Edição 1026

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Diário da Cuesta ANO IV

Nº 1026 QUARTA-FEIRA, 21 DE FEVEREIRO DE 2024

NA DEFESA DO MEIO AMBIENTE E DA CIDADANIA EM BOTUCATU

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DIA INTERNACIONAL DA LÍNGUA MATERNA O Dia Internacional da Língua Materna é comemorado em 21 de fevereiro. A data busca promover a diversidade linguística e cultural e foi proclamada pela Unesco em 1999 e foi formalmente reconhecido pela Assembleia Geral das Nações Unidas com a adoção da resolução 56/262 da ONU, em 2002. O Dia da Língua Materna faz parte de uma iniciativa mais ampla “para promover o preservação e proteção de todas as línguas usadas pelos povos do mundo”, conforme adotado pela Assembleia Geral da ONU em 16 de maio de 2007 na resolução 61/266 da ONU. Segundo a entidade, mais de 500 idiomas correm risco de serem extintos, 45 só no Brasil. A preservação de uma língua está ligada a fatores como a transmissão entre gerações, o acesso a materiais educacionais e de políticas públicas. A celebração do Dia Internacional da língua materna também é uma oportunidade de mobilização para os objetivos de desenvolvimento sustentável.

A NOSSA LÍNGUA MATERNA Dante Alighieri & Luiz de Camões O ITALIANO originou-se do LATIM VULGAR pela criatividade de um grande POETA : DANTE ALIGHIERI. O PORTUGUÊS também originou-se do LATIM VULGAR pela criatividade de outro grande POETA: LUÍS VAZ DE CAMÕES. PÁGINA 3


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Diário da Cuesta

A R T I G O LA T I N I D A D E

ELDA MOSCOGLIATO Pertencemos a uma geração que ouviu no berço os últimos extertores longínquos oriundos das trincheiras da Primeira Grande Guerra invadidas pelos gases letais dos obuses; que em plena mocidade conheceu o sotur no e distante impacto do “cogumelo radiativo” da Segunda Guerra Mundial e que agora, na maturidade, lê os avanços científicos do gens artificial e teme, como todo mundo, a insegurança do Universo preso ao leve retinir dos telefones vermelhos frágeis anteparos de mísseis mortíferos que se entrecruzarão em segundos ao primeiro sinal de violação de tratados diplomáticos. Malgrado esse balanço apocalíptico, trazemos em nós uma formação caracteristicamente latina herdada no lar, de nossos ancestrais e na escola, pelos métodos de ensino vigorantes de autoria de sábios pedagogos europeus. Exaltar a latinidade atávica não é evidenciar conservadorismo ferrenho. Decantar a cultura européia não é apostasiar a tecnocracia avançada dos nossos dias que triturou e deglutiu eletronicamente o sentimentalismo e nos dita hoje frias normas esquematizadas de viver em bases exclusivamente cientificas de relações humanas. Tudo o que nos foi inculcado plasmou-se-nos na alma e no espírito como visão profundamente humana do verdadeiramente ideal circundado de nobreza de sentimentos, de beleza e de perfeição. Por isso somos bastante sensíveis aos grandes acontecimentos que por vezes, de inopino, abalam o noticiário internacional. De nossos avós recebemos atavicamente o gosto pela leitura. Nos bancos da querida Escola Normal navegamos com Camões na análise dos “mares nunca dantes navegados”. A nossa juventude iluminou-se com os livros, entre outros, de Camilo, Diniz e

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Eça. Suas páginas povoaram nosso espírito de imagens deliciosas. De Cervantes, antes do Dom Quixote já conhecíamos as novelas enfaixadas em “Cornélia”. Nosso avô paterno nas horas que lhe restavam do cultivo da horta e nos intervalos e nos intervalos que lhe dava a sovela, lia Dante Alighieri na interpretação da “Divina Comédia” feita por Eugenio Camerini. Por isso, antes dos dez anos sabíamos de cor o “Nel mezzo del camin di nostra vita” ... e folheávamos à sorrelfa, os nus das ilustrações de Doré. Do avô materno recebemos e aprendemos a admirar Papini, através de sua “História de Cristo”. E porque a Europa milenária foi sempre a depositária do saber humano, conhecemos antes de Warther, o Egmont de Goethe. E quando recebemos num aniversário, toda a obra Shakespereana, de há muito lêramos as tragédias e as comédias do poeta de Strafford – on – Avon. Mas o espírito francês, esse inculcou-se-nos não só pelos seus autores mas pelo muito que ele influiu em nossos escritores nacionais. Exaltá-mo-nos com os heróis de capa-e-espada de Dumas pai e choramos com Dumas Filho na “Dama das Camélias”. De Victor Hugo a Fleubert,de Balsac a Merimée, gerações se plasmaram no culto ao Belo, na exaltação do Dever, no devotamento às causas nobres no inteiro sacrifício à Pátria. Todo esse acervo literário que plasmou nos espíritos a imagem do paladino, do herói lendário, e que aos poucos se vai diluindo na voragem impressionante da cibernética e da automação – esse mesmo acervo cultural que tanto influenciou as outras artes, ele mesmo – sofreu, através do noticiário telegráfico do último dia dez, o seu maior e último golpe. Dias depois, quando mercê de um testamento extraordinário a laje modesta fechou-se para sempre, no cemitério humilde de Colombey-les-deux-Églises, o mundo inteiro perdia o último Rolando redivivo. Com ele morria a latinidade.

DIRETOR: Armando Moraes Delmanto EDITORAÇÃO E DIAGRAMAÇÃO: Gráfica Diagrama/ Edil Gomes Contato@diariodacuesta.com.br Tels: 14.99745.6604 - 14. 991929689

O Diário da Cuesta não se responsabiliza por ideias e conceitos emitidos em artigos ou matérias assinadas, que expressem apenas o pensamento dos autores, não representando necessariamente a opinião da direção do jornal. A publicação se reserva o direito, por motivos de espaço e clareza, de resumir cartas, artigos e ensaios.


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A NOSSA LÍNGUA MATERNA

Como orador convidado, Armando Moraes Delmanto, proferiu um discurso no Consulado de Portugal, em Botucatu, onde buscou, exaltando Camões - como a alma de Portugal! -, historiar a importância da construção da língua portuguesa, sendo hoje língua oficial em 8 países: “Falar de Camões e de Portugal com o sobrenome Delmanto pode parecer estranho. Mas, não é. É que tenho também o Moraes que já é brasileiro desde o Império, mas que veio de PORTUGAL (Viseu).

E tem mais, sendo Delmanto de origem italiana e Moraes de origem portuguesa, existem mais semelhanças entre as duas origens do que se possa imaginar. O ITALIANO originou-se do LATIM VULGAR pela criatividade de um grande POETA : DANTE ALIGHIERI. O PORTUGUÊS também originou-se do LATIM VULGAR pela criatividade de outro grande POETA: LUÍS VAZ DE CAMÕES. Na Itália, na Idade Média, o grande e genial poeta Dante Alighieri, escreveu no dialeto de Florença, região da Toscana, norte da Itália, “A DIVINA COMÉDIA”, que definiu o idioma italiano moderno. A península itálica nessa época era um mosaico de pequenos reinos, com dialetos próprios, que não compartilhavam sequer a mesma língua e cultura. No Império Romano, falava-se o latim clássico e o latim vulgar, este falado pelos soldados e pelos povos dominados. E Dante Alighieri preferiu escrever sua obra no dialeto de Florença ao invés do latim vulgar. E acertou. Estava criado o idioma italiano moderno. Dante Alighieri & Camões Em Portugal, também primeiro se falava o latim vulgar, que foi introduzido na Lusitânia pela conquista da Península Ibérica pelo Império Romano. A língua portuguesa teve uma evolução do Latim para o Português de hoje: 1-) Latim Lusitânico ( falado na Lusitânia) que vai até o século V; 2-) Romanço Lusitânico (falado na Lusitânia), que vai do século V ao século IX. Sendo que o português ainda não existia; 3-) Português Proto-histórico -que vai do século IX ao século XII. Nessa época o português já existe como língua falada, não, porém, como língua escrita; 4-) Português Arcaico - do século XII ao século XVI; 5-) Português Moderno - do século XVI até hoje “OS LUSÍADAS” é o marco divisor mais importante a separar a época arcaica da época moderna. Este poema épico de Camões é mundialmente reconhecido. A obra “OS LUSÍADAS” representa o Português Moderno !

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Hoje, o PORTUGUÊS é falado por mais de 260 milhões de pessoas, sendo o 5° Idioma mais falado em todo o mundo! A obra “OS LUSÍADAS” é considerada a epopéia portuguesa por excelência. Seu próprio título já sugere suas intenções nacionalistas, sendo derivado da antiga denominação romana de Portugal, Lusitânia. É um dos mais importantes épicos da época moderna devido à sua grandeza e universalidade. A epopéia narra a história de Vasco da Gama e dos heróis portugueses que navegaram em torno do Cabo da Boa Esperança e abriram uma nova rota para a índia. A intuição da alma popular portuguesa encontrou em CAMÕES o representante de uma literatura inteira e a síntese da nacionalidade. No TRICENTENÁRIO da morte do poeta, em 10 de junho de 1880, toda a população de PORTUGAL já se alinhava no preito à memória do homem que foi a síntese grandiosa da alma portuguesa. E o Brasil, durante o 2° Império, não poderia ficar ausente. O “Hino Triunfal a Camões”, foi composto, nesse ano, o ano do TRICENTENÁRIO, pelo maior compositor brasileiro: CARLOS GOMES! LUÍS VAZ DE CAMÕES, nasceu provavelmente em Lisboa, por volta de 1524 e faleceu nessa mesma cidade em 10 de junho de 1580. “Os Lusíadas” é um poema épico dividido em dez cantos repartidos em oitavas. O poema começa assim: Canto I - Lusíadas “As armas e os barões assinalados Que, da ocidental praia lusitana, Por mares nunca de antes navegados Passaram ainda além da Taprobana, Em perigos e guerras esforçados, Mais do que prometia a força humana, E entre gente remota edificaram Novo reino, que tanto sublimaram.” Além da grande obra “OS LUSÍADAS”, Luiz Vaz de Camões escreveu poesias líricas e peças teatrais. Quem de nós não tem sempre em mente o... “Alma minha gentil, que te partiste Tão cedo desta vida descontente, Repousa lá no céu eternamente, E viva eu cá na terra sempre triste.” É, com justiça, considerado o maior poeta da língua portuguesa e um dos maiores da literatura mundial. Desde 1924 é comemorado o Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, oficializando o dia 10 de junho, dia do falecimento de Camões, como a data das comemorações. E a Câmara Municipal de Botucatu oficializou o 10 de junho também como o Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, numa iniciativa do Vereador Fontão, aqui presente. Ao saudar a Comissão Organizadora deste evento, nas pessoas de Isabel Maria Cardoso Benine, Maria de Lourdes da Graça Macoris e Terezinha Silveira Lima de Luca, queremos apresentar os nossos cumprimentos ao EXMO. SR. MANUEL ROSA CARDOSO - competente e dinâmico CÔNSUL DE PORTUGAL EM BOTUCATU HÁ QUASE MEIO SÉCULO!!! e grande amigo da comunidade botucatuense! Salve, Portugal! Salve, Camões! Salve, as Comunidades Portuguesas! Muito obrigado. !” ( revista PEABIRU, nº 30/ 2010 - AMD).


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"Perfeito" "Somos quem podemos ser" "Um dia me disseram Que as nuvens não eram de algodão Um dia me disseram Que os ventos às vezes erram a direção E tudo ficou tão claro Um intervalo na escuridão Uma estrela de brilho raro Um disparo para um coração A vida imita o vídeo Garotos inventam um novo inglês Vivendo num país sedento Um momento de embriaguez Nós somos quem podemos ser Sonhos que podemos ter". Trecho da música "Somos quem podemos ser" Engenheiros do Hawai Maria De Lourdes Camilo Souza

Somos exatamente o que podemos ser, nem mais nem menos. Uma peça perfeita e única num imenso quebra cabeças. Muitas vezes passamos a vida julgando que somos inúteis, lamentamos ser como somos porque nos olhamos pela ótica de terceiros que nos miram como imperfeitos que eles são. Na verdade a vida tem muitas faces. Todos os dias os ventos mudam de direção. Eles movem as areias do tempo e descobrem os tesouros escondidos nas efigies. Nem o nariz quebrado disfarça sua personalidade. Obra do vento e do tempo. Sua genialidade permanece. Continuará ali o Leão sentado sobre suas quatro patas, mirando alguma direção. As pedras que o moldaram vieram de algum lugar, como as pirâmides. Mas o camelo não encontra sob elas a sombra. Nem uma única tamareira ou oásis com um lago de águas límpidas. Árido e seco continua, e os vendilhões passeiam a sua volta fazendo seu sustento. Faraós morando nas alturas das suas habitações, rodeados de luxos, deuses animais e ouro. E o povo humilde os servindo plácidos, simplórios, comendo os farelos caídos dos seus pratos. A Rainha tomando seus banhos de leite buscando beleza e juventude efêmeras. Somos quem podemos ser. Um mineiro garimpa o ouro nas águas do rio da vida. As pepitas pulam na bateia úmida como os peixes nas redes. E surge o homem Deus que faz milagres e transforma água no melhor vinho. Somos nosso próprio milagre aonde quer que vamos. Sonhos que podemos ter.

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