Edição 1025

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Diário da Cuesta ANO IV

Nº 1025 TERÇA-FEIRA, 20 DE FEVEREIRO DE 2024

NA DEFESA DO MEIO AMBIENTE E DA CIDADANIA EM BOTUCATU

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Ciccillo Matarazzo:

Mecenas da Cultura Brasileira!

Ciccillo Matarazzo e o Pavilhão com seu nome no ibirapuera

No aniversário do grande Mecenas da Cultura Brasileira, Ciccillo Matarazzo (nascido em 20/02/1898), o registro por sua passagem pelo setor cultural (Bienal, Museu de Arte Moderna, Teatro Brasileiro de Comédia – TBC, Cinematográfica Vera Cruz, Presépio Napolitano, Balé do Quarto Centenário e as representações brasileiras nas Bienais de Veneza) e pelo setor público (Parque do Ibirapuera, Prefeitura de Ubatuba) estão definitivamente marcados na Memória Paulista.

Na mini-série “Um Só Coração”, da Rede Globo, Ciccillo Matarazzo foi representado por Edson Celulari. Nessa produção da Globo – feliz coincidência! – temos o trabalho criativo do botucatuense Alcides Nogueira em co-autoria, a novela “Um Só Coração”, quando em parceria com Maria Adelaide Amaral retratou tão bem a vida de Ciccillo Matarazzo. Página 2

Dom Maurício Gro�o de Camargo Arcebispo Metropolitano de Botucatu!



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Ciccillo Matarazzo:

Mecenas da Cultura Brasileira! Francisco Antonio Paulo Matarazzo, conhecido como Ciccillo Matarazzo, filho de Ângelo Andrea Matarazzo e Maria Virgínia Geraldi, nasceu em São Paulo, em 20/02/1898 e faleceu, também em São Paulo, em 16/04/1977. Seu pai, por indicação do Conde Francesco Matarazzo, foi eleito para o SENADO ITALIANO. Ciccillo, faleceu em seu apartamento, no Conjunto Nacional, onde da sacada podia ver a cidade que tanto amava... Estudou dos 10 anos aos 20 anos na Itália, como era costume das famílias italianas, àquela época, mandarem estudar seus filhos na Itália. Também estudou Engenharia, sem concluir o curso, em Nápoles e na Bélgica. Juntamente com o primo Julio Pignatari dirigiu a Metalúrgica Matarazzo – Metalma. Em 1943, casou-se, no México, com Yolanda Penteado, de tradicional família paulista. Apaixonados por artes plásticas, cultos e refinados, ajudam a transformar São Paulo na Capital Cultural da América Latina. Locomotivas da vida artística paulistana, eles reuniram em, 1948, obras de seu acervo particular — com assinaturas de Alfredo Volpi, Di Cavalcanti e Marc Chagall, entre outros — para fundar o Museu de Arte Moderna de São Paulo, sediado na então badalada Rua Sete de Abril, no centro. O prédio era de Assis Chateaubriand. Três anos depois, fizeram a primeira edição da Bienal de Artes de São Paulo, na Avenida Paulista. O MECENAS (na mini-série “Um Só Coração”, da Rede Globo, Ciccillo foi representado por Edson Celulari) A cultura brasileira teve a marca pessoal de Ciccillo Matarazzo: o Teatro Brasileiro de Comédia, a Companhia Cinematográfica Vera Cruz, a Cinemateca Brasileira, a construção do Parque do Ibirapuera, o Museu de Arte e Arqueologia da Universidade de São Paulo, o Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo, o Presépio Napolitano, o Balé do 4º Centenário e as representações brasileiras nas Bienais de Veneza. Importante destacar que, em 1951, no governo de Lucas Nogueira Garcez e diretamente controlada pela Prefeitura, foi criada a “Comissão do IV Centenário de São Paulo”. Presidida por Francisco Matarazzo Sobrinho, a Comissão se encarregou da escolha do local para sediar as comemorações dos 400 anos de São Paulo, bem como da encomenda do projeto e a construção do parque que viria abrigar os festejos. Ciccillo encomendou ao arquiteto Oscar Niemeyer os projetos dos edifícios que deveriam compor o Parque do Ibirapuera e para a concepção paisagística, Roberto Burle Marx foi o escolhido.

(Pavilhão Ciccillo Matarazzo/ Parque do Ibirapuera) (o símbolo do IV CENTENÁRIO DE SÃO PAULO é de autoria de OSCAR NIEMEYER)

O POLÍTICO Único da família Matarazzo que entrou na política nacional durante os anos de opulência do Império Matarazzo: foi Prefeito de Ubatuba (1964/69). Seu lema de governo foi: “40 anos em 4 anos”. Como Benfeitor da cidade, Ciccillo é sempre lembrado pela comunidade. Por iniciativa da Prefeitura Municipal, Ubatuba construiu o Memorial “Ciccillo Matarazzo”, cujo projeto foi contratado pela Funart e apresenta importante período da história do município, a partir de 1948. Instalado no antigo gabinete de Ciccillo, mandado construir por ele, o Memorial abriga também a Biblioteca Municipal. Ciccillo Matarazzo é considerado o Mecenas da Cultura Brasileira. Sobrinho do Conde Francesco Matarazzo, era um visionário e um entusiasta da cultura e da arte. Viveu intensamente e soube construir, com amor, um legado que direcionou a formação da cultura nacional. (Memorial Ciccillo Matarazzo/ Ubatuba/ SP)


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COMENTÁRIOS SOBRE CICCILLO MATARAZZO

1 - Delmanto, eu sou de São José dos Campos e desde pequeno ouvia falar de Ciccilo Matarazzo. Realmente era uma unanimidade, como homem público e como promotor da cultura. Fez uma gestão moderna (como Prefeito) em Ubatuba, atacando pontos IMPORTANTES da saúde pública, como a rede de esgoto na área central. Hoje, Ubatuba se orgulha de apresentá-lo no MEMORIAL “Ciccilo Matarazzo”. Foi um Mecenas da Cultura , mas foi, fundamentalmente, um CIDADÃO PRESTANTE! (carlosantoniomascarenhas@yahoo.com.br). 26 de setembro de 2011 2 - Com Ciccillo Matarazzo, a família Matarazzo deu uma grande contribuição à cultura e à política do país. Mesmo não sendo político, foi convocado pelos partidos polítcos de Ubatuba para ser candidato a Prefeito Municipal. Já com 65 anos, aceitou o desafio. E gostou. Fez uma excelente gestão naquele balneário. E a sua atuação como promotor da cultura é conhecida de todos. Hoje, da família Matarazzo, temos atuando com destaque, o Senador Eduardo Matarazzo Suplicy, o Diretor da Globo Jaime Monjardim Matarazzo, o Andrea Matarazzo que é o Secretário Estadual da Cultura e já foi Embaixador do Brasil na Itália e a Claudia Matarazzo, Chefe do Cerimonial do Palácio dos Bandeirantes (Governo de São Paulo). Muito boa a lembrança. Os bons exemplos precisam ser divulgados. O exercício positivo do civismo é uma raridade e uma grande necessidade para estes nossos dias tão marcados pelos malfeitos dos homens públicos do país. (jair.castro66@yahoo.com.br). 26 de setembro de 2011 3 - Caro Delmanto, isso tudo deveria ser divulgado obrigatoriamente por nossas escolas, pelo menos aqui em Sampa. O símbolo do 4º Centenário é uma obra prima e muito pouca gente conhece ou se lembra dele. Foi um pedido do Ciccilo Matarazzo ao arquiteto Oscar Niemeyer. E tem a música do 4º Centenário que é do Mário Zan. Pô, São Paulo precisa valorizar mais as suas tradições e a sua cultura. No 4º Centenário, o Ciccilo conseguiu trazer o pai-

nel “Guernica” de Picasso para a Bienal das Artes no Ibirapuera, uma vitória da cultura brasileira, pois raramente o MOMA de Nova York libera o seu acervo para mostras no exterior.Muito boa essa divulgação. Bola pra frente! (bastosgustavo32@yahoo.com.br). 26 de setembro de 2011 4 - Delmanto disse... Sem bairrismo, mas destacando uma cidade do interior (Botucatu) que revelou para o Brasil um dos mais expressivos dramaturgos e telenovelista da atualidade: Alcides Nogueira. Vencedor no teatro, entre outras, com Lua de Cetim e Feliz Ano Velho (adaptação do livro de Marcelo Rubens Paiva), Pólvora & Poesia, Florbela e em novelas globais, como co-autor (De Quina Pra Lua, Direito de Amar, O Salvador da Pátria, Rainha da Sucata, Deus nos Acuda, A Próxima Vítima, Torre de Babel, Um Só Coração , JK e O Astro; sendo que em vôo solo é autor de O Amor está no Ar e Ciranda de Pedra. O Alcides escreveu suas primeiras crônicas no jornal “Vanguarda”, que eu fundei em Botucatu e, à época, já mostrava a sua grande criatividade. Fomos colegas no curso de Direito na São Francisco e ainda fez pós graduação na Suíça, em Direito Autoral. Pois é dele – feliz coincidência! -, em co-autoria, a novela “Um Só Coração”, quando em parceria com Maria Adelaide Amaral retratou tão bem a vida de Ciccillo Matarazzo. É o registro exuberante daquela São Paulo efervescente, com a industrialização empurrando a todo vapor a LOCOMTIVA PAULISTA, e repercutindo no teatro e nas artes em geral. E a figura de Mecenas de Ciccillo Matarazzo ficará marcada para sempre. Presidente da Comissão do IV Centenário de São Paulo, foi quem escolheu o Ibirapuera para a construção do Parque. Dele é a escolha de Oscar Niemeyer e Burle Max para as obras arquitetônicas e de paisagismo que fizeram do Parque do Ibirapuera uma “avant-première” de Brasília. É Registro Histórico.


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LEITURA DINÂMICA

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- O ANO DE 1934 foi considerado o ANO MÁGICO para as INDÚSTRIAS MATARAZZO: “Assis Chateaubriand vai chamar, em 1934, esse grupo industrial de “O ESTADO MATARAZZO”, lembrando que São Paulo tinha uma renda bruta de 400 mil contos e o parque industrial Matarazzo uma receita de 350 mil, acima de qualquer outra unidade federativa brasileira...O Conde Matarazzo, financeira e economicamente é o segundo Estado do Brasil...”

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– O pai de Ciccillo Matarazzo foi o empresário, político e diplomata Angelo Andrea Matarazzo. Irmão do Conde Francisco Matarazzo, Angelo Andrea Matarazzo foi indicado pelo irmão para o cargo de Senador do Reino da Itália, eis que o Conde havia sido convidado para esse importante cargo pelo Rei da Itália e indicou o irmão. Em sua atividade empresarial adquiriu, em 1932, o Banco Polcenigo, o segundo maior da Itália e afiliado ao London and Brazilian Bank. Foi o 5º maior produtor de café do Brasil, com inúmeras fazendas de café na região de Campinas. Em 1944, foi nomeado Presidente de Honra do Palestra/Palmeiras, cargo honorífico que fora ocupado pelo Conde Francisco Matarazzo.

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– O Secretario da Cultura do Estado, Andrea Matarazzo, foi o idealizador da primeira Pinacoteca no Interior do Estado, em Botucatu. Chamada de “Catedral da Cultura”. O prédio escolhido para abrigar a Pinacoteca em Botucatu foi o antigo Fórum com investimento de 11 milhões para reformar e adaptar o edifício. O prédio ocupa 2.878 m2 de área construída, com subsolo, térreo, primeiro e segundo pavimentos e foi construído em 1924 com projeto do arquiteto Ramos de Azevedo, o mesmo que construiu a Pinacoteca do Estado.

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– Com sua nomeação para Senador do Reino da Itália, em 1901, o Senador Angelo Andrea Matarazzo construiu uma magnífica residência em Roma, chamada de Palácio Matarazzo, em estilo renascentista, o imóvel foi erguido em uma área de 15 mil metros e decorado com requinte. Hoje é conhecido como Borgo Angelo Matarazzo e é muito procurado por turistas.


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Momentos Felizes

PÃO SECO - Você já experimentou um pão seco? Pão seco não é aquele encontrado na padaria, recém saído do forno, quentinho, macio e gostoso, mais gostoso ainda quando abastecido com manteiga. Pão seco é aquele guardado no armário, durante alguns dias e que, esquecido, enrijeceu, endureceu e ali permanece não se sabe por quanto tempo. Naquela manhã alguém bateu palmas à sua porta. As palmas são fraquinhas indicando carências. Ele atende. Quem é??? Voz fraca como as palmas, conta uma breve estória merecedora de atenções. O final e fatal pedido do até então desconhecido, era no sentido de perguntar se havia alguma coisa para saciar a fome. Dizia não querer dinheiro, na verdade só queria saciar a fome. Retornando à cozinha ele abriu o

Diário da Cuesta Roque Roberto Pires de Carvalho

armário e encontrou exatamente aquele saco de pão amanhecido, durinho da silva e naquela hora da manhã era o que havia, entregando-o ao andarilho. Recebeu e agradeceu, despedindo-se com um Deus lhe pague. Para ele ficou a sensação do dever cumprido. O travesseiro é fofo. O travesseiro era de penas e a sua consciência estava leve, muito leve, afinal havia surgido uma oportunidade de ajudar alguém, o próximo, não tão próximo... claro! mas ajudou! A seguir, abraçado ao travesseiro ele pode relembrar, por inteiro, o sabor do pão seco. Sabor que ele já havia experimentado em muitas oportunidades da vida...


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