Edição 1068

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Diário da Cuesta

NA DEFESA DO MEIO AMBIENTE E DA CIDADANIA EM BOTUCATU

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A INDUSTRIALIZAÇÃO EM BOTUCATU

Na 4ª página, o artigo sobre a industrialização em Botucatu traz todo o histórico sobre os nossos 3 Ciclos Industriais. Para o Século XXI , a Industrialização de Botucatu assume perspectiva histórica com o projeto grandioso da DEXCO para Botucatu: a maior fábrica de revestimentos cerâmicos do Brasil, num investimento de 600 milhões! A DEXCO é a nova denominação da Duratex. E a DEXCO é composta pelas empresas: DECA, PORTINARI, HYDRA, DURATEX, CEUSA E DURAFLOOR. O Diário registrou a grande notícia da instalação, em Botucatu, da maior fábrica de revestimentos cerâmicos do Brasil, pela DEXCO.

“BOTUCATU: CIDADE DAS BOAS INDÚSTRIAS”

PREFEITURA MUNICIPAL DE BOTUCATU/A GAZETA DE BOTUCATU - 2008 Página 5

A região de Botucatu é privilegiada. Verdadeiro “celeiro do empreendedorismo” tem alcançado expressivas vitórias. E o DIÁRIO DA CUESTA tem feito o devido registro:

ANO IV Nº 1068 QUARTA-FEIRA , 10 DE ABRIL DE 2024
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A FORÇA DOS ITALIANOS

Olavo Pinheiro Godoy - Da ABL – Academia Botucatuense de Letras

O celebre Giovanni Papini afirmava que “. . . o italiano é um povo que sofreu muitas desventuras e misérias, que sofreu injustiças e humilhações, mas que sempre trabalhou, fatigou, criou e inventou sem descanso, para si e para os outros, que molhou de suor áridos campos , que molhou com sangue todas as suas terras e os campos de batalha da Europa e da África, que percorreu, à procura de pão e de glória , todas as estradas terrestres e marítimas do mundo”.

Em fins do século passado, muitos imigrantes italianos que se tinham dirigido ao campo procuravam sucessivamente as cidades, ou chegando ao Brasil, empregavam-se diretamente nos estabelecimentos industriais; pois em levas sucessivas vieram da Itália também grandes grupos de operários. Em meio à essa massa de lutadores estava o moço Francisco Milanesi que, vindo para Botucatu instalou, em 1889, uma tenda de ferreiro.

Muitos imigrantes que se tinham dirigido ao campo, procuravam sucessivamente as cidades, ou chegando ao Brasil, empregavam-se diretamente nos estabelecimentos industriais pois eram, em sua maioria, operários em sua terra de origem. Era natural, portanto, que operários e artífices italianos, como os Milanesi, os Blasi, os Bacchi, quisessem desenvolver suas atividades em setores já conhecidos, onde encontrariam campo propício às suas ambições e capacidade de trabalho, transformando num período de tempo mais ou menos curto, pequenas oficinas em verdadeiras fabricas.

Foi o que aconteceu em nossa terra com as Oficinas Milanesi. Ângelo Milanesi, nascido na Itália em 26/08/1875, filho mais velho de Francisco e Catarina Vitti, trabalhou sempre em prol do desenvolvimento das “Indústrias Milanesi”. Por sua vez viriam a constituir uma família cuja capacidade de trabalho aumentava com o progressivo crescimento da cidade. Nesta reprodução representando foto original, doada de maneira gentil, pelo Sr. Orlando Milanesi, com data aproximada de 1910, podemos observar a importância dos italianos e seus colaboradores para a Indústria Botucatuense, demonstrada através da construção de uma caldeira a vapor, em época inicial do desenvolvimento industrial em nossa cidade.

Da direita para a esquerda, em cima: Eugenio Milanesi e João Marcolim. Em baixo: João Milanesi, com seu sobrinho Orlando Milanesi (criança), Avelino; Felício Jaqueta, Antônio Laiba, Italo Bacchi e Angelo Milanesi. Ao fundo, na janela, aparece a matriarca Catarina Vitti, genitora de Ângelo, João e Eugênio Milanesi. A gentileza e dedicação de André Milanesi Taborda, cujas informações proporcionaram esta crônica, nossos sinceros agradecimentos.

O Diário da Cuesta não se responsabiliza por ideias e conceitos emitidos em artigos ou matérias assinadas, que expressem apenas o pensamento dos autores, não representando necessariamente a opinião da direção do jornal. A publicação se reserva o direito, por motivos de espaço e clareza, de resumir cartas, artigos e ensaios.

EXPEDIENTE DIRETOR:
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Armando Moraes
Diário
Cuesta 2
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a r t i g o
Diário da Cuesta 3 (publicação do CIESP na Folha de Botucatu de 29 de Julho de 1988)

A INDUSTRIALIZAÇÃO EM BOTUCATU

Para poder abranger todo o desenvolvimento industrial de Botucatu, além da pesquisa entre nossos historiadores (“Achegas para a História de Botucatu”, de Hernâni Donato e “No Velho Botucatu”, de Sebastião de Almeida Pinto), buscamos os depoimentos de botucatuenses que vivenciaram e até mesmo participaram do processo de industrialização da cidade e fizemos pormenorizada pesquisa nos jornais antigos (Folha de Botucatu e Correio de Botucatu) a que tivemos acesso e, especialmente, nos dois ALMANAQUES DE BOTUCATU: o primeiro, “Almanack de Botucatu”, de 1920 e, o outro, o “Almanaque Cultural de Botucatu”, de 2000, fontes de referência da história de Botucatu.

Na 2ª. edição do livro “Memórias de Botucatu I”, de 1995, no capítulo “Ciclos Industriais” e na revista Peabiru, nº 09, de maio/junho/1998, no artigo “Os Pioneiros da Industrialização em Botucatu: Os Imigrantes Italianos”, já preparávamos a estrutura desta matéria

Do trabalho publicado no livro “Memórias de Botucatu” sobre os CICLOS INDUSTRIAIS, fizemos a divisão do desenvolvimento industrial do município em três ciclos: o 1º Ciclo Industrial, indo de 1890 a 1930; o 2º Ciclo Industrial, após o período depressivo da economia com a crise de 1930 que arruinou muitas industrias locais e perdurou de meados dos anos 50 até quase o final dos anos 60; e o 3º Ciclo Industrial, que estamos vivendo em toda a sua intensidade, iniciou-se praticamente nos anos 70, sendo que começou a ter maior e melhor desempenho de meados dos anos 80 até os dias atuais

1º CICLO INDUSTRIAL

Os pioneiros da industrialização em Botucatu foram os imigrantes. O nosso 1º Ciclo Industrial começou com o início das atividades dos valorosos imigrantes no último decênio do século passado (1890) e veio até a crise econômica de 1929 (arrastando-se até meados dos anos 30) que sacudiu o Brasil e arruinou muitas industrias e estagnou muitas cidades. O escritor botucatuense Hernâni Donato, em seu livro “ACHEGAS”, registra pormenorizadamente a atuação dos imigrantes no início da industrialização e, ao depois, na consolidação e ampliação de nosso parque industrial No “Achegas”, os nomes dos pioneiros imigrantes que se encarregaram de abrir com ousadia o caminho: Petrarca Bacchi, Virgínio Lunardi, Aleixo Varoli, Atílio Losi, Pedro Delmanto, Pedro Stefanini, Antônio Michelucci, Adeodato Faconti, João Pescatori, Felipe di Sanctis, Serafim Blasi, Eugênio Monteferrante, Ângelo Milanesi, João Spencieri e Palleóge Guimarães.

A importância do 1º Ciclo Industrial de Botucatu é medido pela grandiosidade do Grupo Industrial de Petrarcha Bacchi e pela diversificada Industrias Lunardi. Em outra realidade sócio-econômica a nível nacional e de uma Botucatu ainda provinciana, as Indústrias Bacchi abrangiam: cerveja, fábrica de gelo, sabão, serraria, máquina de beneficiar café e cereais, massas alimentícias, fiação e fábrica de chapéus Para completar a visão do quadro de então e da «visão» daquele dinâmico e ousado imigrante, basta dizer que construiu uma Usina Hidrelétrica para «tocar» as suas industrias, chegando a fornecer energia elétrica à cidade de Botucatu em bem sucedida concorrência à Companhia Paulista de Força e Luz. Se isso não bastasse, abriu Escolas e contratou Professores para alfabetizar seus funcionários e educar os filhos dos trabalhadores de todas as suas indústrias PETRARCA BACCHI traduz bem o espírito dos pioneiros da industrialização em Botucatu

E para ilustrar a grandiosidade desse período industrial é importante mostrar a efetiva liderança política de Botucatu em toda a região. No ano de 1926, a cidade de Botucatu possuía 33.393 habitantes, sendo que a cidade de Bauru possuía 24.369 habitantes! (recenseamento geral de 1920). Hoje, é claro, a realidade é outra: Botucatu possui, em 2010, cerca de 140 mil habitantes, enquanto Bauru já possui mais de 350 mil habitantes

2º CICLO INDUSTRIAL

De meados dos anos 50 até os últimos anos da década de 60 tivemos o nosso 2º Ciclo Industrial. Na verdade, em que pese ter sido um período de expressão modesta em termos econômicos, deixou plantadas algumas sementes que vieram a crescer neste nosso atual 3º Ciclo Industrial: a nossa indústria aeronáutica, a de auto-peças e a de roupas.

No setor alimentício, tivemos já no final dos anos 60, a inauguração festiva da CATU - Produtos Alimentícios, do Grupo Martin. Esse grande empreendimento foi uma iniciativa arrojada de Ângelo Martin e seus irmãos que construíram a fábrica ao lado da Rod. Marechal Rondon, local escolhido para a implantação, anos depois, da CAIO, montadora de ônibus urbanos.

Com a OMAREAL tivemos plantada a semente de nossa Indústria Aeronáutica: o Engº Antônio Azevedo instalou, em hangar adaptado, oficina de manutenção de aviões, chegando a projetar e a construir um protótipo que obteve sucesso No entanto, a OMAREAL não vingou Coube a José Carlos Neiva, fabricante de planadores no Rio de Janeiro, atraído à cidade por Azevedo, a incumbência de instalar uma fábrica de aviões: a Sociedade Construtora Aeronáutica Neiva Ltda., posteriormente Neiva-Embraer. Em 1956, a Neiva passou a fabricar o PAULISTINHA P-56.

3º CICLO INDUSTRIAL Uma nova realidade sócio-econômica a nível nacional e uma outra cidade de Botucatu, progressista e universitária, representam o cenário do novo ciclo industrial que vivemos.

Com início praticamente nos anos 70, somente agora podemos sentir, em toda a sua plenitude, a grandiosidade deste novo período industrial.

(“Memórias de Botucatu”, 1995) Alicerçado na presença de grandes complexos industriais, a cidade de Botucatu vive período de grande progresso. As grandes indústrias, de porte internacional, asseguram a estabilidade de nosso 3º Ciclo Industrial. A CAIO - Companhia Americana Industrial de Ônibus é uma das maiores empresas fabricantes de carrocerias de ônibus do mundo, perdendo somente para uma fábrica estatal da Hungria. Dedicada aos mercados interno e externo, a CAIO exporta 15% de sua produção (produção média de 16 ônibus diários) A fábrica da DURATEX, pertence ao poderoso conglomerado do Banco Itaú, praticamente é voltada para a exportação, tendo conquistado e dominado o mercado europeu pela alta qualidade de seus produtos (hoje, a EUCATEX assumiu o setor industrial da Duratex). A STAROUP, fábrica de jeans, após conquistar o mercado interno, chegou a ganhar o mercado externo, partindo para produção nos EUA, Portugal e URSS. A HIDROPLÁS

E BRAS-HIDRO, atuando no ramo de fibra de vidro, gozaram de grande prestígio a nível nacional e internacional. A NEIVA-EMBRAER dispensa comentários, sendo certo que a qualidade de suas aeronaves engrandecem o Brasil. E a MOLD-MIX garante segura posição no mercado, com a alta tecnologia de seus produtos

Na verdade, as grandes industrias garantem às pequenas e médias indústrias a necessária estabilidade para o desenvolvimento de suas potencialidades, através de uma entidade representativa forte e prestigiada a nível estadual e nacional.

Cidade universitária, com boa estrutura de serviços, abrigou muitas indústrias, todas de especial importância para o município e região, mas com destaque para as grandes industrias, com ramificações e mercados a nível nacional e internacional.

Daí o destaque dado à CAIO, IRZAR, DURATEX, EUCATEX, NEIVA-EMBRAER, STAROUP, HlDROPLÁS, BRAS-HIDRO e MOLD-MIX.

Mais de 10 mil trabalhadores na indústria botucatuense Déficit habitacional Um desafio

Um desafio que encontra perspectivas no futuro.

Um desafio que encontra uma classe patronal consciente, dinâmica e moderna.

O CONJUNTO EDUCACIONAL, ASSISTENCIAL E ESPORTIVO DO SESI e a sede regional da Delegacia do CIESP são prova disso

A nova classe dirigente patronal de Botucatu está credenciada a enfrentar e vencer esses desafios.

No entanto, como bem mostrou matéria publicada na revista Peabiru, nº 26, de setembro/ outubro/2008, é preciso ousadia e a participação positiva do Poder Público para que possamos vencer o alto déficit habitacional:

“...Com a construção da COHAB 1- Conjunto Habitacional “Humberto Popolo”, o Prefeito Lico Silveira conseguia o grande feito de trazer para Botucatu um conjunto residencial popular MAIOR que muitos municípios vizinhos ( Bofete, Conchas, Itatinga, Pardinho). É de justiça destacar a colaboração efetiva da Câmara Municipal para o sucesso desse empreendimento. Na atualidade, o Poder Público em parceria com a iniciativa privada tem dotado Botucatu de conjuntos habitacionais que estão reduzindo o déficit habitacional do município.

“A Industrialização em Botucatu” objetiva a que a nossa cidade encontre o seu lugar de destaque no mais desenvolvido Estado brasileiro e que os jovens empresários que comandam o seu presente possam lhe trazer o progresso, a justiça social e o prestígio que no passado, em seu 1º Ciclo Industrial, lhes foram assegurados pelos imigrantes pioneiros (AMD).

Obs.: Como todo este trabalho está baseado em matérias publicadas em 1995, destacamos que, atualmente, mais duas grandes industrias estão instaladas no município: a EUCATEX e a IRIZAR.

Destaque: Para o Século XXI , a Industrialização de Botucatu assume perspectiva histórica com o projeto grandioso da DEXCO para Botucatu: a maior fábrica de revestimentos cerâmicos do Brasil, num investimento de 600 milhões!

A DEXCO é a nova denominação da Duratex. E a DEXCO é composta pelas empresas: DECA, PORTINARI, HYDRA, DURATEX, CEUSA E DURAFLOOR

VOCAÇÃO E DESTINO DE BOTUCATU

Agostinho Minicucci

“As últimas notícias dão conta de que a orientação dos industriais paulistanos é de transferir as fábricas para o interior, valendo-se dos incentivos fiscais, facilidade de condução, ambiente de trabalho, mão de obra mais fácil, etc.

Primeiro, através da SUDENE, a seguir Manaus, e agora o interior de São Paulo, tem sido a meta de transferência industrial.

É comum ver-se na Capital, a placa de aluga-se ou vende-se à porta de grandes prédios ou barracões

Isso nos leva a pensar em Botucatu. A infância de nossa cidade foi marcada por um surto industrial, em primeiro lugar pelo pioneirismo da colônia italiana, ávida de grandes realizações e da conquista da nova pátria Os oriundi, como os Bacchi, os Blasis, os Lunardis, os Milanesis e tantos outros, verdadeiros capitães de indústrias, trouxeram o know how da Itália e deixaram marcas em prédios que ainda hoje são símbolos de uma época áurea na efervescência da convivência de imigrantes e brasileiros

Petrarca Bacchi marcou um ciclo na indústria botucatuense levando-a a competir com a poderosa Companhia Paulista de Força e Luz - CPFL e a instalar uma usina hidroelétrica e outra termoelétrica, chegando à ousadia de fornecer energia à cidade. Produziu cerveja apreciada em todo o país. Introduziu o primeiro elevador em indústria, em São Paulo distribuía de brinde um sifão fabricado na Alemanha.

O berço da Votorantim foi Botucatu e tivemos o início de um ciclo de calçados, com o dinâmico Delmanto. E nisso precedemos a cidade de Franca e a lembrança são os nossos curtumes

A Antártica andou por Botucatu, criando uma vila com seu nome e chegou a comprar uma fazenda para cultivar cevada Outras tentativas houve Por pouco a Industria Vidigal não adquire o espólio Bacchi para transferir o seu complexo industrial para Botucatu

Em segundo lugar, a nossa privilegiada posição geográfica tornou-nos um entreposto ímpar no Estado, o que nos deu repartições centralizadas importantes

Então...”

(“A Gazeta de Botucatu”, de 27/09/1985)

Diário da Cuesta 4
Diário da Cuesta 5 “BOTUCATU: CIDADE DAS BOAS INDÚSTRIAS” - PREFEITURA MUNICIPAL DE BOTUCATU/A GAZETA DE BOTUCATU - 2008

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