Edição 1063

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Diário da Cuesta

NA DEFESA DO MEIO AMBIENTE E DA CIDADANIA EM BOTUCATU

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BOTUCATU: comemorará seus 169 Anos com shows de artistas e orquestras

Cidade terá diversas atrações gratuitas, que vão desde espetáculo de teatro, música, dança, a shows no Largo da Catedral e a Praça do Paratodos, uma novidade deste ano Página 2

Quico

Cuter: jornalista e empreendedor de sucesso!

Quico Cuter completa 50 anos dedicados ao jornalismo e a cultura e recebe homenagem da Câmara Municipal de Botucatu e a cultura botucatuense Página 3

ANO IV Nº 1063 QUINTA-FEIRA , 04 DE ABRIL DE 2024
Aniversário

que comemora os 169 anos de Botucatu terá shows com diferentes artistas e encontro de orquestras

Grupo Originais do Samba será uma das atrações programadas

Cidade terá diversas atrações gratuitas, que vão desde espetáculo de teatro, música, dança, a shows no Largo da Catedral e a Praça do Paratodos, uma novidade deste ano

A Prefeitura de Botucatu, através das Secretarias de Participação Popular e Comunicação, Cultura e Adjunta de Turismo, lança a programação festiva para comemorar os 169 anos de Botucatu, celebrado em 14 de abril.

A Cidade terá diversas atrações gratuitas, que vão desde espetáculo de teatro, música, dança, a shows no Largo da Catedral e a Praça do Paratodos, uma novidade deste ano.

Neste ano, a festa começa no dia 11 de abril (quinta-feira), no Largo da Catedral, quando ocorre uma apresentação reunindo as três orquestras de Botucatu: Orquestra Sinfônica Municipal de Botucatu, Orquestra Jovem Municipal de Botucatu e Orquestra Filarmônica do Instituto de Biociências – OFIBB, sob a regência do Maestro Fernando Ortiz de Villate.

Na sexta-feira, 12, tem apresentação do Grupo Originais do Samba; no sábado, 13, o grupo FHOP – Florianópolis House of Prayer; e no domingo, dia 14, a festa termina com um show com a dupla Humberto e Ronaldo.

No final de semana, nos dias 13 e 14, a Praça do Paratodos reunirá uma série de apresentações com artistas locais para celebrar o aniversário da Cidade. No sábado, 13, as atividades começam às 10 horas e no domingo, 14, às 14 horas, após o tradicional Desfile de Aniversário na Rua Amando.

Além das atividades artísticas, também no Largo da Catedral, haverá a edição de Aniversário da Feira Turística, com expositores que variarão entre artesãos, culinária local, atrativos turísticos, restaurantes rurais, empresas de souvenires de turismo, além de entretenimento.

Alterações no trânsito

Para a execução da festa dos 169 anos de Botucatu, a Prefeitura realizará a interdição do Largo da Catedral para a montagem e realização das atividades.

A primeira interdição começa no dia 06 de abril, com o fechamento do bolsão de estacionamento em frente a Escola Cardoso de Almeida (EECA). No dia 11 de abril, quinta-feira, os bolsões em frente a Catedral e em frente a Praça Rubião Júnior serão fechados para a montagem da primeira etapa da Praça de Alimentação e da Feira Turística

O trânsito será interrompido no Largo apenas a partir das 18h30

para a primeira noite de shows. Às 23 horas de quinta-feira, 11, o fluxo de veículos no Largo da Catedral volta a ser liberado.

Na sexta-feira, 12, será realizado o fechamento do bolsão de estacionamento em frente a Escola Cardosinho, para a montagem da segunda etapa da Praça de Alimentação. O fluxo de veículos seguirá normalmente até as 18h30. A partir deste horário, o trânsito será totalmente interrompido até a segunda-feira, 15, às 7 horas da manhã.

A Prefeitura solicita que os motoristas e motociclistas redobrem a atenção e respeitem as sinalizações de trânsito utilizadas no entorno do Largo da Catedral

PROGRAMAÇÃO COMPLETA

- dia 11 de abril (quinta-feira): NO PALCO PRINCIPAL: Palco em frente ao EECA - Praça Professor Pedro Torres, s/n - Centro20h - Concerto das Orquestras OSMB, OJSM e OFIBB

- dia 12 de abril (sexta-feira):

NO TEATRO MUNICIPAL: Praça Coronel Rafael de Moura Campos, 27 - Centro - 19h - Cinderela [Ópera Infantil]

NO PALCO PRINCIPAL: Palco em frente ao EECA - Praça Professor Pedro Torres, s/n - Centro - 19h30 - Walison Correia - 21h - Originais do Samba

- dia 13 de abril (sábado)

NO PALCO DO PARATODOS - Praça Coronel Rafael de Moura Campos, S/N - Centro - 10h - Circo Mágico [CIRCO] ; 11h - Breves Voos - lira e tecido acrobáticos [CIRCO]; 11h30 - A Princesa

Wika Yawuwu: Uma aventura de coragem e amizade [TEATRO E DANÇA] ; 12h30 - Breves Voos - lira e tecido acrobáticos [CIRCO] 13h - Matinê Vamo Pulá [DANÇA]; 15h30 - Leitura Encenada: Folia de Ana Rosa [TEATRO] ; 16h30 - Baile do Arte (Arte de Rua) [DANÇA] ; 18h - EletroBrasil: Grooves, Encontros, Beats & Dança [MÚSICA]; 19h - Mucharanga Trio [MÚSICA]; 20h30 - Filosofia Gangsta; 21h - Dona [MÚSICA E DANÇA]

NO PALCO PRINCIPAL: Palco em frente ao EECA - Praça Professor Pedro Torres, s/n - Centro - 21h - FHOP - Florianópolis House Of Prayer

- dia 14 de abril (domingo) - às 14h - em frente à Catedral Percurso por Pontos Históricos/Turísticos da Cidade com o Ybytucatu das Antigas

NO PALCO DO PARATODOS - Praça Coronel Rafael de Moura Campos, S/N - Centro: 14h - O Balaio de Histórias 2: Porque o mar tanto chora [CONTAÇÃO DE HISTÓRIA] ; 15h - Andanças Acrobáticas [CIRCO]; 15h30 - Além da Magia [CIRCO]; 16h30 - Andanças Acrobáticas [CIRCO]; 17h - Leituras Dramáticas: O bem amado [TEATRO]; 18h - Dançando Através de Histórias [DANÇA]; 19h - Discotecagem: A música nos conecta - Dj Thaís e Dj; Amauri Diplomata [MÚSICA]; 20h - Nick Nelli [MÚSICA]; 21h - My Sweet George - Tributo a George Harrison [MÚSICA]

NO PALCO PRINCIPAL: Palco em frente ao EECA - Praça Professor Pedro Torres, s/n - Centro - 16h30 - Trombon Brass Ensemble [MÚSICA] ; 17h30 - Banda Pagu [MÚSICA]; 21h - Humberto & Ronaldo [MÚSICA]

(Tribuna de Botucatu)

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da Cuesta

Quico Cuter: jornalista e empreendedor de sucesso!

Jornalista foi fundador do Portal Acontece Botucatu

Um dos jornalistas mais conhecidos de Botucatu, Quico Cuter”, completou no mês de março, 50 anos dedicados ao jornalismo, cultura e entretenimento na Cidade de Botucatu

Cuter, filho de Virgilio Cuter e Dozolina Rios Cuter, entrou pela primeira vez numa redação do jornal de Botucatu em 1974, ainda adolescente, para pedir a publicação de um texto em que falava sobre o Rio Bonito Campo e Náutica.

Foi o primeiro passo para se tornar um colunista periódico (semanal) e escrever sobre os mais variados assuntos. Três anos depois já construía suas primeiras reportagens.

Numa redação trabalhou em diferentes áreas e ganhou projeção com reportagens policiais e polêmicas, atuando com a Polícia Militar e Civil. Passou por vários veículos de comunicação. Além do jornalismo, trabalhou na área cultural e de entretenimento, como o carnaval.

Biografia

O botucatuense Francisco de Assis Cuter, ou “Quico Cuter”, como é mais conhecido, é jornalista, escritor, autor, poeta e um dos mais conhecidos carnavalescos da região. Casado há 45 anos com Maria Rita, tem uma filha, Valéria (seu braço direito no jornalismo), que lhe deu a neta Ana Laura.

Na área jornalística trabalhou nos jornais Correio da Serra, depois Diário da Serra; A Cidade; Correio de Botucatu; Jornal de Botucatu; Portal Reol; nas revistas Vitrine, Boca de Cena e QG; além de trabalhos como radialista nas rádios PRF-8 AM, Criativa FM e Clube FM

Foi o fundador, diretor responsável e editor dos jornais eletrônicos Acontece Botucatu (também em edição impressa), Mongaguá Notícias e Alpha Notícias. Atualmente, é proprietário, editor e redator do portal Tribuna de Botucatu.

Homenagens

Outro detalhe é que Cuter pelo seu trabalho na área do jornalismo, cultura e entretenimento, é um dos botucatuenses que mais recebeu moções de Congratulações e Aplausos na Câmara Municipal (sete no total).

Tendo como justificativa o “trabalho desenvolvido em prol da cultura botucatuense”, recebeu o título de Honra ao Mérito (em 2012), projeto de iniciativa do vereador Denilson Aurélio Diogo Tavares, aprovado pela unanimidade dos parlamentares da Casa de Leis. Esta é uma das mais importantes honrarias que a Câmara Municipal pode oferecer.

Carnavalesco de 40 sambas

Cuter é autor de 40 sambas enredo que foram criados e gravados por diferentes escolas de samba de Botucatu, para os desfiles de rua. Neste quesito, a Gente Unida de Vila Maria, foi a escola onde Cuter mais atuou em sua trajetória carnavalesca, compondo 13 sambas.

Também compôs sambas enredo para a Camisa Preta do Tanquinho (8), Unidos de Última Hora/BTC (6), Camisa Verde e Branco do Lavapés/Vila Jardim (2), além da Estrela da Serra (Cohab I), Mocidade Alegre do Lavapés e Acadêmicos de Vila Aparecida.

Completam o acervo de Quico Cuter no carnaval os sambas criados para o Bloco da Imprensa (2), Bloco Camisa Preta (2), Bloco Timelo, Bloco Gardenal, Bloco Fantasmas do Collor e Bloco da Associação Atlética Ferroviária – AAF.

Nessa sua trajetória de autoria de enredos para o carnaval, Cuter homenageou várias personalidades ou fatos que fizeram parte da história de Botucatu, como: Angelino de Oliveira, Vital Brasil, Francisco Marins, Hernani Donato, a dupla João Paulo & Daniel, Jairo Luiz de Andrade – o “Jairão”, Cecília “Peroba” André, o autor

global Alcides Nogueira, entre outras.

Um dos grandes momentos de Cuter no carnaval foi em 1995, quando escreveu três sambas, sendo campeão do 1º Grupo com a escola Camisa Verde e Branco, homenageando a dupla sertaneja João Paulo & Daniel; campeão do 2º Grupo com a Unidos de Última Hora/ BTC homenageando o autor global Alcides Nogueira, além de criar o enredo do Bloco Camisa Preta, considerado e premiado como o melhor samba entre os blocos.

Foi jurado por três anos consecutivos dos desfiles da escolas de samba e blocos de Bauru, no quesito samba enredo. O desfile de rua do carnaval de Bauru é considerado um dos melhores do Brasil e muito competitivo.

Obras literárias

Cuter é autor de dois livros, sendo um deles “Aconteceu comigo – Peripécias de um repórter”, narrando suas peripécias no mundo jornalístico, contando casos verídicos, inesperados e pitorescos em que que esteve envolvido. Nesse livro dezenas de pessoas que fizeram parte dessa trajetória estão presentes.

Outro livro lançado por Cuter, “Levitando entre rimas e versos”, traz uma série de dezenas de poesias. Muitas se transformaram em canções e duas delas foram apresentadas em festival.

Depois do “Aconteceu comigo – Peripécias de um repórter”, um outro livro mais ou menos semelhante está pronto, mas ainda não foi lançado. “Aconteceu com eles, também!”, que conta a trajetória divertida (nem sempre) de outros profissionais da imprensa de Botucatu.

Também deixou trabalhos nos livros “Coletânea Literária de Botucatu”, da Associação dos Poetas e Escritores de Botucatu (que entrou em sua 20ª edição); “Um Homem” (que narra a história do Arcebispo Dom Vicente Marchetti Zioni); e foi personagem do livro “Dicionário dos Escritores Botucatuenses”, do acadêmico Olavo Pinheiro de Godoy.

A Revista AparrEnza, prestou homenagens a Cuter com troféu de acrílico personalizado em duas oportunidades na sua festa “Homens de sucesso”, que busca enaltecer o trabalho de personalidades em suas mais diferentes áreas de atuação.

Na dramaturgia

Na dramaturgia, Cuter é autor de três peças de teatro: “Os meninos da favela de vidro”; “Hospicital – Um hospital à beira da loucura”; e “Gertrudes uma mulher da vida no cemitério”. Além disso criou o musical infantil “As proezas de Laurinha”.

(Fonte: A Tribuna de Botucatu/Acontece Botucatu)

Diário
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“A mantilha de Sevilha”

Nos meus tempos de menina, as meninas e moças usávamos um véu branco na cabeça para assistirmos a missa.

Significava a humildade das mulheres diante de Deus.

As mulheres casadas usavam um véu negro. Eram peças delicadas e em geral levavam rendas nas extremidades.

Eu guardava o meu cuidadosamente em uma caixa especial, junto com um terço que ganhei por ocasião da minha primeira comunhão da minha avó Angelina, era muito delicado com delicadas contas de cristal de um rosa pálido, e um pequeno missal com dedicatória para lembrar a data especial.

Era meu talismã.

Gostava até de aspergir sobre ele, ao guardá-lo, algumas gotículas de perfume

Nossos véus eram muito simples.

Mas via na Igreja ás vezes, algumas moças ostentando alguns véus de finas e lindas rendas estrangeiras. Com o passar do tempo o uso do véu foi abandonado.

Lembro-me bem de uma linda senhora amiga da minha mãe que tinha vários, um deles era de um cinza claro que combinava com seu tailleur de corte elegante.

Lembrei desse episódio, pois uma prima que tinha já um relacionamento mais sério, tinha inclusive sido apresentada á família do rapaz.

Sua futura sogra fez uma viagem de férias com o esposo para a Europa. Enviavam lindos postais dos países que visitavam, suas lindas cidades. Naquele tempo não tínhamos esses celulares com câmeras para enviarmos fotos instantâneas.

Os postais ás vezes chegavam depois do retorno dos viajantes.

Contavam muitas das suas emoções da viagem, seus maravilhosos lugares, comidas exóticas.

Passando por Sevilha, belíssima cidade da Espanha resolveu trazer de lá presentes delicados para a sua futura nora.

Um deles era uma belissima mantilha de finíssima renda e um terço de pequenas rosas feitas primorosamente de um diáfano tecido rosa claro, com uma cruz de madrepérola fechando o conjunto.

Veio envolto num fino papel de seda dentro de uma caixa de grife com a nome da loja onde foi adquirida.

Um dia visitando a prima, ela nos mostrou empolgada os presentes, nos segredando que ia usá-los na cerimônia do seu casamento.

Diário da Cuesta 4
Maria De Lourdes Camilo Souza

Historiador João Carlos Figueiroa é homenageado na Câmara Municipal

A sala destinada ao armazenamento do acervo documental da Câmara Municipal de Botucatu passa a ser denominada de “Historiador João Carlos Figueiroa”

Através de um projeto de decreto legislativo, nº 3, de 4 de março de 2024, foi prestada uma justa homenagem ao historiador João Carlos Figueiroa, que faleceu no dia 12 de novembro de 2023.

O projeto é do vereador Lelo Pagani (PSDB), que sugeriu que a sala destinado ao armazenamento do acervo documental da Câmara Municipal de Botucatu passasse a ser denominado de “Historiador João Carlos Figueiroa”, o qual foi aprovado em unanimidade.

Na justificativa em plenário o vereador Pagani apresentou um histórico da vida de Figueiroa que transcreve toda a sua trajetória e que registramos a seguir: “Se você tivesse que indicar alguém que possa falar com propriedade sobre os fatos antigos que ajudaram a construir a história de Botucatu, que nome lhe viria à cabeça? Muitos devem ter respondido – e com razão – João Carlos Figueiroa.

João Carlos Figueiroa nasceu em Botucatu em 20 de agosto de 1944 e transformouse em uma espécie de guardião da história da cidade. Filho de Felix Figueiroa e Luiza Paganini Figueiroa.

Figueiroa passou pelos bancos do Colégio Diocesano e formou-se professor, em 1963, no Instituto de Educação Cardoso de Almeida (IECA). Aos 12 anos já trabalhava como office boy na Rádio Emissora de Botucatu (PRF-8) e no jornal Correio de Botucatu, ambos pertencentes a sua família. No começo fazia serviços de escritório e de entrega.

No rádio, as mudanças constantes na equipe, ocorridas entre 1956 e 1960, lhe deram as primeiras oportunidades. Inicialmente na área esportiva. Com apenas 13 anos, o garoto já estava credenciado para atuar na cobertura dos Jogos Regionais da Sorocabana.

Foi nessa mesma época que teve o primeiro contato com a política, que de certa forma viria a acompanhá-lo ao longo da vida. Muito por conta da atuação dos tios Octacílio e Plínio Paganini que chegaram a presidir a Câmara Municipal.

Em 1959, ano da morte de seu pai, Figueiroa foi levado para acompanhar a campanha do tio como forma de aliviar a tristeza. Por anos fez a cobertura das sessões da Câmara. Conviveu com políticos diferenciados e acompanhou debates célebres em um tempo em que vereador não recebia salário.

Na equipe de esportes fez de tudo um pouco. Foi repórter de campo, comentarista e apresentador de programas. Com o tempo, vários profissionais deixaram a emissora. Alguns contratados pela Rádio Municipalista, inaugurada em 1962. Muitos buscando uma nova vida em São Paulo. Um ano antes, Figueiroa havia concluído o curso colegial. O momento era de decidir seu futuro. E na época Botucatu ainda estava mergulhada em uma profunda depressão econômica.

Em 1964, antes de completar 20 anos, desembarcava em São Paulo para tentar a sorte. Três dias depois com um recorte de jornal na mão, conseguiu emprego no escritório de uma empresa americana que fabricava conectores elétricos. Lá permaneceu por pouco tempo.

Trabalhou por sete meses na agência central do Banco Moreira Salles. Deixou o posto ao ser aprovado em um concurso público para atuar como correspondente na Secretaria do Governo. Lá ficou por longo período. Na mesma época resolveu dar aulas em uma escola rural no bairro Cocaia, região de Parelheiros, no extremo sul da capital.

O Brasil já vivia sob o regime militar. À noite, Figueiroa frequentava o curso de Ciências Sociais da Universidade de São Paulo (USP). O envolvimento com o movimento estudantil rendeu-lhe dez anos de direitos políticos cassados.

Ao final do processo foi inocentado, mas as consequências ficariam para sempre. Além de não conseguir concluir o curso, perdeu a chance de ser eleito vereador em seu retorno a Botucatu, já na década de 1970. Com a anistia e o fim do estado de sítio, Figueiroa foi candidato em 1982, mas as condições já não eram as mesmas.

Sua nova passagem pela PRF-8 deu-se até 1976. Mas sempre buscando conciliar com outras atividades que lhe garantissem reforço no salário. Ao lado de Neder Filho e Walter Paschoalick criou um curso preparatório para o exame de madureza que funcionou entre os anos de 1972 e 1973, no Colégio La Salle. Também chegou a dar aulas de História no curso pré-vestibular Carlos Chagas, entre 1972 e 1974.

O empreendimento que fez mais sucesso foi a Carimbadora e Gráfica JC, que funcionou de 1976 a 1983.

Tentou enveredar por outras áreas, mas as tentativas naufragaram, segundo ele, por falta de planejamento. Montou uma livraria. Não deu certo. Chegou a ser dono de uma casa noturna chamada O Porão, que funcionou no subsolo da antiga Casa Royal, onde hoje está instalado o magazine Torra Torra.

A chegada dos filhos – Fabio e Bruno – fez crescer a necessidade de encontrar alguma estabilidade. Resolveu voltar para São Paulo. As boas relações e a comprovada experiência lhe garantiram emprego na área pública, passando pela extinta Superintendência de Desenvolvimento do Litoral Paulista, ligada a Secretaria do Interior e pela Secretaria de Estado do Planejamento. Nesse período aproximou-se de José Serra, com quem viria a trabalhar em seu escritório político até 1994.

Ainda nessa época em São Paulo, Figueiroa começou a fazer pesquisas e estudar a história de Botucatu. Com as noites livres passou a frequentar a Biblioteca Mário de Andrade. O interesse inicial era sobre o estudo do topônimo que dava nome à cidade.

Trabalhou no tema até 1991 quando publicou uma pequena revista durante uma semana cultural organizada pelo escritor Francisco Marins no Centro Brasil-Itália. O material foi transformado no primeiro livro de sua autoria chamado “Ybitu Katu – interpretação dos vocábulos indígenas que formam o nome Botucatu”. Ali nascia o historiador.

De volta à terra natal recebeu convite para escrever em jornais sobre a história da cidade. Primeiro no Correio da Serra. Em 1994 publicou um artigo sobre a Revolução Tenentista de 1924. A boa repercussão o estimulou a seguir em frente. Depois veio o convite do jornalista Haroldo Amaral para colaborar de forma mais intensa no Diário da Serra.

Em meados de 1997/1998, quando Amaral transferiu-se para A Gazeta de Botucatu, colaborou por cinco anos seguidos organizando os famosos cadernos especiais que o jornal publicava no aniversário da cidade. A pedido do proprietário Adolpho Dinucci contou a história dos italianos em Botucatu, dos afrodescendentes, das igrejas Católica e Protestante e do Poder Judiciário, que depois foram publicados em formato de livro. Voltaria a colaborar com o Diário da Serra, praticamente até seu fechamento.

Em 2005, já reconhecido como um dos principais historiadores da cidade, foi convidado pelo secretário de Comunicação Erick Facioli para organizar a reedição do livro “Achegas para a História de Botucatu”, de Hernani Donato. Ali começava uma nova etapa de sua vida.

O livro foi lançado em 2008 em dois volumes. Obra primorosa. Nessa mesma época o secretário de Educação Gilberto Borges havia contratado uma editora para fazer uma cartilha sobre Botucatu. E coube a Figueiroa a missão de definir, organizar e produzir o conteúdo. Esses dois trabalhos permitiram Figueiroa se aperfeiçoar ainda mais na história da nossa cidade.

Foi presidente do Centro Cultural de 2007 a 2015, quando teve a oportunidade de tirar da gaveta uma série de trabalhos que vinham sendo adiados por falta de tempo. Destaca a criação do Cine Clube, iniciativa que perdurou por cinco anos.

Outra iniciativa de Figueiroa foi a publicação em livro dos artigos do Dr. João Nogueira Jaguaribe, considerado o primeiro historiador da cidade. Em 2016 tirou do papel um projeto que idealizava há dez anos. O livro “Boca do Sertão” que traz a história completa e resumida de Botucatu.

Em 2013, ao deixar a prefeitura onde atuou como secretário de Descentralização e Participação Comunitária, ingressou em um curso de Licenciatura em História à distância, onde formou-se aos 75 anos.

João Carlos Figueiroa faleceu em 1º de novembro de 2023, deixando um imenso vazio nos corações de todos que amavam a história da nossa cidade.

A grandiosidade do historiador João Carlos Figueiroa combina plenamente com a sala destinada ao armazenamento do acervo documental da Câmara Municipal de Botucatu.

Assim, diante de todo exposto, pela paixão e dedicação pela história de Botucatu, consideramos muito justa e oportuna a homenagem que ora prestamos”.

Diário da Cuesta 5

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