Diário da Cuesta
Turismo valorizado na terra da Cuesta de Botucatu
O Diário da Cuesta, na defesa do futuro de Botucatu, tem procurado exaltar e promover o turismo e as belezas naturais privilegiadas da CUESTA DE BOTUCATU. Sim, é um privilégio! Assim, em nossa primeira edição destacamos os mirantes naturais da CUESTA que possibilitam uma visão excepcional das Três Pedras e do Gigante Deitado e o projeto ousado e viável da futura Avenida Turística a ligar Vitoriana à Marechal Rondon pela CUESTA DE BOTUCATU. Da mesma forma, nosso webjornalismo diário tem procurado apresentar os pontos altos do turismo na região de Botucatu Parabéns, Prefeitura Municipal! AVANTE!
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BOTUCA
ANO IV Nº 1103 TERÇA-FEIRA , 21 DE MAIO DE 2024 Acompanhe as edições anteriores em: www.diariodacuesta.com.br
NA DEFESA DO MEIO AMBIENTE E DA CIDADANIA EM
TU
“Cuesta”de Botucatu - algumas anotações
Para muitos botucatuenses, a expressão “Cuesta”, utilizada para designar a chamada “Serra” de Botucatu, ainda soa estranha.
Assim identificada há mais de 60 anos, a expressão foi difundida nos meios científicos de nossa cidade na década de 50 pelo geógrafo Julierme de Abreu e Castro, mas foi somente em momento muito recente que a expressão se polarizou, mercê de sua utilização no texto da Lei Orgânica do Município, nas referências que se tem feito relativamente à questão ambiental e, principalmente, pelo seu uso na mídia regional.
Na realidade, não se trata efetivamente de uma “Serra”, mesmo no sentido que acostumamos conceituar, pois o desnível que se transpõe, vindos do leste em direção à barranca do Rio Paraná, não é compensado, a seguir, por outro declive abrupto, mas sim por uma inclinação suave de mais de 500 quilômetros de extensão, até a divisa de Mato Grosso do Sul. E “cuesta” é, na verdade, esse conjunto dissimétrico e não somente a sua escarpa voltada para Sudeste, com um desnível de 350 a 500 metros.
Morais Rego já reconhecera em 1932, ideia corroborada por Preston James oito anos depois. A expressão, de origem mexicana, fora entretanto popularizada pelo geógrafo francês Emmanuel De Martonne quando estudara, no início do Século XX, um sistema de relevo assemelhado, no nordeste da Espanha. Esse ilustre profissional fez parte do grupo de professores franceses que, em 1934, esteve no Brasil, quando da criação de nossos primeiros cursos de geografia, na Universidade de São Paulo. E não nos esqueçamos que, na primeira turma formada na USP estava a saudosa educadora bo-
A R T I G O
tucatuense, profa. Eunice de Almeida Pinto Chaves.
De Martonne registrara a existência da “cuesta” em viagem de estudo pela Estrada de Ferro Sorocabana. Chamava-lhe a atenção a majestosidade pois, essa mesma linha de declive percorre o Estado de São Paulo de Nordeste para Sudeste, mas, em lugar algum é tão saliente do que em nossa região. Para isso, fora identificada como “Cuesta” de Botucatu pelo velho Mestre. Suas anotações foram objeto de um trabalho publicado na internacional Annales de Geographie, quando o grande geógrafo já retornara a Paris, ocupando a Cátedra de Geografia na Sorbonne e na Université de Paris, sendo ainda Secretario Geral da União Geográfica Internacional.
Seu trabalho Morfologia do Brasil Tropical Atlântico identificava, como uma das principais de relevo do Brasil Oriental a “Cuesta””de Botucatu. Assim, em 1943, a REVISTA BRASILEIRA DE GEOGRAFIA, em seu número 4, ano V, oficialmente adotava a denominação de “cuesta” para essa forma típica de relevo existente no Estado de São Paulo e a denominação de BOTUCATU para o seu conjunto, proposta por De Martonne.
A CUESTA DE BOTUCATU, forma de relevo diferencial, com sua escarpa (a popular Serra) e o seu reverso, correspondente ao Planalto Ocidental Paulista formado por basaltos (rochas oriundas de derrames de lavas vulcânicas) e arenitos (inclusive o arenito típico de um período desértico, denominado Botucatu), começou a se formar há 400.000 anos.
Álvaro José de Souza – Acervo Peabiru
O turismo precisa crescer
A cidade dos bons ares tem muito a oferecer aos turistas que se aventurarem por aqui, mas também desenvolve grandes perspectivas futuras, podendo se beneficiar com o desenvolvimento turístico. Potencial não nos falta, pois as belezas naturais aparecem em cada canto.
Uma natureza ímpar, como a Cuesta que gera mais de noventa cachoeiras na região, além de recortes geográficos que já deixaram boquiabertos vários europeus e asiáticos que nos visitaram.
é pouco! Fortalecendo o Turismo, desde que um Turismo Sustentável, que mantenha essas belezas naturais e culturais bem conservadas, longe do capitalismo selvagem em nossa cidade e região, estaremos fortalecendo também a economia, atraindo capital e investimento, o que alimenta a geração de empregos, as vendas no comércio e o nosso orgulho por morarmos em um lugar tão especial.
RECADOURGENTE
1O
entorno da nossa Cuesta. Repercutiu bastante e de forma positiva a matéria sobre a Cuesta e seu aproveitamento ecológico e turístico. Não é de hoje que o entorno de nossa Cuesta continua a ser desrespeitado e invadido. As autoridades municipais, as ONGs e os defensores do meio ambiente PRECISAM realizar um trabalho conjunto para evitar que seja IRRECUPERÁVEL o estrago no que a natureza tão bem presenteou Botucatu. Atenção!!!
2“impressões digitais” de Botucatu. Sim, é indispensável uma mobilização cívica dos botucatuenses para que a cidade se resguarde em sua integridade e na integridade de seus valores mais importantes. Pois se a globalização é inevitável, também é verdade que na união das comunidades mobilizadas se consiga a preservação dos valores fundamentais de cada comunidade. E essa preservação é que vai determinar o que aceitamos da globalização, da nova “realidade” mundial que atropela os conceitos morais, intelectuais e religiosos. As mudanças estão vindo muito rapidamente e quem bobear (as cidades que dormirem passivamente em berço esplêndido...) será atropelado, ficando irremediavelmente para traz.
3O
tamanho da feira-livre da Praça da Catedral não justifica a sua realização naquele local. Poderia ser colocada na rua entre a Catedral e o Cardosinho (Grupo Escolar “Dr. Cardoso de Almeida”), causando menos transtorno para o trânsito dessa área tão importante.
4A
O Aquífero Guarani, com sua zona de recarga embaixo de nossos pés, rios e riachos para todo lado. Somos abençoados por tantas belezas e por uma cultura riquíssima, com Igrejas lindas, criações de saci, histórias do período do café e da escravatura, personagens que viraram filme, como o “Lawrence da Arábia”, o Conde de Serra Negra, que tinha uma torrefação de café em Paris e a arquitetura que tantas vezes passamos sem perceber a beleza.
Fazer de Botucatu uma cidade turística não depende de alguns, mas de todos, pois precisamos pensar e agir como moradores de uma cidade turística, abrindo o coração para quem nos visita. Um sorriso faz muita diferença.
Já temos um Conselho Municipal de Turismo (COMUTUR), que luta para que o turismo se torne uma realidade, podendo gerar renda e qualidade de vida para todos, mas é preciso que cada cidadão tome consciência dessa necessidade e de quantas melhorias isso pode gerar.
O turismo no Brasil é responsável pelo movimento de cinquenta outros segmentos da economia, oito por cento dos empregos e cinco por cento do Produto Interno Bruto. E isso não
Quando nos perguntarem sobre como é nossa cidade, podemos falar sobre o que temos de melhor a oferecer, como quando alguém que visita nossa casa: ficamos felizes quando saem com uma boa impressão. Assim é o turista, alguém que nos visita e conta para outros o quanto foi bem recebido aqui. Ofereceremos o que temos de melhor e em contra partida receberemos o prazer de perceber o seu sorriso e sua satisfação.
Como foi dito, não depende só de mim ou de você, mas de todos, fazer de nossa cidade dos Bons Ares um lugar melhor.
Crescimento econômico e qualidade de vida é apenas uma consequência disso.
Marcus Vinícius Moreno
ideia da transformação da Estação Rodoviária em Terminal Urbano ganha força através de parceria com a iniciativa privada, a Prefeitura poderia construir a futura Rodoviária na Castelinho ou no seu entorno, de modo a que mais linhas de ônibus possam fazer escalas em nossa rodoviária, pois quando localizadas em estradas estaduais não existe restrição para o aporte de outras empresas rodoviárias sem quebrar a “reserva de mercado” existente. Assim, teríamos condições de transporte para outras cidades e regiões que hoje não temos. É uma boa iniciativa a ser levada em frente.
EXPEDIENTE
DIRETOR: Armando Moraes Delmanto
EDITORAÇÃO E DIAGRAMAÇÃO:
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Diário da Cuesta
Contato@diariodacuesta com br Tels: 14.99745.6604 - 14. 991929689
Gráfica Diagrama/ Edil Gomes
NA DEFESA DO MEIO AMBIENTE E DA CIDADANIA EM BOTUCATU WEBJORNALISMO DIÁRIO
R T I G O
A
“Point” da Avenida Turística da Cuesta de Botucatu
Nessa ligação que acompanha todo o traçado da CUESTA, temos uma das mais incríveis vistas da paisagem mística que embelezou a nossa região. E no trajeto, existem pontos onde a visibilidade é magnífica, deixando nítido o degrau que caracteriza a CUESTA na imponência da sua ESCARPA.
Já atua turisticamente na região, entre outras, a empresa NA BASE DA NUVEM. O próprio nome já diz: uma base natural a se prestar, com perfeição, como “point” privilegiado para se apreciar e se encantar com natureza, as montanhas e, com destaque, com as TRÊS PEDRAS que são os PÉS DO GIGANTE DEITADO tão apreciado por quem admira a paisagem da CUESTA, em Pardinho.
É grande a demanda de turistas e moradores da região para esse passeio que conta com uma programação aprovada: sai de Botucatu e segue para o TOPO da CUESTA. Com pessoal especializado, da RAMPA DA BASE DA NUVEM, pratica-se os esportes radicais, o VOO LIVRE DE PARAPENTE, além de passeios e voos duplos com instrutor habilitado, chegando até a
USINA INDIANA. No trajeto de 5 Km, uma caminhada passando pela Cachoeira Indiana, com almoço com comida regional (Restaurante Rural Espaço Indiana).
A parceria com a Secretaria Adjunta de Turismo de Botucatu já está aprovada e é sucesso. Mas, uma atuação mais ampla do Poder Público é necessária. Obras e ocupações irregulares põem em risco a preservação ecológica da CUESTA. Esse disciplinamento urbanístico é fundamental num planejamento sustentável da natureza. É preciso que seja criado um mirante pela Prefeitura em parceria com a iniciativa privada, com estacionamento, áreas de lazer, restaurantes, quiosque
(ilustração de Vinício Aloiseao pé do Gigante, as Três Pedras)
turístico, com implantação de uma TIROLEZA e, também, de um TELEFÉRICO! Tudo com rígida proteção ambiental. Não pode continuar com essa demanda grande de visitantes sem os cuidados necessários.
Esse deverá ser o grande empreendimento turístico a alavancar o turismo/ aventura em nosso POLO DA CUESTA. Botucatu, Bo-
fete e Pardinho precisam promover, divulgar e conservar suas belezas naturais, AS TRÊS PEDRAS, O GIGANTE DEITADO, A PEDRA DO ÍNDIO, A CACHOEIRA DA USINA INDIANA e tantos outros “points”’ que estão sendo criados pela inciativa privada.
SUCESSO! BOM PASSEIO NA TERRA DA AVENTURA!
Diário da Cuesta 3
O
DEITADO
O GIGANTE
A R T I G O “Linhagem feminina”
Maria de Lourdes Camilo de Souza
Bisavó Constatina, vovó Angelina com minha irmã Angela no colo, minha mãe Yolanda e eu estamos nas fotos.
E de cada uma delas trago algo em mim gravado.
Da Nonna italiana tenho o sangue italiano, por certo um pouco mesclado.
Ela era muito bonitinha com seu rostinho redondo e magro e aqueles olhinhos azuis encravados como dois botõezinhos. Lembro-me até hoje do seu cheiro, seu carinho. Seus chinelos de lã para manter os pés quentinhos e o vestido longo de gola redonda, estampado de pequenas florzinhas, sobre ele o avental com grandes bolsos, sempre cheios de balinhas azedinhas finas.
Da avó Angelina tenho um pouco de seus traços, e hoje os cabelos brancos. Da minha mãe Yolanda me deu a vida e muito dos seus dons. Mas não herdei a sua beleza suave e a linda voz.
E da minha irmã Angela tenho o nome, pois quando nasci ela tinha dois anos, e perguntaram: como este bebê vai se chamar? e ela no seu tatibitati respondeu: Maia di Ude, e ganhei o nome de Maria de Lourdes.
Quando era menina, tinha uma idéia fixa que eu era filha da minha Tia Lourdes, mas, que tinha sido criada pela minha mãe, porque todos diziam que eu era a cara dela, e ainda tinha o nome.
Quando Vó Angelina já idosa vinha nos visitar em nossa casa, achava lindos os seus cabelinhos branquinhos, longos e macios como seda . Adorava penteá-la devagarinho com um pente de dentes separados e depois fazer o coque na altura da sua nuca, e prender com grampos, tinha que ter cuidado para não machucar seu couro cabeludo.
Ela tinha as mãozinhas pequenas, os dedinhos já tortos, eu lixava suas unhas e passava esmalte, dizendo vamos deixar a vovó bonitinha. Ela agradecia pegando meu rosto com as duas mãos e dava um beijo estalado em cada bochecha dizendo : - minha bonita, linda!
Muitas vezes estávamos sentados a mesa de jantar conversando, e ela ficava passando a mão na toalha de mesa e como se estivesse preparando um tecido para as suas costuras, plissava formando pregas, e delineando-as firmava com as unhas, no seu jeito de costurar. Depois desmanchava e a toalha ficava plissada perto de suas mãos. Eu gostava de olhar essa atividade inconsciente de suas mãozinhas manchadas, e cheias de veias. aparentes.
Quando minha mãe ficou idosa também penteava seus cabelos. Uma vez por mês, a Angela levava minha mãe no Riellis para pintar e cortar os cabelos. Quando ela chegava eu brincava dizendo: quem é essa mulher
bonita aí? Acho que trocaram a minha mãe lá no cabeleireiro. E ela me sorria feliz.
Encontro em mim alguma marca das minhas ancestrais e me orgulho de descender dessas mulheres fortes, bonitas, batalhadoras.
Diário da Cuesta 4
Momentos Felizes
VOZES AO FINAL DA TARDE
Andar pela cidade era um dos prazeres de que ele mais gostava.
Sabia que ao caminhar pelas manhãs poderia olhar o céu ainda sem muitas nuvens; jardins, ruas e calçadas ainda umedecidas pelo orvalho e sereno da noite proporcionavam infinitas alegrias de viver, viver com aquele ar puro e o barulho inicial dos pássaros madrugadores. Ao caminhar nas tardes, com os últimos raios de sol ele se aproximava dos jardins conferindo o retorno dos pássaros migratórios às suas árvores prediletas. Na tarde de uma segunda- feira na pracinha da cidade em bairro movimentado, notou um grupo de pessoas que se preparava para entoar cânticos, seguramente cânticos religiosos. Aproximando-se mais queria apreciar o que estava para acontecer.
Não só para acontecer como também para alegrar aquele espaço de jardim com seus cânticos maravilhosos Aproximadamente 15 pessoas se apresentavam naquela tarde para em combinações de vozes harmonizarem suas qualidades de cantores anônimos.
Ao sabor das vozes, ele colocou em prática sua imaginação refletindo sobre a beleza da vida e esquecendo-se por alguns momentos suas saudades.
As canções entoadas eram ouvidas com o maior respeito pelos presentes, vozes masculinas e femininas com suas entonações características permitiam sonhar de olhos abertos e atenciosos. Foram apenas cinco canções, poucas em quantidade mas infinitas na distribuição da paz naquele local que já começava receber as primeiras luzes da noite e o perfume das
Roque Roberto Pires de Carvalho
rosas de um canteiro bem próximo.
As canções apresentadas e de caráter reflexivo, ofereciam para o homem comum a oportunidade de dialogar em silêncio com o Criador de todo o Universo; ele, não muito estranho ao grupo de cantores, compartilhava das alegrias que nasciam de suas vozes, olhava ao seu redor e rendia graças e louvores por participar daqueles momentos felizes naquele final de tarde.
Foi encantador ver aquele grupo com suas vozes, seus cânticos e suas preces propagando a glória de Deus. Que eles continuem assim, cantando com alegria sob a regência de uma Maestrina e que, suas vozes harmoniosas, sejam ouvidas por todos e em todos os momentos. Não se conteve, indagou de um dos presentes se sabia o nome daquele grupo e ficou sabendo tratar- se do Coral Caminho da Luz...
Em passos lerdos e cadenciados, ele foi deixando a pracinha. Estava feliz, mais leve e mais esperançoso. Em sua memória carregava os cânticos ouvidos, aguçando sua sensibilidade para as belezas do mundo e de toda natureza. Rente ao horizonte não se via mais os raios do sol; a estrela Vésper diamantina já exibia sua beleza desafiando a exuberância de uma lua cheia... estava começando a noite do dia 31 de dezembro de 2017....
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Diário da Cuesta