autora, o projeto inicial deveria ter sido em Paranapanema, na fazenda Holambra II, sob orientação dos holandeses da Holambra I, mas o negócio não vingou. Ainda conforme a autora, houve supervalorização
do preço da fazenda Monte Alegre, numa compra que envolveu o proprietário e os representantes do governo belga.A fazenda, na verdade, embora enorme - cerca de 4 mil alqueires -, tinha terra de péssima qualidade, ainda que com um cafezal verde e produtivo, numa mancha boa. Nascia então a Cooperativa Agro-Pecuária Belgo-Brasileira que, durante quase três décadas, contribui e muito para a economia de Botucatu e região.A fazenda foi dividida em glebas e distribuídas pelos colonos que construíram as casas em estilo europeu.
O laticínio da fazenda pasteurizava o excelente leite Belco que predominou no comércio da cidade.Além desse produto, os derivados do leite, eram muito bem aceitos. A autora narra as peripécias de sua família no início de Fazenda Monte Alegre, desde as dificuldades com a língua, com o acesso à escola para os filhos, com a parte financeira, com as precárias condições da zona rural até com o conturbado relacionamento com os próprios belgas. Paula, hoje, é uma respeitável senhora da sociedade botucatuense para a qual entrega toda sua bondade de coração no voluntariado - fato que sempre fez com os desfavorecidos da Monte Alegre - de atendimento às crianças aidéticas do hospital das clínicas da UNESP. Pena que os belgas se foram. A colônia feneceu. Mais uma desilusão para a família Henry.
Resta o consolo de ver os filhos casados com brasileiros e seu sonho de amor realizado.O livro tem boa progressividade narrativa e merece melhor divulgação. A linguagem apresenta alguns senões, que podem ser corrigidos em próxima reedição.
José Celso Soares Vieira - Professor, Membro e Presidente Emérito da Academia Botucatuense de Letras
Que teria sido brasileiro o famoso herói inglês que marcou presença na Primeira Grande Guerra Mundial?
Teria sido botucatuense esse herói? Teria nascido na Cuesta de Botucatu esse herói que encantou gerações com sua bravura e idealismo?
A Revista Peabiru apresentou minucioso estudo sobre a trajetória desse herói mundial
Na história ou na “lenda” de Lawrence da Arábia, temos como berço natal do herói a Cuesta de Botucatu, mais precisamente, a Fazenda do Conde de Serra Negra, localizada em Vitoriana. Verdade ou lenda ?!?
Segredo guardado ou sonho “botucudo” surgido antes da virada do século passado?!?
Mas fica – com certeza! – a imagem positiva e heroica de Lawrence da Arábia: um brasileiro nascido na CUESTA DE BOTUCATU.
Os Belgas
Início dos anos 60. Uma nova década estava começando e muitas mudanças no terceiro mundo também...
No Brasil, um jovem político chegaria à Presidência da República com esmagadora votação e carregando as esperanças de milhões de brasileiros. Era Jânio Quadros. Tudo era esperança...
No continente africano as mudanças eram mais radicais: começava a ruir o sistema colonizador europeu. O antigo Congo Médio (parte da África Equatorial Francesa), depois República do Congo, obtém a sua independência a 15/08/1960. A França perdia uma colônia e a África ganhava um país independente. O Estado Livre do Congo, fundado pelo Rei Leopoldo II, da Bélgica, depois Congo Belga, conseguia a sua independência a 30/06/1960, com o nome de República Democrática do Congo. Já nos anos 70, a intensa campanha de africanização provoca alteração: a República Democrática do Congo passa a ser República do Zaire (com a queda do regime ditatorial que dominava o país desde os anos 70, voltou a denominar-se, à partir de 1997, de República Democrática do Congo). A Bélgica também perdera uma colônia. No continente africano, no início dos anos 60, tudo era esperança para os nativos que buscavam reencontrar as suas raízes e traçar o seu futuro e reconstruir o continente africano, uno e coeso.
A par da situação dos africanos, era delicada a situação dos pioneiros europeus que partiram para o desconhecido e foram colonizar, com bravura, aquela estranha terra, com costumes tão diversos dos seus e onde a adversidade era uma constante. Mais particularmente, a situação dos colonizadores belgas era grave: o desentendimento entre as tribos do então Congo Belga pela predominância no poder, fez com que o Governo da Bélgica procurasse uma solução urgente para seus colonos. O retorno puro e simples à Bélgica não encontrou aceitação pacífica: era entendimento predominante a necessidade de se propiciar aos colonos belgas condições “semelhantes” às que tinham no Congo Belga.
Dois países passaram a ser objetos de estudo: o Brasil e a Austrália. Logo de início a Austrália foi descartada pelas rígidas normas para imigração que tinha nos anos 60. A atenção do Governo Belga centrou-se no Brasil.
Mesmo permitindo a volta à Bélgica, o que ocorreu em larga escala, o Governo incentivava a imigração para o Brasil: o Governo compraria terras e daria apoio e assistência técnica.
A realidade, no entanto, era a de que a Bélgica desconhecia o Brasil, mesmo tendo embaixada e consulados no país. Por isso mesmo, utilizou-se da experiência da Holanda, país vizinho que já mantinha uma experiência agrícola na região de Campinas (Jaguaríuna), a Hollambra I, que tinha no comando, como Presidente, Mr. Hoogenboom
O acordo dos dois países previa o encontro, a cargo de Mr. Hoogenboom, de uma área agrícola para a instalação de uma cooperativa para os colonos que estavam saindo do Congo Belga. Talvez aí tenha começado o grande equívoco. A Bélgica não era a Holanda. Embora vizinhos, os dois países tinham as suas particularidades. A Holanda tinha uma população protestante (30%) menor que a população católi-
ca (40%), mas os protestantes eram ativos e unidos. A Bélgica tinha uma população católica (97%) predominante. A população belga tinha maior identidade com os franceses: seu espírito era mais latino. A população holandesa tinha maior identidade com os alemães: eram disciplinados e reservados.
A experiência holandesa no Brasil tinha ainda encontrado uma região de terra boa (Campinas) e a predisposição dos colonos holandeses em aceitar a disciplina firme imprimida por Mr. Hoogenboom: a Hollambra I, em Jaguaríuna, era um sucesso.
Encarregado pelo Governo Belga de encontrar uma gleba, Mr. Hoogenboom chegou a ser acusado pelos primeiros cooperados de ter escolhido uma terra cansada para os belgas, ao mesmo tempo em que escolhia em Paranapanema (SP), região de terra boa, uma gleba, na mesma ocasião, para ser sede da Hollambra II, como expansão da Hollambra I, para onde foram os filhos dos cooperados da primeira. A Hollambra II, hoje, tanto quanto a primeira, é um sucesso. A escolha de Mr. Hoogenboom recaiu na Fazenda Monte Alegre, localizada no município de Botucatu (SP). Fazenda muito conhecida no Estado, a Monte Alegre era de propriedade do fazendeiro José Augusto Rodrigues e chegara a ter um milhão de pés-de-café. Em 22 de setembro de 1961, era oficialmente fundada a Sociedade Cooperativa Agropecuária Belgo-Brasileira - SCABB, tendo como primeiro Conselho de Administração, o seguinte: Presidente: Mr. J. Henderichx; Tesoureiro: Mr. A. Michiels; Secretário: A. Renard; Conselheiros: Mrs. E.Champion e Loverius.
A Fazenda Monte Alegre tinha 4.010 alqueires (9.704 Ha), tendo custado, na época, o equivalente a 650 mil dólares (dólar oficial). No início, coube a cada cooperado 50 ha. e, após a redistribuição ocorrida em 1963, com o retorno de parte dos pioneiros à Europa, coube a cada cooperado uma gleba maior, até o limite de 150 ha.
Na Fazenda Monte Alegre eram 418 brasileiros (adultos e crianças) trabalhando para a SCABB e para os cooperados, sendo que na colheita eram contratados “bóias-frias” na Pratânia. O Governo da Bélgica na tentativa de manter a experiência propiciou ajuda à cooperativa e
aos cooperados. Nesse sentido, foram enviados o correspondente a 4 milhões de dólares à SCABB e aos cooperados (111.938.985,00 de francos belgas para os cooperados e 44.652.456,00 de francos belgas para a SCABB). Com a ajuda econômica e a assistência técnica do Governo Belga, as seguintes construções foram acrescidas à Fazenda Monte Alegre : 1- Usina de Ração, com anexo; 2- Laticínio e poço artesiano (construído por técnico belga); 3-Queijaria e anexo; 4- Caixa d´água; 5- 2 Escolas; 6- 1 Escola de Pré-Primário; 7- 45 casas e Igreja; 8- 2 Silos; 9- Usina de Arroz; 10- Transformadores de Eletricidade.
A Monte Alegre, após a redistribuição das glebas, optou pela pecuária e produção de derivados de leite. O Laticínio Belco foi o primeiro no Brasil a produzir leite embalado em saco plástico (máquina importada da França). O leite, o queijo e a manteiga da marca Belco alcançaram renome no Estado. O Laticínio acabou absorvido pelo Leite Paulista. Ficou a lembrança... Posteriormente, no início dos anos 80, tivemos a Cervejaria Belco que produziu excelente cerveja, tendo sido adquirida pela Destilaria Schincariol (transferida para cidade de São Manoel por divergências com a Prefeitura Municipal de Botucatu, em 1985). (AMD)
História dos BELGAS de Botucatu no livro “BRASIL e
BÉLGICA”!
Botucatu entra em 2015 com o pé direito! Na luxuosa e substanciosa edição do livro “Brasil e Bélgica – Cinco Séculos de Conexões e Interações”(disponível para download gratuito no site www.brasil-bélgica.com) está registrada a vinda dos Colonos Belgas do Congo para o Brasil, mais precisamente para Botucatu, onde foram alojados na FAZENDA MONTE ALEGRE, comprada pela BÉLGICA. Estava formada a COLÔNIA BELGA DE BOTUCATU/1962. O registro histórico, os editores foram buscar no livro “MEMÓRIAS DE BOTUCATU”, de Armando M. Delmanto/1990 e na PEABIRU - Revista Botucatuense de Cultura, nº 02, março/abril de 1997.
Agora em março, o Ministro Belga do Comércio Exterior, Pieter De Crem, está no Brasil para fortalecer os laços entre Brasil e Bélgica. Durante seus diversos compromissos, o Ministro tem presenteado seus interlocutores com o livro “Brasil e Bélgica: Cinco Séculos de Conexões e Interações”.
Essa publicação, coordenada por Eddy Stols, Luciana Pelaes Mascaro e Clodoaldo Bueno, mostra os “laços entre Brasil e Bélgica”, mostrando que mesmo “separados por um oceano e milhares de quilômetros, Brasil e Bélgica são mais próximos do que se poderia imaginar” E que “trazer à tona esse vínculo é a principal missão desta obra, que nos oferece um registro histórico e cultural importante da relação entre os dois países.”
“Estamos certos de que, a partir dela, o Brasil e Bélgica passam a ter uma referência bibliográfica tão relevante quanto inspiradora, capaz de demonstrar todos os benefícios da relação respeitosa, harmoniosa e cooperativa entre duas nações”
Comentários (blog do delmanto):
1. Delmanto - 1 de janeiro de 2015 10:32 É uma época muito importante para a humanidade: O FIM DO COLONIALISMO� E a BÉLGICA representou, entre os colonizadores europeus, a que utilizou os meios mais violentos, diria até cruéis, no domínio e na exploração dos negros do então CONGO BELGA. Daí a URGÊNCIA do Governo Belga em retirar seus colonos da África: era situação de risco gravíssima, com os libertos clamando por vingança. Escolheu-se o Brasil e, aqui, a FAZENDA MONTE ALEGRE do fazendeiro JOSÉ AUGUSTO RODRIGUES, do município de Botucatu/SP. Foi uma epopeia... Os belgas eram senhores de escravos e não estavam acostumados ao trabalho rural...com as próprias mãos... A Matriz – a Bélgica! – os queria longe da Europa... Foram dados todos os incentivos para a Cooperativa dos Belgas de Botucatu: criação de gado, laticínio, fábrica de cerveja...e a volta para a Bélgica ou a integração definitiva ao Brasil. É importante REGISTRO HISTÓRICO!!!
2. 1 de janeiro de 2015 11:26 - Andre Monteferrante (Facebook): Prezado Dr. Armando Moraes Delmanto, acabei de ler no seu blog a matéria sobre a vinda dos belgas à Botucatu. Muito boa! Parabéns.
3. Delmanto1 de janeiro de 2015 11:27 - Obrigado por sua atenção, Andre. É um grande incentivo. Um ótimo 2015 para você e sua família. Grande abraço.
4. 1 de janeiro de 2015 11:29: Lu Mascaro/coordenadora da edição do livro (Facebook/Bélgica): Prezado sr Delmanto, Feliz 2015! O livro ja comecou a ser distribuído mas com as festas de fim de ano talvez nem todos os colaboradores tenham recebido seu exemplar. Logo o do sr deve chegar. Em caso de problema entre em contato, por favor. E desculpe a falta de acentos: escrevo do celular a partir da belgica. Um abraco.
5. Delmanto1 de janeiro de 2015 11:30: Já recebi os livros. Obrigado. É um trabalho de alto nível que enriquece a historiografia do Brasil e da Bélgica. Estarei sempre à disposição. Um ótimo 2015! Grande abraço.
6. 2 de janeiro de 2015 17:44 - Prezado amigo, Dr. Delmanto. Tive muita satisfação em ler esta edição de seu prestigiado Blog com a excelente noticia de livro publicado além da sua abordagem histórica e a do estimado professor José Celso S. Vieira. O assunto me fez recordar contato que tive em 1963 ( 1° ano FCMBB ) com um inteligente jóvem belga que me procurou para saber sobre o roteiro para se prestar exames vestibulares no Brasil, especialmente na novel faculdade de Ciências Biológicas daqui. Voltou muitas vêzes à pensão onde eu morava, na Rua Cardoso de Almeida, perto da igreja N.S. Lourdes. Não me lembro de seu nome mas seu interêsse pelos estudos foi um dos incentivos que tive para participar da fundação de um Cursinho pré vestibular chamado “Dr. Costa Leite”, depois tradicional aqui em Botucatu, por onde passaram ilustres alunos botucatuenses e de outras cidades. Nele, atuei como professor de Química Inorgânica ( ao lado de dedicados outros colegas da 1a. turma Medicina FCMBB ) por muitos anos mas nunca esqueci da força de vontade exemplar do jóvem belga. Deve ter voltado à sua amada Bélgica... Caro Dr. Armando, envio meus cumprimentos e desejo-lhe um feliz 2015. Abraços. Chico Habermann 7.4 de julho de 2015 00:22 - Prezado Sr. Delmanto,parabéns pela publicação.
Em 1961 quando os 1ºs belgas chegaram em Botucatu eu tinha 11 anos e residia na Faz. Monte Alegre que passou a se chamar Soc.Coop.Agro Pec.Belgo Brasileira. Acompanhei o “clima” e expectativa que antecederam a venda da Fazenda aos Belgas, a chegada das 1as.famílias, a montagem das casas pré fabricadas, a compra dos tratores Ford 8BR, as festividades, o primeiro caso de homicídio,etc...Convivi como amigo de várias crianças belgas e como empregado de seus pais, pois eu trabalhavai no terreiro de café, na oficina mecânica e também como carteiro levando correspondências à cavalo em seus sítios. Conheci a maioria das famílias, suas diferenças de língua (francês e flamengo), seus costumes, histórias da vida no Congo Belga, experiências profissionais: havia piloto de avião, mecânicos, encanadores, carpinteiros, etc.; muitos dos assuntos discutidos nas reuniões de cooperados, as festas de fim de ano. Vi a Fazenda Monte Alegre se desenvolver e junto com ela o comércio de Botucatu e Pratânia também ganhavam impulso. Quanto a qualidade da terra, de fato alguns sítios eram melhores e outros muito arenosos . Foi um período marcante que não se apagará da minha memória. Antonio H.Bussoni. jul/2015
Fotos publicadas no “Memórias de Botucatu”, 1ª edição de 1990
Viagens # Fé
Gesiel Júnior
Visita à igreja do Santíssimo Milagre em Santarém, Portugal
Cidade muito antiga situada no Vale do Tejo, centro de Portugal, a 80 km de Lisboa, Santarém tem várias lendas acerca da sua origem, a maioria relacionada com a mitologia greco-romana. Contudo, a capital do Ribatejo é bem mais conhecida e procurada por conta do milagre eucarístico ocorrido em 1247 na igreja paroquial de Santo Estêvão, após ato sacrílego, o que a torna roteiro de turismo religioso.
Regina Célia e eu percorremos uma rua estreita para chegar ao templo de 700 anos e lá ouvimos que uma senhora, cujo marido lhe era infiel, recorreu a uma bruxa para salvar seu casamento. Esta exigiu que ela arranjasse uma hóstia consagrada para fazer um filtro de amor.
Após hesitar a mulher foi à igreja dedicada ao primeiro mártir do cristianismo. Na hora da comunhão escondeu a hóstia para entregar à feiticeira, mas ao sair, o véu cobrindo a Sagrada Partícula começou a escorrer sangue, o que a obrigou a correr para sua casa, onde a guardou num baú do quarto. Logo uma misteriosa luz vinda de lá clareou o ambiente forçando a esposa a contar a verdade a seu marido. Arrependidos, passaram a noite em oração, decidindo, pela manhã relatar o ocorrido ao pároco.
bre o altar-mor da igreja elevada a santuário em 1997.
A notícia espalhou-se por toda Santarém e o povo acorreu para contemplar a hóstia milagrosa, que foi devolvida em procissão e conservada numa custódia feita de cera no templo que passou a ser chamado de igreja do Santíssimo Milagre.
No ano de 1340, ao abrir o sacrário para expor à adoração dos fiéis, o padre notou a cera feita em pedaços e, com espanto, viu a Sagrada Partícula encerrada numa âmbula de cristal, miraculosamente aparecida. Então a mesma foi posta num ostensório de prata so-
Aliás, esta célebre ocorrência é uma das catalogadas por Carlo Acutis (1991-2006), o jovem beatificado em 2020, na mostra digital “Os Milagres Eucarísticos no mundo”, por ele elaborada e postada na internet, onde entre os testemunhos desse milagre está “o de São Francisco Xavier, apóstolo da Índia, que visitou o santuário antes de se deslocar em missão”.
O próprio Acutis, venerado num altar lateral desse templo, esteve em Santarém, quando tinha 14 anos, a fim de adorar a Jesus Eucarístico, pois em vida o adolescente, que será canonizado em abril próximo, jamais duvidou desse Santíssimo Milagre.
Cronista e pesquisador, membro da Academia Botucatuense de Letras, é autor de 53 livros sobre a história regional.