Edição 1021

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Diário da Cuesta ANO IV

Nº 1021 QUINTA-FEIRA, 15 DE FEVEREIRO DE 2024

NA DEFESA DO MEIO AMBIENTE E DA CIDADANIA EM BOTUCATU

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“BRASILÉIA DESVAIRADA: a busca de Mário de Andrade por um país”

A Escola de Samba Mocidade Alegre é a Grande Campeã do Carnaval Paulista/Grupo Especial em 2024, com o enredo que homenageia Mário de Andrade, um dos principais nomes da cultura brasileira. Considerado o principal nome da Semana de Arte Moderna de 1922, destacou-se com “Macunaíma” e “Paulicéia Desvairada”. Em 1924, ele escreveu: É o Brasil que me acontece viver e agora é só no Brasil eu penso e por ele tudo sacrifiquei”. A busca de Mário por um país atravessou a sua obra em poemas, contos, romances, músicas, estudos, palestras e fotografias. Página 3

Mário de Andrade

Um dos fundadores do Modernismo e praticamente foi quem criou a poesia moderna com a publicação de PAULICEIA DESVAIRADA/1922.

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Pintura de Lasar Segall


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Mário de Andrade

Mário de Andrade foi um dos fundadores do Modernismo e praticamente criou a poesia moderna com a publicação de PAULICEIA DESVAIRADA/1922. Mário Raul de Morais Andrade nasceu na cidade de São Paulo, no dia 09 de outubro de 1893. De família humilde, Mário possuía dois irmãos e desde cedo mostrou grande inclinação às artes, notadamente a literatura. Em 1917, estudou piano no “Conservatório Dramático e Musical de São Paulo”, ano da morte de seu pai, o Dr. Carlos Augusto de Andrade. Nesse mesmo ano, com apenas 24 anos, publica seu primeiro livro intitulado “Há uma Gota de Sangue em cada Poema”. Mais tarde, em 1922, publica a obra de poesias “Paulicéia Desvairada” e torna-se Catedrático de História da Música, no “Conservatório Dramático e Musical de São Paulo”. Nesse mesmo ano, auxiliou na organização da Semana de Arte Moderna trabalhando ao lado de diversos artistas. Com Oswald de Andrade, Tarsila do Amaral, Anita Malfatti e Menotti del Picchia, formaram o grupo modernista que ficou conhecido como o “Grupo dos Cinco”. Dedicado à seu grande prazer, a literatura, em 1927, publica a obra “Clã do Jabuti”, pautada nas tradições populares. Nesse

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mesmo ano, publica o romance intitulado “Amar, Verbo Intransitivo”, onde critica a hipocrisia sexual da burguesia paulistana. Mário foi um estudioso do folclore, da etnografia e da cultura brasileira. Portanto, em 1928, publica o romance (rapsódia) “Macunaíma”, uma das grandes obras-primas da literatura brasileira. Essa obra foi desenvolvida através de seus anos de pesquisa a qual reúne inúmeras lendas e mitos indígenas da história do “herói sem nenhum caráter”. Durante 4 anos, (1934 a 1938) trabalhou na função de diretor do “Departamento de Cultura do Município de São Paulo”, na ocasião trabalhou com Alceu Maynard Araújo, folclorista de renome e sociólogo, quando fundaram os famosos Clubes de Menores Operários da Divisão e Recreio, do Departamento de Cultura da Prefeitura de São Paulo. No período do governo de Armando de Salles Oliveira. Em 1938, muda-se para o Rio de Janeiro. Foi nomeado catedrático de Filosofia e História da Arte e ainda, Diretor do Instituto de Artes da Universidade do Distrito Federal. Retorna à sua cidade natal, em 1940, onde começa a trabalhar no Serviço de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (SPHAN). Poucos anos depois, sua saúde começa a ficar frágil. No dia 25 de fevereiro de 1945, aos 51 anos de idade, Mário de Andrade falece em São Paulo, vítima de um ataque cardíaco. Principais Obras Mário de Andrade deixou uma vasta obra desde romances, poemas, críticas, contos, crônicas, ensaios: • Há uma Gota de Sangue em Cada Poema (1917) • Paulicéia Desvairada (1922) • A Escrava que não é Isaura (1925) • Primeiro Andar (1926) • Clã do Jabuti (1927) • Amar, Verbo Intransitivo (1927) • Macunaíma (1928) • O Aleijadinho de Álvares de Azevedo (1935) • Poesias (1941) • O Movimento Modernista (1942) • O Empalhador de Passarinhos (1944) • Lira Paulistana (1946) • Contos Novos (1947) • Poesias Completas (1955) • O Banquete (1978)

DIRETOR: Armando Moraes Delmanto EDITORAÇÃO E DIAGRAMAÇÃO: Gráfica Diagrama/ Edil Gomes Contato@diariodacuesta.com.br Tels: 14.99745.6604 - 14. 991929689

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“BRASILÉIA DESVAIRADA: a busca de Mário de Andrade por um país”

A Escola de Samba Mocidade Alegre é a Grande Campeã do Carnaval Paulista/Grupo Especial em 2024, com o enredo que homenageia Mário de Andrade, um dos principais nomes da cultura brasileira. Considerado o principal nome da Semana de Arte Moderna de 1922, destacou-se com “Macunaíma” e “Paulicéia Desvairada”. Em 1924, ele escreveu: É o Brasil que me acontece viver e agora é só no Brasil eu penso e por ele tudo sacrifiquei”. A busca de Mário por um país atravessou a sua obra em poemas, contos, romances, músicas, estudos, palestras e fotografias. Em 2024, a Mocidade Alegre vai viajar pelo Brasil com o poeta Mário de Andrade. As viagens que o escritor fez pelo Brasil vão guiar o enredo da Morada do Samba, percorrendo o norte, o sudeste e o nordeste até dizer chegar. Em um encontro com o povo e a cultura popular que nos forma. Construir mais uma vez um novo Brasil, rever a identidade brasileira e, ainda assim, festejar quem somos é o desejo e a missão da Mocidade Alegre para 2024. Uma escola que tem o povo e o compromisso de celebrar em seu próprio nome. ENREDO DA MOCIDADE ALEGRE

Visando defender o campeonato conquistado no último Carnaval, a Mocidade Alegre deu mais um importante passo rumo ao seu próximo desfile. No domingo (22), a “Morada do Samba” apresentou para a sua comunidade e público presente na quadra, os pilotos das fantasias que farão parte da sua apresentação no Carnaval 2024 Terceira escola a desfilar no sábado, dia 10 de fevereiro, no Sambódromo do Anhembi, a agremiação liderada por Solange Cruz levará para Avenida o enredo Brasiléia Desvairada: A busca de Mário de Andrade por um país, com assinatura do carnavalesco Jorge Silveira. “O público pode esperar do desfile da Mocidade um verdadeiro passeio pela brasilidade. Vamos levar para o Anhembi o amor de Mário por esse país e através de seu olhar, vamos contemplar toda sua riqueza”, diz o artista. A foto abaixo mostra Ana Maria Estima e Fernando Estima representando a “Ala 1 – Amantes do Samba”. Confira a descrição :

Thelma Assis No primeiro ato, a parte frontal da alegoria se abre e revela Mario, que passa a interagir com os animados arlequins. No segundo ato, que simboliza o início da jornada do poeta, ele volta para dentro da locomotiva, os arlequins todos sobem no veículo e passam a manipular o maquinário, parte pedalando as bicicletas, parte movimentando um mecanismo que passa a soltar fumaça. A comissão de frente conseguiu chamar a atenção do público com sua irreverência, e contribuiu positivamente para o início do desfile da Morada do Samba.

“Foi nas ruas de São Paulo que Mário de Andrade nasceu e cresceu, costumava dizer que era “paulistano por demais”. Em 1922, o poeta lançou seu clássico “Paulicéia Desvairada”, no qual dedicou vários poemas a pensar as contradições da cidade, ao mesmo tempo que declarava seu amor por ela. Em um dos poemas do livro, intitulado “Inspiração”, Mário escreveu a frase que dá título a ala, a definindo como uma cidade “arlequinal”, formada por seus trajes de losangos. A composição dessas formas também ficou marcada pela capa da marcante obra literária. Se inspirando na visualidade de um arlequim, a fantasia traz esse imaginário arlequinal com o qual o escritor definiu a cidade que completa em 2024 seus 470”.


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ARTIGO

“100 anos da Semana de Arte de 1922” Maria De Lourdes Camilo de Souza

Um grupo de artistas brasileiros: poetas, pintores, escritores reuniram-se no período de 13 a 22/02/1922, num evento cultural, que se realizou no Teatro Municipal de São Paulo inspirados na nova estética da arte europeia. O mundo recém saído da 1a Guerra Mundial caminhava para mudanças sociais , políticas, economicas, e no Brasil não era diferente. A industrialização chegando. A crescente urbanização, a imigração estrangeira vinda de tantos países, que geraram miscigenação de povos, idiomas. Muitos nomes se destacaram tais como: Mário de Andrade, Graciliano Ramos, Anita Malfatti, Tarsila do Amaral, Villa Lobos, Clarice Lispector, Cecília Meirelles, Carlos Drumond de Andrade, Guiomar Novaes. Alguns dos seus objetivos eram: romper com o formalismo da sociedade paulistana, popularizar a arte, criar uma cultura e arte autenticamente brasileira valorizando sua identidade. Criticar a arte acadêmica engessada em seu modelo rígido. Novos experimentos estéticos, aproximar-se da linguagem popular. Uso de temáticas cotidianas e nacionalistas. Enfim, corajosamente romper formalismos das artes vigentes. Contaram com o apoio do governador na época:

Washington Luís. Naquela auspiciosa semana, cada dia contava com novas apresentações nas diferentes artes. Tudo se passou dentro de um cenário político delicado da chamada política Café com leite. O Brasil carecia desse movimento pois não havia quem o representasse, levasse ao mundo sua identidade própria. E ficou marcada na história de São Paulo e do nosso país com um movimento chamado Modernismo. Quebrou paradigmas. Respiravam novos ares, entusiásticos tempos de uma mudança necessária. Foi o estopim de uma verdadeira renovação nas mais diferentes formas de arte no país. Ficará para sempre lembrada como a necessária alavanca para a sociedade que se transformava.


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LEITURA DINÂMICA 4 1

– Os intelectuais Mário e Oswald de Andrade foram os grandes líderes do Movimento Modernista que culminou com a Semana de Arte Moderna de 1922.

– Com certeza, “Macunaíma” consagrou a carreira artística de Grande Otelo. Um exemplo de “anti-herói” clássico da literatura brasileira é Macunaíma, de Mário de Andrade. Não por acaso, o romance tem, como subtítulo, a expressão “herói sem nenhum caráter”. Iniciada de modo irônico: – “No fundo do mato-virgem nasceu Macunaíma, herói de nossa gente”.

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– Mário de Andrade participou da Semana de Arte Moderna que inaugurou o Modernismo no Brasil. Buscou divulgar, em seus textos, elementos da Cultura brasileira e criar um sentimento de identidade nacional. Seu livro mais conhecido é Macunaíma que traz como subtítulo: “o herói sem nenhum caráter”. Destaque para a publicação do famoso “Prefácio interessantíssimo” do livro “Paulicéia Desvairada”, de 1921.

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– Escrita por Mário de Andrade, teve grande impacto na literatura brasileira, principalmente por ter sido o autor um dos pioneiros do Modernismo no Brasil, tendo sido um dos responsáveis pela Semana de Arte Moderna de 1922, marco do início do movimento modernista brasileiro. “Macunaíma” tem como uma de suas características a renovação da linguagem brasileira, ao tratar tempo e espaço como entidades arbitrárias...

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– ALCEU MAYNARD DE ARAÚJO E MÁRIO DE ANDRADE. Na Capital, entre tantas atividades, Alceu Maynard de Araújo – botucatuense de coração! - fundou com Mário de Andrade os famosos Clubes de Menores Operários da Divisão de Educação e Recreio do Departamento de Cultura, da Prefeitura Municipal de São Paulo. Atuando na ACM e na Prefeitura, em seu Departamento de Cultura, Alceu tomou vivo entusiasmo pela educação e preparo da juventude dentro de nossa realidade sócio-cultural. Foi um dos mais destacados folcloristas brasileiros e ocupou cargos de destaque como o de GRANDE SECRETÁRIO DA CULTURA DO GRANDE ORIENTE.


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