Diário da Cuesta ANO IV
Nº 1024 SEGUNDA-FEIRA, 19 DE FEVEREIRO DE 2024
NA DEFESA DO MEIO AMBIENTE E DA CIDADANIA EM BOTUCATU
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Nesta data, 19 de fevereiro, comemora-se o Dia do Esportista, ou Dia do Esporto, conforme consta na legislação brasileira. O esporte tem suas origens há milhares de anos atrás, ocasião em que o homem já praticava a corrida sem saber, fugindo de seus predadores ou indo atrás de sua caça. A primeira competição oficial data de 776 a.C, ocasião em que foi realizada a Olimpíada da Grécia e o esporte deixou de ser apenas um ritual para se tornar uma competição com regras, vencedores e perdedores. A origem do Dia do Desporto remete à Lei nº 9.615, de 24/03/1998, a famosa lei Zico, que no artigo 54 cria a comemoração sem uma referência sobre o porquê da escolha da referida data. Apesar da lei número 9.615, de 24 de março de 1998, revogar a data anterior e definir a comemoração em 23 de junho, Dia Mundial do Desporto Olímpico, popularmente a antiga data continua a ser celebrada popularmente.
Senac Botucatu está com inscrições para curso técnico em teatro Com duração de 1000 horas, o curso terá início no dia 19 de fevereiro Em uma parceria com a Secretaria Municipal de Cultura e Teatro Municipal Camillo Fernandez Dinucci, o Senac Botucatu está com inscrições abertas para o curso de Técnico em Teatro. As inscrições são online pelo link h�ps://bit. ly/3SuFvwQ Com duração de 1000 horas, o curso terá início no dia 19 de fevereiro e será realizado de segunda a quinta-feira, das 19 às 22h30. As aulas serão ministradas no Senac Botucatu, à Rua Rafael Sampaio, 85, no Bairro Boa Vista. (Notícias.Botucatu)
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PERSONALIDADES DO TEATRO BOTUCATUENSE Na crônica antiga e rica da cidade centenária cabe muito bem um capítulo à parte, dedicado ao teatro. Suas origens, perdem-se nas brumas de um passado onde o trabalho jesuítico firmou as raízes cristãs pontilhando suas colonizadoras pegadas com a capelinha tradicional, o pátio gentio do adro – sinal evidente das primeiras representações. Tal como Anchieta e Nóbrega. De lá distante, às manifestações de Alcides Nogueira Pinto, o caríssimo Tide, e Leilah Assunção, inconformada, em uma de suas manifestações à imprensa, sobre a transitoriedade da obra teatral moderna que hoje domina o cartaz e amanhã é relegada ao esquecimento, vai uma longa enfiada de episódios que só enriqueceram nossa cidade com a beleza de grandes e inolvidáveis espetáculos. Já vão longe os tempos em que o salão de festas anexo ao Santuário de Lourdes era o melhor palco para belas e edificantes peças de autores nacionais, representadas por grupos de rapazes e moças orientados pela dedicação franciscana daqueles maravilhosos capuchinhos que marcaram na memória botucatuense a passagem por esta cidade. Depois, veio o período das festas escolares. Então, brilhou na época, o espírito empreendedor de D. Ema de Azevedo, a grande mestra há pouco falecida em São Paulo, no avançado dos seus oitenta anos, como grande médica pediatra, a primeira mulher que transpôs a barreira do preconceito contra mulheres médicas. Ela realizou no Casino, em vesperal inolvidável, o teatro opereta : “Rainha das Borboletas” com música de Luis Cardoso. As crianças foram os artistas notáveis. Depois tivemos o período áureo de Genaro Lobo. Quem há de se esquecer das magníficas peças : “Bodas de Prata” de sua autoria, “Canário da Terra” e tantas outras? O grupo teatral por ele mantido e formado, compunha-se dos melhores elementos de nossa sociedade : Aurora Perez, Gilberto Pereira Machado, Sebastião de Almeida Pinto, Selma Zeugner, Diva Levy e tantos outros saudosos amadores. Temos em mãos uma fotografia histórica que nos foi identificada pelo saudoso Tião. Trata-se de uma cena, num ensaio geral, no palco do Casino. O grupo amador pertencia à “Cruzada Brasileira” fundada pelo Dr. Sylvio Galvão e mantida por um grupo de abnegados, entre
eles, Luis Baptistão. Ali estão em cena : Diva Levy, José do Amaral Wagner, Sebastião de Almeida Pinto ( o carteiro da peça ); Henrique Garboggini ( o galã) ; Altino de Campos Toledo, Gilberto Pereira Machado e Nelson Toledo Ferraz, “o ponto” do conjunto. Ninguém que assistiu à fase brilhante do Teatro de Genaro Lobo há de se esquecer, comovido, do alto nível a que chegaram, em Botucatu, as manifestações teatrais. Na fase histórica do Seminário São José, no governo do saudoso Dom Luís, padre Tallarico, hoje uma expressão legitima da música sacra em São Paulo, ensaiou e levou à cena, com os seminaristas, a grande opera-cômica num ato e quatro cenas : “Um’ora de vacanzza” cujo autor ora se nos foge. Música de erudição, a grande orquestra, quando então se reuniram os vinte e tantos músicos autênticos que possuíamos. Depois, veio Armando Joel Nelli a quem esta crônica é dedicada num tributo póstumo. Nelli e D. Alice, um casal distintíssimo, revolucionou e reativou na época o teatro botucatuense. Trabalharam com paixão. As filhas, Joaninha e Elvira, eram artistas que desafiariam hoje, as melhores da TV. Atraíram a estudantada. Tasso Nunes da Silva, foi sempre o galã perfeito. E tivemos um suceder extraordinário de espetáculos de luxo : “O Interventor”; “Saudades”, “Anastácio”, entremesclando o romântico, o cômico, o trágico, dos nossos melhores autores nacionais. Nelli e Alice foram além : construíram o magnífico Teatro Nelli que arrancou de Cacilda Backer, quando aqui esteve, uma exclamação de espanto : “Mas isto aqui, tão moderno, tão funcional e perfeito, nem na Capital se vê! Acústica perfeita, cadeiras limitadas como se faz hoje em dia, palco excelente”. Coadjuvado por Aleixo Delmanto, saudoso das representações universitárias em que era ele também, o herói do palco, o casal levou ao máximo o nível teatral em nossa cidade. E fez mais. Educou para a vida artística muito jovem com talento e sem recursos para a vida de teatro. Fez muito mais, ainda. Deixou, como obra imperecível, o TAENCA que é sem dúvida, um dos nossos ricos patrimônios culturais. ELDA MOSCOGLIATO Acervo Peabiru
TEATRO NELLI - Já incorporado ao patrimônio municipal, o Teatro Nelli poderá ser uma importante ferramenta na Cultura de Botucatu. Nas fotos, o seu histórico. Na foto de sua construção, ao centro, Armando Joel Nelli, seu idealizador e fundador.
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História de Avaré é tema de estudos este ano no Colégio Fortitude
Mais novo colégio de Avoré investe no estudo da história municipal
Escola é a primeira a adotar projeto para motivar alunos a pesquisar as origens da cidade Recém-aberto na cidade, o Colégio Fortitude inicia o ano letivo oferecendo a seus alunos a opção de aprender a pesquisar a história da cidade, através do projeto "Redescobrindo Avaré". Com apoio da direção, essa interatividade está sendo aplicada pelo professor Gesiel Theodoro Neto, que conta com apoio do cronista e pesquisador Gesiel Júnior, autor de vários livros sobre o tema. "Logo nas primeiras aulas houve palestras sobre as origens da cidade. A ideia é indicar aos alunos boas leituras, troca de ideias e pesquisas para motivá-los a conhecer melhor Avaré, que é uma cidade interessante, mas é preciso redescobrir os seus valores", diz a professora Juliana Isis, diretora da escola, que vê no projeto um dos meios "para construir um ambiente acolhedor, inclusivo e estimulante para nossos estudantes brilharem". Empolgado com a reação inicial positiva dos alunos do
Ensino Fundamental, Gesiel Neto prepara para os meses seguintes eventos paralelos às aulas para envolvê-los nessa causa. Graduado em História pela Unesp/Assis e pós-graduado em Educação Patrimonial pela Unimes, ele acredita que a prática vai enriquecer o sistema de ensino do Fortitude. Recentemente a biblioteca da nova escola recebeu a doação de uma série de livros de autores de Avaré, os quais poderão servir de fontes para as pesquisas a serem propostas durante o ano. "Temos um bom acervo bibliográfico e vamos estimular a leitura para que todos os alunos conheçam mais sobre as nossas raízes", afirmou o professor, que foi diretor do Museu Municipal Anita Ferreira De Maria e do Memorial Djanira. Com amplas instalações, o Colégio Fortitude fica na Avenida Doutor Plínio Fagundes, 624, na Vila São - Judas Tadeu. Informações- (14) 99744-5828. Do jornal A Comarca, edição de 09.02.2024
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“Perfeita sintonia” MARIA DE LOURDES CAMILO SOUZA
Amanheceu aquele dia meio nublado. Era muito cedo ainda, e lá da cozinha veio aquele indefectível cheirinho de um café recém-passado. A menina em mim espreguiçou e saiu da cama para ir até a varanda escutar o canto dos passarinhos e respirar o fresco da manhã. Pés descalços, passando pelo corredor até a saleta passou pelo rádio e automaticamente o ligou, girando o dial procurando sua frequência preferida e aumentou o som ao ouvir a voz do locutor anunciando a próxima música. Cantarolou junto ensaiando alguns pequenos passos de dança para acompanhar o ritmo. Ao chegar na varanda respirou profundamente de olhos fechados. Um tímido raio de sol insinuou-se entre as nuvens e veio brincar nos cabelos. Ficou ali alguns momentos enquanto sua cachorra estabanada veio pedir colo se apoiando com toda força das perninhas tortas e fortes, quase derrubando-a. Deu aquele sorriso olhando-a direto nos seus olhos com aqueles brilhantes e doces cor de mel. Desarmada deu-lhe um abraço desengonçado. E voltou até a cozinha pegando no armário sua caneca preferida. Colocou um pouco de café quente, cheirou e bebeu um gole quente enquanto acariciava a cabeça da cachorra. Cantarolou o refrão da música que seguia tocando em voz baixa, pegando um pão e cortou na metade, passando a manteiga com a faca no miolo. Deu uma dentada mastigando. Pegou um naco de miolo de pão com manteiga e jogou para a cachorra que o pegou no ar. A música já terminava e o locutor anunciou os comerciais. Terminando de comer o pão e dando um último gole em seu café foi até o quarto, para se arrumar para o trabalho. Ao sair de casa desligou o rádio. Deu ração e água para a cachorra e foi saindo para a garagem, colocando a bolsa sobre o ombro direito. Abriu a porta do carro e acionou o portão da garagem que se abriu. Deu uma última olhada para a cachorra dizendo: - “Daqui a pouco mamãe volta.” Como se pudesse entender ela retribuiu com um sorriso e um latido. Tirou o carro da garagem, fechou o portão automático e ligou o rádio, virou a esquina e seguiu em frente ao som da música. Quem nunca viveu sempre sintonizado numa rádio, ouvindo as suas músicas prediletas ou as notícias? Hoje ele pode estar um pouco esquecido, mas, para alguns faz parte inalienável da vida de muitos ouvintes. Viva o Dia do Rádio !