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JOSÉ SARAMAGO Diário da Cuesta
José Saramago foi tradutor, romancista, editor, poeta, ensaísta e jornalista. Ganhou o Prêmio Nobel da Literatura em 8 de outubro de 1998, viveu a maior parte de sua vida na Capital Portuguesa e faleceu aos 82 anos em 18 de junho de 2010. Assumidamente comunista, ateu, descrente da conjuntura da democracia atual, crítico ávido do sistema econômico neoliberal e, consequentemente, do macrocosmo capitalista. Tido como um dos maiores autores da atualidade, de senso extremamente crítico, irreverente, realista, fez de suas próprias palavras um espelho de sua crença e personalidade. Tendo 37 obras publicadas, entre elas estão: Levantado do Chão (1980), Memorial do Convento (1982), O Ano da Morte de Ricardo Reis (1984), História do Cerco de Lisboa (1989), O Evangelho segundo Jesus Cristo (1991), Ensaio sobre A Cegueira (1995), As Intermitências da Morte (2005), Poesia Completa (2005).
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“O melhor brinquedo de todos é a nossa imaginação
“Rachel de Queiroz
Maria De Lourdes Camilo Souza
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Hoje se comemora o Dia dos Nordestinos, me fez lembrar os escritores nordestinos que nunca ganharam Prêmio Nobel.
Nunca precisaram dele, necessitavam apenas brincar, imaginar e escrever.
Seu maior prêmio é o reconhecimento do povo nordestino e brasileiro.
Que brasileiro não se encantou lendo algo do querido Ariano Suassuna ou de Rachel de Queiroz?
Ariano com aquele seu jeito meio ingênuo e tão simples de dizer as coisas nos arranca sorrisos encantados.
“Não troco meu Óxente por nenhum OK de ninguém.”
Graças a Deus que nunca trocou, sendo fiel a si mesmo.
Logo que comecei a escrever aqui, fiquei muito envaidecida por um comentário de um amigo, que me comparou á Rachel de Queiroz.
Se em algum momento eu me assemelhar a ela nem que seja por sua minúscula unha do dedinho do pé já me dou por feliz.
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Poderei imaginar que escrevendo deixarei algum legado aos meus queridos amigos e parentes.
E falando em legado, acredito que nunca é tarde para começar.
Vendo os candidatos ao Prêmio Nobel de Literatura, observei que eram da “melhor idade” como se referem ao falar dos idosos.
Respirei aliviada: aff.. nem estou tão velha gosto de pensar que Cora Coralina também começou com idade avançada.
Mas a alma tem idade, me pergunto?
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Abdulrazak Gurnah, da Tanzânia, tem seus 73 anos.
E para ser sincera nem tenho expectativas a um Prêmio desses.
Gosto de ver a reação dos conhecidos, e tenho imenso prazer de ler os comentários.
Esse é o meu
Conversando com uma querida amiga, ela me perguntou se eu continuava escrevendo eu respondi que sempre.
Comentei sobre o que tenho escrito e ela queria saber mais, pois atualmente por problemas de visão não pode mais ler as minhas crônicas, preferindo os vídeos, ouvir os áudios.
Eu até andei gravando uns áudios para ela.
Ela ouviu atentamente, sorriu e me disse: - “sua imaginação é fantástica”.
Escrever é uma viagem, minha alma passarinha voa longe.
Viagens # Fé
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VGesiel Júnior
Com fé renovada na Gruta de Massabielle
ou partilhar outro aspecto do que aprendi em Lourdes. Que cidade fascinante! Passamos, Regina Célia e eu, dois dias lá, mas até gostaria de mais tempo. Pelo que sentimos brota espiritualidade da mensagem de uma adolescente, uma leiga. Sem influência do clero.
Em 1858, Lourdes tinha pouco mais de 4 mil habitantes quando a Virgem aparece para a jovem Bernadette Soubirous Naquele ano, a 11 de fevereiro, a francesinha vai ao rochedo de Massabielle, às margens do rio Gave, para recolher madeira morta.
Para esse local sujo levavam os porcos. É onde ela ouve uma rajada de vento. Em seguida vê na pedra a Virgem Maria. É a primeira celeste visão. Dezessete outras aparições aconteceriam até 16 de julho.
A vidente, menina pobre e analfabeta, não tinha recebido ainda a Primeira Comunhão no começo de suas visões. Surge assim em Lourdes essa espiritualidade leiga e bem feminina, brotada do encontro de duas mulheres: de Maria, a grande Mãe de Deus, e de Bernadette, uma jovem pura e humilde.
E o que eu vi em Lourdes? Vi duas mulheres conversando, se relacionando, se conhecendo, e uma ajudando a outra a crescer.
Para ir ao bucólico cenário em que tudo ocorreu temos de passar por uma gruta, chamada de Massabielle, no seio da qual se acha a fonte descoberta por Bernadette. À direita da gruta, podemos hoje visitar as fontes onde bebe-se a água, para muitos, milagrosa, e também ficam as piscinas do santuário para uma imersão na água da fonte.
Como notamos, todos os símbolos de Lourdes se referem ao batismo. Estamos, aliás, falando da fonte, da gruta, do rochedo que as pessoas passam tocando e, a propósito, a nossa rocha é Cristo!
Podemos falar também das velas que as pessoas lá acendem, imitando Bernardette, que segurava uma vela durante as aparições. Tanto que diante da Gruta de Lourdes tem um grande castiçal parecido com uma árvore de Natal iluminada, vamos dizer assim.
Muitas luzes e o símbolo da luz é profundamente batismal. Depois de ver Nossa Se-
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nhora, a mocinha contava ter escutado o ruído de um vento. Na primeira vez achou estranho, depois na segunda esse barulho se repetiu, aí ela viu Maria… Esse som de vento nos remete a Pentecostes, o vento do Espírito Santo que sopra sobre os Apóstolos. Então nós estamos falando de uma espiritualidade concretamente batismal: água - rocha - luz – espírito – vento. Tudo isso, observamos, faz parte da espiritualidade de Lourdes, uma espiritualidade que falou ao século 20, por ser precursora do Concílio Vaticano II, e uma espiritualidade que fala ao século 21, valorizando mulheres, leigos, batizados.
Profundamente contemporânea, a mensagem de Lourdes me deixou assim atônito, surpreso e maravilhado. Considero a ida a esse santuário uma das grandes graças nesta minha vida sexagenária, ainda tão imperfeita, mas que ousa renovar a graça batismal. Que assim seja!
Cronista e pesquisador, membro da Academia Botucatuense de Letras, é autor de 52 livros sobre a história regional.