Edição 1150

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Diário da Cuesta

Santos Dumont: Herói Brasileiro!

Um mártir da causa paulista no maior conflito militar – verdadeira Guerra Civil! – que abalou o país? No dia 14 de julho, ele redigiu um apelo pela concórdia entre os litigantes. O trecho em que disse que “somente pela lei magna” os problemas nacionais poderiam ser resolvidos foi interpretado como apoio à causa paulista. Verdadeiramente, SANTOS

DUMONT ( nascido em Palmira/MG em 23/07/1873 e falecido no Guarujá 23/07/1932 – há 140 Anos! -, fez de sua morte no mesmo dia de seu aniversário um SIMBOLISMO de sua insatisfação e frustração pelo rumo tomado por sua invenção..

SIM, ELE É O PAI DA AVIAÇÃO!!!

“Em 23 de outubro de 1906, em Paris, mais de mil pessoas – entre elas jornalistas de todo o mundo – assistiram pela primeira vez na história alguém erguer-se do solo, com recursos de um aparelho mais pesado que o ar, realizando um vôo planado. A bordo do 14 Bis estava o brasileiro Alberto Santos Dumont, que tornou-se o homem mais popular da Euro-

EXPEDIENTE

pa na primeira década do século 20. Foi celebrado no mundo inteiro, inclusive por personalidades como o Príncipe Albert 1º, de Mônaco, o inventor Thomas Edison, o presidente norte-americano Theodore Roosevelt. Depois de 100 anos, o herói brasileiro ainda é festejado e o centenário do primeiro vôo mereceu inúmeras comemorações em todo o mundo. Aqui no sul da Flórida, uma pesquisadora brasileira prepara um livro sobre a vida de Dumont e sobre a polêmica envolvendo a invenção do avião, que os norte-americanos teimam em dizer que pertence aos irmãos Wright...” Marília Lemos

O Brasil se acomodou com a “realidade histórica” construída e divulgada pelos Estados Unidos (atribuindo aos Irmãos Wright a invenção do avião) e deixou de fazer um trabalho junto à mídia francesa e dos demais países europeus na defesa do brasileiro SANTOS DUMONT – o PAI DA AVIAÇÃO!

Foi um “senhor do seu tempo”, viveu na França, em Paris, convivendo com as grandes personalidades da época. A seu pedido, o já famoso joalheiro, Louis Cartier, adaptou o maior relógio de pulso feminino, colocando pulseira de couro, para que Santos Dumont pudesse ter uma maior facilidade em seus vôos no balonismo, quando tinha que ocupar ambas as mãos. Santos Dumont ficou responsável pela popularização do relógio de pulso para os homens

No ano de 1932, Santos Dumont morre no Guarujá. Frustrado por ver sua invenção ser utilizada na guerra e não para ajudar os homens a conhecerem outros países com facilidade, legando à humanidade

DIRETOR: Armando Moraes Delmanto

EDITORAÇÃO E DIAGRAMAÇÃO: Gráfica Diagrama/ Edil Gomes

Contato@diariodacuesta com br Tels: 14.99745.6604 - 14.

um importante meio de transporte. Nas palavras de Roberto Pompeu de Toledo, o registro de seus últimos momentos:

Dias depois do 9 de julho, Santos Dumont se suicida “Em terra, por falar em aviões, encontrava-se Alberto Santos Dumont, o Pai da Aviação. Com a saúde física e mental abalada, fora alojado pela família numa casa alugada no então sossegado balneário do Guarujá. No dia 14 de julho, ele redigiu um apelo pela concórdia entre os litigantes. O trecho em que disse que “somente pela lei magna” os problemas nacionais poderiam ser resolvidos foi interpretado como apoio à causa paulista.

Pode ser. No dia 23 de julho, burlando a vigilância do sobrinho que o acompanhava, refugiou-se no banheiro e enforcou-se com uma gravata. Dizem que não aguentou o ronco dos aviões que rondavam o Porto de Santos, ali perto. Pode ser”. (Veja – Roberto Pompeu de Toledo –13/06/2012)

Um mártir da causa paulista no maior conflito militar – verdadeira Guerra Civil! –que abalou o país?

Verdadeiramente, SANTOS DUMONT (nascido em Palmira/ MG em 23/07/1873 e falecido no Guarujá 23/07/1932), fez de sua morte no mesmo dia de seu aniversário um SIMBOLISMO de sua insatisfação e frustração pelo rumo tomado por sua invenção (AMD)

O Diário da Cuesta não se responsabiliza por ideias e conceitos emitidos em artigos ou matérias assinadas, que expressem apenas o pensamento dos autores, não representando necessariamente a opinião da direção do jornal. A publicação se reserva o direito, por motivos de espaço e clareza, de resumir cartas, artigos e ensaios.

Diário da Cuesta 3

Indústria Aeronáutica Neiva/Embraer + o Pioneiro José Carlos Neiva no livro da História da Aviação no Brasil!

O livro “BRASILEIROS VOADORES – 300 ANOS PELOS CÉUS DO MUNDO” é de autoria de LAURETE GODOY E JORGE HENRIQUE DUMONT DODSWORTH – sobrinho-neto do PAI DA AVIAÇÃO – SANTOS DUMONT. Pelo trabalho de pesquisa e pelas parcerias feitas, o livro é uma verdadeira enciclopédia da aviação no Brasil, com todo o caminho percorrido, as conquistas e a estruturação industrial.

E nessa abordagem ampla, o papel de pioneiro do Vôo a Vela, com os Planadores e, ao depois, com a fabricação do PAULISTINHA, o Engº JOSÉ CARLOS DE BARROS NEIVA marcou com destaque a sua participação positiva na Aviação Brasileira.

O cartão da autora, Laurete Godoy:

“Já em 1942, o famoso empresário paulista Francisco “Baby” Pignatari (sobrinho do Conde Matarazzo), também piloto privado, decidiu investir no mercado de aviões e criou a CAP – Companhia Aeronáutica Paulista. À partir de 1943, passou a fabricar o CAP – 4 “Paulistinha”, que foi produzido até 1947. Em 1954, Baby Pignatari foi responsável por um dos mais bonitos momentos das festividades do 4º Centenário de São Paulo: dois aviões sobrevoaram o Vale do Anhangabaú e, lançando grande quantidade de papel-alumínio cortado, proporcionaram uma linda e inesquecível chuva prateada.”

BOTUCATU GANHA SUA FÁBRICA DE AVIÕES JOSÉ CARLOS DE BARROS NEIVA nasceu em São Paulo, em 18 de janeiro de 1924, vindo a falecer em São Sebastião, em 09 de fevereiro de 2013. ESSE LIVRO MARCA, COM DETALHES, A PARTICIPAÇÃO EMPREENDEDORA DE NEIVA NA CONSTRUÇÃO AERONÁUTICA:

“O aeromodelismo foi o grande mestre e a base da escolha profissional de Neiva. A partir daí ele e o pai, ajuda-

dos por José Buarque de Macedo e o aviador gaúcho João Luiz Job, construíram dois planadores no Rio de Janeiro. Em um deles José Carlos aprendeu a arte de planar. Depois, começou a voar sozinho, sem instrutor. Certo dia, José Bento Ribeiro Dantas, presidente dos Serviços Aéreos Cruzeiro do Sul, chamou-o e disse: “Eu acho que não é bom você ficar dando susto no seu pai, voando sem instrutor. Vou mandar você para o Rio Grande do Sul, para aprender a pilotar de verdade”.

“Assim aconteceu, o jovem ganhou passagem para Porto Alegre e pode completar o treinamento. Neiva retornou ao Rio de Janeiro habilitado como piloto de planador e, repleto de entusiasmo, iniciou a construção do primeiro planador brasileiro, que acabou vendido para a Companhia Nacional de Aviação. O sucesso foi imediato: recebeu a encomenda de outros três aparelhos para o Ministério da Aeronáutica. O aparelho recebeu o nome de Neiva B Monitor e foi o responsável pela formação de inúmeros pilotos. Carinhosamente chamado de “Neivão”, fez os primeiros voos em 1950 e, passado meio século, ainda estava em atividade no Aeroclube de Planadores de Tatuí, no estado de São Paulo.”

A VOLTA DOS PAULISTINHAS

“A seguir, foram produzidas outras séries para aeroclubes brasileiros. Nessa época, as duas fábricas de aviões que existiam no Brasil – a CNNA e a CAP -, que forneciam aviões para o Ministério da Aeronáutica, haviam encerrado as atividades. Em 1952, o governo importou dos Estados Unidos oitenta aparelhos Piper PA-18. Neiva tinha certeza de que o Brasil possuía condições de suprir o mercado interno. Empenhou-se e, por meio do CTA, obteve de Francisco Pignatari autorização para fabricar o Paulistinha.

Para cumprir a empreitada, associou-se a Antônio Araújo Azevedo, engenheiro diplomado pelo Escola Politécnica, que possuía uma oficina de reparo de aviões no interior paulista. Em 1954 foi fundada a Sociedade Construtora Aeronáutica Neiva. Dois anos depois, a empresa transferiu-se para a cidade de Botucatu, onde estava localizada a empresa de Azevedo, e foi assim que, com o aval e estímulo do Ministério da Aeronáutica, iniciou a construção de aviões.”

SUCESSO DA INDÚSTRIA AERONÁUTICA

No ano seguinte, com a fabricação de vinte Paulistinhas Neiva P-56 para a Esquadrilha de Ligação e Observação em Canoas, RS, a produção em série teve continuidade. Eram aparelhos entelados, sendo a fuselagem feita com tubos de aço soldados e as asas construídas em freijó, madeira nacional. Muitos cadetes da turma do Curso de Formação de Oficiais Aviadores de 1968, da antiga Escola de Aeronáutica do Campo dos Afonsos, receberam instrução de voo nos P-56, designados FAB L-6.

Nenhum cadete efetuou voo solo nessas aeronaves, mas foi nos Paulistinhas que receberam os primeiros ensinamentos sobre a arte de voar. Utilizados pelo Ministério da Aeroáutica, aeroclubes e particulares, os Paulistinhas, produ-

zidos inicialmente pela CAP e, posteriormente, pela Neiva, transformaram-se em um dos grandes sucesso da indústria aeronáutica em tempo de paz, contribuindo para a formação de expressivo número de pilotos.

Como na época surgiram no mercado outros protótipos, enquanto fabricava o Paulistinha, a empresa Neiva projetou um avião metálico. Com isso, encerrou-se a série dos P-56 de dois lugares e teve início a do Regente, com quatro lugares.

A seguir veio o Neiva T-25 Universal, avião de asa baixa, acrobático, com trem de pouso triciclo escamoteável ou retrátil. Foram exportados para o Chile e Paraguai e, anos depois, algumas unidades usadas também foram doadas para a Bolívia. A FAB comprou 140 aviões e, até hoje, esses aparelhos seguem formando pilotos em todo o Brasil.”

A GRANDE ALEGRIA

Quando o Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento do CTA iniciou os estudos para fabricar o primeiro avião, contou com a colaboração de José Carlos de Barros Neiva, que apresentou ao núcleo de comando da instituição o industrial francês Max Holste, profissional decisivo na execução do projeto do Embraer BEM 110 Bandeirante.

Criada a Embraer – Empresa Brasileira de Aeronáutica, ela passou a fabricar aviões para o Ministério da Aeronáutica e, com isso, em março de 1980, a então indústria Aeronáutica Neiva S/A foi assumida pela empresa e dela tornou-se susidiária, na cidade de Botucatu.

Ao longo de trinta anos de atividade, José Carlos de Barros Neiva realizou o sonho de muitos jovens, colocando talentosos pilotos nos céus do Brasil. Pelos relevantes serviços prestados à aeronáutica brasileira, foi eleito membro do Conselho Superior do Incaer – Instituto Histórico-Cultural da Aeronáutica – e passou a ocupar a cadeira nº 2, que tem como patrono Augusto Severo de Albuquerque Maranhão. Porém, a grande alegria aconteceu em 26 de março de 2004. Apesar de residir na tranquila Ilha Bela, ao ver, pela TV, a primeira mulher da FAB a voar sozinha, pilotando um T-25 Universal, avião confeccionado por sua fábrica. Neiva sentiu o coração bater em ritmo acelerado. Com a emoção, teve a certeza de também ter contribuído para o progresso da aviação brasileira.”

(trechos do livro “BRASILEIROS VOADORES – 300 ANOS PELOS CÉUS DO MUNDO”)

Vejam a lista dos aviões fabricados pela Aeronáutica Neiva:

• Planador BN-1

• Planador Neiva B Monitor

• Neiva P-56 Paulistinha

• Neiva Regente

• EMB-712 Tupi, avião fabricado sob licença da empresa Piper.

• EMB-810D Seneca II, avião fabricado sob licença da Piper.

• EMB-820C Navajo, avião fabricado sob licença da Piper.

• EMB-202 Ipanema

• T-25 Universal (Usado na instrução dos cadetes da Força Aérea Brasileira)

Hoje, a lembrança nos leva aos anos 60 quando os famosos “Teco-Teco” eram fabricados em Botucatu. Após a Embraer assumir a Neiva, a fábrica passou a produzir aviões agrícolas e o conhecido Tucano, além de produzir peças para o jato da Embraer.

José Carlos de Barros Neiva faleceu na cidade de São Sebastião/SP, em 09 de fevereiro de 2013. (AMD)

JOSÉ CARLOS DE BARROS NEIVA

LEITURA DINÂMICA

1

–Com a OMAREAL tivemos plantada a semente de nossa Indústria Aeronáutica: o Engº Antônio Azevedo instalou, em hangar adaptado, oficina de manutenção de aviões, chegando a projetar e a construir um protótipo que obteve sucesso. No entanto, a OMAREAL não vingou Coube a José Carlos Neiva, fabricante de planadores no Rio de Janeiro, atraído à cidade por Azevedo, a incumbência de instalar uma fábrica de aviões: a Sociedade Construtora Aeronáutica Neiva Ltda., posteriormente Neiva-Embraer. Em 1956, a Neiva passou a fabricar o PAULISTINHA P-56.”

Primeiro avião produzido em Botucatu pela Omareal.

2

– Com a incorporação da Neiva pela Embraer, surgiu a poderosa EMBRAER. Hoje, mundialmente reconhecida em sua capacidade técnica.

3

– A Embraer inaugurou em Botucatu um busto de José Carlos Neiva, pioneiro da indústria aeronáutica brasileira, fundador da Indústria Aeronáutica Neiva em outubro de 1954

A homenagem ocorreu na unidade industrial da empresa em Botucatu, com a presença de empregados e familiares do Engº Neiva.

4

– A “Escada Santos Dumont” leva o nome do criador. Isso mesmo, o genial Santos Dumont, inventor do avião e do relógio de pulso, inventou também esse modelo de escada que só permite subir um degrau de cada vez e com cada pé, ou seja, não é possível colocar os dois pés em um mesmo piso de um degrau! A escada foi feita para a casa de Santos Dumont em Petrópolis, também conhecida como “A encantada”, desenhada pelo próprio inventor que hoje é um pequeno museu aberto à população.

5

– Nos anos finais de sua vida, Santos Dumont lutou contra a depressão. Ele ficou desiludido ao ver sua invenção tornar-se um objeto usado na guerra. Ele chegou a pedir que a Liga das Nações proibisse o uso de aviões em guerras, mas seu pedido foi recusado. Adepto entusiasta da Revolução Constitucionalista de 1932, sofreu muito ao ver os aviões usados no conflito.

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