Diário da Cuesta NA DEFESA DO MEIO AMBIENTE E DA CIDADANIA EM BOTUCATU
Nº 09
QUINTA-FEIRA 19 de novembro de 2020
MARIA LÚCIA E O BRASÃO DO CENTENÁRIO
O Resgate de nosso símbolo primeiro está esperando o posicionamento das nossas autoridades constituídas. Desde a sua criação em 1952, o Brasão do Centenário de Botucatu encanta e carrega, com maestria, a história da cidade dos Bons Ares e das Boas Escolas... A poetisa botucatuense, hoje Patrona da ABL – Academia Botucatuense de Letras traz a sua posição clara a favor da volta do nosso Símbolo Municipal. Leia texto na pág. 2
O SIMBOLISMO CÍVICO DE BOTUCATU O Simbolismo Cívico em Botucatu As Três Pedras estão associadas à imagem que se tem de Botucatu. Sim, a natureza foi pródiga ao nos presentear com as Três Pedras que são, no visual magnífico que temos no topo da Cuesta, os pés do Gigante Deitado... E a revista Peabiru escolheu como seu logotipo a imagem das Três Pedras estilizada no Brasão do Centenário.
ESSE BRASÃO É BOTUCATU ! Na descrição da Lei que criou o nosso Brasão do Centenário, vemos o retrato de Botucatu:
No primeiro brasão a referência às Três Pedras (três Montanhas) e ao caminho do Peabiru (“caminho ascendente lembra as estradas coloniais que fizeram da serra um carreadouro de civilização e de povoamento”) e os rios paralelos que são o Tietê e o Pardo “confirmam o ensinamento de que Botucatu cumpriu desde os seus primórdios a missão de conduzir através de seu território a civilização e a conquista. A Capela ensina que “a primeira construção e tentativa de povoamento é devida aos padres da Companhia de Jesus (Jesuítas) que ali mantiveram uma fazenda de criar, de 1719 a 1760, na qual fazenda nasceram os primeiros botucatuenses cristãos”. E a Capela mostra que “a cidade nasceu para a civilização, tal como o Brasil e São Paulo, sob o signo da Cruz de Cristo”. O Café Amarelo ou Café de Botucatu está em nosso primeiro brasão, “lembrando que o município não só foi grande produtor de café mas também origem dessa importante variedade de café”.
O GIGANTE DEITADO (ilustração de Vinício Aloise ao pé do Gigante, as Três Pedras)
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Diário da Cuesta
editorial O DIÁRIO DA CUESTA manda seu recado às autoridades eleitas no último dia 15 de novembro: RESTAUREM O NOSSO BRASÃO HISTÓRICO! O Brasão Oficial do Coração dos Botucatuenses sempre foi e sempre será o BRASÃO DO CENTENÁRIO DE BOTUCATU. Criação magistral de botucatuenses, um artista e o outro escritor e historiador, Gastão Dal Farra e Hernâni Donato. Hernâni Donato, um dos mais destacados historiadores de nossa terra, foi o autor do Brasão de Botucatu, o símbolo que traduz todo o nosso passado histórico desde o início do povoamento pelos padres jesuítas, ocorrido em 1719, até passado recente. O desenho é de autoria do sempre lembrado professor Gastão Dal Farra e foi instituído pela Lei Municipal 273, de 28/08/1952, pelos saudosos Prefeito Municipal e Presidente da Câmara Municipal, respectivamente, Emílio Peduti e Sebastião de Almeida Pinto. O Brasão de Botucatu criado no Centenário de Botucatu nunca deixou de representar a nossa história e o nosso povo. Pequenas imperfeições técnicas, caso existam, são amplamente superadas pelas raízes e pelo indiscutível valor histórico. Na primeira mudança de brasão (sim, o atual brasão já é o terceiro), Hernâni Donato mandava o seu recado: “...Quando nos devolvem o nosso café amarelo? Queremos a nossa Capela das Dores, o nosso bom, doce e saudável clima trazido pelas brisas do sul. Em futuro não remoto, a Academia, o Centro Cultural, a Casa da Cultura, os jornais e as rádios bem que poderiam levar o assunto à tribuna irrecorrível: o plebiscito”.
Possuímos registro histórico de uma região tocada pela mão divina quanto à sua arquitetura natural Em Administrações passadas, o nosso Brasão foi substituído 2 vezes. Por duas vezes, a vaidade dos ocupantes temporários do Poder alteraram o Brasão Oficial de Botucatu. Queremos o nosso Brasão de volta. Queremos os nossos três morros de volta...pois eles representam a nossa “Cuesta”... Vamos devolver a Botucatu o seu Brasão Histórico, o Brasão do Centenário de Botucatu. SUGESTÃO: Já demos a nossa sugestão conciliatória através da revista Peabiru e vamos repeti-la: que se mantenha o atual Brasão e se eleve a nível de BRASÃO HISTÓRICO DO CENTENÁRIO o nosso Brasão elaborado por Hernâni Donato e Gastão Dal Farra. É esse o Recado. Esperamos que haja resposta. A Direção.
Você Sabia ?? Que a Embaúba é uma árvore típica do cimo da Cuesta de Botucatu? Pois é, a Embaúba que também é conhecida por Umbaúba, Ambaíba, Ambaúba, Imbaúva ou Imbaúba, é árvore da família das Moráceas (cecropia palmata); é árvore de tronco indiviso. Embaubal é o bosque de embaúbas. Também é chamada de árvore-dos-macacos ou árvore-da-preguiça ou torém. O antigo traçado férreo da Sorocabana passava por Vitória (Vitoriana), Lageado e...Embaúba... Sim, Embaúba é uma pequena Vila pertencente a Botucatu que até hoje é procurada pelos amantes da pesca por ser um local ideal e piscoso. Hoje, o descuido e o desrespeito à natureza reduziu muito o número de Embaúbas em nossa região, mas podem ser encontradas na Cuesta e em vários pontos verdes de nossa cidade.
EXPEDIENTE NA DEFESA DO MEIO AMBIENTE E DA CIDADANIA EM BOTUCATU WEBJORNALISMO DIÁRIO DIRETOR: Armando Moraes Delmanto
EDITORAÇÃO E DIAGRAMAÇÃO: Gráfica Diagrama/ Edil Gomes Contato@diariodacuesta.com.br Tels: 14.99745.6604 - 14. 991929689 O Diário da Cuesta não se responsabiliza por ideias e conceitos emitidos em artigos ou matérias assinadas, que expressem apenas o pensamento dos autores, não representando necessariamente a opinião da direção do jornal. A publicação se reserva o direito, por motivos de espaço e clareza, de resumir cartas, artigos e ensaios.
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MARIA LÚCIA DAL FARRA E O BRASÃO DO CENTENÁRIO
Maria Lúcia Dal Farra disse... Caro Armandinho: dirijo-me a você, amigo dos muito antigamentes, atencioso e ousado batalhador das causas do nosso município, estimado escritor e já agora responsável por este blog onde o vejo persistir como o botucatuense-mor que sempre conheci em você. Sendo filha do Gastão e admiradora fervorosa de seus companheiros – e aqui refiro-me precisamente a essa trinca histórica: o Hernâni Donato, o Dr. Sebastião de Almeida Pinto e o Dom Henrique Golland Trindade - é natural que torça pelo nosso primeiro Brasão, aquele do Centenário. Jesumina, a minha Mãe, para quem a memória é o que nos constrói erguendo o espelho onde nos podemos reconhecer, tem lutado heroicamente em suas crônicas pelos monumentos da nossa História Botucatuense, muito embora debalde e em vão: pelo Bosque, pelo busto do Angelino retirado dali, pelo Paratodos, pela antiga Estação de Ferro Sorocabana, pelo Pontilhão, pelo Brasão do Centenário, etc, etc. Sua dignidade e elegância são, no entanto, incisivas, e tais motivos se converteram em causas verdadeiramente obsediantes para ela, das quais nunca abdicará – haja visto a mensagem que lhe enviou agora. Da minha parte e das minhas irmãs, também participamos dessa sua dedicada preocupação. Embora distantes da nossa amada terra natal, nem por isso nos descuidamos dela. De maneira que tenho cogitado que se, pelo menos desde 1978, o Brasão do Centenário tem passado por vários maltratos políticos, muito se deve à identificação inevitável entre ele e o município vitorioso que
ele representa, fundador, aliás, de uma tradição inolvidável. O Brasão tornou-se, ao longo das vicissitudes dos tempos, o espelho, a emblemática de uma pujança dificilmente ultrapassada, de maneira que, ao detratá-lo, supõe-se desmerecer nele o contexto histórico-político que o originou. Por essa razão quero desagravá-lo e a todos que estiveram envolvidos na sua existência
oficial de 26 anos, o que o inseriu definitivamente na nossa cultura - malgrado tudo o que se possa assacar a seu desfavor. O Brasão do Centenário é indiscutivelmente um dado cultural botucatuense, marca precisa da nossa idiossincrasia e, como tal, patrimônio histórico do nosso município. Sem tangenciar, nem de longe, a legítima competência da equipe de peso responsável
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por ele, e sem menosprezar os argumentos contrários, admitamos, para especular, que uma de suas imperfeições resida (como nos querem fazer crer) na semelhança entre ele e outros brasões. E daí que eu pergunte logo de chofre, levantando uma pequena evidência: que semelhança não haverá entre vários e diversos brasões, uma vez que todos os brasões são produzidos, em princípio, pelos mesmíssimos preceitos da Heráldica? Levando também em conta a segunda pecha a ele impingida que, no entanto, paradoxal e ingenuamente, anula a anterior, consideremo-la ainda assim. Se há de fato no nosso Brasão imprecisões ou incorreções ou falhas heráldicas - por que razão isso o desabonaria? Por que o suposto “erro” não pode ser antes uma de suas maiores virtudes? Afinal, se o cânone existe, não é para ser ultrapassado? Aliás, de que outra maneira as civilizações avançariam?! Se olharmos ainda por outro ponto-de-vista, o tal “equívoco” pode, sim, consistir, com justeza, no esforço de conferir ao Brasão (dentro do duro espartilho do preceituário) a unicidade da terra que ele representa. Desse modo, haveremos de convir, o tal “desvio” de que o acusam se justifica largamente pela necessidade de seus autores atualizarem convenientemente a normativa heráldica à especificidade de um lugar de que nos ufanamos justo por ser inigualável: a nossa amada Botucatu. De maneira que só me resta perguntar: a quem pode incomodar, então, que nós, botucatuenses, sejamos assim tão extraordinários?! Grande abraço muito amigo da Maria Lúcia Dal Farra. Lajes Velha, 14 de abril de 201 4. 16 de abril de 2014 11:49
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Diário da Cuesta
O Brasão de Botucatu
Os Símbolos do Município de Botucatu tem sido, nos últimos tempos, objeto de acaloradas discussões, protestos e movimentos organizados. Isso revela que a nossa simbologia cívica está necessitada de uma maior adequação à história botucatuense. Foram 3 os Brasões de Botucatu:
O 1º Brasão - o Brasão do Centenário ! - foi o que mais permaneceu oficialmente. Surgiu por ocasião das comemorações de nosso 1º Centenário. A municipalidade atendeu às reivindicações das forças representativas da comunidade e à necessidade de o município elaborar o seu símbolo representativo, designando o escritor botucatuense Hernâni Donato e o professor Gastão Dal Farra para que elaborassem o Brasão de Botucatu. Como era o nosso primeiro Brasão, contou com entusiástica colaboração do Prof. Sebastião de Almeida Pinto. O Brasão elaborado trazia em seu bojo a história de Botucatu, tendo passado pelo crivo exigente do Prof. Sebastião de Almeida Pinto, destacado historiador botucatuense, do Prof. José Pedretti Neto, também destacado estudioso de nossa história e do parecer minucioso de nosso 1º Arcebispo - Dom Henrique Golland Trindade. Na perspectiva do preciosismo da heráldica, com
certeza, em alguns aspectos técnicos do brasão, haveria falha técnica em sua elaboração. É compreensível. No entanto, destaque-se o encontro perfeito e completo de nossa história com o simbolismo gráfico do brasão. O 2º Brasão surgiu no final dos anos 70. Foi uma grita geral. Após 26 anos, as autoridades constituídas resolveram mudar o Símbolo Oficial do Município. A ausência de participação dos botucatuenses e a pressa na mudança foi destacada por pronunciamentos dos Vereadores e claro posicionamento das Entidades representativas, com destaque para a Academia Botucatuense de Letras. Trabalho do Sr. Lauro Escobar, especialista em heráldica, o nosso 2º Brasão foi elabo-
rado na mesma época que o Brasão da vizinha cidade de Anhembi. Eram parecidos. Nosso 2º Brasão estava condenado a ter vida curta... No ano de 1983, a Prefeitura Municipal de Botucatu patrocinou nova mudança em nosso Símbolo Municipal. Nosso 3º Brasão surgiu de consulta pública, sob a coordenação da Prefeitura Municipal e colaboração da Academia Botucatuense de Letras. Embora aberta à participação da comunidade, a elaboração do 3º Brasão de Botucatu não empolgou, eis que não houve motivação suficiente para que os botucatuenses se mobilizassem. É sabido que não basta
ser perito em heráldica para ser capaz de compor um Brasão. É preciso ir além. É preciso conhecer o espírito do povo, a sua história, para que o Símbolo Oficial a ser elaborado seja, realmente, o intérprete desses fatores, quer sob o aspecto histórico, quer sob o aspecto de sua plasticidade técnica. Um perito em português, é sabido, nem sempre faz a melhor poesia... Optou-se pela mudança, mais uma vez... No entanto, o 3º Brasão não empolgou a população , nem durante a sua feitura e, o que é mais grave, nem depois que se transformou, por força de lei, em Símbolo Municipal. De uma técnica perfeita e de uma plasticidade inatacável, o nosso 3º Brasão é irritantemente ínsipido e frio e vazio, em termos de mensagem e simbolismo. O movimento pró-retorno do Brasão Histórico do Centenário continua...Isso é significativo. Por ocasião das discussões à respeito da mudança de nosso Brasão, o historiador botucatuense, Hernâni Donato, escreveu vigoroso artigo e deixou o seu alerta: “...Em futuro não remoto, a Academia, o Centro Cultural, a Casa de Cultura, os jornais e as rádios bem que poderiam levar o assunto à tribuna irrecorrível: o plebiscito...” Quem sabe, em futuro próximo, teremos a oportunidade para que haja o tão esperado casamento entre os nossos Símbolos Municipais e a História deste povo que soube construir, no cimo da Cuesta, uma comunidade participativa e orgulhosa de seu passado, vivenciando o seu presente e construindo o seu futuro.