Diário da Cuesta
NA DEFESA DO MEIO AMBIENTE E DA CIDADANIA EM BOTUCATU
Acompanhe as edições anteriores em: www.diariodacuesta.com.br
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É extremamente prazeroso fazer um trabalho como este. Pelo tema e pelo conteúdo. É praticamente uma revisitação à história de nossa língua, um olhar atento à construção da cidadania brasileira (dia 10 de junho é comemorado como o Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas).
O destino do Brasil, já o dissemos na edição da revista cultural Peabiru n°24, de maio/junho de 2008, dedicada a Dom João VI, nas comemorações dos 200 Anos da redescoberta do Brasil (1808/2008), estava ligado a Portugal. O nosso Descobrimento, em 1500. A nossa Redescoberta, em 1808! Sim, redescoberta! Porque o Brasil passou a ter outro destino após a vinda de Dom João VI e de toda a corte portuguesa para o nosso país De colônia, passamos a sede do Reino Português. Todo o progresso daí advindo (Faculdade de Medicina, Biblioteca Nacional, os portos abertos, os costumes europeus, etc.) moldou uma Nação especial: unida, mesma língua, com território continental, objetivos definidos que levariam à implantação do Império Brasileiro, com Dom Pedro I. E todos sabemos, pois é da nossa história, que D. Pedro I teve que abdicar do trono brasileiro a favor de seu filho D. Pedro II, pois o trono de Portugal, destinado a sua filha - futura rainha D. Maria II - , havia sido usurpado por seu irmão D.Miguel. E foi tão carinhoso e determinado o apoio que recebeu da população portuguesa ao desembarcar no Porto, em 1832, que o ex-Imperador do Brasil, Dom Pedro I (Dom Pedro IV, de Portugal), em reconhecimento, deixou, após sua morte, seu coração, que se encontra encerrado numa urna de prata, na Igreja da Lapa, na cidade do Porto.
No dia 10 Junho, na Casa de Portugal, o orador convidado, Armando Moraes Delmanto, proferiu um discurso onde buscou, exaltando Camões - como a alma de Portugal! -, historiar a importância da construção da língua portuguesa, sendo hoje língua oficial em 8 países:
“Falar de Camões e de Portugal com o sobrenome Delmanto pode parecer estranho. Mas, não é. É que tenho também o Moraes que já é brasileiro desde o Império, mas que veio de PORTUGAL, da região de Viseu.
E tem mais, sendo Delmanto de origem italiana e Moraes de origem portuguesa, existem mais semelhanças entre as duas origens do que se possa imaginar.
O ITALIANO originou-se do LATIM VULGAR pela criatividade de um grande POETA : DANTE ALIGUIERI.
O PORTUGUÊS também originou-se do LATIM VULGAR pela criatividade de outro grande POETA: LUÍS VAZ DE CAMÕES.
Na Itália, na Idade Média, o grande e genial poeta Dante Aliguieri, escreveu no dialeto de Florença, região da Toscana, norte da Itália, “A DIVINA COMÉDIA”, que definiu o idioma italiano moderno. A península itálica nessa época era um mosaico de pequenos reinos, com dialetos próprios, que não compartilhavam sequer a mesma língua e cultura. No Império Romano, falava-se o latim clássico e o latim vulgar, este falado pelos soldados e pelos povos dominados. E Dante Aliguieri preferiu escrever sua obra no dialeto de Florença ao invés do latim vulgar. E acertou. Estava criado o idioma italiano moderno. Em Portugal, também primeiro se fala-
EXPEDIENTE
va o latim vulgar, que foi introduzido na Lusitânia pela conquista da Península Ibérica pelo Império Romano.
A língua portuguesa teve uma evolução do Latim para o Português de hoje:
1-) Latim Lusitânico (falado na Lusitânia) que vai até o século V;
2-) Romanço Lusitânico (falado na Lusitânia), que vai do século V ao século IX. Sendo que o português ainda não existia; 3-) Português Proto-histórico -que vai do século IX ao século XII. Nessa época o português já existe como língua falada, não, porém, como língua escrita;
4-) Português Arcaico - do século XII ao século XVI;
5-) Português Moderno - do século XVI até hoje
“OS LUSÍADAS” é o marco divisor mais importante a separar a época arcaica da época moderna. Este poema épico de Camões é mundialmente reconhecido.
A obra “OS LUSÍADAS” representa o Português Moderno !
Hoje, o PORTUGUÊS é falado por mais de 260milhões de pessoas, sendo o 5° Idioma mais falado em todo o mundo!
A obra “OS LUSÍADAS” é considerada a epopéia portuguesa por excelência. Seu próprio título já sugere suas intenções nacionalistas, sendo derivado da antiga denominação romana de Portugal, Lusitânia. É um dos mais importantes épicos da época moderna devido à sua grandeza e universalidade. A epopéia narra a história de Vasco da Gama e dos heróis portugueses que navegaram em torno do Cabo da Boa Esperança e abriram uma nova rota para a índia.
A intuição da alma popular portuguesa encontrou em CAMÕES o representante de uma literatura inteira e a síntese da nacio-
DIRETOR: Armando Moraes Delmanto
EDITORAÇÃO E DIAGRAMAÇÃO: Gráfica Diagrama/ Edil Gomes
nalidade No TRICENTENÁRIO da morte do poeta, em 10 de junho de 1880, toda a população de PORTUGAL já se alinhava no preito à memória do homem que foi a síntese grandiosa da alma portuguesa.
E o Brasil, durante o 2° Império, não poderia ficar ausente. O “Hino Triunfal a Camões”, foi composto, nesse ano, o ano do TRICENTENÁRIO, pelo maior compositor brasileiro: CARLOS GOMES! LUÍS VAZ DE CAMÕES, nasceu provavelmente em Lisboa, por volta de 1524 e faleceu nessa mesma cidade em 10 de junho de 1580.
“Os Lusíadas” é um poema épico dividido em dez cantos repartidos em oitavas. O poema começa assim:
Canto I - Lusíadas
“As armas e os barões assinalados Que, da ocidental praia lusitana, Por mares nunca de antes navegados Passaram ainda além da Taprobana, Em perigos e guerras esforçados, Mais do que prometia a força humana, E entre gente remota edificaram Novo reino, que tanto sublimaram.”
Além da grande obra “OS LUSÍADAS”, Luiz Vaz de Camões escreveu poesias líricas e peças teatrais. Quem de nós não tem sempre em mente o...
“Alma minha gentil, que te partiste Tão cedo desta vida descontente, Repousa lá no céu eternamente, E viva eu cá na terra sempre triste.”
É, com justiça, considerado o maior poeta da língua portuguesa e um dos maiores da literatura mundial.
Desde 1924 é comemorado o Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, oficializando o dia 10 de junho, dia do falecimento de Camões, como a data das comemorações.
E a Câmara Municipal de Botucatu oficializou o 10 de junho também como o Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, numa iniciativa do Vereador Fontão Ao saudar a Comissão Organizadora deste evento, nas pessoas de Isabel Maria Cardoso Benine, Maria de Lourdes da Graça Macoris e Terezinha Silveira Lima de Luca, queremos apresentar os nossos cumprimentos ao EXMO. SR. MANUEL ROSA CARDOSO - competente e dinâmico CÔNSUL DE PORTUGAL EM BOTUCATU HÁ QUASE MEIO SÉCULO!!! e grande amigo da comunidade botucatuense!
Salve, Portugal!
Salve, Camões!
Salve, as Comunidades Portuguesas! Muito obrigado. !” (AMD).
O Diário da Cuesta não se responsabiliza por ideias e conceitos emitidos em artigos ou matérias assinadas, que expressem apenas o pensamento dos autores, não representando necessariamente a opinião da direção do jornal. A publicação se reserva o direito, por motivos de espaço e clareza, de resumir cartas, artigos e ensaios.
Eduardo J. R. Santos, Universidade de Coimbra
Outrora foi dia de Camões, de Portugal e da Raça… Também, suplementarmente, dia do Santo Anjo da Guarda de Portugal, que segundo rezam os crédulos apareceu em Fátima.
Hoje também se comemora o dia das Forças Armadas Portuguesas, para seu consolo, pois tão depauperadas estão, que já não conseguiam fazer outra revolução.
Dia de Portugal: mas é mesmo? Ainda existimos? Hoje num mundo onde os estados-nação desapareceram e apenas temos macrorregiões globalizadas, onde a Europa reina a partir da Alemanha, que impõe tratados económicos, cuja única ideologia é o do controlo financeiro totalitário da soberania dos países europeus, e das suas leis constitucionais, o que resta?
O que é Portugal? Uma loja dos trezentos em que a China nos transformou, um paraíso fiscal para os generais angolanos? Uma ampliada Olivença espanhola?
E o que é a Europa? Um sítio onde um dia se destroem muros e mais tarde se constroem outros de arame farpado e miséria? Onde muitos membros da EU querem agora fugir? É um mundo à deriva, onde os fluxos financeiros de dinheiro sujo deixaram de ter regulação e punição, onde os fluxos humanos de refugiados e migrantes se tornaram num inferno dantesco.
E agora Portugal? Fazer como dantes? Venderes-te uma vez mais aos USA e à NATO, agora que a guerra fria dos ocidentes com a Rússia voltou, e o Islão entrou em caos completo. Já o fizeste antes, pois não “estávamos orgulhosamente sós”, como mentia Salazar: deram-te 48 anos de fascismo, quando o mundo clamava por democracia, deram-te a colonização vergonhosa de África, pois havia outros “amigos”, como a África do Sul, a Rodésia, o Zaire, etc. E em troca ofereceste as nossas ilhas açorianas… como alvo, entre outros bens.
Mas fizeste uma Revolução depois… Parabéns! E agora?
Dia de Camões, também: um arquétipo bem português! Ele que morreu injustiçado e pobre, génio da literatura e poesia mundiais, glorificado como herói depois de morto… Eis a atual situação da cultura e da ciência no nosso país.
Dia das Comunidades Portuguesas, ou daqueles que para terem um mínimo de dignidade tiveram de migrar sem vontade? Pois se há vocação, que se façam as malas, mas não deste modo lamentável, enquanto se convidam corruptos estrangeiros para aplicarem as suas fortunas à beira-mar…
Mas o espetáculo continua: ontem voou para o Euro 2016 a seleção portuguesa de futebol, em busca da quimera do campeão. Partiu num avião da TAP, que já não é companhia na-
cional, de nome Eusébio, e cujo comandante se chamava Viriato!!! Simbólica caravela… Ao pormenor a encenação… Vamos, na tarefa nobre de, em terras francesas martirizadas pelo terrorismo e pelas políticas do seu governo, engalanar a montra bilionária de um desporto ferido de morte por atos criminosos. Enquanto se chutam bolas e milhões, bem perto morrem afogados milhares de refugiados do terrorismo
Para esses, a Europa não tem solução, passa a bola à Turquia, da NATO ora bem. Pois como se pode ser a solução de algo, quando se é parte integrante do problema???
Se gosto de Portugal? Amo-o! E por isso, luto aqui e em toda a parte por ele, para que, no meio de uma desastrosa e anedótica ignorância histórica de muitos portugueses, possamos vencer o verdadeiro jogo, o único que interessa, o da Vida!
Não o de muitos políticos, dirigentes, patrões, sindicalistas, e outras “raças”, que não passam de gente de 3ª classe, como bem nos lembra o livro de leitura no tempo do fascismo!
Camões, sim: também ele se indignou com o seu El-Rei D. Sebastião, e contra o poder político perverso. Do Canto IX da Ilha dos Amores, ficam estas três estrofes:
27
E vê do mundo todo os principais Que nenhum no bem púbrico imagina; Vê neles que não têm amor a mais Que a si sòmente, e a quem Filáucia ensina; Vê que esses que frequentam os reais Paços, por verdadeira e sã doutrina Vendem adulação, que mal consente Mondar-se o novo trigo florecente.
28
Vê que aqueles que devem à pobreza
Amor divino, e ao povo caridade, Amam sòmente mandos e riqueza, Simulando justiça e integridade; Da feia tirania e de aspereza
Fazem direito e vã severidade; Leis em favor do Rei se estabelecem, As em favor do povo só perecem.
29
Vê, enfim, que ninguém ama o que deve, Senão o que sòmente mal deseja.
Não quer que tanto tempo se releve
O castigo que duro e justo seja.
Seus ministros ajunta, por que leve Exércitos conformes à peleja
Que espera ter co a mal regida gente
Que lhe não for agora obediente.
1
– Camões é o grande e emblemático poeta, considerado o maior escritor do Classicismo. Além disso, ele é apontado como um dos maiores representantes da literatura mundial. Autor do poema épico “Os Lusíadas”, revelou grande sensibilidade para escrever sobre dramas humanos, sejam amorosos ou existenciais
2– Os restos mortais do autor de “Os Lusíadas” foram transladados em 1880 para o Mosteiro dos Jerônimos...
3
– O Padrão dos Descobrimentos localiza-se na freguesia de Belém, na cidade e Distrito de Lisboa, em Portugal. A concepção arquitetônica é de Cottinelli Telmo e as esculturas são de Leopoldo de Almeida. Wikipédia.
4
– Em 2010, as solenidades do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas foram solenemente comemoradas no Consulado Honorário Português de Botucatu, tendo à frente o carisma e a dedicação do saudoso Sr. Manuel Rosa Cardoso que desde o ano de 1965 esteve à frente do Consulado. Foram 45 anos de dedicação e de resguardo das tradições da Colônia Portuguesa de Botucatu
5– IMAGENS DE PORTUGAL, na edição histórica da Revista PEABIRU dedicada às comemorações do DIA DE PORTUGAL, DE CAMÕES E DAS COMUNIDADES PORTUGUESAS, em 10 de junho!