Edição 1152

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Diário da Cuesta

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O Dia 17 de Julho é o Dia de Proteção das Florestas e do Protetor das Florestas: O CURUPIRA! E as estórias de “Taquara-Póca”, do consagrado escritor botucatuense Francisco Marins, destacam em vinculação direta com a natureza o Curupira, com os pés para trás, como o Guardião da Floresta e inimigo dos machadeiros e caçadores... Ele se torna um grande amigo dos meninos de Taquara-Póca...

No folclore brasileiro, o Curupira é um personagem descrito como um anão forte e ágil de cabelos ruivos que possui os pés virados para trás. Assim, ao caminhar, o Curupira consegue enganar alguém que pretenda segui-lo olhando para suas pegadas. O perseguidor pensará sempre que ele foi na direção contrária...

COLEÇÃO FRANCISCO MARINS - Obras para a Juventude - Série Taquara-Póca

Curupira

O curupira é uma das lendas do folclore brasileiro. Fala de um ser mítico que protegia a floresta contra caçadores e contra aqueles que derrubavam as árvores.

Na lenda, o curupira é um ser conhecido como protetor da floresta

O curupira, um dos personagens mais famosos do folclore brasileiro, é conhecido como um ser mítico que protege a floresta. Sua lenda tem origem nos povos indígenas, sendo muito famosa no Norte do Brasil, sobretudo no Amazonas e Pará. Essa lenda é bastante antiga, havendo menção a ela do século XVI.

Lenda do curupira

O curupira é retratado frequentemente como um anão que possui os cabelos vermelhos e os pés ao contrário (com os calcanhares para frente) É importante reforçar que a descrição física do curupira pode variar de acordo com o local em que a lenda é reproduzida.

Em certos locais, o curupira é careca; em outros, tem o corpo cabeludo e dentes verdes. De toda forma, as características que se sobressaem são as citadas: baixa estatura, cabelos vermelhos e pés ao contrário. Além disso, destaca-se sua grande força física.

O curupira como protetor da floresta voltava-se contra todos aqueles que a destruíam e, por isso, era visto com grande temor pelos indígenas. Os indígenas acreditavam que o curupira aterrorizava e matava aqueles que entravam na floresta para caçar ou derrubar árvores

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DIRETOR: Armando Moraes Delmanto

EDITORAÇÃO E DIAGRAMAÇÃO: Gráfica Diagrama/ Edil Gomes

O pavor era tão grande que os indígenas ofereciam presentes quando entravam na floresta para impedir que fossem vitimados pelo curupira. A lenda fala que o curupira adorava receber fumo e cachaça como presentes. Além de aterrorizar os caçadores, o curupira também era responsável por fazê-los se perder na floresta e esquecer o caminho pelo qual sairiam dela.

Uma forma de atormentar os caçadores era o ato de o curupira assoviar continuadamente. Para fugir dele, caso ele te encontre no meio da floresta, é necessário realizar um nó em um pedaço de cipó. Agora, achar por conta própria o curupira na floresta é quase impossível, pois seus pés ao contrário tornam sua localização improvável.

O curupira é um habitante nato das florestas, então, para encontrá-lo, é necessário adentrar na mata densa. Sendo assim, esse ser evita estar nos locais com grande presença humana, somente indo atrás de humanos quando eles entram na floresta para caçar ou derrubar árvores.

O Diário da Cuesta não se responsabiliza por ideias e conceitos emitidos em artigos ou matérias assinadas, que expressem apenas o pensamento dos autores, não representando necessariamente a opinião da direção do jornal. A publicação se reserva o direito, por motivos de espaço e clareza, de resumir cartas, artigos e ensaios.

Diário da Cuesta

“O hóspede por um dia”

Ele chegou pela tarde.

Pousou primeiro na janela do quarto dos fundos.

Analisou o ambiente organizado, sem viva alma.

Olhou e olhou por todos os lados, com seus olhinhos negros vivazes.

Nenhuma das duas assustadoras guardiãs estava por lá, nem a dona da casa.

Esta tirava sua soneca diária após o almoço, deitada no seu cadeirão frente a TV ligada, chegava a roncar, acompanhada das cachorras, uma deitada a seus pés e a outra junto ao sofá preto de couro.

Aproveitando a chance, empreendeu um vôo silencioso até a área de serviço aonde ficam os potes de ração e água. E foi se servindo sem cerimônia dos apetitosos grãos, espalhando-os pelo chão.

Como batia com seu biquinho preto na vasilha branca pintada com desenhos caninos; acabou acordando a maior das guardiãs, a das patinhas tortas, que acordada pelo ruído fez uma ronda pela casa.

E foi seguida pela outra menor que demorou um pouco mais a perceber o movimento pela casa, coisa da idade.

Pego de surpresa, o pequeno hóspede levantou voo, suas asas parecendo saias plissadas numa dança.

Seguiu a fuga até a cozinha pousando no forno elétrico branco.

Acuado pela cachorra de pelo cor de mel voou pela abertura na parede entre a cozinha pequena e a sala de estar.

De lá foi para o armário marrom derrubando com o bater das asas um porta retrato de acrílico, que tombou quebrado no chão.

Viu uma árvore sobre um móvel e voou até seus galhos.

Bicou e bicou o galho encapado de papel duro.

Percebendo ser uma árvore de Natal armada fora de época que lhe serviu de poleiro.

Ficou ali aconchegado por uns minutos.

As cachorras distrairam-se com um carro que estacionou na frente da casa do vizinho.

Aproveitando a deixa voou até um dos quartos pousando na cortina da janela, de renda de cor bege.

Ali ficou por um bom tempo.

Tentou sem sucesso achar uma abertura para sair da casa.

Nesse voo desesperado veio até a sala seguida pela cachorra maior num tropel que acordou a mulher, assustando-a.

Pousou desta feita na sanca de gesso, escondendo-se entre as lâmpadas longas e finas acesas.

De lá dirigiu-se para o vaso florido de girassois e flores do campo da mesma tonalidade.

Sentindo-se em casa ficou no galho da falsa árvore durante toda a noite.

Nas primeiras horas da manhã quando percebeu as portas e janelas abertas empreendeu o voo rumo a liberdade.

A ARTE DA LEITURA

ELDA MOSCOGLIATO

Do saudoso Prof. Wagner recebemos a iniciação literária compreendida no programa de formação secun- dária do Curso de Professores Normalistas da sempre querida Escola Normal.

Sendo a Literatura sua cátedra efetiva, malgrado, fosse ele mestre também, de Matemática e de outras disciplinas, empolgava-se em classe de tal forma que suas aulas extravasavam os limites da matéria registrada e transformavam-se em arroubados jorros de Oratória.

Cultura vastíssima , saber profundo, versatilidade onímoda enriquecidos por uma total dedicação ao estudo e aos livros, o velho mestre plasmou no apurado gosto literário muitas gerações cujos expoentes firmaram alhures o renome da tradicional Escola Normal. Nas suas memoráveis lições, batia-se ele pela boa leitura, quer sob seu aspecto técnico, quer pelo seu decorrente subjetivismo. Partindo do primeiro, exigia, como condição essencial o uso do dicionário, o exercício de sinonímia e as anotações à margem.

- Eu não compreendo , dizia ele, um livro lido, que não seja anotado. Ler sem compreender ou esmiuçar o conteúdo vocabular, percorrendo a etimologia, perscrutando-lhe a semântica, é o mesmo que engolir sem mastigar, sem sentir o sabor do alimento. Saborear uma frase é degustar subjetivamente, o pensamento do autor. Sua apaixonada insistência exigia um aluno arguido em prova oral, duas, três ou mais palavras sinônimas.

Era a ampla seara da palavra fácil, do pensamento cristalino, puro, convertido na oração plena, brilhante. Tinha horror à gíria, como criminoso corrosivo do idioma. Seu maior prazer, era deparar, na obra destacada para apreciação da classe, a frase sublinhada. Muitos de seus discípulos, seguindo-lhe a orientação segura, colecionavam verbetes, pensamentos, a frase-chave, o tema da página literária estudada.

Detestava ele, a leitura sôfrega, superficial, quantitativa. Tinha sempre presente o pensamento agostiniano: “Temo o homem que leu pouco, e bem”. Aconselhava, consoante a corrente literária estudada no momento, a escolha do autor, a obra, senão total, pelo menos a principal. Essa deveria ser lida, analisada, meditada, fixada. Depois, a critica, com os próprios recursos intelectuais do discípulo.

Dono de uma linguagem elegante e escorreita, purista do idioma pátrio, seus sábios conselhos voltam-nos à memória, ao surpreendermos um diálogo entre dois estudantes de nível superior expoentes talvez, do tecnicismo hodierno que vem substituindo no estranho mundo em que vivemos, a beleza paisagística pela carapaça impressionante da maquinaria cósmica:

- Comprei a coleção de José de Alencar e estou arrependido. . . Droga. . . - Você é desse tempo? Esse “nêgo” é “quadrado” e antiquado...

da Cuesta

EXPEDIENTE

DIRETOR: Armando Moraes Delmanto

EDITORAÇÃO E DIAGRAMAÇÃO: Gráfica Diagrama/ Edil Gomes

Contato@diariodacuesta com br Tels: 14.99745.6604 - 14. 991929689

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