Diário da Cuesta ANO IV
Nº 1001 TERÇA-FEIRA, 22 DE JANEIRO DE 2024
NA DEFESA DO MEIO AMBIENTE E DA CIDADANIA EM BOTUCATU
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“Para mim, uma cidade sem passado, sem lembrança Dos seus antepassados, sema as impressões digitais de Sua história, me confrange...” Paulo Francis
INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DE BOTUCATU - Centro de Documentação Histórica e Arquivo Municipal –
O JORNAL DE BOTUCATU, de 25 de fevereiro de 1981, de forma audaciosa e alicerçada firmemente na comunidade botucatuense trazia o lançamento da ideia da constituição do CENTRO DE DOCUMENTAÇÃO HISTÓRICA DE BOTUCATU, idealizado pela professora Inês Gontijo Antonini, da UNESP, professora de História com pós-graduação em Ciência Política, sob o patrocínio do Centro Cultural de Botucatu e da Academia Botucatuense de Letras. Uma Comissão Provisória foi formada para a criação e implantação do CDH de Botucatu. A Comissão Provisória ficou constituída da seguinte forma: Profa. Inês Gontijo Antonini – Coordenadora; Dr. Francisco Marins – pela Academia Paulista de Letras: Profa. Maria Amélia Blasi de Toledo Piza – pelo Museu de Botucatu; Dr. Eugênio Monteferrante Netto, pela Academia Botucatuense de Letras; D. Vicente Marchetti Zioni, Arcebispo Metropolitano; Sr, Raphael Augusto Avelar Pires, pelo Centro Cultural; Profa. Maria do Carmo Sampaio Di Creddo, pela Unesp (Assis); Prof. Newton Dezotti, professor de História; Sr Francisco Luizetto, representante do Secretário Estadual da Cultura; Dr Armando Moraes Delmanto, Assessoria Jurídica. A Comissão Provisória já contava com duas ofertas para a instalação física do CDHB: a primeira do Centro Cultural com a vantagem de poder utilizar seu Centro de Dados; a segunda do Museu Histórico de Botucatu, com a possibilidade de poder reativar o seu Departamento de Documentação. (ver matéria original publicada
no Jornal de Botucatu, de 25 de fevereiro de 1981 à página 4). Até hoje, nada feito... Pois é indispensável a participação do Poder Público para alicerçar um empreendimento de grande importância cultural e histórica para Botucatu. Essa iniciativa cidadã de botucatuenses, natos ou adotados, foi em 1981... Em 1999, a escritora Elda Moscogliato em artigo para a Revista Peabiru, maio/junho/99- Ano III – nº 15, “Instituto Histórico e Geográfico”, trazia à discussão o mesmo tema com a iniciativa de Dom Zioni que idealizou o Instituto Histórico e Geográfico do Botucatu. Agora, com o alerta de intelectuais botucatuenses para que o Poder Público procure “salvar” os acervos digitais dos Intelectuais botucatuenses Figueiroa e Paulo Ciaccia é oportuno o relançamento da ideia de nosso CDH de Botucatu. Com a palavra os Senhores Vereadores e o Senhor Prefeito Municipal... É um empreendimento que pode ser realizado em parcerias público/privada (PPP), atuando o Poder Público como coordenador, mobilizando as empresas e os empresários para que participem, valorizando Botucatu, suas histórias, seus filhos de destaque, sua tradição de comunidade vencedora que está vivendo, no momento, um período de muita conquista e de maior arrecadação municipal. É um DESAFIO! É UM BOM DESAFIO!!! AVANTE!
HERNÂNI DONATO: um botucatuense que se destacou no INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DE SÃO PAULO
Ilustre e saudoso botucatuense (12/10/1922 – 22/11/2012), foi um escritor, historiador, jornalista, professor, tradutor e roteirista brasileiro. Ocupou a cadeira nº 1, da Academia Sul-Matogrossense de Letras e, desde 1972, a cadeira nº 20, da Academia Pulista de Letras. Foi Presidente, em duas gestões sucessivas, do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo. Foi membro da Academia Paulista de História, sócio-correspondente do Instituto Histórico, Geográfico e Genealógico de Sorocaba e do Instituto Histórico e Geográfico de Minas Gerais. Hernâni Donato foi um incentivador da ideia do CDU de Botucatu e forneceu dados precisos para a formatação da ideia do Centro de Documentação Histórica de Botucatu.
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Acervos digitais de historiadores de Botucatu podem se perder
Ciente do perigo de a história regional ser prejudicada pela perda das obras de Figueiroa e Ciaccia, o escritor Gesiel Júnior, de Avaré, amigo de ambos, expôs a situação, em forma de apelo num ofício para a secretária da Cultura A historiografia de Botucatu terminou 2023 empobrecida pelas mortes de duas personalidades importantes do setor: os escritores e pesquisadores João Carlos Figueiroa e Paulo Pinheiro Machado Ciaccia. O trabalho de pesquisa de muitos anos e os escritos de ambos podem ainda ser acessados nas homepages que mantinham em vida, de forma particular e com recursos próprios, reunindo milhares de documentos, correm sério risco de desaparecer se nada logo for feito para conservá-los. Figueiroa, que morreu em 31 de outubro, postava seus trabalhos no site “Ybutucatu”, enquanto Ciaccia, falecido em 16 de dezembro, reuniu suas pesquisas e livros digitais na página “História de Botucatu”, os quais foram desenvolvidos com apoio
seria a melhor solução, na visão de Edil Gomes, que se dispõe a contribuir neste sentido, acreditando na formação de um centro de memória de Botucatu e região. “Mas se nada for providenciado com urgência, Botucatu vai perder parte muito preciosa do seu acervo histórico digitalizado, que não tem cópia em nenhum outro lugar”, adverte. Apelo Ciente do perigo de a história regional ser prejudicada pela perda das obras de Figueiroa e Ciaccia, o escritor Gesiel Júnior, de Avaré, amigo de ambos, expôs a situação, em forma de apelo num ofício para a secretária da Cultura, Cristina Cury, no último dia 27 de dezembro. Ela, em resposta, afirmou que iria se reunir com a equipe da Secretaria de Comunicação da Prefeitura, a fim de verificar a viabilidade do pedido. “Em vida, Figueiroa e Paulinho Pinheiro Machado desenvolveram pesquisas para garantir o resgate da memória botucatuense. Tais obras, com efeito, precisam ser preservadas para a posteridade. Porém, para tanto falta o decisivo investimento do poder público”, afirmou o pesquisador de Avaré. “Neste sentido, para que esse valiosíssimo material historiográfico não se perca, o recomendável é providenciar a migração de todos esses dados para uma página oficial da Prefeitura, de preferência em link ligado à Secretaria da Cultura”, sugere Gesiel. Pela grandiosidade e valor cultural desse material, Edil e Gesiel afirmam que outros setores deveriam se mobilizar também, como por exemplo a Academia Botucatuense de Letras, “pois é o registro histórico da região de Botucatu”.
DIRETOR: do editor, escritor e numismata Edil Gomes. Armando Moraes Delmanto EXPEDIENTE A migração de todos os conteúdos para um site oficial NA DEFESA DO MEIO AMBIENTE E DA CIDADANIA EM BOTUCATU WEBJORNALISMO DIÁRIO
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Instituto Histórico e Geográfico ELDA MOSCOGLIATO
Este Março a findar-se, oferece à crônica subsídios relevantes que devem ser registrados para a memória futura da Academia Botucatuense de Letras. Em 17 transato, encerrou-se o ano de celebrações festivas referentes ao transcurso do Jubileu de Prata que consolidou a Entidade na sua corporificação de instituição caracteristicamente cultural com finalidades altamente nobres no tocante ao cultivo do idioma pátrio e os consequentes benéficos resultados no campo da literatura não só interiorana como participante ativa
no panorama nacional. Para traz ficaram esses valiosos vinte e cinco anos com o total de dois livros editados com êxito, um Jornal Acadêmico dos mais reputados e requisitados pelas demais congêneres, sessões solenes concorridas pela elite social, Serões Acadêmicos de alto nível cultural, teses acadêmicas cumpridas com regularidade e aceitação plena, além da colaboração ímpar da ABL junto ao poder municipal na cooperação espontânea e eficaz em todos os acontecimentos cívico-culturais realizados então. Seus Quadros de Efetivos, Honorários e Correspondentes, hoje plenamente preenchidos concretizam-se numa sociedade altamente politizada, conscientizada da importância e da honra do título acadêmico que reflete na comunidade o exato valor de seus Membros. Neste primeiro quarto de século vencido, consigna a ABL a atuação de dois únicos Presidentes que lhe orientaram a escalada dos anos: Dr. Antônio Gabriel Marão - figura histórica de perfil amplamente destacado na crônica botucatuense e o Prof. José Celso Soares Vieira, de invulgar capacidade, inteireza e habilidade cavalheiresca no trato administrativo, figura benquista e respeitada no meio acadêmico que lhe tributa consideração respeitosa e amizade plena. Cumpre agora, a continuação dos anos, com bela e notória programação com destaque especial para dois intentos: um velho sonho da acadêmica Prof” Leda Galvão de Avellar Pires é fundar, dentro da Academia, a congênere Juvenil de Letras. Sonho plausível, coerente, consentâneo com o espírito acadêmico. Mereceu sempre apoio integral dos colegas. Seria ela a fundadora-mãe, cabendo-lhe organizar o estatuto seguido do regimento interno, dar-lhe uma programação compatível, organizar a convocação dos primeiros sócios entre os dez e dezoito anos, apurar-lhes a escolaridade, tutelando-os nos estudos e nas manifestações literárias. Belíssima idéia, possível de ser realizada. O campo escolar é promissor, à espera dessa manifestação. Outra proposta brilhante que uma vez concretizada consolidará o justo conceito acadêmico entre nós, é de autoria do Efetivo D. Vicente Marchetti Zioni. Arcebispo Emérito, no tocante à criação de um Instituto Histórico e Geográfico Botucatuense, reunindo oficialmente um dos maiores acervos do interior paulista, sob a custódia da Academia Botucatuense de Letras. A proposta várias vezes repisada, consta das Atas Acadêmicas, registrada com plena aprovação de seus membros. As bases desse empreendimento já estão praticamente organizadas. Já um grupo voluntário dedica-se há anos às pesquisas históricas e se arregimenta com espírito verdadeiramente
empreendedor no sentido da fundação desse proposto Instituto Histórico e Geográfico, agora em tão boa hora lançado pelo eminente estudioso D. Vicente Marchetti Zioni. Conhecemos de perto esse grupo louvável que se reune periodicamente na troca de fotografias, jornais antigos, álbuns de família admiravelmente organizados, testemunhas incontestes de nossa genealogia. A idéia está lançada há tempos, encontra-se registrada em atas acadêmicas, há um evidente interesse em apresentar ao poder municipal constituído o resultado de tanto trabalho organizado em fotos, depoimentos, muita abnegação por parte de seus entusiastas pesquisadores. Agora, é só dar forma e legitimidade a esse ambicionado Instituto para termos com justo orgulho a objetivação das finalidades éticas do povo botucatuense tão distinguido já, nos seus longos cento e quarenta e quatro anos de existência política. Eis o que cumpre à ABL fazer, na nova caminhada dos anos, para a realização mais ampla de um programa de atividades que lhe assegurarão, com a perenidade de uma longa existência, o justo conceito de brilhante instituição cívico-cultural de reputada grandeza. Em 27 de Março a findar-se, reunir-se-á a ABL nos acolhedores salões da residência Antônio/Maria Helena Blasi Trevisani para comemorar com um jantar festivo, mais um aniversário natalício da Prof* Lidia Menon Marão, nossa insigne idealizadora e inspiradora de notável participação nos fundamentos da Academia, chamada por isso, com muita justiça, a Mãe da Entidade. Lá estaremos reunidos festivamente entre acadêmicos, amigos e admiradores, para tributar-lhe uma vez mais, nosso apreço e nossos votos de felicidade perene, Ad multos anos. (Elda Moscogliato - Revista Peabiru, maio/junho/99- Ano III – nº 15)
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A Comissão Provisória já contava com duas ofertas para a instalação física do CDHB: a primeira do Centro Cultural com a vantagem de poder utilizar seu Centro de Dados; a segunda do Museu Histórico de Botucatu, com a possibilidade de poder reativar o seu Departamento de Documentação.
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Momentos Felizes PORTAL Cidades consideradas modernas são aquelas que exibem em sua principal via de entrada um portal, um obelisco, um monumento para chamar a atenção dos moradores e dos viajantes eventuais. De chamativa beleza ou suspeito bom gosto, caminhantes param à sua frente observando os detalhes da obra ou dos dizeres insculpidos nas lápides alinhadas. Para a cidade tem o significado de amor. Para quem se aproxima ao seu derredor constata a homenagem aos moradores citadinos e da área rural. Vez por outra há uma singela reverência ao seu laborioso povo. O portal exibe a plenitude ampla do espaço e o verde das silenciosas árvores sob o vasto céu azul de nuvens brancas. Possui também a imponência de um farol luminoso, indicando ao forasteiro as avenidas, ruas, becos, trilhas e pinguelas de uma cidade que quer ser jovem, de costumes cosmopolitas mas mantém, como lembranças, resquícios do chão de terra batida dos seus primeiros habitantes, placas registrando armazéns de secos e molhados, muitas casas exibindo arquiteturas estrangeiras
Roque Roberto Pires de Carvalho
- varandas e sacadas, casas rés das calçadas, muitas vazias e outras danificadas pela voragem do tempo. As coisas que restam da cidade antiga sobrevivem num lugar da alma, lugar que atende pelo nome de saudade. Passando pelo portal e olhando para ele, repensava suas memórias mais queridas. Em frente ao portal, contemplando as nuvens, sabia que muitas pessoas, de todas as origens ali encontraram os caminhos sob a ogiva do céu na saudade dos corações. Buscando seus amores, os abraços, os sorrisos, as boas e as notícias não desejadas dissolvidas na poeira das presunções efêmeras. No voo dos pensamentos, imagens confusas se colocam onde querem dando ao portal uma certidão de nascimento, uma visão de eternidade. À procura do melhor endereço o caminhante lembra-se do farol... Sente-se convidado a descansar em sua paz, como o ponto final, verdadeiro e eterno de sua peregrinação ao longo da existência.