Edição 1039

Page 1

Diário da Cuesta

NA DEFESA DO MEIO AMBIENTE E DA CIDADANIA EM BOTUCATU

Acompanhe as edições anteriores em: www.diariodacuesta.com.br

A chegada da Família Real Portuguesa

“Foi

o único que me

enganou!”

Napoleão Bonaparte, nas suas memórias escritas pouco antes de morrer no exílio da Ilha de Santa Helena, referindo-se a D. João VI, rei do Brasil e de Portugal.

A chegada no Rio de Janeiro da Família Real Portuguesa, em 8 de março de 1808, iria transformar o perfil pátrio: De Colônia, passamos a ser sede do Reino Português. O destino do Brasil estava ligado a Portugal. O nosso descobrimento, em 1500. A nossa Redescoberta, em 1808!

Página 3
ANO IV Nº 1039 QUINTA-FEIRA , 07 DE MARÇO DE 2024

EDITORIAL

Já havíamos feito trabalhos sobre as imigrações Belga, Japonesa e Italiana, estava faltando a que formou, estruturou e definiu a nossa nacionalidade: a Portuguesa!

O destino do Brasil estava ligado a Portugal. O nosso descobrimento, em 1500. A nossa Redescoberta, em 1808!

Sim, REDESCOBERTA, pois o Brasil passou a ter outro destino após a vinda de Dom João VI e de toda a Corte Portuguesa para o nosso país. De Colônia, passamos a ser sede do Reino Português. Todo o progresso daí advindo (Faculdade de Medicina, Biblioteca Nacional, os portos abertos, os costumes europeus, a Fábrica de Ferro, etc.) moldou uma Nação Especial: unida, mesma língua, território continental, objetivos definidos que levariam à implantação do Império Brasileiro com Dom Pedro I

E todos sabemos, pois é da nossa história, que D. Pedro I teve que abdicar do trono brasileiro a favor de seu filho D. Pedro II, pois o trono de Portugal, destinado à sua filha, futura rainha D. Maria II, havia sido usurpado por seu irmão D. Miguel. E foi tão carinhoso e determinado o apoio que recebeu da população portuguesa ao desembarcar no Porto, em 1832, que D. Pedro I (D. Pedro IV, em Portugal), deixou expresso que, o seu coração, após a sua morte, ficaria encerrado em uma urna de prata, na Igreja da Lapa, na cidade do Porto.

Isso nos dá a verdadeira dimensão dos laços afetivos e cívicos entre Portugal e o Brasil.

É Registro Histórico!

A DIREÇÃO.

E na Praça da Liberdade, considerado o “coração do Porto”, tem o monumento que mostra Dom Pedro IV, montado em seu cavalo: “O Libertador!”

EXPEDIENTE

DIRETOR:

Armando Moraes Delmanto

EDITORAÇÃO E DIAGRAMAÇÃO: Gráfica Diagrama/ Edil Gomes

Contato@diariodacuesta com br

Tels: 14.99745.6604 - 14. 991929689

O Diário da Cuesta não se responsabiliza por ideias e conceitos emitidos em artigos ou matérias assinadas, que expressem apenas o pensamento dos autores, não representando necessariamente a opinião da direção do jornal. A publicação se reserva o direito, por motivos de espaço e clareza, de resumir cartas, artigos e ensaios.

Diário da Cuesta 2
DEFESA DO MEIO AMBIENTE E DA CIDADANIA EM BOTUCATU WEBJORNALISMO DIÁRIO
NA

ARTIGO

Dom João VI “redescobriu” o Brasil em 1808!

“Foi o único que me enganou!”

Napoleão Bonaparte, nas suas memórias escritas pouco antes de morrer no exílio da Ilha de Santa Helena, referindo-se a D. João VI, rei do Brasil e de Portugal.

A citação é destaque no livro “1808”, de Laurentino Gomes, edição Planeta, 2007. Ao procurarmos trazer o perfil definitivo de Dom João VI, esse desabafo de Napoleão Bonaparte é marcante Hoje, praticamente integrada, a colônia portuguesa foi muito importante na formação da Nação Brasileira

A revista PEABIRU trouxe o histórico da vinda da Família Real para o Brasil

Ao fazermos uma interpretação sociológica da vinda da família real e da corte portuguesa para o Brasil Colônia, partindo de Lisboa em 27 de novembro de 1807 e chegando ao Brasil em 22 de janeiro de 1808, não poderíamos cair na análise fácil e caricata dos apressados que estudaram esse evento sem a seriedade e sem a profundidade que ele merece Sem graçolas e sem arroubos da análise festiva...

Aspectos individualizados, posturas ocasionais e desmembradas do contexto histórico levam qualquer interpretação a erro. O que interessa, historicamente falando, é a realidade no contexto final. É a análise imparcial dos fatos e seus resultados. A família real, sob o comando do então príncipe regente, acertou ou errou ao transferirse para a sua principal e mais rica colônia? Foi uma decisão intempestiva e medrosa ou foi uma decisão idealizada e planejada? Foi uma fuga ou foi um recuo estratégico perante um inimigo momentaneamente mais poderoso?

Com certeza, hoje, podemos afirmar que a família real acertou ao optar, em 1807, pela vinda para o Brasil Colônia, em uma decisão madura e estratégica.

Já em 1580, quando surgiram as primeiras ameaças ao reino é que começou a crescer a hipótese da transferência da sede do reino para a América. Assim, em 1736, 1762, 1801 e 1803 a viabilidade de planos tão ousados quanto antigos foi num crescente na corte portuguesa. No livro “1808”, já citado, temos a afirmação de D. Rodrigo de Sousa Coutinho, então Chefe do Tesouro: “Vossa Alteza Real tem um grande império no Brasil...Portugal não é a melhor parte da monarquia, nem a mais essencial..” Dom João VI, de personalidade tímida e insegura, soube sempre cercar-se de bons conselheiros que o levaram a um perfil  de um soberano bem-sucedido, especialmente quando se analisa as outras casas reais com seus titulares destronados, perseguidos ou mortos pela implacável força napoleônica

Quando a corte real portuguesa chegou ao Brasil, em 1808, tudo estava por ser feito. Com uma população quase analfabeta, muito pobre e rústica, o país não era atrativo para nada.

Dom João VI iniciou a transformação!

Já em sua chegada, em Salvador, criou a primeira escola de ensino superior do Brasil: a Faculdade de Medicina, na Bahia. Em 1811, foi criada a primeira fábrica de ferro, em Minas Gerais Em 1814, era criada a Real Fábrica de São João de Ipanema (siderúrgica), em Iperó/Sorocaba/SP Dom João criou outras escolas de “...técnicas agrícolas, um laboratório de estudos e análises químicas e a Academia Real Militar, cujas funções incluíam o ensino de Engenharia Civil e Mineração. Estabeleceu ainda o Supremo Conselho Militar e de Justiça, a Intendência Geral de Polícia da Corte (mistura de Prefeitura com secretaria de segurança pública), o Erário Régio, o Conselho da Fazenda e o Corpo da Guarda Real. Mais tarde, seriam criadas a Biblioteca Nacional, o Museu Nacional, o Jardim Botânico e o Real Teatro São João...” “... As transformações teriam seu ponto culminante em 16 de dezembro de 1815.    Nesse dia, véspera da comemoração do aniversário de 81 anos da rainha Maria I, D. João elevou o Brasil à condição de Reino Unido a Portugal e Algarves e promoveu o Rio de Janeiro a sede oficial da Coroa.” (da obra citada).

Faculdade de Medicina da Bahia

A verdade é que o plano de mudança da sede do Império de Portugal não se limitava à formação de um país, mas, também, a afirmar essa soberania portuguesa no mundo, especialmente perante os adversários europeus, procurando punir e conquistar seus territórios na América: ainda em 1808, forças portuguesas invadiram a Guiana Francesa, que se rendeu sem resistência. Era uma espécie de “troco” à invasão francesa de Portugal... O mesmo ocorreria com a chamada Banda Oriental do Rio da Prata (Uruguai), que foi invadida em represália à postura da Espanha. É Registro Histórico!

O historiador português Antônio Ventura, professor da Universidade de Lisboa, definiu com maestria a importância da vinda da família real para o Brasil: “A transferência da corte, afinal, terminou sendo mais importante para o Brasil do que para Portugal. É o seu momento fundador. De 1808 a 1822, o Brasil é o centro da monarquia. E são assim criadas as condições para a independência do país. Costumo dizer aos meus alunos que, em 1822, fazer a independência do Brasil era colher um fruto maduro.” (caderno +mais-nº817/Folha de São Paulo, de 25/11/2007).

A exemplificar esse perfil definitivo de Dom João VI, basta lembrarmos que na vizinha Espanha, cuja casa real aceitou todas as imposições de Napoleão, a desgraça aconteceu: o rei Carlos IV que entregara seu reino sem luta e de forma subserviente viu, em pouco tempo, a traição de Napoleão invadindo a Espanha. Desesperado, ainda tentou preparar os navios para transferir-se para as colônias espanholas na América. A destempo. Tarde demais. Napoleão obrigou a ele e a seu filho e herdeiro, Fernando, que abdicassem a favor de seu irmão, José Bonaparte. A estratégia portuguesa não pode ser imitada pela Espanha.

Há 200 anos atrás, o Brasil praticamente não existia como país. As capitanias eram estanques e isoladas: nem comércio comum tinham. Era estratégico: o isolamento das regiões era vital para o colonialismo No livro citado, esse quadro fica claro: “...Cada capitania tinha o seu governante, sua pequena milícia e seu pequeno tesouro; a comunicação entre elas era precária, sendo  que geralmente uma ignorava a existência da outra...” E mais: “...Mantida por três séculos isolada no atraso e na ignorância, a colônia era composta por verdadeiras ilhas escassamente habitadas, distantes e estranhas entre si.”

O historiador mineiro José Murilo de Carvalho (autor do livro “Dom Pedro 2º - Ser ou Não Ser”, Cia das Letras), professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro, destaca que a unidade territorial é a responsável pelo Brasil de hoje. Carvalho afirma que “...O príncipe dom João podia ter decidido ficar em Portugal. Nesse caso, o Brasil com certeza não existiria. A colônia se fragmentaria. Como se fragmentou a parte espanhola da América. Teríamos, em vez do Brasil de hoje, cinco ou seis países distintos. É positiva a recuperação das imagens de dom João 6º e de Carlota Joaquina e seu resgate em relação às abordagens caricatas do tipo exibido no filme de Carla Camurati ( “Carlota Joaquina – Princesa do Brazil”, 1995). Sobre a Independência, o importante é discutir como ela se deu. A grande diferença em relação à América Espanhola foi a manutenção da unidade da colônia portuguesa e a monarquia. Daí veio o Brasil de hoje. Se para o bem ou para o mal, é Guimarães Rosa quem decide: “Pãos ou pães, questão de opiniães.” (caderno +mais - nº 817/Folha de São Paulo). Brasil, com sua unidade territorial é a grande herança da vinda da família real portuguesa para a América. Descoberto em 1500 - com certeza -, o Brasil foi REDESCOBERTO em 1808 ! (AMD) (Blog do Delmanto – 20/01/2014)

3

A Curiosa história sobre o coração de D. Pedro I do Brasil para Portugal

Em um recipiente de vidro, guardado com extremo cuidado na Igreja de Nossa Senhora da Lapa(foto abaixo), na cidade portuguesa do Porto, repousa, desde 1837, o coração de Dom Pedro I, ou Dom Pedro IV, para os portugueses. Antes de morrer, o primeiro Imperador do Brasil deixou em testamento a intenção de que seu coração ficasse no linda cidade do Porto, com o qual tinha intensa relação, pois lá viveu durante os 13 meses (de julho de 1832 a agosto de 1833) em que a cidade foi sitiada em uma disputa de poder entre ele e seu irmão Dom Miguel I durante as chamadas Guerras Liberais (1828-1834). A população do Porto junto com ele, resistiram bravamente a esse Cerco e juntos venceram e Portugal deixou o regime absolutista e começou aí o Liberalismo. Marco importantíssimo para a história de Portugal e lá no Brasil deixamos de ser Colônia. Tudo mudando junto, nossos histórias sempre conectadas de alguma maneira!

De dez em dez anos (a última vez foi em 2015), a Prefeitura do Porto realiza a troca do líquido – uma solução mista de formol – usado para a conservação do coração. Seria quase possível dizer que o órgão está guardado a sete chaves, mas na verdade são necessárias cinco delas para acessar o recipiente onde o coração está. A primeira é usada para retirar a placa de metal cravada na porta do monumento, a segunda e a terceira abrem a rede por trás da placa, a quarta abre uma urna e a quinta, uma caixa de madeira, onde há uma espécie de guarda-joias de prata que guarda o recipiente de vidro com o coração. Para garantir o máximo de cuidado com o órgão, seis pessoas participam do procedimento.

Abaixo fotos da Avenida dos Aliados no Porto e a estátua de D- Pedro I ou D. Pedro IV:

Pouca gente sabe que o coração de Dom Pedro I é preservado na cidade do Porto, o que é extraordinário. Ele é muito cultuado na cidade, há inclusive uma estátua pra ele. É um tema de fato muito interessante. “É importante que os brasileiros saibam que quem proclamou a Independência do Brasil em 7 de setembro de 1822 tem seu coração preservado na cidade do Porto, em uma urna cercada de muita veneração na cidade”, destacou o secretário Henrique Pires.

Independência ou morte

Apesar de o coração de Dom Pedro I estar no Porto, em 1972, durante as comemorações dos 150 anos da Independência, os restos mortais do imperador foram transferidos para o Brasil, onde estão até hoje, no bairro do Ipiranga, em São Paulo, a poucos metros do riacho onde o monarca proclamou a independência brasileira do então Reino de Portugal.

Diário da Cuesta 4
Parte interna da Igreja da lapa Igreja da Lapa- Porto

Será realizado em abril o 1º Encontro de Colecionadores de Botucatu

Além de exposição, será um local para avaliação, compra e venda de itens colecionáveis

O Encontro de colecionadores tem a entrada gratuita e ocorrerá em Botucatu nos dias 5 a 7 de abril, de sexta a sábado das 9h às 18h e no domingo das 9h às 16h, no salão do Hotel Excellence, situado à Avenida Dom Lúcio, 1036 (próximo a AAB), com a participação de 17 expositores com diversos itens colecionáveis como cartões telefônicos, selos, postais, cédulas, moedas, figurinhas, tampinhas, miniaturas, medalhas, chaveiros, carrinhos, relógios canetas, acessórios para guardar coleções, catálogos e outros itens relacionados. É organizado pelas empresas MMGG Numismática e JRP Colecionismo de João Ricardo Pupo e Mauro Vasconcellos, que trazem uma estrutura e comerciantes de diversas localidades e segmentos.

O evento foi incluído no calendário Numismático da Sociedade Numismática Brasileira, entidade que completou seu centenário esse ano, e Botucatu foi uma escolha dos organizadores que já realizaram outros encontros com grande sucesso em cidades como Itu, Sorocaba, Itapetininga e Piracicaba. Já era uma antiga solicitação para a cidade e região que conta com diversos colecionadores, além de ser também uma cidade turística. A data escolhida vem também de encontro a comemoração do aniversário da cidade dia 14 de abril.

Segundo os organizadores, esse primeiro encontro abre as portas para que outros possam ocorrer e prometem trazer muitas novidades para os apaixonados do colecionismo, também abre espaço para pessoas que queiram se desfazer de itens colecionáveis, onde os expositores fazem uma avaliação gratuita e podem fazer uma oferta de compra. “Os expositores também compram e vendem itens colecionáveis. É uma oportunidade para desfazer-se de alguma peça ou aumentar sua coleção”, complementa o organizador Mauro Vasconcellos.

Entre as vantagens do colecionismo estão o senso de organização, ampliação do conhecimento e da cultura, resgate da história e a preservação da memória por meio dos objetos.

Por um pedido do presidente da Sociedade Numismática Brasileira, Gilberto Fernando Tenor, que já confirmou a presença, será

prestado uma homenagem ao filatelista e numismata Ângelo Albertini do Amaral, que foi diretor por longos anos do Departamento Filatélico e Numismático de Botucatu e para isso será lançado um cartão postal comemorativo. Aproveitando a oportunidade o Jornal Diário da Cuesta também estará distribuindo entre os presentes um cartão postal comemorativo.

Nos canais de divulgação, diversos colecionadores da capital e cidades da região já vem confirmando a presença, sendo portanto uma ótima oportunidade para troca de conhecimento e poder apreciar diversos itens durante os dias do Encontro.

O homenageado

Angelo Albertini do Amaral, nasceu em Conchas-SP, em 30/08/1931, faleceu em 12/01/2021. Adotou a cidade de Botucatu onde constituiu sua família. Foi bancário e comerciário. Como membro do Centro Cultural de Botucatu (CCB), esteve sempre ligado ao movimento cultural da cidade. Filatelista e numismata, incentivou o colecionismo participando ativamente das reuniões no CCB, onde foi diretor por muitos anos do Departamento Filatélico e Numismático, procurando sempre desenvolver entre os sócios a paixão pelo colecionismo. Gostava de uma boa leitura e desde a adolescência cultivou a poesia. Publicou entre 1955 e 1957 o livro “ODRE DE QUIMERA. Lançou, em 1996, a “MISCELÂNEA FILATÉLICA E NUMISMÁTICA”. Possui vários trabalhos publicados em jornais de Botucatu.

Diário da Cuesta 5

Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.