Edição 1093

Page 1

Diário da Cuesta

Acompanhe as edições anteriores em: www.diariodacuesta.com.br

No jornalismo e na reconstrução histórica de uma cidade sempre existirão exemplos da criatividade artística na reconstrução honesta dos fatos. Página 2

VAMOS AJUDAR?!?

Botucatu está mais uma vez mostrando seu lado solidário, desta vez ajudando as vítimas das recentes enchentes no estado do Rio Grande do Sul.

Uma carreta da empresa Phenix encontra-se estacionada em frente à Catedral, servindo como ponto de coleta para donativos destinados à população gaúcha afetada por essa tragédia.

A campanha solidária está solicitando doações de itens essenciais, como produtos de limpeza, artigos de higiene pessoal e água potável, que são urgentemente necessários para apoiar as famílias atingidas.

Iniciada no último sábado, 4 de maio, a ação solidária continuará até o próximo fim de semana, com horário de recebimento diário até às 18h. está água

Sim! E com extrema criatividade...
NA DEFESA
MEIO AMBIENTE
DA
BOTUCATU ANO IV Nº 1093 QUINTA-FEIRA , 9 DE MAIO DE 2024
DO
E
CIDADANIA EM

OBRA DE ARTE NO JORNALISMO?!?

Sim

! E com extrema

Nos jornais que dirigi e em meus livros de história, entre tantos exemplos, 5 se destacam com a criatividade do saudoso mestre Vinicio Aloise e do Marco Antonio Spernega e Sebastião Pires Mendes 1

- O logotipo do JORNAL DE BOTUCATU, em 1980: Foi um sucesso em Botucatu. Pedimos ao Professor Vinicio Aloise - Mestre da Ilus tração - que eternizasse a Igrejinha de Santo Antônio, em Rubião Jr., como logotipo do jornal. Até meados dos anos 90, permaneceu como o melhor jornal e com a maior tiragem da cidade. Circulou até 2005/6;

2

- A DISPUTA NA PORTEIRA

- Esse histórico acontecimen to da disputa entre o colonizador e posseiro Joaquim Costa e o fazendeiro e proprietário das terras José Gomes Pinheiro. A Famosa Disputa da Porteira, consagrada por um dos maiores escritores botucatuenses e ilustrada pela pena mágica de Vinicio Aloise, procura retratar a disputa entre as partes. José Gomes Pinheiro fez um acordo e doou os terrenos em disputa. São considera-

criatividade...

dos os fundadores de Botucatu, segundo a versão oficial atual;

3 - A FAZENDA DO LAGEADO - Pedi ao Vinicio a “revitalização” de um dos retratos que definem a Fazenda do Lageado. Mas pedi que fosse um “retrato vivo” da fazenda, no seu auge quando produzia mais de 1 milhão de pés de café. E o Vinicio criou a ilustração que se tornou o PERFIL DA FAZENDA DO LAGEADO. Fiz desse magnífico trabalho a capa de meu livro “MEMÓRIAS DE BOTUCATU III”.

4

– O logotipo da revista Peabiru foi feito por José Sebastião Pires Mendes (Tião Mendes) que buscou no Brasão do Centenário de Botucatu a inspiração. E fez estilizado o Caminho do Peabiru, com as Três Pedras (os pés do Gigante Deitado).

5

- O logotipo do Diário da Cuesta foi uma criação do Marco Antonio Spernega que idealizou a Cuesta de Botucatu estilizada e com todo seu simbolismo: a escarpa e o verde representando as nossas matas e o azul do céu...

No jornalismo e na reconstrução histórica de uma cidade sempre existirão exemplos da criatividade artística na reconstrução honesta dos fatos. Com as ilustrações de Vinicio Aloise, Marco Antonio Spernega e José Sebastião Pires Mendes trazemos belos exemplos de “OBRA DE ARTE NO JORNALISMO”... É Registro Histórico! (AMD)

EXPEDIENTE

O Diário da Cuesta não se responsabiliza por ideias e conceitos emitidos em artigos ou matérias assinadas, que expressem apenas o pensamento dos autores, não representando necessariamente a opinião da direção do jornal. A publicação se reserva o direito, por motivos de espaço e clareza, de resumir cartas, artigos e ensaios.

Diário da Cuesta 2
EDITORAÇÃO
DIAGRAMAÇÃO: Gráfica Diagrama/ Edil
Contato@diariodacuesta.com.br Tels: 14.99745.6604 - 14. 991929689 NA DEFESA DO MEIO AMBIENTE E DA CIDADANIA EM BOTUCATU WEBJORNALISMO DIÁRIO
DIRETOR: Armando Moraes Delmanto
E
Gomes

FRANQUEZA

Vamos ser francos, salvo algumas exceções, a vida nunca esteve muito fácil. Se a gente quer conquistar alguma coisa, tem que ralar. Foi assim antes; é assim agora. Ganhar o grande prêmio da loteria é para alguns, que a gente só ouviu falar. Conhecer mesmo, raramente. Receber uma vultosa herança, pra não ter que fazer nada o resto da vida parece ser coisa virtual, não real. A gente vê essas coisas em filmes de ficção ou em notícias de fatos que ocorrem na Terra do Nunca. Nunca em nossa casa ou vizinhança.

Comigo foi assim. Com você também deve ter sido desse jeito, caro leitor. Você se arrebenta num trabalho, num projeto, que pode ou não dar certo. Se não dá certo, sua fama de incompetente rola o mundo. 'Eu já sabia...' Todos já sabiam, menos você. 'Eu bem que avisei aquele cara de que ele daria cabeçada.' Todos avisaram, só que deve ter sido em outra língua, porque você nunca ouviu coisa alguma. E o pior é quanto aparece aquele iluminado: 'Se ele tivesse me ouvido. Eu tenho experiência nesse caso.' Quando aparece alguém oferecendo ajuda, você fica desconfiado. Será que é ajuda ou é interesse?

Nasceu com aquilo voltado pra lua!' Você planeja, analisa prós e contras, avalia, trabalha que nem escravo e consegue aquilo que projetou. Ótimo! A conclusão é 'cara de sorte'. Sorte é o... Vamos deixar pra lá. Isso é pior que coice de mula. Melhor não enfrentar. Os danos serão terríveis. Desviar é a solução.

Pior de tudo é quando começa a ter a certeza de que algumas lutas ao longo de sua vida foram inúteis. Você cansou, feriu-se, arranjou alguns inimigos, e o resutado de tudo foi o fato de cansar-se, ferir-se e arranjar inimigos. O resto ficou tudo igual. Quer dizer: pra que serviram essas lutas? Pra não resolver coisa alguma. Pena que a gente perceba isso mais tarde, com a experiência, quando não tem jeito de consertar. Nem de concertar.

Mas se a coisa dá certo, raramente vem um elogio. Ainda bem que o advébio é raramente, e não nunca. A gente tem que ser justo. A gente não está totalmente só e abandonado neste mundo. Mas como eu ia dizendo, se a coisa dá certo, vêm línguas de trapo inconformadas. 'Mas que cara de sorte!

E quando esperam que você continue lutando 'para resolver os problemas do mundo'? Caramba! Minhas forças mal são suficientes para lutar por mim e por minha família. Como eu dizia para meus alunos, no final de minha carreira: Agora é a vez de vocês. Bem ou mal, está aí o mundo. Cabe a vocês melhorá-lo. Eu posso não ter ajudado muito, mas fiz o máximo que pude. Dei o melhor de mim. Como eu dizia aos meus alunos - tenho saudade deles - ninguém é obrigado a ser o melhor aluno da classe, mas tem obrigação de ser o melhor que pode ser. Posso não ter sido o melhor naquilo que fiz, mas fui o melhor que pude ser.

Ah se todos dessem o máximo de si para coisas boas! O mundo seria bem melhor, com certeza.

da Cuesta 3
Diário

“Quem tem, tem!”

JOSÉ MARIA BENEDITO LEONEL

Tem gente que lê o outro. Como assim? Eu não sei, mas tem gente que vê o outro por dentro, frestas por frestas, canto por canto.

Meu avô, tropeiro que foi e acho que meio bugre, de longe sabia se o cavaleiro estranho que chegava no nosso arruado era ou não o dono do cavalo ou se o cavalo era roubado. Ao menos, era o que diziam dele os antigos da minha infância.

Meu vô falava baixo, proseava pouco mas sabia, na rua de nossa vida e nas raias das corridas de cavalos, quem faria o tribofe, se fosse feito.

Quando ele falava " aí vai mal " ia mesmo. Se ele ouvisse um porquê , ele dizia " ela não gosta dele, uai". Ou vice-versa. Não sei como, mas ele sabia.

Isto posto, repito, tem gente que lê outro. Sei lá, mas há sinais, há olhares cúmplices, há meias palavras, há gestos alheios ao contexto que confessam fragilidades. E queiramos ou não, há muitos hás. E não há como negar, se pingo é letra, as reticências falam.

Quantas vezes ouvi e acolhi o discurso silencioso dos derrotados , o desdém falso dos traídos, os gritos íntimos dos que disfarçam. Fiz e faço isso talvez por empatia, por experiência de vida, por intuição, sei lá.

Lê o outro por dentro é mais que percepção. É vê o que ele não qué que se veja, sabe o que não é pra sê sabido, conhecê o que é segredo dele, invadir os porões das intimidades alheias.

Existe isso? Pode sê que sim, pode sê que não. Cada um sabe da sua transparência, até onde ela é inteira ou fatiada.

Essa areia aí é movediça e eu não troteio em cavalo redomão. Mas misturo bem essas cismas todas, sem desperdícios e sobras. O que é do destino que se cumpra.

Simples assim.

Diário da Cuesta 4

Diário da Cuesta

Expressão antiga que ainda usamos: “Me dá um barão”

A expressão é antiga, e hoje é jargão do nosso dia a dia, que utilizamos sem saber de sua origem. Ela remete a cédula de 1000 cruzeiros lançada pelo Banco Central em 1980, onde traz a estampa do Barão do Rio Branco, como essa efigie, idealizada pelo designer Aloísio Sérgio de Magalhães, com as figuras duplicadas invertidas era bem grande nessa cédula, passou a ser chamada de “cabeção”. Em 1981 ela foi remodelada reduzindo as efígies.

Nas cédulas, a figura do Barão do Rio Branco já é conhecida nas de réis lançadas pelo Banco do Brasil e Tesouro Nacional, temos a 5 mil réis de 1913 e novos modelos em 1923, 1924, 1930 e 1936. Na mudança de plano monetário para o cruzeiro, a cédula de 5 mil réis, de 1936 recebeu um carimbo (rosácea) em que passou a valer 5 Cruzeiros. Essas cédulas de réis eram assinadas (autografadas) uma a uma, por funcionários designados para esse fim.

Nosso Barão do Rio Branco voltou a aparecer nas cédulas de 5 Cruzeiros de 1943 (cor azul) autografadas e em 1950 numa segunda estampa, sendo as primeiras autografadas e posteriormente em 1953 já com as chancelas impressas na cédula.

José Maria da Silva Paranhos Júnior, esse era o nome do conhecido Barão do Rio Branco, nasceu no Rio de Janeiro, em 20 de abril de 1845 e faleceu em 10 de fevereiro de 1912, no Rio de Janeiro, foi advogado, diplomata, sendo esse o campo que mais se destacou, geógrafo, professor, jornalista e historiador. É o patrono da diplomacia brasileira e uma das figuras mais importantes da história do Brasil. Foi indicado ao Prêmio Nobel da Paz, em 1911.

Foi promotor público (1868), deputado geral (1868 a 1875) e posteriormente designado Cônsul-geral em Liverpool a partir de 1876, assumiu o Ministério das Relações Exteriores de 3 de dezembro de 1902 até sua morte, em 1912. Ocupou o cargo ao longo do mandato de quatro presidentes da república, sendo considerado uma unanimidade nacional em sua época. Recebeu o título de barão do Rio Branco, às vésperas do fim do período imperial, mas continuou a utilizar o título “Rio Branco” em sua assinatura mesmo após a proclamação da república, em 1889. Sua maior contribuição ao país foi a consolidação das fronteiras brasileiras, em especial por meio de processos de arbitramento ou de negociações, incorporando ao Brasil 900 mil quilômetros quadrados, destacando-se três questões de fronteiras:

1) Amapá: A Intrusão Francesa no Amapá, em maio de 1895, resultou em um massacre. Após o incidente, o Barão obteve uma vitória sobre a França sobre a fronteira do Amapá com a Guiana Francesa. A causa foi ganha pelo Brasil em 1900, numa arbitragem conduzida pelo presidente da Suíça, Walter Hauser. A fronteira foi definida no rio Oiapoque.

2) Palmas: Em 1895 assegurou para o Brasil boa parte do território dos estados de Santa Catarina e Paraná, em litígio contra a Argentina, no que ficou conhecido como a questão de Palmas. Essa primeira arbitragem foi decidida pelo presidente norte-americano Grover Cleveland.

3) Acre: Foi o prestígio obtido nesses dois casos que fez com que o presidente Rodrigues Alves escolhesse Paranhos para o posto máximo da diplomacia em 1902, quando o Brasil estava justamente envolvido em uma questão de fronteiras, desta vez com a Bolívia. Esta tentava arrendar uma parte do seu território a um consórcio empresarial anglo-americano. A terra não era reclamada pelo Brasil, mas era ocupada quase que integralmente por colonos brasileiros.

4) Em 1903, assinou com a Bolívia o tratado de Petrópolis, pondo fim ao conflito dos dois países em relação ao território do Acre, que passou a pertencer ao Brasil mediante compensação econômica e pequenas concessões territoriais. Esta é a mais conhecida obra diplomática de Rio Branco, cujo nome foi dado à capital daquele território (hoje estado) de Rio Branco. Em 1909, após 6 anos de negociação e tensões com o governo do Peru, assina o Tratado Velarde-Rio Branco, consolidando a posse brasileira do Acre perante o Peru.

O município de Paranhos, no Mato Grosso do Sul, localizado na fronteira com o Paraguai foi batizado em sua homenagem. Barão do Rio Branco tem seu nome em várias cidades, em praças, monumentos e vias públicas.

Em 1998 quando entrou em circulação a segunda família do Plano Real, o Barão do Rio Branco foi novamente homenageado tendo sua efigie na moeda de 50 centavos, que circulam até hoje, é o nosso barão agora nas moedas.

5

Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.