O Violão e a Técnica Moderna
Uma de suas principais dedilhações e talvez a mais difícil para o principiante é a do “stacato” rápidp, na qual se empregam os dedos indicador e médio, alternados. O polegar dessa mão só é ocupado nos baixos e acordes, no canto ele é proibido.
As notas ligadas são feitas com a mão esquerda auxiliada com a direita, mas, ao passo que se deve liga-las somente com a mão esquerda, porque introduzindo-se a mão direita talham-se as ligaduras. Essas notas ligadas somente com a mão esquerda são feitas por meio de ecos. O eco faz dando a vibração de uma corda e apoiando em seguida, com força, um outro dedo, na corda que segue (sem auxílio da direita).
res violonistas porque lá existe conservatório para esse instrumento, sendo ele lá muito apreciado e cultivado. Acreditamos que ele seja pobre e ingrato.
No Brasil usam-se muito as cordas de aço; produzem também um belo som, mas, para isso conseguir depende muito da delicadeza no ferí-las.
Há violonistas que querem fazer do violão uma banda de música, forçando o instrumento. Nesse caso, então, torna-se metálico, rústico, sobretudo quando o encordoamento é de aço. N’\ão pode ser forçado; o som deve ser natural, de conformidade com a caixa harmônica, que é pequena, tanto que é chamado instrumento de salão, devido ao som baixo que produz.
O violão, há muitos anos atrás era considerado medíocre para a execução de músicas clássicas, mas, o imortal maestro Francisco Tarrega, genial criador da nova técnica, elevou alto o instrumento.
Segundo a nova técnica de Tarrega vamos começar as explicações pelo modo de segurar o violão. Ele deve ser apoiado sobre a coxa da perna esquerda. O cabo ou braço deve ficar mais alto que a espadua esquerda, sendo que essa posição torna-se melhor pondo embaixo do pé esquerdo um banquinho de 20 a 25 centimetros de altura. Fica, então, preso entre o peito e o ante-braço direito, e ficando, assim, livres as duas mãos. O polegar da mão direita não é ocupado nas cordas, ficando embaixo do braço ou cabo escondido na palma da mão. A mão direita tem hoje uma posição muito diferente, sendo impossível explicar aqui.
A dedilhação da mão direita é o principal. Havendo vícios não se poderá tocar bem.
EXPEDIENTE
No nosso fraco modo de pensar, no violão não existem posições como no violino. Porque é um instrumento de acordes. Nesse caso, então, quantas posições não teria o piano? O violonista F. Cozzuli diz no seu método que o violão tem cinco posições, sendo fá, sol, lá, si e dó. O violonista Antonio Navajas diz diferente: considera posições as pestanas. Mais uma vez diremos: não tem posições.
Muita gente pensa que ré menor, dó menor, etc, são posições. É puro engano, são acordes. Sendo o violão um instrumento de acordes deve-se procurar executar nele músicas ricas de harmonia, sendo esse o estilo que mais agrada, isto na nossa opinião.
Antigamente, o violão requeria acompanhamento, mas, hoje, com a nova técnica, ele faz o canto e o acompanhamento ao mesmo tempo. Existem músicas para dois, três e mais violões, mas é muito raro em concerto.
Atualmente existem muitas traduções de obras clássicas para violão. Aconselhamos as de F. Tarrega, A. Segovia, Sor, Aguado, Diabelli, Carcassi, porque são bem traduzidas. Devem ser evitadas as traduções com dedilhações erradas, como temos visto algumas, porque viciam o principiante, e, ao inverso disso, os bons métodos ensinam muito. É necessário também que o violão seja bom, de afinação perfeita e de sonoridade. Temos em São Paulo um bom fabricante de violões, o sr. Romeu Giorgio. Esses violões são feitos de acordo com a nova técnica e de muita sonoridade. Às senhoritas que me consultaram aconselhamos esse fabricante e quanto a métodos, devem ser preferidos o Aguado e Carcassi. Existem outros métodos de técnica antiga, nos quais também se encontram bons exercícios.
O principal é começar sem vícios e por música, procurando, em primeiro lugar, conhecer todo o braço do violão (por música). É necessário também saber que não se deve pensar que em dois ou três anos fica-se violonista. Victória, 7 de janeiro de 1933
O violão não é o instrumento mais difícil como muita gente crê. Pensamos não haver um instrumento mais difícil que o outro. No Brasil, principalmente nas cidades pequenas, são poucos, ou não existem bons professores de violão. Todos aprendem sem mestres, com auxílio de métodos práticos e de ouvido. A dificuldade está aí porque aprendendo de ouvido e viciado, será impossível tocar bem o instrumento. A Espanha é o país que tem dado os maio -
DIRETOR: Armando Moraes Delmanto
EDITORAÇÃO E DIAGRAMAÇÃO: GRAFMAIS/ Edil Gomes (14.99609-2337)
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NOTA: Artigo escrito pelo consagrado músico botucatuense, Guido Bissacot, diretamente do Distrito de Victória (Vitoriana) onde nasceu e ainda residia, para o “Jornal de Notícias”, de 12/01/1933. A Revista Peabiru após pesquisa no Acervo Histórico do Centro Cultural descobriu este que talvez seja o único artigo escrito por Guido Bissacot que ensinou música para muitas gerações de jovens botucatuenses. Guido Bissacot (1903/1971) tocava vários instrumentos, mas foi no violão clássico que se destacou, realizando concertos e recitais por todo o Brasil. Entre suas composições destacam-se: Marlene, Marilene, Norma, Marisa, Marilu, Choro em Lá, Choro em Ré, Parafusando, Gemido de Violão, Marcha, Variação sobre a Marcha Triunfal Brasileira, Noites Sevilhanas, Noturno op. 1 e Torre de Vitoriana.
ILUSTRAÇÃO: é de autoria de nosso colaborador José Sebastião Pires Mendes a ilustração de Guido Bissacot. (AMD)
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Tarsila
autorretrato
“Tarsila do Amaral nasceu em Capivari, São Paulo, no dia 1º de setembro de 1886. Filha e neta de grandes fazendeiros de café, foi criada na fazenda São Bernardo em meio à natureza e aos animais que tanto gostava, Entretanto, apesar de morar no interior de São Paulo, Tarsila cresceu acostumada com o que de melhor havia no Brasil e na Europa, centro cultural do mundo àquela época. Anos mais tarde, quando, já adulta, decidiu dedicar-se à pintura, expressou em sua arte tudo o que vivenciara em sua infância e juventude.
“Quero ser a pintora da minha terra”, disse Tarsila certa vez ao definir sua ambição nas artes.
E conseguiu. Hoje, não apenas Tarsila do Amaral, a Caipirinha de Capivari, é a pintora mais importante de nosso país, como sua obra prima, o quadro ABAPORU é a tela de maior valor no mundo. (informe/divulgação)
A exposição “UNIVERSO DE TARSILA DO AMARAL, esteve aberta ao público no Shopping Pátio Higienópolis, na capital paulista, no ano de 2016. Essa criativa exposição teve como curadora TARSILINHA DO AMARAL, sobrinha neta da grande pintora. Comemorou-se também, antecipadamente, os 130 anos do nascimento de Tarsila (1886/2016). O quadro Apaboru que Tarsila criou, em 1928, para presentear seu marido, Oswald de Andrade, se transformou na mais importante obra de arte do país, símbolo do modernismo brasileiro e ao movimento antropofágico. “Abaporu”, palavra de origem indígena, significa “homem que come carne humana”, o que veio a dar origem ao movimento antropofágico, idealizado por seu marido: a antropofagia propunha a digestão de influências estrangeiras para que a arte e a cultura nacionais ganhassem um perfil mais brasileiro.
Oswald de Andrade, pintado por Tarsila.
Na parte central do Shopping, a exposição apresentou uma réplica cenográfica do atelier de Tarsila do Amaral, representando não apenas o seu local de trabalho mas ao mesmo tempo a casa da pintora.
Com palestras de Tarsilinha do Amaral, o público pode ver e ler sobre a vida da pintora e fatos especiais sobre a origem de suas obras.
Tarsilinha do Amaral e o Abaporu
Tarsila do Amaral ao lado de Anita Malfatti representa o que de melhor se produziu em pintura pelo universo feminino brasileiro, do qual são as mais destacadas representantes.
Na exposição, os presentes podem tirar fotos junto ao famoso quadro Abaporu. Na verdade, explicado por Tarsilinha Amaral, a pintora fez o quadro para presenteá-lo ao seu marido, com muita sensualidade e amor. Na busca de um nome para o quadro, num momento em que se vivia a busca de rumos para a pintura e arte nacionais, optou-se por essa palavra indígena, Abaporu, com o significado acima. Vale a visita. (AMD)
Relação de suas obras: •Pátio com Coração de Jesus (Ilha de Wright) - 1921 •A Espanhola (Paquita) - 1922 •Chapéu Azul - 1922 •Margaridas de Mário de Andrade - 1922 •Árvore - 1922 •O Passaporte (Portrait de femme) - 1922 • Retrato de Oswald de Andrade - 1922 •Retrato de Mário de Andrade - 1922 •Estudo (Nu) - 1923 •Manteau Rouge - 1923 •Rio de Janeiro - 1923 •A Negra - 1923 •Caipirinha - 1923 •Estudo (La Tasse) - 1923 •Figura em Azul (Fundo com laranjas) - 1923 •Natureza-morta com relógios - 1923 •O Modelo - 1923 •Pont Neuf - 1923 •Rio de Janeiro - 1923 •Retrato azul (Sérgio Milliet) - 1923 •Retrato de Oswald de Andrade - 1923 •Autorretrato - 1924 •São Paulo (Gazo) - 1924 •A Cuca - 1924 •São Paulo - 1924 • São Paulo (Gazo) - 1924 •A Feira I - 1924 •Morro da Favela - 1924 •Carnaval em Madureira - 1924 •Anjos - 1924 •EFCB (Estrada de Ferro Central do Brasil) - 1924 •O Pescador - 1925 •A Família - 1925 •Vendedor de Frutas - 1925 •Paisagem com Touro I - 1925 •A Gare - 1925 •O Mamoeiro - 1925 •A Feira II1925 •Lagoa Santa - 1925 •Palmeiras - 1925 •Romance - 1925 •Sagrado Coração de Jesus I - 1926 •Religião Brasileira I - 1927 •Manacá - 1927 •Pastoral - 1927 •A Boneca - 1928 •O Sono - 1928 •O Lago - 1928 •Calmaria I - 1928 •Distância - 1928 •O Sapo - 1928 •O Touro - 1928 •O Ovo (Urutu) - 1928 •A Lua - 1928 • Abaporu - 1928 •Cartão Postal - 1928 •Antropofagia - 1929 •Calmaria II - 1929 •Cidade (A Rua) - 1929 •Floresta - 1929 •Sol Poente - 1929 •Idílio - 1929 •Distância - 1929 •Retrato do Padre Bento - 1931 •Operários - 1933 •Segunda Classe - 1933 •Crianças (Orfanato) - 1935/1949 •Costureiras - 1936/1950 •Altar (Reza) - 1939 •O Casamento - 1940 •Procissão - 1941 •Terra - 1943 •Primavera - 1946 •Estratosfera - 1947 •Praia - 1947 •Fazenda - 1950 •Porto I - 1953 •Procissão(Painel) - 1954 •Batizado de Macunaíma - 1956 •A Metrópole - 1958 •Passagem de nível III - 1965 •Porto II - 1966 •Religião Brasileira IV - 1970 (Wikipedia)
Abaporu
Tarsila Amaral é referência para a cria-
ção da Antropofagia modernista brasileira, ou Movimento antropofágico, que se propunha a deglutir a cultura estrangeira e adaptá-la ao Brasil. É um quadro que tem a digital da pintora e reúne traços comuns que já haviam sido testado em "A Negra" e "Abaporu"