FRANZ KAFKA
Considerado o mais influente escritor do Século XX!
(nasceu em Praga, em 03/Julho/1883 * faleceu na Áustria em 03/Junho/1924)
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Famosa Ponte Carlos/Praga
Praga sempre soube homenagear seus valores. Por toda essa maravilhosa cidade do Leste Europeu se respira a cultura revolucionária de Franz Kafka! Com praça pública, com busto, com estátua e com um completo museu, lá está o orgulho por Franz Kafka.
Diário da Cuesta
Invasão da Checoslováquia: “Tirem as Patas Daí”!
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Com um tema bem diverso, já a nível internacional, gostaríamos de abordar o artigo escrito em 1969 no Diário do Comércio & Indústria e no Shopping News (Capital), incluído no livro “A Juventude: participação ou omissão”, com o título
“Tirem as Patas Daí”:
“Para meditar-se, o exemplo da juventude heróica, e, já agora, legendária, da Checoslovaquia... Quando um dia, abrirmos as páginas da História, leremos a respeito das virtudes das matronas romanas; do desprendimento dos espartanos; da audácia dos argonautas portugueses; da intrepidez dos astronautas, conquistadores dos céus. Leremos, também, as páginas épicas dos moços checoslovacos, reagindo contra o tacão das botas soviéticas, contra os tanques marcados com a foice e o martelo dos invasores indesejados. Lição para meditar-se. Curioso vermos alguns jovens, sobretudo estudantes brasileiros, defendendo a ocupação daquele país, pelas tropas soviéticas. Curioso, porque, falando em
EXPEDIENTE
liberdade dos cidadãos, em autodeterminação dos povos aceitam a tese do Cremlin da soberania limitada: calculem só se alguma superpotência limitasse a determinação de nosso País A gritaria que sairia pelas ruas de nossa cidade, liderada pelos adeptos de Moscou, contra a ingerência em nossa soberania. No entanto, os soviéticos podem manter tanques nas ruas das cidades Checoslovacas! Bendita a juventude de Praga, de Brno, de toda a Boemia e da Moravia, que não se intimidou com os canhões dos tanques vermelhos. Deram uma lição de coragem, de ombridade, de intimorata intrepidez a todos aqueles que vendilhões da própria liberdade, aceitando a foice e o martelo estrangeiros, querem, igualmente, convencer a juventude sadia, estudiosa, laboriosa, de nossa Pátria, a lutar pela submissão às ordens emanadas de terras estrangeiras. Triste engano d´alma ledo e cego! A mocidade que estuda, que trabalha sabe, desde há muito, qual o valor da falsidade, da deslavada mentira das doutrinas marxistas. Sabe que ela só se impõe pelo poder dos tanques. Ainda está na memória de todos a chacina soviética da mocidade da Hungria, e dos operários da Alemanha Oriental, em 1956 e 1957. Agora, o exemplo da Checoslovaquia, por ser mais recente, não é menos significativo.
Tirem as patas daí. Libertem esse país que deu ao mundo o exemplo da resistência a todas as formas de opressão e não se conformará, jamais, com a prepotência insaciável dos que falam em combater o imperialismo, e passeiam seus tanques de guerra pelas mesmas calçadas por onde perambulou a coragem indômita de João Huss e a genealidade universal de Kafka. Nós nos recordaremos da mocidade de Praga e das cidades e das aldeias checoslovacas. Como um exemplo para aqueles que sabem dar valor aos valores tradicionais de sua Pátria, de sua gente, de sua terra.
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As patas e os tacões indesejáveis e indesejados continuarão a conspurcar o solo livre: O Checoslovaco. Sim, livre, porque ninguém mata a liberdade. Nem tanques, nem canhões, nem patas de cavalos. E um dia a mocidade desse país, espelho para o mundo, gritará com toda a força de seus pulmões: Svoboda! Svoboda! (liberdade! Liberdade!).” (AMD) Do Livro “A Juventude Participação ou Omissão” Edijor - 1970)
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O Diário da Cuesta não se responsabiliza por ideias e conceitos emitidos em artigos ou matérias assinadas, que expressem apenas o pensamento dos autores, não representando necessariamente a opinião da direção do jornal. A publicação se reserva o direito, por motivos de espaço e clareza, de resumir cartas, artigos e ensaios.
Diário da Cuesta 3
“As patas e os tacões indesejáveis e indesejados continuarão a conspurcar o solo livre: o checoslovaco. Sim, livre, porque ninguém mata a liberdade. Nem tanques, nem canhões, nem patas de cavalos. E um dia a mocidade desse país, espelho para o mundo, gritará com toda a força de seus pulmões: svoboda, svoboda! (liberdade, liberdade!).”
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Em 2015, nas comemorações dos 45 anos da publicação do artigo “Tirem as Patas Daí”, as emoções se renovaram como se eu estivesse escrevendo o artigo naquele momento, com todas as informações chegando e a realidade da política mundial escancarada para o mundo perplexo. Perplexo e pusilânime! As mais expressivas lideranças intelectuais num mutismo agressivo. Pouquíssimas condenações daquele massacre bárbaro.
Iniciante à época no jornalismo e buscando a participação cidadã que nos leva a um posicionamento concreto, analisamos a covarde invasão da Checoslováquia pela então União Soviética, arrasando a chamada “Primavera de Praga”, liderada por Alexander Dubcek. Foi um massacre! Escrevemos com o coração, municiados pelas notícias da imprensa e pela história daquele povo que já sofrera tantas dominações, tantas invasões e, sempre, sempre mantivera a altivez e a crença na liberdade
No artigo “Tirem as Patas Daí”, dizíamos da “chacina soviética’ da mocidade da Hungria, e dos operários da Alemanha Ocidental, em 1956 e 1957. Agora, o exemplo da Checoslováquia, por ser mais recente, não é menos significativo. Tirem as patas daí. Libertem esse país que deu ao mundo o exemplo da resistência a todas as formas de opressão e não se conformará, jamais, com a prepotência insaciável dos que falam em combater o imperialismo, e passeiam seus tanques de guerra pelas mesmas calçadas por onde perambulou a coragem indômita de João Huss e a genealidade universal de Kafka.”
Na republicação do artigo com os comentários de quem está há 45 anos dos fatos narrados, a curiosidade ficou aguçada...E agora!?! Qual seria a realidade da então Checoslováquia!?! Estariam cicatrizadas as feridas? Aquele povo já estaria no comando de seu próprio destino? É interessante esse tema Será que o comunismo ainda é sentido ou lembrado?
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Hoje, a antiga Checoslováquia é a República Checa, desde 1993, com a Revolução de Veludo, liderada por Václav Havel e com o apoio do líder histórico Alexander Dubcek. Com o desmoronamento do império comunista da União Soviética, em 1989, os checos e os eslovacos chegaram ao consenso e realizaram a separação institucional, pacífica, criando as repúblicas Checa e a Eslováquia, em 1993 (foi a segunda separação)
Não é recente a busca de caminho próprio por esses povos eslavos. Sob os Impérios Austríaco e Austro-Húngaro (1804/1918), os eslavos e outras nações ficaram subjugados por um milênio! E vou repetir: por mil anos!!! Somente com a 1ª. Grande Guerra Mundial(1914/18), os eslavos conseguiram a libertação Temendo outras dominações, os checos e os eslovacos, optaram pela união de forças e criaram a Checoslováquia. Isso durou até 1939, início da 2ª. Grande Guerra Mundial, quando a Eslováquia, cansada da liderança Checa, aderiu à Alemanha de Hitler, em 1939, permanecendo como república autônoma até 1945, foi a primeira separação das nações
Com a vitória dos aliados, voltou a união com a mesma denominação: Checoslováquia. No entanto, em 1949, os comunistas tomaram o poder, permanecendo por 40 anos no domínio daquelas nações até o ano de 1989, quando ruiu o império soviético...Ufa!!!
E qual seria, agora, 22 anos após, a realidade da República Checa (Ceska Republika)?
Seria ainda lembrado o comunismo e suas atrocidades, saques e exploração daquele bravo e aguerrido povo?
Fui ver in loco a realidade checa e saber da presença de seus heróis na memória da população. A jornalista catalã, Natalia Rodrigues, no artigo “Ao pé da letra do espírito de Praga”, traçou um retrato da realidade e da pujança atual de Praga: “... o escritor checo (Ivan Klíma), nascido em Praga em 1931, observa um grupo de turistas contemplando, embevecido, o bater das
horas do relógio astronômico do centro da sua amada cidade. É quase impossível ouvir uma palavra em checo na Praça da cidade velha; italianos, espanhóis, brasileiros, chineses, alemães, japoneses e russos se confundem, todos eles com sua irrenunciável câmera fotográfica através da qual pretendem imortalizar a cidade de Franz Kafka.”
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Isso é verdade. Hoje, Praga é uma das mais visitadas cidades do Leste Europeu. É verdade que a praça da cidade velha, a chamada praça do relógio astronômico, está sempre tomada pelos turistas admirados pela força daquele povo checo que soube manter por tanto tempo e durante tantas opressões o seu orgulho de nação.
Mas é também verdade que essa praça tem nome...É a Praça John Huss. Ele nasceu na Hussinecz, na Boêmia(1369/1415), daí o seu nome Huss. Filho de camponeses, seguiu a vida religiosa por influência de sua mãe Chegou a dirigir a importante Capela de Belém, em Praga. Era um pregador brilhante e idealista. Seus sermões pela reforma da Igreja Católica ficaram na história. Foi corajoso e pregou contra os abusos do alto clérigo e o acintoso fausto de uma Igreja Católica que cada vez mais se afastava dos ensinamentos de Cristo. No ano de 1415, na cidade de Constança, foi participar do Concílio da Igreja Católica, para o qual tivera todas as garantias de segurança. Lá, foi preso. Lá, exigiram que renegasse todas as suas crenças e suas pregações e sermões a favor das reformas na Igreja. Recusando, foi queimado vivo em praça pública, entoando hino de louvor a Cristo...
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Apesar de morto, deixou um legado para a causa da Reforma Protestante que, décadas depois, viria sob a liderança de Martinho Lutero.
Um período de guerras civis começou na Boêmia depois da morte desse reformador religioso. Seus seguidores, chamados hussitas, lutaram contra os católicos de 1419 até 1436, quando os dois lados chegaram a um acordo.
Os checos homenagearam John Huss, dando seu nome para a principal praça da cidade.
Da mesma forma, souberam homenagear Franz Kafka. Esse mestre inconfundível da ficção universal que foi um dos maiores escritores da língua alemã (escrevia em alemão) do século XX. Era filho de judeus. A família judia de classe média, morava em Praga onde nasceu(1883/1924), à época sob o domínio do Império Austro-Húngaro
Na literatura ocidental, Kafka conseguiu lugar de destaque. Suas principais obras A Metamorfose, O Processo, O Castelo e a Colônia Penal retratam os dramas individuais, marcados por um estilo desapegado, imparcial, detalhista, abrangendo os temas da alienação e perseguição.
Formou-se advogado e chegou a exercer a profissão no ramo securitário Morreu solteiro, mas viveu grandes e incompreendidos amores. Mesmo tendo publicado algumas obras, morreu quase desconhecido, tuberculoso, em 1924.
Hoje a obra sobre Franz Kafka é já de maior dimensão do que o trabalho próprio do autor, indo de estudos literários sérios até as análises psicológicas sobre Kafka... Suas principais obras dão o perfil do que se conhece por “literatura moderna”, definindo o século XX como o século kafkaniano.
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Os checos souberam homenagear também Franz Kafka. Deram seu nome a uma importante praça, no antigo bairro judeu de Praga e, nesse mesmo bairro, erigiram uma estátua modernista de Kafka. E, às margens do rio Moldava, está localizado o Kafka Museum, perto da famosa Ponte Carlos.
Com certeza os checos não se esqueceram de seus dominadores e nem das atrocidades dos comunistas, mas com absoluta certeza, cultuam com orgulho a sua história de um povo livre (Sim, livre! Porque ninguém mata a liberdade. Nem tanques, nem canhões, nem patas de cavalos. E um dia a mocidade desse país, espelho para o mundo, gritará com toda a força de seus pulmões: svoboda, svoboda (liberdade, liberdade)” e de seus heróis, especialmente John Huss e Franz Kafka. (AMD)
1
– Franz Kafka foi um escritor boêmio da língua alemã, filósofo, autor de romances e contos, considerado o mais influente escritor do Século XX.
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2
– O Museu Franz Kafka é localizado em Praga, dedicado ao autor. O museu abriga uma série de livros de Kafka da primeira edição, bem como exibe cartas originais, diários e desenhos criados por Kafka. O museu é caracterizado como literário e biográfico. Localizado junto ao rio Moldava centraliza as buscas turísticas sobre Kafka.
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3
– O busto de Franz Kafka é uma homenagem a um dos mais talentosos artistas literários do século XX criada pelo artista tcheco David Cerny. É uma escultura incrível e imponente de 11 metros de altura e 39 toneladas, composta por 42 impressionantes camadas em movimento.
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LEITURA DINÂMICA JORNALISMO
4
– A estátua de Kafka é do escultor tcheco Jaroslav Rona, inaugurada em 2003. Mede uns quatro metros de altura e pesa 700 quilos. Está localizada próxima da porta da sinagoga espanhola. É do estilo que se espera de algo próprio de Kafka: desconcertante, complicada, mas profundamente humana, buscando o entendimento e o consolo.
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5
– A Ponte Carlos é uma das atrações turísticas mais famosas de Praga. É a mais antiga da cidade e foi construída pelo rei mais festejado pelos tchecos, é cheia de lendas e é uma das pontes mais lindas da Europa. Caminhando pela ponte e vendo seus 30 santos e com o cenário de Praga ao redor, é uma sensação emocionante e difícil de descrever.
6
– Os melhores livros de Kafka: A Metamorfose, O Processo, Na Colônia Penal, O Castelo, Um artista da fome, Um médico rural, Carta ao Pai, O desaparecido ou Amerika, Cartas a Milena e A Construção.
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