Diário da Cuesta ANO IV
Nº 1014 QUARTA-FEIRA, 7 DE FEVEREIRO DE 2024
NA DEFESA DO MEIO AMBIENTE E DA CIDADANIA EM BOTUCATU
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Djanira será lembrada na 60ª Bienal de Veneza Pintora de Avaré terá obra exposta no evento de arte mais importante do mundo. Leia artigo e Gesiel Júnior, Membro da ABL – Academia Botucatuese de Letras. Página 2
BOTUCATU: CAPITAL DO CICLISMO A Secretaria Adjunta de Turismo inaugurou três novas rotas de cicloturismo para a cidade de Botucatu.
As rotas Indiana (clássica, média, e hard), Pátio 8, Laranjinha, Sertaneja e Pedra do Índio, possuem níveis de dificuldade de médio a difícil, sendo indicadas para os públicos que já possuem experiência no esporte. A placa com todas as rotas do município está instalada na Praça Rubião Júnior e possui QR codes para acessar os trajetos em formato GPX e Strava. As novas rotas são a Laranjinha, Sertaneja e Pátio 8. “Entendemos o crescimento do mercado de cicloturismo e esse será o primeiro passo para nos tornarmos um destino reconhecido nesse segmento. É muito importante que as propriedades e negócios que estão presentes nas rotas também atuem em conjunto ofertando produtos e serviços para os praticantes desta modalidade.”, comenta a secretária adjunta de turismo, Roberta Sogayar. A inauguração contou com a participação do prefeito Mário Pardini, secretários municipais, vereadores, servidores e guias de cicloturismo. (Fonte: Tribuna de Botucatu)
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60ª Bienal de Veneza
Pintora de Avaré terá obra exposta no evento de arte mais importante do mundo Gesiel Júnior Especial para o Diário da Cuesta Tida como uma das exposições mais antigas e mais prestigiosas do mundo artístico, a Bienal de Veneza programada para acontecer entre 20 de abril e 24 de novembro de 2024, terá como curador o brasileiro Adriano Pedrosa que selecionou a pintora avareense Djanira da Motta e Silva, como uma das participantes. Além de Djanira - que é patrona de uma cadeira da Academia Botucatuense de Letras - a mostra contará com obras de outros artistas plásticos renomados já falecidos, dentre os quais Tarsila do Amaral, Anita Malfatti, Cândido Portinari, Emiliano Di Cavalcanti e Maria Martins, todos amigos e contemporâneos da pintora de Avaré. Entretanto, ainda não se sabe quais telas e esculturas os representarão na Bienal 2024. A mostra que começou em 1895, considerada um barômetro da arte global, é composta por uma exposição principal no Padiglioni Centrale (Pavilhão Central); pavilhões organizados por dezenas de países; e exposições organizadas de forma independente marcadas pela Bienal como eventos colaterais oficiais. Desde o início, os organizadores da Bienal incentivaram os países a construírem seus próprios pavilhões em Veneza para apresentar as exposições de um ou mais artistas, com o entendimento de que as próprias nações arcariam com todos os custos de construção, manutenção e programação.
“Estrangeiros em Todos os Lugares”
Atual diretor artístico do Museu de Arte de São Paulo (MASP), Pedrosa foi indicado pelo Conselho da “La Biennale di Venezia” responsável pela curadoria da 60ª Exposição de Arte Internacional. Isso o torna o primeiro curador brasilei-
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ro da Bienal de Veneza e também o primeiro do hemisfério sul. Em coletiva de imprensa na Itália, ele anunciou 332 nomes selecionados para a mostra deste ano, bem como explicou em mais detalhes os conceitos que serão abordados nela. Intitulada “Stranieri Ovunque – Foreigners Everywhere” [Estrangeiros em Todos os Lugares], a Bienal 2024 terá foco no atual deslocamento humanitário. O conceito de “estrangeiro”, neste caso, abrange além da atual e crescente crise de refugiados e das heranças da diáspora, compreendendo também aqueles que são postos na condição de “estrangeiro” em seu próprio território. A exposição será dividida em dois núcleos principais, um contemporâneo e outro histórico. O primeiro inclui artistas LGBTQIAP+, marginalizados, autodidatas (ou “populares”) e indígenas.
Modernismo global
Já o Núcleo Histórico se concentrará em “modernismos globais” e “modernismos do Sul Global”, com três seções dedicadas ao retrato e representação, à abstração e à diáspora italiana no Sul Global. “Estamos todos familiarizados com as histórias do modernismo na Euro-América, mas os modernismos no Sul Global permanecem em grande parte desconhecidos. O conhecimento sobre estes é limitado, na melhor das hipóteses, aos especialistas de cada país ou região. No entanto, conectar e exibir esses mundos juntos será de alguma forma revelador”, explica Pedrosa. Sobre a escolha de Djanira e de todos os outros artistas, o curador disse que buscou dar prioridade aos que nunca participaram da exposição internacional. A extensa lista de selecionados chama bastante atenção. Dentre eles, há 30 artistas brasileiros, entre indígenas, naturalizados, ícones do movimento modernista nacional, além daqueles que tiveram reconhecimento tardio e contemporâneos proeminentes.
DIRETOR: Armando Moraes Delmanto EDITORAÇÃO E DIAGRAMAÇÃO: Gráfica Diagrama/ Edil Gomes Contato@diariodacuesta.com.br Tels: 14.99745.6604 - 14. 991929689
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“Fraquezas”
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José Maria Benedito Leonel
O que faço com minhas fraquezas? Elas são humanas e são minhas. Não há como ignorá-las, sufocá-las, reprimí-las em definitivo. Não se pode jogá-las fora. Elas, essas fraquezas, eu as trago comigo, não porque as quero ou por escolha minha ou vontade própria. Não pude existir sem elas e só existo com elas. Elas estão na minha natureza ou melhor, na essência do meu ser. Por outro lado, elas me tornam frágil, vulnerável, inseguro. Minhas fraquezas físicas, visíveis ou não, são tratáveis, por hora ao menos. Cuido delas como posso. Mas o que faço com as fraquezas morais e emocionais? Por que as tenho? Por que engano, minto, ironizo, disfarço, maltrato? Por que desejo, cobiço, iludo, humilho? São essas fraquezas, que sei que tenho, os meus pecados? Por elas é que serei julgado e condenado? Paro por aqui; não posso entender a complexidade de tudo. A vida, a minha ao menos, é cheia de perguntas sem respostas, de porquês interrogativos, separados na escrita. Só sei de uma coisa; minhas fraquezas não desistem de mim mas eu não renuncio a Deus. ------Então, fica assim: vô pegá o meu cavalo, arriá bem e saí por aí à toa. Nele vou andar pelas grotas, pelas minas d’água, pelos ipês floridos. Quero ver os pássaros voando pelas árvores, quero ouvir os berros dos bezerros , o relinchar dos potros, o assanhamento das maritacas, o latido dos cães. Sabe, é que por aqui a vida continua plena, intensa. Aqui a vida viceja nas plantações e nos leitos dos rios e na fé dos humildes. Aqui se Deus não é mais misericordioso é mais amigo, tolerante e presente. Agora pra quem desiste de entender e de crer, há sempre uma praça pra jogar milho aos pombos, como escreveu e cantou Zé Geraldo. Simples assim.
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A CURIOSA VERONA
Marcelo Delmanto Na nossa viagem de Lua de Mel, eu e minha esposa, gostamos muito da visita a Verona. Logo na chegada à cidade, pudemos observar à distância a Arena de Verona que é uma das mais conservadas de toda Itália, uma vez que o Coliseu de Roma é o que mais está em ruína. Logo depois, caminhando pela cidade vimos alguns poucos monumentos de figuras históricas da cidade, em grandes pedestais de concretos encimados por esculturas em bronze. É sabido que Verona é a cidade onde se passa a história medieval de Romeu e Julieta. Romeu e Julieta é uma tragédia escrita entre 1591 e 1595, nos primórdios da carreira literária de William Shakespeare, sobre dois adolescentes cuja morte acaba unindo suas famílias, os Capuleto e os Montecchio, isto é, Romeu era Montecchio e Julieta era Capuleto, que outrora viviam em pé de guerra. A peça ficou entre as mais populares na época de Shakespeare e, ao lado de Hamlet, é uma das suas obras mais levadas aos palcos do mundo inteiro. Hoje, o relacionamento dos dois jovens é considerado como o arquétipo do amor juvenil. Lá, curiosamente, pudemos observar a sacada da casa de Julieta, onde Romeu escalou para declarar-se a ela. Aqui tem um fato que me chamou a atenção. Nesse local todas as paredes, colunas e muretas estão tomadas por desenhos de coraçõezinhos, com os nomes dos casais no meio, que os próprios turistas escrevem para terem sorte no amor. Eu tive que procurar bastante um espacinho livre, até que enfim achei e escrevi logo, antes que alguém se apossasse daquele precioso local, pois tem muita gente fazendo isso o tempo inteiro. Mais adiante, vimos uma pequena aglomeração, isto porque na praça onde estavam as pessoas tem uma estátua de Julieta em tamanho natural. Como reza a lenda, quem coloca as mãos nos seios da estátua tem sorte no amor e, todas as pessoas fazem fila para cumprir a tradição. Sendo assim, nós também não perdemos a oportunidade. A cidade é muito bonita e tem uma atmosfera fantástica porque mantém um ar medieval e fica muito fácil imaginar que uma história, como a do romance/tragédia, pode mesmo ter acontecido por lá. Por essa razão, a cidade é bucólica e até mesmo romântica, típica de ser visitada por casais apaixonados, como era o nosso caso. Depois de todo passeio, fomos almoçar, e tínhamos muitas opções, já que a gastronomia local é muito rica e muito saborosa
também, então optamos pelo nhoque (gnocchi), que é muito famoso por lá. Para tanto, escolhemos um pequeno e aconchegante restaurante. Para a nossa sorte a parte de baixo estava cheia e por isso subimos uma escadinha toda sinuosa, que levava ao segundo andar. E digo que foi nossa sorte, pois esse andar é mais aconchegante que o térreo e tem uma vista, decididamente, maravilhosa. Isso tudo somado tornou o almoço ainda mais especial. O almoço foi muito curioso também, não só pelo maravilhoso nhoque, mas também pelo prato, que é aquele todo plano e só o meio é fundo, na forma de
um potinho. Superou todas as expectativas, pois, sendo sincero, foi o nhoque mais gostoso que eu comi até hoje. A sobremesa, como não poderia deixar de ser, foi o conhecidíssimo gelato italiano, que é inigualável no mundo inteiro. Verona não é um dos destinos mais famosos, a não ser por poucos aspectos conhecidos por todo mundo. De qualquer maneira, eu gostei muito de tudo nessa cidade e como nosso tempo foi muito apertado, tenho muita vontade de retornar e aproveitar melhor tudo o que a cidade pode oferecer.