Edição 1079

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Diário da Cuesta

NA DEFESA DO MEIO AMBIENTE E DA CIDADANIA EM

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O Dia Mundial do Livro é uma data escolhida pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) a fim de incentivar a leitura e homenagear os autores que nos fazem viajar ao longo de algumas (ou muitas) páginas. Indo além, a data nos ajuda também a refletir sobre os direitos legais de tais autores. Página 3

Shakespeare + Romeu e Julieta = O Romantismo na Literatura

William Shakespeare foi um poeta, dramaturgo e ator inglês, tido como o maior escritor do idioma inglês e o mais influente dramaturgo do mundo. É chamado frequentemente de Poeta Nacional da Inglaterra. Nasceu em Stratford-upon-Avon, no Reino Unido (abril de 1564) e faleceu em 23 de abril de 1616, também em Stratford-upon-Avon.

Assim, há mais de quatro séculos nascia um dos maiores gênios da literatura mundial. O trabalho criativo de Shakespeare revolucionou a história do teatro – da comédia à tragédia – e é considerado um dos mais influentes da literatura

E Romeu e Julieta é uma tragédia escrita em 1591 e 1595, nos primórdios da carreira literária de Shakespeare, sobre o amor de dois adolescentes cuja morte acaba unindo suas famílias, outrora em pé de guerra.

Romeu e Julieta representa um dos maiores clássicos da literatura mundial e uma das obras mais emblemáticas.

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Diário da Cuesta

ANO IV Nº 1079 TERÇA-FEIRA , 23 DE ABRIL DE 2024
BOTUCATU
como você!

a r t i g o LOVE STORY

ELDA MOSCOGLIATO

Acabamos de ler o romance de Eric Segal que se constitue no momento o “best-seller” mundial com uma tiragem, só no Brasil, de mais de trinta e cinco mil exemplares enfeixados em sete sucessivas edições. Levando-a à tela com fortes e mais acentuadas pinceladas de sentimentalismo o diretor cinematográfico Arthur Hiller conseguiu um estrondoso sucesso de bilheteria pois que reviveu para a nossa época sedenta de sentimentos nobres o romance “água com açúcar” tão combatido no começo do século como responsável pela formação de uma juventude sonhadora que trilhava o doce alheiamento do irrealismo, afastada totalmente do sentido objetivo e prático da vida.

a sociedade e a escola e relegaram o lar. Submergiu a juventude após duas grandes e devastadoras guerras na crista dos vagalhões que levaram de roldão os fortes alicerces de uma educação iniciada no lar, secundada na escola e complementada na sociedade. Mas essa escola de valores foi subestimada. Filosofias contraditórias e caducas ensejaram a rebeldia dos jovens manifestada na emancipação precocemente atingida, mergulhando a mocidade nas formas mais tristes e deprimentes em que vive nos nossos dias.

Por isso, o romance filmado agora, consegue um êxito sem par.

Romance e filme representam no momento, uma suave onda de amor, romantismo e beleza neste mundo contraditório e desconcertante em que se vive.

Porque desde há muito, invertidos na escala de valores, sobrepuseram-se

Levado à saturação o jovem de hoje, vítima de uma aculturação sedimentada em alicerces instáveis de uma moral flutuante e acomodatícia, mergulhou nesse ceticismo chocante e discutidor que se manifesta na chamada revolta contra tudo e contra todos.

Eric Segal, professor universitário de literatura comparada e de letras clássicas escreveu as cento e setenta e oito páginas traduzidas, baseado, segundo o noticiário, em um drama realmente acontecido. Fê-lo mais como roteiro de filme, rascunhando-o vinte e três vezes. A publicidade comercial tornou o “script” um elixir revitalizante do romance morto e transformou-o num “best-seller” sem qualquer dose de valor literário, tal como vem sendo friamente analisado pela crítica especializada. Mas calha certinho para aquele algo de irreal, de sonhador, de belo de que o mundo anda tão precisando.

O palavrão solto, a licenciosidade dos costumes universitários, o esforço para a frase feita compromentem em muito as credenciais do autor, mais surpreso ele do que alguém, do êxito livresco e financeiro da obra.

É um triste livro De leitura fácil e compreensão rasa Deve ser lido por todos pelo que suas páginas contém

como depoimento sobre uma época e pelo que elas não contém como obra definitivamente literária.

Há uma frase nas páginas finais do livro que revigoriza a moral básica e que lança subjetivamente um anátema sobre a filosofia reinante. A heroína já nos minutos finais da agonia, declara simplesmente: - “Pode fazer um enterro católico”.

Recebendo há pouco tempo em nossa casa, Isaura Leite Cesar, professora formada pela nossa Escola Normal e tornada hoje uma grande pesquisadora social, relatava-nos ela suas andanças pela Europa, em objetivo de estudo. Seu depoimento imparcial manifestava-se nas experiências captadas nos grandes centros educacionais e no que lhe foi dado observar na vida comunitária das Universidades. E remata ela: “Estejamos certos de que a juventude dentre dos desmandos em que firmou a sua emancipação, não chegará a transpor os trinta anos”.

Eric Segal começa seu romance assim: “Que se pode dizer sobre uma moça de vinte e cinco anos que morreu?”

O Diário da Cuesta não se responsabiliza por ideias e conceitos emitidos em artigos ou matérias assinadas, que expressem apenas o pensamento dos autores, não representando necessariamente a opinião da direção do jornal. A publicação se reserva o direito, por motivos de espaço e clareza, de resumir cartas, artigos e ensaios.

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Dia Mundial do Livro e dos Direitos de Autor

O Dia Mundial do Livro e dos Direitos de Autor assinala-se, anualmente, a 23 de abril. Este dia foi proclamado na 28.ª Conferência Geral da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), em 1995.

O propósito deste dia é encorajar a leitura e promover a proteção dos direitos de autor. Destaca-se ainda a importância dos livros enquanto elemento basilar da educação e do progresso de uma sociedade.

Esta data foi escolhida com base na lenda de São Jorge e o Dragão, adaptada para honrar a velha tradição catalã segundo a qual, neste dia, os cavaleiros oferecem às suas damas uma rosa vermelha de São Jorge (Sant Jordi) e recebem, em troca, um livro, testemunho das aventuras do heroico cavaleiro. Neste dia é, também, prestada homenagem à obra de grandes escritores, como Shakespeare, Cervantes e Inca Garcilaso de la Vega, falecidos em 1616, exatamente em abril.

Capital Mundial do Livro

A UNESCO designou Estrasburgo a Capital Mundial do Livro em 2024, destacando o facto de aquela cidade francesa usar o livro «como meio para enfrentar os desafios da coesão social e das alterações climáticas».

As cidades designadas como Capital Mundial do Livro da UNESCO comprometem-se a promover o livro e a leitura para todas as idades e grupos, dentro e fora das fronteiras nacionais, e a organizar um programa de atividades para o ano.

Celebrações Nacionais

A Direção-Geral do Livro, dos Arquivos e das Bibliotecas (DGLAB), em 2024, assinalam os 500 anos do nascimento de Camões, através de um cartaz comemorativo do Dia Mundial do Livro 2024.

Luís de Camões foi uma figura singular no universo das letras portuguesas e um dos poetas mais proeminentes da literatura mundial. Esta comemoração não reverencia apenas o legado literário do poeta, mas também pretende destacar a vastidão do seu conhecimento e a influência duradoura que exerce sobre as culturas de língua portuguesa em todo o mundo.

Diário da Cuesta 3

Momentos Felizes

RELÍQUIA

“ Relógios marcam as horas mas não apagam as memórias, levam umas e eternizam outras” (MIAKFOURI,2020,mai,11,Botucatu-SP)

O pai era comerciante de secos e molhados com loja de três portas, ramo varejista, na pequena cidade de Getulina/SP, na primeira metade do século vinte. A freguesia era constituída por moradores da cidade e das fazendas próximas e, em razão disso, havia um grande sortimento de materiais para a lavoura, onde eram encontradas enxadas Dragão e Duas Caras, foices, enxadão, machados, traçador – um tipo de serrote grande, bacias de alumínio, rastelos, cabos p/ machados e cabos p/enxadas, escavadeiras, carrinho de mão, peneiras grandes e pequenas, vassouras, gaiolas, sacos de açúcar refinado, cristalizado e mascavo, feijão e arroz, farinha de trigo e de mandioca, querosene, velas, lamparinas e lampiões de carbureto e Petromax. Varas de pesca, anzóis e linhas. Botinas, fumo de corda, tecidos de brim cáqui e caroá, chapéus de palha e de feltro Ramenzoni, sombrinhas e guarda-chuvas. No canto esquerdo do longo balcão um corote com água e um corote com pinga d’boa para os roceiros que se reuniam em finais das tardes, violeiros de plantão alegravam os presentes com modinhas nostálgicas e após, seguirem para suas modestas casas dos arredores onde não havia luz elétrica. Passarinhos faziam festa com a quirera que se espalhava em frente da loja. Dos sacos de açúcar mascavo brotava um melaço onde se juntavam abelhas domésticas produtoras de mel e cera. Essas lembranças chegam quando, visitando uma de suas remanescentes irmãs encontrou em uma das salas, no alto de uma parede, o velho e saudoso Relógio de pêndulo cuja marca ainda era bem visível atrás dos ponteiros, tratar-se do legítimo Kienzle, fabricado pelo alemão Jacob Kienzle (1859/1935) na Alemanha. Quando o pai possuía sua loja, o Relógio exibia sua beleza e regularidade das horas, no alto da parede central ao lado de um crucifixo. Por ele, com seu tique-taque cadenciado, os fregueses acertavam seus compromissos pelo som despertado pelas batidas de suas horas. O pai ficou alguns anos na cidade e depois foi permanente peregrino nos arrendamentos de pequenas glebas de terra para o cultivo do algodão, amendoim, café, milho, criação de gado e de outros animais. Para os lugares mais distantes que a grande família se deslocava, o Relógio era um objeto de estimação e inseparável. Ao rever com saudades o Relógio emudecido, lembrou-se das batidas regulares de suas horas. Além de sua moldura envernizada e sua caixa envidraçada foi possível encontrar uma chave,

chave que servia e ainda serve para dar cordas, uma para fazer andar os ponteiros, outra para fazer bater as horas. Por mais de sessenta anos trabalhou sem reclamar, porém, sua única exigência era de que alguém lhes acionasse as cordas, seu verdadeiro alimento. Para a família marcou os momentos mais felizes dos casamentos, nascimentos, batizados, dos lamentos baixinhos, o mesmo acontecendo nas horas das partidas e do adeus. Quando terminava esta crônica ouviu o relógio da Igreja bater seis pancadas, marcando as dezoito horas do dia, hora do Ângelus e ele fez uma prece de agradecimento ao Pai, por ter lhe concedido a oportunidade de reencontrar o Relógio que era de amor e estimação; - por ora mudo, mas tal e qual o da Igreja em seus áureos tempos de prestador de serviços à grande família, sempre impregnado de histórias e Saudades...

Diário da Cuesta 5
Roque Roberto Pires de Carvalho

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