Edição 1053

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Diário da Cuesta

Quero meu Brasão de volta...

“Possuímos história de desbravadores corajosos. Possuímos história de região tocada pela mão divina quanto à sua arquitetura natural. Possuímos a beleza de nossa “Cuesta”. Temos as cachoeiras, nossas matas, nossa fauna e, principalmente, nossa brisa “serrana”... Cláudio de Almeida Martins

ANO IV Nº 1053 SÁBADO E DOMINGO , 23 E 24 DE MARÇO DE 2024
nos devolvem o nosso café amarelo? Queremos a nossa capela das
o nosso bom, doce e saudável clima trazido pelas brisas do sul...” Hernâni Donato
NA
DEFESA DO MEIO AMBIENTE E DA CIDADANIA EM BOTUCATU
Acompanhe as edições anteriores em: www.diariodacuesta.com.br “Quando
Dores,

e d i t o r i a l

O DIÁRIO DA CUESTA manda

seu recado às autoridades eleitas: RESTAUREM O

NOSSO BRASÃO HISTÓRICO!

O Brasão Oficial do Coração dos Botucatuenses sempre foi e sempre será o BRASÃO DO CENTENÁRIO DE BOTUCATU.

Criação magistral de botucatuenses, um artista e o outro escritor e historiador, Gastão Dal Farra e Hernâni Donato.

Hernâni Donato, um dos mais destacados historiadores de nossa terra, foi o autor do Brasão de Botucatu, o símbolo que traduz todo o nosso passado histórico desde o início do povoamento pelos padres jesuítas, ocorrido em 1719, até passado recente. O desenho é de autoria do sempre lembrado professor Gastão Dal Farra e foi instituído pela Lei Municipal 273, de 28/08/1952, pelos saudosos Prefeito Municipal e Presidente da Câmara Municipal, respectivamente, Emílio Peduti e Sebastião de Almeida Pinto.

O Brasão de Botucatu criado no Centenário de Botucatu nunca deixou de representar a nossa história e o nosso povo.

Pequenas imperfeições técnicas, caso existam, são amplamente superadas pelas raízes e pelo indiscutível valor histórico.

Na primeira mudança de brasão (sim, o atual brasão já é o terceiro), Hernâni Donato mandava o seu recado:

“...Quando nos devolvem o nosso café amarelo? Queremos a nossa Capela das Dores, o nosso bom, doce e saudável clima trazido pelas brisas do sul. Em futuro não remoto, a Academia, o Centro Cultural, a Casa da Cultura, os jornais e as rádios bem que poderiam levar o assunto à tribuna irrecorrível: o plebiscito”.

Possuímos registro histórico de uma

Você Sabia ??

região tocada pela mão divina quanto à sua arquitetura natural

Em Administrações passadas, o nosso Brasão foi substituído 2 vezes. Por duas vezes, a vaidade dos ocupantes temporários do Poder alteraram o Brasão Oficial de Botucatu.

Queremos o nosso Brasão de volta.

Queremos os nossos três morros de volta...pois eles representam a nossa “Cuesta”...

Vamos devolver a Botucatu o seu Brasão Histórico, o Brasão do Centenário de Botucatu.

SUGESTÃO:

Já demos a nossa sugestão conciliatória através da revista Peabiru e vamos repeti-la: que se mantenha o atual Brasão e se eleve a nível de BRASÃO HISTÓRICO DO CENTENÁRIO o nosso Brasão elaborado por Hernâni Donato e Gastão Dal Farra.

É esse o Recado. Esperamos que haja resposta.

A Direção.

EXPEDIENTE

Que a Embaúba é uma árvore típica do cimo da Cuesta de Botucatu? Pois é, a Embaúba que também é conhecida por Umbaúba, Ambaíba, Ambaúba, Imbaúva ou Imbaúba, é árvore da família das Moráceas (cecropia palmata); é árvore de tronco indiviso. Embaubal é o bosque de embaúbas. Também é chamada de árvore-dos-macacos ou árvore-da-preguiça ou torém. O antigo traçado férreo da Sorocabana passava por Vitória (Vitoriana), Lageado e...Embaúba... Sim, Embaúba é uma pequena Vila pertencente a Botucatu que até hoje é procurada pelos amantes da pesca por ser um local ideal e piscoso. Hoje, o descuido e o desrespeito à natureza reduziu muito o número de Embaúbas em nossa região, mas podem ser encontradas na Cuesta e em vários pontos verdes de nossa cidade.

NA DEFESA DO MEIO AMBIENTE E DA CIDADANIA EM BOTUCATU WEBJORNALISMO DIÁRIO

DIRETOR:

Armando Moraes Delmanto

EDITORAÇÃO E DIAGRAMAÇÃO:

Gráfica Diagrama/ Edil Gomes

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Tels: 14.99745.6604 - 14. 991929689

O

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MARIA LÚCIA DAL FARRA E O BRASÃO DO CENTENÁRIO

Farra disse...

Caro Armandinho: dirijo-me a você, amigo dos muito antigamentes, atencioso e ousado batalhador das causas do nosso município, estimado escritor e já agora responsável por este blog onde o vejo persistir como o botucatuense-mor que sempre conheci em você. Sendo filha do Gastão e admiradora fervorosa de seus companheiros – e aqui refiro-me precisamente a essa trinca histórica: o Hernâni Donato, o Dr. Sebastião de Almeida Pinto e o Dom Henrique Golland Trindade - é natural que torça pelo nosso primeiro Brasão, aquele do Centenário. Jesumina, a minha Mãe, para quem a memória é o que nos constrói erguendo o espelho onde nos podemos reconhecer, tem lutado heroicamente em suas crônicas pelos monumentos da nossa História Botucatuense, muito embora debalde e em vão: pelo Bosque, pelo busto do Angelino retirado dali, pelo Paratodos, pela antiga Estação de Ferro Sorocabana, pelo Pontilhão, pelo Brasão do Centenário, etc, etc. Sua dignidade e elegância são, no entanto, incisivas, e tais motivos se converteram em causas verdadeiramente obsediantes para ela, das quais nunca abdicará –haja visto a mensagem que lhe enviou agora.

Da minha parte e das minhas irmãs, também participamos dessa sua dedicada preocupação. Embora distantes da nossa amada terra natal, nem por isso nos descuidamos dela. De maneira que tenho cogitado que se, pelo menos desde 1978, o Brasão do Centenário tem passado por vários maltratos políticos, muito se deve à identificação inevitável entre ele e o município vitorioso que

ele representa, fundador, aliás, de uma tradição inolvidável. O Brasão tornou-se, ao longo das vicissitudes dos tempos, o espelho, a emblemática de uma pujança dificilmente ultrapassada, de maneira que, ao detratá-lo, supõe-se desmerecer nele o contexto histórico-político que o originou. Por essa razão quero desagravá-lo e a todos que estiveram envolvidos na sua existência

oficial de 26 anos, o que o inseriu definitivamente na nossa cultura - malgrado tudo o que se possa assacar a seu desfavor. O Brasão do Centenário é indiscutivelmente um dado cultural botucatuense, marca precisa da nossa idiossincrasia e, como tal, patrimônio histórico do nosso município. Sem tangenciar, nem de longe, a legítima competência da equipe de peso responsável

por ele, e sem menosprezar os argumentos contrários, admitamos, para especular, que uma de suas imperfeições resida (como nos querem fazer crer) na semelhança entre ele e outros brasões. E daí que eu pergunte logo de chofre, levantando uma pequena evidência: que semelhança não haverá entre vários e diversos brasões, uma vez que todos os brasões são produzidos, em princípio, pelos mesmíssimos preceitos da Heráldica?

Levando também em conta a segunda pecha a ele impingida que, no entanto, paradoxal e ingenuamente, anula a anterior, consideremo-la ainda assim. Se há de fato no nosso Brasão imprecisões ou incorreções ou falhas heráldicas - por que razão isso o desabonaria? Por que o suposto “erro” não pode ser antes uma de suas maiores virtudes? Afinal, se o cânone existe, não é para ser ultrapassado? Aliás, de que outra maneira as civilizações avançariam?! Se olharmos ainda por outro ponto-de-vista, o tal “equívoco” pode, sim, consistir, com justeza, no esforço de conferir ao Brasão (dentro do duro espartilho do preceituário) a unicidade da terra que ele representa. Desse modo, haveremos de convir, o tal “desvio” de que o acusam se justifica largamente pela necessidade de seus autores atualizarem convenientemente a normativa heráldica à especificidade de um lugar de que nos ufanamos justo por ser inigualável: a nossa amada Botucatu. De maneira que só me resta perguntar: a quem pode incomodar, então, que nós, botucatuenses, sejamos assim tão extraordinários?! Grande abraço muito amigo da Maria Lúcia Dal Farra. Lajes Velha, 14 de abril de 201 4. 16 de abril de 2014 11:49

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O Simbolismo Cívico de Botucatu - Registro Histórico. O Brasão de Botucatu

Os Símbolos do Município de Botucatu tem sido, nos últimos tempos, objeto de acaloradas discussões, protestos e movimentos organizados. Isso revela que a nossa simbologia cívica está necessitada de uma maior adequação à história botucatuense

Foram 3 os Brasões de Botucatu:

O 1º Brasão - o Brasão do Centenário - foi o que mais permaneceu oficialmente Surgiu por ocasião das comemorações de nosso 1º Centenário A municipalidade atendeu às reivindicações das forças representativas da comunidade e à necessidade de o município elaborar o seu símbolo representativo, designando o escritor botucatuense Hernâni Donato e o professor Gastão Dal Farra para que elaborassem o Brasão de Botucatu Como era o nosso primeiro Brasão, contou com a entusiástica colaboração do Prof. Sebastião de Almeida Pinto O Brasão elaborado trazia em seu bojo a história de Botucatu, tendo passado pelo crivo exigente do Prof. Sebastião de Almeida Pinto, destacado historiador botucatuense, do Prof. José Pedretti Neto, também destacado estudioso de nossa história e do parecer minucioso de nosso 1º Arcebispo - Dom Henrique Golland Trindade.

Na perspectiva do preciosismo da heráldica, com certeza, em alguns aspectos técnicos do brasão, haveria falha técnica em sua elaboração. É compreensível. No entanto, destaque-se o encontro perfeito e completo de nossa história com o simbolismo gráfico do brasão.

O 2º Brasão surgiu no final dos anos 70. Foi uma grita geral Após 26 anos, as autoridades constituídas resolveram mudar o Símbolo Oficial do Município A ausência de participação dos botucatuenses e a pressa na mudança foi destacada por pronunciamentos dos Vereadores e claro posicionamento das Entidades representativas, com destaque para a Academia Botucatuense de Letras Trabalho do Sr. Lauro Escobar, especialista em heráldica, o nosso 2º Brasão foi elaborado na mesma época que o Brasão da vizinha cidade de Anhembi Eram parecidos Nosso 2º Brasão estava condenado a ter vida curta...

No ano de 1983, a Prefeitura Municipal de Botucatu patrocinou nova mudança em nosso Símbolo Municipal.

Nosso 3º Brasão surgiu de consulta pública, sob a coordenação da Prefeitura Municipal e colaboração da Academia Botucatuense de Letras.

Embora aberta à participação da comunidade, a elaboração do 3º Brasão de Botucatu não empolgou, eis que não houve motivação suficiente para que os botucatuenses se mobilizassem.

É sabido que não basta ser perito em heráldica para ser capaz de compor um Brasão É preciso ir além É preciso conhecer o espírito do povo, a sua história, para que o Símbolo Oficial a ser elaborado seja, realmente, o intérprete desses fatores, quer sob o aspecto histórico, quer sob o aspecto de sua plasticidade técnica Um perito em português, é sabido, nem sempre faz a melhor poesia...

Optou-se pela mudança , mais uma vez...No entanto, o 3º Brasão não empolgou a população , nem durante a sua feitura e, o que é mais grave, nem depois que se transformou, por força de lei, em Símbolo Municipal De uma técnica perfeita e de uma plasticidade inatacável, o nosso 3º Brasão é irritantemente insípido e frio e vazio, em termos de mensagem e simbolismo.

O movimento pró-retorno do Brasão do Centenário continua...Isso é significativo. Por ocasião das discussões à respeito da mudança de nosso Brasão, o historiador botucatuense escreveu vigoroso artigo e deixou o seu alerta: “...Em futuro não remoto, a Academia, o Centro Cultural, a Casa de Cultura, os jornais e as rádios bem que poderiam levar o assunto à tribuna irrecorrível: o plebiscito...”

Breve, Botucatu estará comemorando o seu 159ºaniversário. Quem sabe será uma oportunidade para que haja o tão esperado casamento entre os nossos Símbolos Municipais e a História deste povo que soube construir, no cimo da serra, uma comunidade participativa e orgulhosa de seu passado, vivenciando o seu presente e construindo o seu futuro.

ouro sobre sinople, a palavra “Botucatu”.

Justificativa: O escudo português, redondo, liga a origem da cidade e o povoamento do município à tradição lusitana no Brasil. No primeiro quartel, à dextra, as montanhas heraldicas mostram a Serra de Botucatu, balisa no caminho dos bandeirantes, principal distintivo geográfico da região e primeiro elemento da mesma que compareceu na História. O caminho ascendente lembra as estradas coloniais que fizeram da serra um carreadouro de civilização e de povoamento, a ponto de haver um governador da província determinado que a ida ou o retorno do sertão se fizesse atravessando aquelas serras. A capela ensina que a primeira construção e tentativa de povoamento é devida aos padres da Companhia de Jesus que ali mantiveram uma fazenda de criar, de 1719 até 1760, na qual fazenda nasceram os primeiros botucatuenses cristãos. A capela mostra ainda que a cidade nasceu para a civilização, tal como o Brasil e São Paulo, sob o signo da Cruz de Cristo. O campo em sinople relembra as pastagens que constituiram o motivo, a formação das primeiras fazendas e núcleos populacionais. Na parte da senextra, o campo blau diz da pureza do clima que veio dar o nome à região, sabido que Botucatu significa bons ares. A estrela, símbolo das virtudes teologais afirma que a cidade e o povo foram sempre firmes em sua Fé erguendo inúmeros templos de várias profissões religiosas; constante na sua caridade, mantendo asilos e casas de abrigo, e da sua permanente Esperança nos dias futuros. Os rios paralelos que são o Tietê e o Pardo, confirmam o ensinamento de que Botucatu cumpriu desde os seus primeiros dias a missão de conduzir através de seu território a civilização e a conquista. O Tietê conquistou o sertão do Brasil, nos séculos XVII e XVIII e o Pardo povoou o sertão de São Paulo no século XIX. No segundo quartel, o livro, o báculo e o arado dizem que a projeção da cidade e do município veio do seu trabalho profícuo e da sua atividade espiritual pois durante meio século Botucatu foi o maior centro educacional do sudoeste paulista e do território de sua diocese é que sairam os territórios de várias outras dioceses paulistas.

SUGESTÃO: Já demos a nossa sugestão e vamos repetí-la: que se mantenha o atual Brasão e se eleve a nível de BRASÃO DO CENTENÁRIO o nosso Brasão Histórico, elaborado por Hernâni Donato e Gastão Dal Farra. Nos links apresentados na abertura “O Brasão de Botucatu I e II”, apresentamos toda a luta pela manutenção do Brasão do Centenário, com o o artigo do Hernâni Donato, os discursos dos vereadores e artigo dedicado ao nosso símbolo municipal. Vale a leitura

A seguir, daremos os aspectos técnicos de cada Brasão.

O Brasão do Centenário

1º Brasão (de 1952 a 1978): riado pela Lei nº 273, de 28/08/52, o 1º Brasão de Botucatu foi elaborado pelo historiador botucatuense Hernâni Donato e desenhado pelo também botucatuense Prof Gastão Dal Farra. Prefeito: Emílio Peduti

“Descrição : Escudo redondo português encimado pela coroa mural da municipalidade, dividido em dois quartéis sendo o primeiro cortado. No primeiro quartel, na parte de dextra, em sinople, três montanhas heraldicas, cortadas do leste para o oeste geográficos por um caminho em ascensão e ao pé das montanhas uma capela rústica encimada por uma cruz. No primeiro quartel, na parte de senextra, em blau, da esquerda para a direita um sol e uma estrela sobre dois rios paralelos. No segundo quartel, um livro, um báculo e um arado manual. Na coroa, em escudete, um fuso encimado pelo seu significado de atividade matriarcal, o orago da cidade. Como suportes, à dextra, um ramo de café frutado em goles, à senextra um ramo florido de algodão em cor natural. No listél, em letras de

Na coroa, em escudete, o fuso, significando atividade matriarcal, demonstrando que o orago da cidade é Sat´Anna. Como suportes, à dextra um ramo de café frutado lembrando que o município não só foi grande produtor de café mas também origem de uma importante variedade: o “café amarelo” ou “café de Botucatu”. À senextra, um ramo florido de algodão que foi outro importante produto agrícola da região. A final, é consignado o nome do município no listél, objetivando bem individualizar o brasão.”

2º Brasão (de 1978 a 1983) - Criado pela Lei nº 2.130, de 12/03/78, foi elaborado porLauro Ribeiro Escobar Prefeito: Luiz Aparecido da Silveira “Descrição : Escudo ibérico, de blau, com um monte de três cabeços de jalde, movente da ponta, carregado de um fuso de goles, um aquilão de argente sainte de nuvens do mesmo, movendo do ângulo sinistro do chefe e bordadura de goles, carregada em chefe de uma cruz flordelizada, acompanhada em orla de sete flores de liz, tudo de jalde. O escudo é encimado de coroa mural de argente, de oito torres, suas portas abertas de goles e tem como tenentes, à dextra, a figura de um bandeirante e à sinistra, a figura de Minerva, em trajes característicos, ambos de carnação. Listél de blau, com o topônimo “BOTUCATU” e letras de jalde.

Justificativa :Escudo ibérico, em azul, usado em Portugal à época do descobrimento do Brasil, evoca os primeiros colonizadores de Botucatu; um monte de três cabeças - em amarelo - simboliza a Serra de Botucatu; aquilão prateado, saindo das nuvens, simboliza o topônimo Botucatu: “Ybiti”, ventos, ares, e “Katu”, bons; fuso em vermelho, evoca Santana, padroeira da cidade; coroa prateada significa emancipação política do Município; bandeirante, à direita, evoca os bandeirantes que tinham seu marco na Serra de Botucatu, em sua caminhada para oeste; Minerva, à esquerda, deusa da Sabedoria representa o centro de cultura, que é Botucatu, pelas famosas escolas; listél com topônimo Botucatu, em amarelo.”

3º Brasão (desde 1983): Criado pela Lei nº 2.397, de 10/11/83, foi elaborado a partir do concurso aberto, sob a Coordenação da Prefeitura e Academia Botucatuense de Letras, buscou, em substituição ao 2º Brasão, a elaboração de um brasão tecnicamente bem elaborado. Prefeito: Antonio Jamil Cury.

“Descrição: Escudo português. Portas abertas das torres Campo azul Fuso de prata Terra do verde Perfil da cuesta e ramos de café amarelo.

Justificativa: O escudo português indica a cultura que fundamenta a comunidade pátria e a local, cuja categoria de município é atestada pela coroa mural. As portas das torres, abertas em azul, asseguram a hospitalidade aos que chegam. O campo azul reflete o céu e o clima que inspiraram ao indígena o nome ybytukatu, significando bons ares. O fuso de prata, símbolo do trabalho e de Sant´Anna, a Padroeira, nele reverencia os fundadores da cidade e nela celebra as virtudes da Mãe e Mestra. O verde do terrado acentua a fertilidade da terra e evoca o dilatado território original botucatuense, matriz de muitos outros municípios. A faixeta de prata evidencia o perfil da cuesta, impressiva característica geográfica da região, recordando, ainda, caminhos que mesmo antes do descobrimento do Brasil, cruzando o chão municipal, serviam de intercâmbio de conhecimentos e riquezas, os ramos de cafeeiro, frutificados em amarelo ouro, realçam a variedade chamada “Café Amarelo” ou “Café Botucatu”, privilégio das lavouras locais. O topônimo “Botucatu”, em prata listél azul, valoriza o respeito dos municípios pelos legados do passado, reafirma o seu zelo pelas singularidades da terra e a perseverança nos valores espirituais e fraternos e garantias de futuro melhor.” (AMD)

A R T I G O

Onde Estão As Nossas Raízes...?

Cláudio de Almeida

Posso estar sendo muito bairrista, mas considero que, nós Botucatuenses, somos privilegiados por termos nascido sob a tutela de uma história muito rica.

Possuímos história de desbravadores corajosos.

Possuímos história de região tocada pela mão divina quanto à sua arquitetura natural.

Possuímos a beleza de nossa “Cuesta”.

Temos as nossas cachoeiras, nossas matas, nossa fauna e, principalmente, nossa brisa “serrana”.

Devemos ainda, apor às glórias conquistadas, as inteligências que aqui aportaram e difundiram seus conhecimentos, formando um corpo intelectual formidável que transpôs fronteiras nacionais e impôs um reconhecimento de cidade das Boas Escolas. O povo, habitante desta cidade, tornou-se conhecido em especialidades virtuosas das diversas áreas, tais como: Pintores, Escultores, Poetas, Músicos, Mestres de sala de aula, Historiadores, Escritores, Médicos, Políticos e outras tantas que fica difícil registrar.

Aqui, em Botucatu, foram criadas Instituições, que além de serem pioneiras, deixaram marca indelével em registros que enaltecem a nossa comunidade.

povo escolha quais devem permanecer.

Temos a certeza absoluta, de que a beleza natural dos primeiros, contagiará àqueles que não tiveram oportunidade de reverenciá-los.

Pelo retorno de meus amores antigos tão presentes na nossa realidade.

Pela Bandeira e pelo Brasão dos nossos antepassados.

Pela volta do antigo tão rico e pelo louvor à nossa história tão presente nos símbolos que ainda não esquecemos.

Sei, que os motivos que levaram os nossos cidadãos experientes a propor e, através de esforços imensos, confeccionar novo Brasão foram da mais alta envergadura idealista e repletos de amor pela cidade.

Isso é um pouco do que foi construído, mas tem algo que gostaria de ressaltar: existiam símbolos que agregavam as forças de nossa cidade. Esses símbolos faziam com que nos peitos dos botucatuenses fosse vivificado o passado de glórias de seus pioneiros.

Nossos antepassados partiram;

Nossos pioneiros se tornaram história;

Nossas Instituições contruíram um legado legítimo de reconhecimento;

Nossos símbolos* que representavam a aliança do novo eom a história de glória, foram alterados.

Deixaram, no caminho, através de pegadas, que foram sendo apagadas com a chuva e com o vento, suas façanhas, seus amores, seus desatinos, suas derrotas vitoriosas, suas glórias intangíveis, seus suores engrossados com a terra, sua liberdade impressa com sangue e com devoção.

Tiraram de nós aquilo que unia o espírito ancestral com os novos corações que brotavam desta terra fecunda.

O nosso “Brasão”, a nossa “Bandeira” podiam ter «defeitos» técnicos ; preciosistas, mas tinham, em compensação, ; a “alma” da história.

Sei que o nosso “Brasão” possuía erros, segundo os especialistas, na questão da “Heráldica”, mas se esqueceram que o homem é imperfeito, e se assim ele o é reconhecido, sua obra não poderia deixar de acompanhá-lo.

É certo que, seguindo a linha da ciência, comprovou-se o desacerto, mas, esqueceram que a história não se apaga com o acerto científico.

Esqueceram-se que a história não pode ser substituída.

Esqueceram-se que os desenhos grafados nos nossos símbolos, não só representavam a beleza gráfica, mas também o amor pulsante de patriotas.

Substitui-se as formas gráficas, mas a história continua inalterada.

Trocam-se os emblemas, mas por| detrás dos novos, viceja a auréola dos primeiros.

Quero meu “Brasão” primeiro de volta.

Quero minha bandeira primeira de volta.

Quero a alma de meus antepassados de volta.

Quero a beleza interna dos meus símbolos primeiros èscancarada

Quero meu arado de volta;

Quero meus três morros de volta; Quero minha jgrejinha de volta; Quero meu ramo de café de volta;

Quero meu ramo de algodão de volta;

Quero meu “Báculo” de volta;

Quero meu livro de volta;

Quero meus rios de volta; Quero minha torre de volta.

Convém acrescentar aqui, que entendo os três morros representando a nossa “Serra”, hoje reconhecida como “Cuesta”, e também, que o algodão, segundo os entendidos teve lugar aqui na região também.

Penso, que a substituição foi feita com consentimento popular.

Penso que a idéia dos idealizadores da renovação dos símbolos, foi dirigida para enquadrá-los em critérios de modernidade.

Imagino, que nossos novos símbolos, foram pensados para serem perfeitos em sua simetria, em seu enquadramento científico, em sua adaptação à qualquer momento.

Imagino que foi pensado em tudo.

Menos em um aspecto: A história não pode ser substituída, mesmo para acertar seus desacertos.

E, quer queiram ou não, os símbolos primeiros são os que marcam.

As questões de simbologia não podem ser tratadas com caráter estético puro. Não podem ser vistas com olhos de modernidade, porque isso é o que menos o símbolo representa, a não ser que sejam criados para representar o.moderno.

O símbolo é : criado em conjunto com os ideais e nunca podem ser substituídos porque o ideal não muda^

Peço desculpas àqueles que assim não entendem, e reconheço seus valores pelo seus espíritos adiantados, mas esclareço, que em termos de símbolos, continuo amando aqueles que foram criados pelos homens da época e que traduzem, não em sua fidedignidade estética, mas em suas figuras simples, os valores de uma história poderosa em patriotismo e em reconhecimento às coisas da terra.

Coloquem lado a lado os nossos símbolos primeiros e últimos, e peçamos para que o

Sei, que o Brasão original, projetado e desenhado pelos nossos notáveis historiadores Hernâni Donato e o saudoso Gastão Dal Farra, continha distorções segundo a “Heráldica”. Segundo os entendidos, a Torre estava em perspectiva enquanto o correto seria a forma plana. Segundo os entendidos, a “Bácula”, aquele cajado de Bispo, estava encostado na linha do Brasão. Segundo os entendidos, as folhas dos ramos do café e do algodão estavam murchas. Segundo os entendidos, em Botucatu o algodão não poderia estar sendo representado, pois não era dá região. Segundo os entendidos, os Três Morros não poderiam fazer parte do Brasão porque já não pertenciam mais ao município de Botucatu. Segundo os entendidos, essas distorções são execradas pela “Heráldica”.

Não discuto o fato de que o nosso Brasão, segundo a aplicação da “Heráldica; não tivesse sido idealizado nas “Leis” próprias da confecção desse símbolo, e nem desqualifico os esforços sérios dos responsáveis pela criação de um Brasão que estivesse dentro das “regras” da “Heráldica”, mas eu quero meu Brasão com defeitos de volta.

Imaginem os Senhores e Senhoras, que um dos nossos antepassados, aquele que foi o iniciador conhecido de um império familiar, tenha escolhido um símbolo para representar o nome dentro de determinado segmento. Nessa escolha, devido a uma menor habilidade, tenha desenhado um círculo torto e repetido esse sinal por décadas, ficando esse sinal reconhecido como a qualidade de determinado produtos

Chega, então o tataraneto, e observa que o seu antepassado, na realidade, queria representar um círculo, e, por aquilo que expusemos, o faz defeituoso. Não concorda e, por amor à perfeição, resolve corrigir e faz um círculo perfeito.

Eu pergunto: Corrigiu a história? Recuperou um erro de falta de habilidade? Melhorou a consideração dos clientes em relação ao produto que o sinal representa?

Eu respondo: Não, em nenhuma situação! Na realidade é a distorção que o fez ser reconhecido, e, além disso, o diferencial era o desvio.

Não estou apregoando que deve-se distorcer as regras para ser reconhecido, estou apenas mostrando que, apesar de conter erro, um sinal carrega mais que a perfeição gráfica, ele, com certeza absoluta, traduz um momento, e, como momento, ele não pode ser substituído

Vamos demonstrar por outro lado: O homem e a mulher tem uma imagem considerada a perfeita, dentro dos estudos que contemplam a harmonia, o equilíbrio e etc... Então, pergunto: As pessoas que não estiverem dentro desse perfil devem ser reformuladas? Devem passar por aperfeiçoamentos estéticos e mentais? Devem se submeter a encurtar o nariz, a reduzir suas orelhas, aumentar sua musculatura? É evidente que não! Então, porque temos que substituir um símbolo que tão bem representou nossas aspirações, nossa história, nossos avós, nossos pais, apesar de não estar condizente com as regras de uma ciência.

É evidente que estou falando pela questão sentimental e não pelo lado científico. É evidente que valorizo muito mais o esforço de irmãos Botucatuenses em criar um símbolo que represente a galhardia de antepassados do que responder às questões da perfeição técnica.

Concordo que, a partir de um determinado momento, onde tenhamos o domínio de uma ciência, passemos a organizar nossas atividades dentro dos preceitos corretos, mas, não concordo que isso venha a dar direito de alterar aquilo que já fez história

Sei que foi em 1952 que o nosso Brasão primeiro foi idealizado, portanto, temos a idade de 46 anos, e para realmente ser história, precisaria no mínimo de 100 anos, mas, para nós, com uma vida tão curta, escolhida com sabedoria pelo nosso “Deus”, queremos poder viver a nossa história com aquilo que ajudou a representar a história.

Com os devidos respeitos àqueles que tão sabiamente. e lutaram para a criação do novo símbolo e de maneira perfeita, eu me digno a manifestar que o nosso símbolo, quer queiram quer não, é aquele que traduz em seu desenho a imperfeição humana, o que, na realidade, é a melhor representação do Ser humano.

Devemos ter em mente, que a nossa tão querida Bandeira brasileira também tem falha e permanece sem ser tocada, graças a Deus. Segundo os especialistas, a estrela intrometida, aquela que fica quase no centro do Cruzeiro do Sul, deveria estar à direita e não à esquerda.

E daí?

Vamos propor reformá-la?

Em nem uma mente consciente passaria esse pensamento.

Quando se estuda a história, nunca é para tentar modificá-la, e sim para se utilizar dela a fim de realizar novos acertos ou para corrigir o presente e o futuro, nunca para mudá-la. Você pode corrigir a história em termos de fatos e conhecimentos que não representaram a verdade, apondo os fatos corretos, o que não é o nosso caso, pois aqui, o Brasão é concreto

Quero meu Brasão de volta...

Caso não consiga, o que é o mais certo, eu terei na minha casa, na minha sala, c no meu coração o verdadeiro Brasão.

Somente uma explicação: Não sou versado em “Heráldica”, por isso posso até cometer erros na análise dessa “arte ou Ciência”, mas, com certeza absoluta, entendo de sentimento de amor à nossa história. (Acervo PEABIRU)

Diário da
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Cuesta

O Primeiro Brasão de Botucatu

Próximo de comemorar seu primeiro centenário, em 1952, Botucatu ganhou de presente seu primeiro Brasão de Armas e entregue por duas personalidades importantes para a história de Botucatu, conhecedores profundos das raízes da fundação e que conseguiram sintetizar em um símbolo o que a Cidade representava, hoje não é mais utilizado, como tantas outras coisas ficou no passado. Botucatu utilizou esse Brasão por 26 anos, de 1952 a 1978. Criado através da Lei Municipal nº 273, de 28 de agosto de 1952, teve a elaboração heráldica desenvolvida pelo historiador botucatuense Hernani Donato que foi convertida em imagem pelo prof. Gastão Dal Farra, na época era o prefeito Emílio Peduti. Esse brasão foi amplamente utilizado nas comemorações do Centenário de Botucatu.

5) Na coroa, em escudete, um fuso ensinando pelo seu significado de atividade matriarcal, o orago da cidade

1) Escudo redondo português

Dividido em dois quartéis (acima e abaixo) sendo o primeiro cortado no meio

6) Como suporte, à dextra, um ramo de café frutado em goles (vermelho)

8) No listel, em letras de ouro sobre sinople a palavra "Botucatu".

4) No segundo quartel, um livro, um báculo e um arado manual.

Coroa mural das municipalidades,

2) No primeiro quartel, na parte de dextra, em sinople, três montanhas heráldicas, cortadas do leste para o oeste geográficos por um caminho em ascensão e ao sopé das montanhas uma capéla rústica encimada por uma cruz.

3) Na segunda parte do primeiro quartel, na parte de senextra, em blau, da esquerda para a direita um sol e uma estrela sobre dois rios paralelos.

7) À senextra um ramo florido de algodão em cor natural.

1 O escudo do tipo português, liga a origem da cidade e o povoamento do município à tradição lusitana no Brasil. 2 No primeiro quartel, à dextra, as montanhas heraldicas mostram a Serra de Botucatu, balisa no caminho dos bandeirantes, principal distintivo geográfico da região e primeiro elemento da mesma que compareceu na História. O caminho ascendente lembra as estradas coloniais que fizeram da serra um carreadouro de civilização e de povoamento, a ponto de haver um governador da Província determinado que a ida ou o retorno do sertão se fizesse atravessando aquelas terras. A capela ensina que a primeira construção e tentativa de povoamento é devida aos padres da Companhia de Jesus que ali mantiveram uma fazenda de criar de 1719 até 1760, na qual fazenda nasceram os primeiros Botucatuenses cristãos. A capela mostra ainda que a cidade nasceu para a civilização, tal como o Brasil e São Paulo, sob o signo da Cruz de Cristo. O campo em sinople relembra as pastagens que constituíram o motivo, a formação das primeiras fazendas e núcleos populacionais. 3 Na parte de senextra, o campo blau diz da pureza do clima que veio dar o nome à região, sabido que Botucatu significa bons ares. A estrela, símbolo das virtudes teologais afirma que a cidade e o povo foram sempre firmes em sua fé erguendo inúmeros templos de várias profissões religiosas; constantes na sua caridade, mantendo asilos e casas de abrigo, e da sua permanente esperança nos dias futuros. Os rios paralelos que são o Tietê e o Pardo, confirmam o ensinamento de que Botucatu cumpriu desde os seus primeiros dias a missão de conduzir através do seu território a civilização e a conquista. O Tietê conquistou o sertão do Brasil, nos séculos XVII e XVIII e o Pardo povoou o sertão de São Paulo no século XIX. 4 No segundo quartel, o livro, o báculo e o arado dizem que a projeção da cidade e do município veio do seu trabalho profícuo e de sua atividade espiritual, pois, durante meio século Botucatu foi o maior centro educacional do sudoeste paulista e do território de sua diocese é que saíram os territórios de várias outras dioceses paulistas. 5 Na coroa, em escudete, o fuso, significando atividade matriarcal, demonstrando que o drago da cidade é Sant`Ana. 6 Como suportes, à dextra um ramo de café frutado lembrando que o município não só foi grande produtor de café mas também origem de uma importante variedade: o "café amarelo" ou "café de Botucatu". 7 A senextra, um ramo florido de algodão que foi outro importante produto agrícola da região. 8 A final, é consignado o nome do município no listel, objetivando bem individualizar o brasão.

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Edil Gomes

LEITURA DINÂMICA

1

–É preciso o registro da histórica sessão da Câmara Municipal de Botucatu na qual ocorreu a mudança do Brasão de Botucatu, com o discurso dos Vereadores Progresso Garcia e Armando Moraes Delmanto (Jornal Vanguarda de Botucatu/maio de 1978):

3

– O posicionamento dos vereadores nessa votação que decidiu o destino do maior Símbolo Municipal de Botucatu foi a seguinte: votaram contra a mudança: Elias Francisco, Armando Moraes Delmanto, Progresso Garcia, Jorge Thiago da Silva, José Ramos e Hernâni dos Reis. A favor: Antonio Benedito Aria, Mário Pascucci, Walter Paschoalick Catherino, Salim Raphael Abud, João Carlos Moreira, Ageo Maurício de Oliveira, Álvaro Picado Gonçalves e José Luís Amat

Diário da Cuesta 7

4

– A palavra final ficou registrada no emblemático artigo de Hernâni Donato:

2

– Da mesma forma, o pronunciamento do Vereador Elias Francisco Ferreira:

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