Diário da Cuesta NA DEFESA DO MEIO AMBIENTE E DA CIDADANIA EM BOTUCATU
Nº 10
SEXTA-FEIRA 20 de novembro de 2020
O CAMINHO DO TEATRO: ÚNICO E MÁGICO Página 3
CONHEÇA BOTUCATU!
Leia os Direitos dos Animais - PETS EM AÇÃO
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O HOSPITAL ESTADUAL NÃO SERÁ FECHADO O Diretor Superintendente do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina, André Balbi, esclarece que não tem fundamento as notícias veiculadas de que setores importantes do hospital seriam fechados,
especialmente a Maternidade. Trata-se do recesso que anualmente ocorre, sendo que o hospital estará entre 24/12 a 12/02 com as cirurgias eletivas suspensas, mas o tratamento oncológico será mantido.
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Diário da Cuesta
editorial
O TEATRO NELLI...de volta?!? Será uma vitória da cultura de Botucatu. Será uma vitória de Botucatu! No idealismo de Armando Joel Nelli e seus companheiros, fruto do Grupo Teatral ligado à Escola Normal de Botucatu – o TAENCA – a cidade de Botucatu viu realizado o seu sonho de ter o seu TEATRO! A Pedra Fundamental em 1962. A inauguração em 1964. Sediou o Festival do Teatro Amador do Estado (1964). Depois, o cinema com sessões diárias e apresentações teatrais esporádicas... Hoje...fechado...
Sim, queremos o TEATRO NELLI de volta! Já devidamente reincorporado ao patrimônio público municipal PRECISA voltar às suas origens e voltar a ser um importante instrumento para a promoção da arte teatral e da cultura em geral. Projeto arquitetônico de Ronaldo Passos é considerado da mais perfeita acústica. É uma preciosidade! Vamos contar com a compreensão e a vontade política de nossas autoridades municipais... Teremos, SIM, o TEATRO NELLI DE VOLTA !!!
artigo
ERA EU... José Maria Benedito Leonel
Lá na minha terra, tinha um menininho que brincava com pedregulhos miúdos e coloridos e era feliz. Era eu. Um dia a mãezinha dele, moça morena e bonita, costurou sobras de panos, de muitas cores e fez uma colcha de retalhos pra ele e ele ficou feliz. Era eu. Um dia o pai dele chegou na mula Pitanga, laço na garupa e faca de palmo na cinta, apeou e chamou por ele e deu-lhe um potro pampa que havia nascido naquela noite no piquete e o menino ficou feliz. Era eu. Esse menininho tinha um riozinho manso e de água limpinha, um cachorri-
nho branco manchadinho de preto e um pé de amoras rosadas, roxas e maduras. Era eu. Mas teve um dia que o menininho deixou o canto de invernada onde nasceu. Naquele dia ele aprendeu a ser triste. Sou eu.. Assim é a vida da gente, cada um sabe de si. Simples assim.
Você Sabia ?? Que a Embaúba é uma árvore típica do cimo da Cuesta de Botucatu? Pois é, a Embaúba que também é conhecida por Umbaúba, Ambaíba, Ambaúba, Imbaúva ou Imbaúba, é árvore da família das Moráceas (cecropia palmata); é árvore de tronco indiviso. Embaubal é o bosque de embaúbas. Também é chamada de árvore-dos-macacos ou árvore-da-preguiça ou torém. O antigo traçado férreo da Sorocabana passava por Vitória (Vitoriana), Lageado e...Embaúba... Sim, Embaúba é uma pequena Vila pertencente a Botucatu que até hoje é procurada pelos amantes da pesca por ser um local ideal e piscoso. Hoje, o descuido e o desrespeito à natureza reduziu muito o número de Embaúbas em nossa região, mas podem ser encontradas na Cuesta e em vários pontos verdes de nossa cidade.
EXPEDIENTE NA DEFESA DO MEIO AMBIENTE E DA CIDADANIA EM BOTUCATU WEBJORNALISMO DIÁRIO DIRETOR: Armando Moraes Delmanto
EDITORAÇÃO E DIAGRAMAÇÃO: Gráfica Diagrama/ Edil Gomes Contato@diariodacuesta.com.br Tels: 14.99745.6604 - 14. 991929689 O Diário da Cuesta não se responsabiliza por ideias e conceitos emitidos em artigos ou matérias assinadas, que expressem apenas o pensamento dos autores, não representando necessariamente a opinião da direção do jornal. A publicação se reserva o direito, por motivos de espaço e clareza, de resumir cartas, artigos e ensaios.
Diário da Cuesta
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O Caminho do Teatro: Único e Mágico QUIM MARQUES
Outro dia. sentei-me no banco da Praça Paratodos, para contemplar a vida. como se fazia há muito tempo atrás , quando a televisão ainda não roubara as pessoas de suas cadeiras instaladas nas calçadas de suas cidades, para entender o movimento vivo do mundo. Como não podia deixar de ser, o pensamento foi puxando pela memória e esta, como um fio, veio trazendo as lembranças. Fixei o olhar antigo em nosso Teatro Municipal recém-inaugurado e recordei os primeiros chamados que me conduziram a um caminho único e mágico, de onde jamais se pode voltar. O caminho do teatro. E me vi menino, ansioso, cruzando o limiar das portas iluminadas dos circos que se instalavam na Rua Rangel Pestana, onde hoje funciona o Mercado Municipal. As tabuletas anunciavam grandes dramas e ingênuas comédias : “O céu uniu dois corações”, “O Conde de Monte Cristo”, ‘’Os Irmãos Corsos”, “Maria Caxuxa”, “Cala a boca, Etelvina”. etc... Após a primeira parte das apresentações que eram as variedades, o mestre-de-cerimônias anunciava o espetáculo da noite, e nós, espectadores, ávidos do encantamento que se prenunciava, nos atropelávamos com nossas cadeiras par, rapidamente, nos instalarmos dentro do picadeiro, buscando o melhor lugar junto ao palco, para assistirmos às encenações. Após as três célebres marteladas sobre a madeira do palco, ficávamos no mais puro silêncio para poder fluir toda a beleza ingênua, popular e brasileira que se apresentava ali. Como sempre, um telão pintado ao fundo, e, completando o cenário, alguns objetos assinalados pelas múltiplas viagens e abençoados pelo pó de todas os caminhos. Luzes na ribalta e a casinha do ponto, onde uma pessoa soprava aos atores suas falas, para que não perdessem o fio de seus enredos. Tudo tão ingênuo e tão mágico! Corações de papelão enfeitados de flores de papel cre-
pom desciam do alto para enlaçar os casais enamorados, pais cruéis, donzelas traídas, lágrimas, heróis, vilões redimidos, sofrimentos superados pela nobreza da alma iam formando o caráter das pessoas e um estilo que marcou época. Hoje, muitos diretores teatrais fazem uma releitura desse gênero, como por exemplo, Gabriel Vilela e seu grupo “Galpão”. O meu aprendizado foi o de entender a alma viajante desses artistas, sua ternura e generosidade, na entrega ao seu oficio. Mambembes e pobres, buscavam transcender-se pelo brilho da alma. Foi sua poesia e sua garra, seu sonho e sua liberdade que os faziam caminhar sempre. Lição maior de minha vida. Muitas companhias teatrais, com essa essência passaram por nossa cidade, nas décadas de quarenta e cinqüenta. Lembro-me do Teatro de Alumínio, instalado na Praça do Bosque, onde funcionou o Teatro Espéria, antes do seu incêndio. O Teatro de Alumínio era dirigido e coordenado por Nino Mello, conhecido ator e diretor da época. Suas peças tinham, também, a mesma ótica das representadas nos circos. Quando terminavam os espetáculos, os atores circulavam pela platéia vendendo suas fotos aos espectadores, que as compravam como lembrança e gratidão pelo momento de arte que lhes fora oferecido. Linda cumplicidade! Mais tarde, quando mais moço, cursando o ginásio, comecei a frequentar a casa do Sr.Nelli e de sua esposa, dona Alice, que haviam formado um grupo de teatro amador. Eles traziam o sonho de construir um teatro. E realmente o conseguiram, mais tarde. O grupo TAENCA, como era chamado, foi formado inicialmente por alunos da Escola Normal. Lembro-me de como ficava fascinado, quando passava pela Rua Amando de Barros e via os pai-
néis de anúncio do repertório que apresentavam. Lá estavam expostas as fotos dos atores “botucatuenses mesmo”, em pose, à moda dos grandes astros da época. Já sonhava estar no palco. Via-me ocupando um espaço daquele painel, me apresentado como um personagem ‘’importante’’ de alguma montagem. Mas, na verdade, era muito mais do que isso. Era entrar para além da porta limiar do circo. Deixar de ser espectador e fazer parte de um elenco, o que dá a permissão de colocar o pé neste caminho. Conheci e convivi com o Sr.Nelli, esse batalhador das artes de Botucatu, e com ele aprendi que é importante acreditar nas propostas que se pretende realizar. Sua vontade e determinação me impressionaram muito. Seus ensaios eram feitos de forma acadêmica, sem as oficinas, laboratórios e aquecimento que se fazem nas montagens atuais. Decorava-se os papéis e íamos direto para as marcações. Mas havia bastante rigor e disciplina, seriedade no trabalho, elementos importantes para o fazer artístico. Mais tarde, no começo da década de sessenta, mudou-se para Botucatu o Dr. Otávio Moralles Moreno, com uma certa experiência no profissionalismo teatral de São Paulo. Formou um outro grupo, do qual fiz parte, e nos ensinou novas formas de representar, indicando-nos novas linguagens, novas soluções. A Secretaria de Cultura Estadual começou, nessa época, a promover concursos de teatro amador, e no primeiro certame. Luzia Carmello Ferraz, que depois tornou-se atriz profissional, ganhou o prêmio de melhor atriz em 1963. Pela cidade, começaram a surgir outros grupos, fomentando ainda mais a atividade cultural de teatro em Botucatu. Surgiu um grupo da Faculdade de Filosofia. Ciências e Letras, dirigido pelo professor Cury, do qual participavam a professora Maria Lúcia Dal Farra e sua irmã Maria Silvia, o Dr. Marcos Garita, as irmãs Caminhoto, Marlene e Cida. Formou-se ainda nesta década o grupo do hoje famoso dramaturgo Alcides Nogueira, do qual fez parte também a profa.Marly Bonomi, hoje diretora teatral e mestra em Teatro pela USP. Em 1964, ano da revolução, decidi-me. Fui para São Paulo.
Queria ser ator. Queria entender esta arte e sobretudo fazê-la. Por lá fiquei 27 anos. Fiz escola, atuei. Tomei-me profissional. Senti todas as alegrias e dificuldades que o palco traz. Em 1975, casei-me e tive filhos. Afastei-me do teatro profissional e passei a dedicar-me ao teatro-educação. Tornei-me professor. Descobri então outras maravilhas. Através de meus alunos, retomei meu lugar de espectador. Mas, com outro olhar. Com eles, foi-me dado observar e perceber como o teatro nasce dentro do homem, e como num determinado momento se toma tão necessário a ponto de ser eleito como profissão de fé em uma vida. Entender a sua gênese ampliou-me mais ainda a visão de seu misterioso universo. Foi-me dado, nesse exercício, o presenciar de momentos milagrosos: como um ator fazendo seu primeiro vôo, abrindo sua primeira porta, descobrindo sua maneira de derramar-se em gestos dadivosos para revelar as verdades humanas no ritual pungente que sempre é uma encenação. Foi-me dado a possibilidade de encontrar os meios e as chaves que auxiliam esses seres-atores a se encontrarem. Foi-me dado ver esse começo para entender o fim, que é a busca tão intensa e intrigante desta arte, que é a de representar. Até que um dia voltei. Feliz, constatei que em minha terra havia uma efervescência das artes cênicas. Isto em 1991. Soube que os universitários que aqui chegavam, participavam bastante dessas iniciativas, que muitos outros grupos também vinham se exercitando, nestes vinte e sete anos que estive fora e que, ainda neste período, por aqui passaram companhias famosas, vivificando ainda mais a vida cultural da cidade. Soube ainda que muitos lutaram por espaços, não só os físicos, mas o de serem aceitos e vistos na dignidade de seu trabalho. Nestes últimos quatro anos, não sei se por força das marés ou sei lá o quê, os grupos foram se dissipando. Foi um momento triste, mas que acontece sempre, nos movimentos da vida. E agora, sentado aqui, em frente ao Teatro Municipal, revejo o dia da sua inauguração e ele, festivo, recebendo um mar de gente, gente da Praça Paratodos e todas as praças, artistas desta praça e de todas as praças, num espaço que deve pulsar para todos. E, sejam quais forem as marés, que sejam sempre as do sentimento da comunhão, que acompanha a Arte. Sempre. (Acervo Peabiru)
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PETS EM AÇÃO
Beatriz Soares Animais são anjos em nossas vidas? É o que muito se lê ou ouve. Mas, vamos para a “prática”. Na semana passada conversamos um pouco sobre a alteração na lei do meio ambiente sobre maus tratos. Hoje, falaremos “an passant” sobre a guarda do animal em divórcio ou separação. Muitos são os casos em que casais optam por não terem filhos e adotam um animal, assim como os que já possuem filhos e os solteiros. É importantíssimo que todos saibam de suas responsabilidades com os seus pets. Não é só alimentar e colocar o animal em um canto. Requer cuidado, carinho, passeios, vacinas, alimentação adequada, enfim, é um cuidado necessário como se fosse um filho mesmo e isso envolve gastos. O problema se torna quando há uma adoção por casal e este se separa ou divorcia. Assim como humanos, os animais, tidos como filhos para muitos, também sofrem com isso. Animal possui sentimento sim! OK, mas o que fazer nesta situação? Juridicamente falando, existe a possibilidade da guarda compartilhada ou da guarda unilateral. Isso mesmo o que você leu! Assim como a ciência, o direito também progride! Na guarda compartilhada, o pet (ou os pets) ficarão sob
os cuidados de ambos. Isso inclui visita, gastos com alimentação, veterinário, passeios, etc. Tudo é compartilhado em acordo do casal, o que eu, particularmente, acho o mais recomendável. Agora, se de alguma forma o casal discordar sob com quem ficará o animal, na impossibilidade da guarda compartilhada, isso pode ser discutido judicialmente. Há ação para isso. O mais indicado é a conversa, até para que seja amenizado o sofrimento do pet. Em nosso Código Civil anterior, de 1916, animal era tido exclusivamente como coisa e era praticamente impossível ou raramente se via casos assim de discussão jurídica de guarda de animal. Porém, com o advento do Código Civil de 2002 e o Código de Processo Civil de 2015, isso progrediu e muito! Há várias jurisprudências a respeito e também projeto de lei complementar 27/18, já aprovado no senado federal, que estabelece que os animais passam a ter natureza jurídica sui generis como sujeitos de direitos despersonificados, tratando assim os animais com mais dignidade, carinho, proteção e principalmente, respeito. O que significa tudo isso? Significa que serão reconhecidos como seres sencientes, ou seja, com natureza biológica, emocional e passíveis de sofrimento! Assim sendo, deixam de ser considerados como bens móveis para fins do Código Civil. Cito como exemplo, este caso em concreto, disponível no site www.stj.jus.br.
DECISÃO 19/06/2018
STJ garante direito de ex-companheiro visitar animal de estimação após dissolução da união estável Em julgamento finalizado
nesta terça-feira (19), a Quarta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) considerou ser possível a regulamentação judicial de visitas a animais de estimação após a dissolução de união estável. Com a inédita decisão no âmbito do STJ, tomada por maioria de votos, o colegiado confirmou acórdão do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP) que fixou regime de visitas para que o ex-companheiro pudesse conviver com uma cadela yorkshire adquirida durante o relacionamento, e que ficou com a mulher depois da separação. Apesar de enquadrar os animais na categoria de bens semoventes – suscetíveis de movimento próprio e passíveis de posse e propriedade –, a turma concluiu que os bichos não podem ser considerados como meras “coisas inanimadas”, pois merecem tratamen-
to peculiar em virtude das relações afetivas estabelecidas entre os seres humanos e eles e em função da própria preservação da dignidade da pessoa humana. “Buscando atender os fins sociais, atentando para a própria evolução da sociedade, independentemente do nomen iuris a ser adotado, penso que a resolução deve, realmente, depender da análise do caso concreto, mas será resguardada a ideia de que não se está frente a uma ‘coisa inanimada’, mas sem lhe estender a condição de sujeito de direito. Reconhece-se, assim, um terceiro gênero, em que sempre deverá ser analisada a situação contida nos autos, voltado para a proteção do ser humano e seu vínculo afetivo com o animal”, apontou o relator do recurso especial, ministro Luis Felipe Salomão.