Edição 1145

Page 1


Diário da Cuesta

NA DEFESA DO MEIO AMBIENTE E DA CIDADANIA EM BOTUCATU

Acompanhe as edições anteriores em: www.diariodacuesta.com.br

Revolução Constitucionalista de 1932

Melhor relato

histórico da REVOLUÇÃO CONSTITUCIONALISTA DE 1932, obra de Hernâni Donato e o registro da HISTÓRIA DA VITÓRIA PAULISTA DE 1934.

PÁGINA 3

FOTO EMBLEMÁTICA DE 32

“O

‘CORUJA’ DO TUNNEL

O sargento Florentino de Barros, do Batalhão Bahia, foi o único soldado que resistiu ao frio do Tunnel, tendo permanecido dentro delle durante todo tempo em que as nossas tropas ocuparam a região, hoje historica.

Foi cognominado o ‘Coruja do Tunnel’ por esse facto e também por causa de sua vista poderosissima que conseguia divisar as pessôas através dos 950 metros daquelle subterrâneo de escuridão pavorosa. Era tal o seu ardor pela causa, que passava todas ás noites de vigia, sem dormir. Seus serviços foram relevantíssimos. Era a sentinella de confiança do tenente Moacyr Antonio de Moraes, official que commandava aquella posição.

Florentino de Barros evitou, com os prodigios da sua vista, um assalto ao Tunnel durante o dia, tendo supprido com galhardia a falta de binóculo na trincheira.”

Relato publicado na página 3 da edição de 9 de julho de 1935 do jornal Correio Paulistano.

A icônica imagem do Túnel da Mantiqueira em 1932, na saída pelo lado mineiro, guarnecida por combatentes paulistas durante a Revolução Constitucionalista. A imagem foi originalmente publicada em 14 de setembro de 1932 na capa do Suplemento de Rotogravura do jornal O Estado de São Paulo. Seria o Sargento Florentino uma das sentinelas dessa imagem?

A Importância da Revolução

Constitucionalista

de 1932 na Memória da Juventude

Atual: Uma Lição de Cidadania

Em tempos de constante transformação política e social, lembrar da Revolução Constitucionalista de 1932 é essencial para entendermos a importância da autonomia administrativa e do poder constituinte. Este evento histórico não apenas moldou o futuro do Brasil, mas também serviu como uma verdadeira lição de cidadania que deve ser preservada e transmitida às novas gerações.

A Revolução de 1932, impulsionada pela luta pela autonomia dos estados e pela necessidade de uma Constituição que garantisse os direitos fundamentais, foi um marco na história brasileira. Os jovens de hoje, muitas vezes distantes desse passado,

precisam reconhecer o valor das conquistas obtidas pelos revolucionários paulistas. Eles batalharam não apenas por seus direitos, mas pelo estabelecimento de um Estado de Direito sólido e justo, onde a independência dos Três Poderes e a autonomia dos estados federados são pilares inegociáveis.

Nas comunidades interioranas, onde a memória coletiva é uma riqueza inestimável, é ainda mais relevante resgatar e valorizar a participação efetiva de seus cidadãos nessa epopeia revolucionária. É um privilégio para essas localidades poderem registrar e perpetuar a história de coragem e determinação que marcou a Revolução de 1932.

A autonomia administrativa e a defesa de uma Constituição que reflita os anseios do povo são bandeiras que continuam a inspirar movimentos democráticos e cidadãos comprometidos com o bem comum. Ensinar a juventude sobre essa parte crucial de nossa história é preparar cidadãos conscientes e ativos, capazes de lutar por um Brasil mais justo e democrático.

Relembrar a Revolução Constitucionalista de 1932 é, portanto, mais do que um exercício de memória histórica; é um compromisso com a cidadania e com a construção de um futuro onde os princípios democráticos sejam sempre respeitados e valorizados. É nossa responsabilidade, como sociedade, garantir que as lições dessa luta permaneçam vivas nas mentes e corações das futuras gerações.

A Direção.

DIRETOR: Armando Moraes Delmanto

EDITORAÇÃO E DIAGRAMAÇÃO: Gráfica Diagrama/ Edil Gomes

O Diário da Cuesta não se responsabiliza por ideias e conceitos emitidos em artigos ou matérias assinadas, que expressem apenas o pensamento dos autores, não representando necessariamente a opinião da direção do jornal. A publicação se reserva o direito, por motivos de espaço e clareza, de resumir cartas, artigos e ensaios.

A REVOLUÇÃO DE 32 DE HERNÂNI DONATO

Fomos a primeira – segundo nosso amigo

Carlos Rosa – a receber, em Botucatu , o livro de Hernâni Donato . Um grande prazer, sem dúvida, pelos laços de velha amizade e de admiração profunda que torna seu Autor credor autentico do imenso clã. Mesmo porque, a nosso modo e, segundo a faixa etária, nós vivemos também, a grande epopéia. Cada página e cada foto evoca cenas e fatos, perto ou longe, vividos através da imprensa entusiasta de então.

Um belo trabalho de pesquisa e elaboração. Com a chancela de autenticidade que caracteriza a já rica obra de Donato, eis que, minerador apaixonado, programa o trabalho, inicia meticulosa e apurada pesquisa quando então consome de sua intensa atividade intelectual, anos e anos de consciente, aprofundado e minucioso estudo.

E aí está mais um resultado de sua já firmada e vitoriosa vida de escritor nato : “A Revolução de 32” É, na nossa entusiasta interpretação, a maior e mais bem organizada fonte elucidativa do que foi a grande epopéia paulista.

Outros escreveram sobre ela. Mas falta muito ainda a ser transformado em romance, livro de crônicas, memorial do Interior, sem aquela preocupação única de um relato cronológico autentico. Donato já mantém em suas duzentas e vinte e quatro páginas, o primado de um roteiro o mais completo e

elucidativo até agora impresso. É a comunicação moderna em que a fotografia completa os textos sóbrios e nem por isso menos ricos e conteúdo e de historicidade. Mas Donato tem reservas maiores para explodir, de repente, com um riquíssimo romance. Ele já o fez, no romance biográfico, para nós, o seu “cappolavoro” : “Rio do Tempo” . E porque não, sobre a epopéia de 32 , o maior poema épico da contemporaneidade paulista?

O interior guarda em sua crônica rica memória daqueles dias de euforia patriótica em que tudo convergia para o “Bem de São Paulo”. Botucatu viveu seus dias de glória. Nunca, como então, a figura do professor avultou numa delineação carregada das tintas fortes do “varão” romano. As escolas vieram à rua para contagiar o povo num movimento cívico jamais registrado antes ou depois, da grandeza do mestre frente aos seus discípulos. A revolução partiu do alto para baixo, sem

discriminação de classes ou pensares. Assoberbou tudo. Homogenizou e levantou, num bloco só, uno e coeso, o Estado Paulista

Mal estourado o movimento, eis a Normal de então, mobilizando os professores, transformada num foro cívico onde borburinhava o incitamento, o entusiasmo à luta.

Silvio Galvão abandona a cátedra, e assume em sua casa, o posto de alistamento do voluntariado. Organiza o primeiro Comitê Revolucionário . Não para ali. Desce à esplanada do Espéria e numa tribuna improvisada concita o botucatuense à luta. É um rastilho que se incendeia. Sucedem-se os oradores: Sebastião de Almeida Pinto, José do Amaral Wagner.

Dilia Ribeiro deixa a Biblioteca e vem à praça. É a primeira mulher a falar pela mulher botucatuense. A Normal se transforma. É agora um Hospital. Conclamou e organizou o Serviço Médico e o de Enfermagem. Há um burburinho continuo . Todos estão a postos . Surge o Batalhão Diocesano . E as ruas se enchem dos uniformes caqui e os “bibis” de guerra.

A Banda Municipal de Amilcar Montebugnoli desfila pela Rua Amando . É o primeiro Batalhão que parte. À frente, na primeira linha, cantando a pleno peito, os mestres inesquecíveis: Silvio, Tião e Wagner . Tendo ao ombro os pavilhões nacional e paulista, lá desceram eles, o garboso primeiro batalhão botucatuense – a cerca de quarenta jovens impertigados e ufanos – a caminho do primeiro comboio que os levaria à Capital para o engajamento certo. Atrás, em brados de entusiasmo e de tristeza, os estudantes botucatuenses e o povo coesos, na despedida aos que partiam para a luta, para a conquista, para a vitória.

O escritor Hernâni Donato, em seu livro “A Revolução de 32”, edição Círculo do Livro/Livros Abril, 1982 , pág.177, destacou a importância dessa escolha: “Particularmente aos paulistas, que seguiam amargando a rendição particular, Getúlio quisera fazer provar a 21 de agosto de 1933 o sabor aliciante, desarmante, de alcançar um objetivo obstinadamente perseguido. Nomeou Armando de Sales Oliveira –civil e paulista –para a interventoria federal em São Paulo. Assinando o decreto, enfatizava: “Quero que compreendam a extensão e o significado deste ato, pois, com este decreto, entrego o governo de São Paulo aos revolucionários de 32”. “Quero que compreendam a extensão e o significado deste ato, pois, com este decreto, entrego o governo de São Paulo aos revolucionários de 32”. Jogada de mestre do caudilho gaúcho, mas que representou a possibilidade de reagrupamento da cidadania paulista e a efetiva possibilidade de se provar a capacidade administrativa dos revolucionários constitucionalistas e o indiscutível sentimento de unidade nacional que sempre os motivou. Fruto da Revolução de 32 , a mobilização dos paulistas para as eleições presidenciais de 1937 foi o maior acontecimento político da época Com as eleições estaduais para a Constituinte Paulista de 1934 e o governo arrojado e inovador de Armando de Salles Oliveira , o Brasil passou a se espelhar e a esperar que o grande democrata paulista levasse para todo o Brasil, as novas e modernas técnicas de bem gerir o serviço público que implantou em São Paulo, além da verdadeira revolução educacional com a criação pioneira da USP –Universidade de São Paulo. O governador Armando Salles trouxe para a gestão pública a experiência que tivera ao criar, na iniciativa privada, moderna empresa voltada ao treinamento e formação de gestores . Essa sua atuação no setor produtivo repercutiu muito em todo o país, especialmente com a criação bem sucedida do IDORT –Instituto de Desenvolvimento Organizacional do Trabalho . O IDORT preparava lideranças para a boa e eficiente gestão administrativa, além do ensinamento das modernas e eficientes técnicas organizacionais de trabalho Ao mesmo tempo e também em iniciativa pioneira e revolucionária, Armando Salles investiu maciçamente na educação e implantou as Escolas Profissionais (posteriormente, denominadas Escolas Industriais ) na capital e no interior do estado. Assim, estavam elencados os objetivos imediatos: modernizar o serviço público, investir na educação prioritariamente e implantar novas e produtivas técnicas organizacionais para a otimização da máquina estatal. O Estado Novo. O Exílio. A Derrota da Democracia... Em 1937, Getúlio Vargas dá o Golpe de Estado e implanta o Estado Novo (10/11/1937). A democracia é derrotada. A Constituição de 1934 é revogada As Casas Legislativas (Congresso Nacional, Assembléias Legislativas e Câmaras de Vereadores) são fechadas. Os Governadores e Prefeitos são depostos; são nomeados os Interventores Federais As Bandeiras dos Estados são queimadas em praça pública pelo Ditador Vargas! O caudilho Vargas passa a governar por Decretos Leis... Esse filme já foi visto em 1930 No mesmo dia do golpe, Armando é preso em seu apartamento do Rio de Janeiro . É enviado para Minas Gerais onde fica isolado até maio de 38 . Em novembro (03/11/1938), segue de navio para a Europa . Era o desterro. Era o exílio que duraria até 07 de abril de 1945 , quando regressaria, já muito doente, falecendo em São Paulo (17/05/1945). Em sua última homenagem, na Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, a presença dos amigos e familiares . O caixão é fechado . Carregam o esquife os profs. Jorge Americano, Gabriel Rezende, André Dreyfus, Benedicto Montenegro, Teotônio Monteiro de Barros, Soares de Faria, Fonseca Telles, Pacheco e Silva, Zeferino Vaz e Waldemar Ferreira Os discursos do prof. Jorge Americano, Reitor da USP, do prof. André Dreyfus, Diretor da FFCL e do acadêmico Waldir Troncoso Peres, orador do Centro Acadêmico XI de Agosto . No cemitério da Consolação, Otávio Mangabeira proferiu, de improviso, ao baixar o corpo à sepultura, belíssimo e comovente discurso ( AMD )

deveria eleger o Presidente da República Pelos paulistas conseguiu-se o que parecia impossível: a união de suas forças políticas: o PD –Partido Democrático e o PRP –Partido Republicano Paulista , com o apoio da Federação de Voluntários (dos ex-combatentes de 32 ) e da Associação Comercial de São Paulo, fizeram a “Chapa Única por São Paulo Unido”. Foram mantidas as estruturas partidárias independentes. As eleições para a Constituinte, foram realizadas no dia 03/05/1933. A Chapa Única elegeu 17 dos 22 representantes do Estado. Logo após as eleições, Vargas conseguiu aproximar-se da oposição paulista e fazer a tão desejada aliança No dia 21/08/1933, um “civil e paulista” , combatente de 32, toma posse como Interventor Federal em São Paulo : o Engº Armando de Salles Oliveira. “Quero que compreendam a extensão e o significado deste ato, pois, com este decreto, entrego o governo de São Paulo aos revolucionários de 32”. Com essas palavras, Getúlio Vargas procurava garantir o seu futuro político. O esperto gaúcho mostrava que não era por acaso que estava no comando do país. Sabia fazer política e tinha visão clara do futuro e da importância de compor e dar, como vitorioso, tratamento adequado aos adversários de ontem... No Palácio Tiradentes, no dia 16 de julho de 1934 , era oficialmente promulgada a nova Constituição da República. A partir daí, a Assembléia Nacional Constituinte se transforma provisoriamente em Câmara dos Deputados. No dia seguinte, 17/07/34, é eleito Getúlio Vargas como Presidente da República do Brasil , com mandato de 4 anos E no dia 20 de julho , toma oficialmente posse do cargo. Finalmente, a 14 de outubro de 1934 são realizadas eleições para a Câmara de Deputados e para as Assembléias Constituintes dos Estados. Além de elaborarem as respectivas Constituições Estaduais elegeriam os governadores e senadores, transformando-se provisoriamente em assembléias ordinárias. A esperteza e a capacidade do Ditador Getúlio Vargas em cooptar seus adversários políticos sempre foi reconhecida. E Vargas soube compreender a dimensão da patriótica mobilização paulista: um perigo que poderia contaminar todo o povo brasileiro. Assim, em agosto de 1933 , em um gesto próprio de quem tem a inteligência e a sagacidade para ficar discricionariamente 15 anos no poder central ( 1930/45) , estendeu aos paulistas, sem limitações , as reivindicações mais prementes que levaram à deflagração do movimento insurrecional paulista: a autonomia na gestão do governo paulista e a fixação das datas das eleições constituintes. Armando de Salles Oliveira foi nomeado, em 1933, I nterventor Federal até a sua eleição, pelos Deputados Estaduais Constituintes, eleitos em 1934, como Governador do Estado de São Paulo , em abril de 1935. Uma das condições para que Armando Salles aceitasse o convite foi a da concessão de anistia aos revoltosos de 32 , que puderam retornar do exílio . Mesmo derrotados na luta armada, os constitucionalistas alcançaram os seus objetivos políticos.

JULHO E A GRANDE VITÓRIA PAULISTA!!!

A vitória da Revolução Constitucionalista de 1932 só aconteceu em 1933/34, com a nomeação de um civil e revolucionário para o Governo Paulista e a realização da CONSTITUINTE!! “Quero que compreendam a extensão e o significado deste ato, pois, com este decreto, entrego o governo de São Paulo aos revolucionários de 32”. (Getúlio Vargas ) Os paulistas queriam a CONSTITUIÇÃO e a AUTONOMIA DOS ESTADOS e, na luta pela volta do país ao Estado de Direito , na luta cívica de 1932, queriam a convocação da Assembléia Nacional Constituinte . Esse foi o compromisso claro na mobilização para o Movimento de 1930 , descumprido pelo Governo Provisório e que levou São Paulo a pegar em armas em 1932: a volta ao Estado de Direito e a convocação de uma Assembléia Nacional Constituinte para a elaboração de uma Constituição Democrática. Foi o maior movimento cívico vivido pelo povo brasileiro Apesar do movimento revolucionário de 1930 ter recebido amplo apoio das forças e lideranças políticas paulistas, os seus objetivos foram fraudados pelo caudilhismo, representado por Getúlio Vargas. Uma vez instalado no Poder, Vargas passou a governar fora do Estado de Direito , violando as mais elementares regras democráticas. O Congresso Nacional, as Assembléias Estaduais e as Câmaras Municipais foram fechadas, todos os Governadores dos Estados (Presidentes) foram depostos e a Constituição de 1891 (preparada por Rui Barbosa) foi revogada. O caudilho Vargas passou a governar o Brasil através de Decretos-Leis (1930/32). São Paulo assumiu a liderança de exigir o retorno do país ao pleno Estado de Direito . A insatisfação grassava por toda parte e a permanência, que não era provisória, dos governantes federais no poder era a negativa do ideário pregado para o sucesso do movimento de 30. De início, com o apoio de vários Estados da Federação, principalmente do Rio Grande do Sul e Minas Gerais , sendo certo que os gaúchos tiveram papel significativo no incentivar, mobilizar e apoiar a tomada de posição dos paulistas No entanto, o grande poder de cooptação do Poder Central conseguiu isolar São Paulo Sozinhos, os paulistas levantaram a Bandeira da Constituição. A Revolução Constitucionalista objetivava, tão somente, autonomia administrativa, eleições e Constituição , ou seja, a volta do país ao pleno Estado de Direito. E, a partir daí, realizar a tarefa de modernizar o país, erradicar as injustiças e os erros que um regime político em descompasso com a evolução da humanidade não havia conseguido captar na Primeira República. Nada de separatismo como apregoavam os asseclas do Ditador... A mobilização foi unânime! As diferenças político-partidárias ficaram para traz. São Paulo soube compreender o momento cívico que estava vivendo e soube levantar, bem alto, a Bandeira da Legalidade! E o coração de São Paulo havia sangrado no final de maio/32 quando, numa manifestação da população paulistana com a presença de muitos estudantes de direito, pela autonomia de São Paulo e a favor da Constituinte, houve violenta repressão policial. Da ação violenta contra a população, quatro estudantes paulistas foram assassinados : Euclides Miragaia, Mário Martins de Almeida, Dráusio Marcondes de Sousa e Antônio Camargo de Andrade. As siglas dos nomes dos mártires ( Miragaia, Martins, Dráusio e Camargo) deram origem ao MMDC , entidade que passou a representar a “alma dos paulistas” na luta que se iniciou a 9 de julho de 1932 contra um Governo Provisório (e que nada tinha de provisório) que não respeitava a autonomia de São Paulo e nem o Estado Democrático de Direito . A participação da intelligentzia paulista na mobilização da população foi fundamental A nossa intelectualidade tomou posição firme, quer através do trabalho da pena, quer pela força da palavra, assumindo com a clareza de suas ideias a imprensa, a tribuna parlamentar, os pronunciamentos nos comícios e nos microfones radiofônicos . Resumindo a mobilização cívica da população ! Todos sabem o desfecho dessa que foi a mais importante ruptura da unidade nacional: a guerra civil de 32, levando irmãos ao mais grave enfrentamento Os gaúchos –salvo algumas lideranças democráticas que mantiveram a palavra de incentivo e apoio irrestrito –abandonaram os paulistas O mesmo ocorreu com os mineiros e com as forças militares da capital federal São Paulo ficou sozinho na batalha para poder gerir a si próprio e pelas eleições e pela Constituição Democrática. São Paulo não ganhou a guerra civil, desproporcional sob todos os aspectos, mas saiu vitoriosa , indiscutivelmente, saiu vitoriosa: o Ditador Getúlio Vargas teve, essa é a verdade, teve que convocar as Eleições Constituintes ! Haviam conseguido “brecar” São Paulo pelas armas, mas o povo brasileiro já havia sido “contaminado” pelo patriotismo e pelo desejo de ver o Estado de Direito reimplantado no país! Os ideais constitucionalistas da Revolução de 32 fincaram profundas raízes no sentimento patriótico do povo brasileiro O Ditador Vargas não teve outra opção se não a convocação da Assembléia Nacional Constituinte. A nível nacional e nos Estados, foram eleitos os Deputados Constituintes com a missão de elaborar a Constituição de cada unidade federativa. E na Nova Constituição o VOTO SECRETO e o VOTO FEMININO foram consagrados ! Com o objetivo de resgatar a atuação valorosa dos paulistas é que fizemos esta interpretação histórica da epopéia cívica de 1932. Esse o cenário real em que se desenvolveu a luta armada e é a mais bela página do exercício da cidadania pelo povo paulista. A Assembléia Nacional Constituinte Getúlio Vargas , por Decreto, regulamenta o funcionamento da Assembléia Nacional Constituinte. Com a vitória militar, Vargas se sentia forte o suficiente para amenizar o clima e o espírito constitucionalista que a Revolução Constitucionalista de 32 criara em todo o pais. Assim, através de Decreto Lei , dispunha as atribuições da ANC e, entre muitas, a que

Momentos Felizes BOTUCATU

(1958/2024) = 66 ANOS

Visitando a recém centenária cidade de Botucatu, que a conheceu quando ainda criança provavelmente esse nome tenha sido gravado indelevelmente em sua consciência e, tantos anos após, à ela regressa; seguramente os “os bons ares e as boas escolas” tenha sido um dos atrativos. Gostou da cidade, gostou do povo simples como era de seu feitio, das tradições e nela fincou raízes profundas com objetivos de permanência. Neste ano, 1958 o comércio sempre varejista instalava-se em prédios de dois pavimentos, um para o proprietário e sua família e o térreo (rés-do-chão) áreas reservadas para exibição dos produtos à venda. Engenharia e Arquitetura padrão “art Déco”, passando pela modernidade até 1980 e a partir de então arte contemporânea até nossos dias.

Na cidade restam poucos prédios da Botucatu antiga. Com vocação para ser cidade Aviatória, da Neiva até Embraer, no céu Azul quase não se observa aviões cortando o espaço porém, o céu azul foi invadido pelos denominados Arranha-céus e que agora por força da contemporaneidade são chamados de “Torre”. A cidade que até 1980 era horizontal tornou-se vertical ficou majestosa e imponente. A Rua Amando revigorada na atual administração municipal ganhou ares novos, comportando Shopping, lojas magazines e grandes varejistas, por sua vez a outrora Avenida do Campo Santo, hoje a Avenida Dom Lúcio acredita ser, no olhar de seus novos varejistas a famosa 5ª Avenida com lojas sofisticadas, ostentando (copiando) nomes americanizados em suas fachadas e vitrines atraentes luzes coloridas.

O mercado de trabalho ganha com isso pois, a qualquer momento vão surgir vagas para tradutores intérpretes para ajudar encontrar tais e tais lojas. E o trânsito urbano? – para dizer o mínimo, caótico! não concorda? Bem... faça uma tentativa para cruzar a Rua General Teles ou descer a Rua Major Matheus em horários de “pico”, afinal, são

58.622 veículos entre ônibus, automóveis e caminhões disputando as ruas e espaços para tráfego ou estacionamentos, afinal dois veículos para cada três habitantes será um dos maiores desafios dos atuais e futuros Urbanistas. 18.634 motocicletas e seus intrépidos condutores em concorrência aos demais veículos fazem malabarismo pelas ruas; dois terços deles, com certeza, exibem uma caixa com os dizeres “I Food” significando pressa e o autorizando passagem pela esquerda ou direita na extraordinária carreira para entregar o pão e ganhar o seu próprio.

Outro dia, procurando antigos e contemporâneos amigos fui informado de que muitos deles já se encontram em repouso no Portal ou migraram para outras cidades. Remanescentes conhecidos e aposentados ainda circulam pelas ruas, praças e jardins, também a procura de alguém para troca de cumprimentos e noticiarem os fatos - de familiares e amigos ausentes. Sinto-me estranho na cidade grande...,! provavelmente pelo fato ter sido reciclada...

Roque Roberto Pires de Carvalho email:roquerpcarvalho@gmail.com

Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.