Diário da Cuesta
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foi um dos principais artistas da segunda geração da arte moderna brasileira. Ganhou destaque com pinturas de casas e bandeirinhas de festas juninas (sua marca registrada). Nasceu na charmosa cidade de Lucca (Itália) em 1896 (14/04) e veio para o Brasil com sua humilde família quando ainda era um bebê. Faleceu em 28 de maio de 1988. Teve uma trajetória singular, pautada por sua paciência e pelo apego à família. Jamais perdeu o sotaque italiano e nunca quis se naturalizar para tentar se manter ligado com suas raízes europeias.
Tinha quase 50 anos quando fez sua primeira exposição individual e pintou por quase sete décadas. Com certeza, Alfredo Volpi foi um artista muito mais do que o pintor das bandeirinhas.
Leia a Leitura Dinâmica, pág. 4
Em Sessão Solene da Congregação realizada no dia 24 de maio, na Fazenda Experimental Lageado “Presidente Emílio Garrastazu Medici”, a Faculdade de Ciências Agronômicas (FCA) da UNESP, câmpus de Botucatu, comemorou seus 59 anos de atividades.
A solenidade contou com a presença do Professor Edson Antonio Capello de Souza, pró-reitor de Planejamento Estratégico e Gestão, representando o Reitor da Unesp, Professor Pasqual Barretti; dos professores Dirceu Maximino Fernandes, Diretor da FCA; Caio Antonio Carbonari, vice-diretor da FCA; Cezinande de Meira, Diretor da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Unesp; Pedro Luiz Toledo de Arruda Lourenção, vice-diretor da Faculdade de Medicina da Unesp; Willian Fernando Zambuzzi, vice-diretor do Instituto de Biociências; Carlos Frederico Wilcken, representando os ex-diretores da FCA e Julio Nakagawa, Professor Emérito da FCA.
Após o juramento de cada um dos cursos e a colação de grau dos formandos, os servidores docentes e técnico-administrativos que completaram 30 e 35 nos de trabalho na FCA foram homenageados com o diploma de “Honra ao Mérito”. (Tribuna de Botucatu)
José Maria Benedito Leonel
- Nossa tarefa é plantá. Se vai tê colheita, só Deus sabe.
- É isso mesmo.
Assim proseava o pai e seu parceiro de luta, o Chico Pequeno Guardei a prosa. Então vamos lá. Penso que meus netos, que estudam em renomadas escolas, precisam saber que todas as crianças do mundo tem fome, sede, frio, medo, vontades e amores.
Mas não é só saber. É preciso ter
convicção dessas coisas e fazer delas cláusulas pétreas no coração, amá-las e defendê-las.
E é preciso que meus filhos busquem garantir o que é essencial nas suas mesas e nas mesas de quem dependam deles. Que meus filhos saibam que o quê dói em mim, dói no outro, que as lágrimas não são doces pra ninguém.
Saibam eles, meus filhos e netos, que não são os degraus da sociedade que separam os humanos, mas sim o que trazemos dentro de nós.
Acredito mesmo nisso? Acredito! Às vezes fico meio sozinho, meio perdido, meio zonzo, mas não mudo minha crença.
Acredito no humano do ser humano. Parece-me que é preciso escolher o que se planta nas terras dos corações. Não se colhe amoras plantando joás. Simples assim.
EXPEDIENTE
DIRETOR: Armando Moraes Delmanto
EDITORAÇÃO E DIAGRAMAÇÃO: Gráfica Diagrama/ Edil Gomes
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Hoje acordei imaginando um grande novelo etéreo de fios dourados e tomando da agulha, iniciava a tecer uma estória.
Inicialmente ia desenhando paisagens, delas ia criando uma estrada que seguia os rumos da infância.
Dos pontos apertados surgiam florestas com os mais variados tipos de árvores, jardins floridos a beira das águas límpidas de um rio.
Virando a curva via surgir o casario seguindo reto se via a imponente igreja, rodeada de flamboyants tingidos de flores vermelhas esvoaçando ao sabor do vento.
No céu muito azul, salpicado de nuvens alguns pássaros formando uma seta, alegres cantarolando e seguindo para novos rumos.
Das tramas douradas se desenhavam ruas de algumas casinhas brancas com janelinhas azuis, quebradas pelas amarelas de jardins muito verdes.
Na esquina a Padaria com suas vitrines mostrando os diversos e deliciosos pãezinhos e bolos enfeitados dos glacês coloridos, indo pela calçada irregular ia dar no portão da casa simples e sem pintura.
Passando pela casa da Itália, amiga da minha mãe de portão baixo de ferro preto, um corredor de folhagens variadas dava na sua área envidraçada, ela surgia com sua cara grande, com um grande sorriso mostrando dentes grandes e separados na frente.
Enxugando as mãos úmidas no avental xadrez, seguida do Tone, seu marido.
Cumprimentava alegre e seguíamos.
Naquela calçada, de piso desigual, brincando de amarelinha, me estabaquei tropeçando, e cai de cara no chão, entre as risadas das crianças e um mar de sangue saiu do meu nariz quebrado.
Vó Angelina segurando diante de mim uma bacia de metal prateado, e tentando me consolar.
E me dizia fique de cabeça levantada que já vai passar, e eu ficava olhando o forro de madeira pintado de bege, alguns pontos escuros dos pregos seguindo desigual que as goteiras formaram.
Vô Gijo passava olhando assustado.
Horas depois chegava a Nona Constantina, que da porta já disparava um : Mária Vérgine! E punha as mãozinhas calosas de dedinhos tortos pela artrite reumatoide no rosto.
Os olhinhos azuis esbugalhados, atrás dos óculos de aro fino, lentes arredondadas.
Vinha seguida dos meus primos e primas. Formava aquele alvoroço quando, dos grandes bolsos do avental cinzento que cobria seu vestido de preto com florzinhas coloridas miúdas, tiravam um pacote de balinhas azedinhas verdes, amarelas, vermelhas.
Do fogão a lenha na cozinha exalava o cheiro do tacho, onde fervia o molho de tomates com manjericão.
Na mesa de madeira cheia de farinha ainda tinha uns pedacinhos de macarrão que secavam pendurados no varal lá no enorme quintal, ao lado da mesa de marcenaria do Vovô.
Tio Carlos falastrão e sorridente pegando um miolo de pão chuchava o molho, logo sendo afastado de perto do fogão, pela minha mãe que rindo dizia: espere pelo almoço, seu comilão.
E uma grande colcha dourada ia saindo das agulhas e urdidas pela memória.
1–
Volpi começou em 1925 sua atuação artística ao vender um quadro sobre sua irmã: “Minha irmã costurando”. Somente em 1944, com 48 anos, realizou sua primeira exposição individual. Em 1953, na 2ª Bienal de São Paulo foi escolhido como o melhor pintor do Brasil ao lado de Di Cavalcanti.
2–
Sempre pintava sob a luz do sol, gostava de pintar ao ar livre... Nunca fazia o movimento de vai e vem com o pincel. Adorava pintar temas religiosos, com igrejas e madonas.
3–
Embora estigmatizado como o pintor das bandeirinhas, Volpi teve várias temáticas durante sua longa vida artística: paisagens, marinhas, casas, fachadas dos casarios, retratos, igrejas e catedrais.
4–
Foi um poeta na pintura... Reconhecido mundialmente por sua criatividade e pintura viva e multicolorida, alegra a todos que apreciam seu trabalho. É um orgulho esse pintor ítalo-brasileiro!
A estação quente do verão tinha acabado já fazia alguns dias. A entrada do outono, temperatura amena e noites de ventos suaves levavam para longe seus pensamentos saudosos. Em suas lembranças, uma gatinha de nome Pelota ronronava sobre um tapetinho amarelo colocado aos pés da cama. Nas manhãs ensolaradas era fácil ouvir seus miados pedindo seu pratinho de ração. Agora não vendo e não ouvindo mais seu caminhar dengoso e manhoso, a casa grande se enche também de um grande vazio... São instantes em que o ouro da vida parece evaporar-se, como o
Roque Roberto Pires de Carvalho
coração de um avarento, ao perder a derradeira moeda conquistada. No jardim, tico-ticos e rolinhas-carijós bicam restos de quirera e saltam de galho em galho. Está começando o poente, o sol vai perdendo o seu vermelhaço deixando uma luz rósea inundar o céu. A beleza da tarde torna eterno o transitório momento que passa. Pelota percebe essas mudanças, procura sua almofada predileta, sentindo que vai desaparecer com ela a beleza da tarde ...