Edição 1229

Page 1


Diário da Cuesta

Diário da Cuesta

ESCOLA NORMAL

Foi extraordinária a influência educacional e cultural da nossa ESCOLA NORMAL. Abrangendo a maior parte do Estado de São Paulo, era o destino certo das candidatas e dos candidatos a serem professores – profissão muito valorizada à época! – dos Estados do Mato Grosso e do Paraná.

A ESCOLA NORMAL formou turmas e turmas de jovens que partiram para o exercício da profissão em todo o estado, inclusive e com destaque, na ocupação de cargos de direção do magistério paulista Justíssimas as publicações referentes ao CENTENÁRIO DA ESCOLA NORMAL. Agora, com orgulho, incluímos o artigo do prof. Sebastião de Almeida Pinto à página 4 Salve Meiga Escola !

ESCOLA NORMAL DE BOTUCATU !

li uma partida de basquete no em na noite da última terça-feira, 11. de abertura do jogo entre o e NBA

apresentação dentro da reografias.

Ilustração do prof.Vinicio Aloise

Diário da Cuesta

DIA DO PROFESSOR

“Se não me impusessem o dever de reinar, seria apenas um mestre-primário” ( Dom Pedro II )

Estamos no mês de Outubro que traz, tantas outras comemorações dignas dos maiores registros, como ponto central, a Semana da Educação, dentro de cujo contexto encontra-se o Dia do Professor, figura quase lendária no bojo de todos os eventos históricos, em cujas mãos, por todos os tempos, repousa o destino dos povos.

Pequenina célula no contexto imenso das cogitações sociais que levam o mundo a alternâncias de abismos imensuráveis e altitudes magnas de grandeza e poder. Figura lendária, dissemos, por que na bibliografia dos Grandes da Humanidade, ali está, no recesso das memórias pessoais, emergindo discreta ou grandiosa, a imagem do mestre.

Figura exponencial do Educador, daquele que, em ministrando conhecimentos, incute, como plasma benéfico, na alma e no coração do aluno, aquilo que de si irradia, como exemplo nobre e valor cívico.

Escultor que traz em si, na criatividade artística, a capacidade de forjar caracteres, ele é o espelho onde se mira a juventude. Da criança ao adulto, todo aluno imita. O mestre é um espelho que resplende à luz do sol, as virtudes e a nobreza que espalha. No fundo de todas as pesquisas de todas as penetrações de interesses político-sociais ou religiosas, ali está em principio, um mestre. Nesta coluna, a saudação ao Mestre : mestre primário, o normalista ou a normalista-mãe, cujos deveres vão acima dos próprios deveres. Na mestra dedicada uma inteira existência à alfabetização, mola propulsora da grandeza das nações. Ao mestre secundário, ao universitário, a todos enfim, responsáveis, mal o queiram ou o entendam, pelo caráter de um povo.

Mais do que o próprio conhecimento, mais, muito mais do que a amplitude ou profundidade de seu Saber, o Mestre traz infuso o dom divino do Perdão. Como Gabriela Mistral, o mestre revive, todos os dias, aquela máxima sagrada da grande poetisa: “Repreenda com sentimento para saber que corrigiu amando”.

( A Gazeta de Botucatu – 12/10/1984 )

ESCOLA NORMAL DE BOTUCATU

ELDA MOSCOGLIATO

O dia 16 de Maio marcou mais um aniversário da Es-

EXPEDIENTE

cola Normal Oficial de Botucatu. Nome antigo, o mais gravado no coração de todos os botucatuenses. Marco do passado histórico da cidade. Patrimônio de todos. Pediram-nos uma Mensagem. Ou melhor, uma ex-aluna nossa, a querida Maria Lúcia Chiaradia Gabriel pediu-nos uma Mensagem para o painel da Escola, na semana aniversária. E a mensagem aqui vai:

O aniversário da querida Escola Normal é sempre precedido do Dia das Mães . E ambas as datas, situam-se dentro do mês de Maio, que é o Mês de Maria. Que tríplice imagem maravilhosa! Como é lindo cantar louvores a essa três Mães que são tudo, na vida da gente!

No conjunto dessas três datas, como é bom dirigir a você, caríssima Lucinha – hoje terna Mãe e Mestra exemplar – uma saudação cheia de carinhos e louvores. Como é bom ter ao nosso lado todos os momentos de nossa vida, a doce figura da Mãe, mirar-lhe os olhos encanecidos onde mora a eterna expressão de amor infinito a doar-se em carinhos e ternuras dos filhos aos netinhos que lhe adoçam e suavizam o envelhecer! Como é lindo e profundamente amado o perfil augusto da Mãe!

Agora, vem o dia de nossa Escola! Ela não envelhece nunca em nossa intima gratidão, no nosso intenso amor! Nossa memória nos leva aos seus corredores imensos, cheios de fantasmas queridos! As salas de aula sonoras ainda da voz vibrante dos antigos Mestres! Ah! O Anfiteatro clássico a reboar ainda, os acordes vibrantes da “Meiga Escola, na grande Via Láctea”!

Somos ambas, gerações distintas tão afastadas no tempo! E quantas mais, uma quase centena de outras gerações que ascenderam, em sua época, as escadarias solenes da querida Escola, para depois uma a uma, descer um dia vitoriosa, em caminho de um porvir risonho!

Querida Normal, Mestra matronal e venerável, Fênix rediviva a agasalhar sempre com igual amor aos que se lhe acolheram no seio amoroso! Ad multos anos viva!

Que nos resplendores celestes em que se assenta, Maria – Rainha do Céu e da Terra, Mãe e mestra adorável e pura – derrame suas bênçãos àquelas Mães terrenas que, num vivido reflexo de sua Grandeza cumprem nesta Vida sua sublime Missão. Amém.

( A Gazeta de Botucatu - 17/05/ 1985 )

DIRETOR: Armando Moraes Delmanto

EDITORAÇÃO E DIAGRAMAÇÃO: Gráfica Diagrama/ Edil Gomes

O Diário da Cuesta não se responsabiliza por ideias e conceitos emitidos em artigos ou matérias assinadas, que expressem apenas o pensamento dos autores, não representando necessariamente a opinião da direção do jornal. A publicação se reserva o direito, por motivos de espaço e clareza, de resumir cartas, artigos e ensaios.

Inaugurada a 16 de maio de 1911, sendo seu primeiro Diretor, o Prof. Martinho Nogueira.

A revista Peabiru, em seu nº 03, de maio/ junho de 1997, publicou reportagem completa sobre o histórico da ESCOLA NORMAL. Complementando a matéria, trazemos o artigo do professor Sebastião de Almeida Pinto:

A Escola Normal

«A criação de uma Escola Normal, uma escola para formar professores primários, foi sempre um sonho da nossa gente, foi sempre uma idéia dos homens bons do passado. Foi sempre um objetivo dos políticos do velho Botucatu. Eles viam o progresso de Itapetininga e de Piracicaba, dotadas de escolas complementares, que também formavam professores e almejavam o mesmo para a cidade dos bons ares. E trabalharam e lutaram.

Pelo artigo 55, da lei estadual nº 1.245, de 30/12/1910, foi criada uma escola complementar em Botucatu. Antes de ser instalada, o decreto estadual nº 2.025, de 29/03/1911, transformou-a em Escola Normal Primária de Botucatu O citado decreto foi aprovado pela Lei nº 1.311, de 02/01/1912 A organização da Escola era a seguinte: 1 curso normal, de 4 anos, para formação de professores de cursos preliminares; um grupo escolar modêlo, destinado à prática do ensino dos alunos normalistas.

A notícia da criação da Escola Normal, foi um estouro na praça. A cidade quase veio abaixo, tal o barulho, o foguetório, o entusiasmo do povo. Passeatas, discurseiras, manifestações aos políticos da terra, cervejada, etc., como era costume da época, as festas duraram uma semana. Grande conquista, merecia grande repercussão.

Não havia prédio próprio para a instalação da Escola Normal E havia necessidade de fazer funcionar logo o estabelecimento. O corpo docente e o pessoal administrativo já estavam nomeados. Os exames de admissão já estavam marcados. Como fazer ?

O problema foi resolvido com a cooperação do Bispado A secção masculina foi localizada no edifício daCaridade Portuguesa Maria Pia, onde hoje funciona a Câmara Municipal. A secção feminina começou a funcionar no prédio da Conferência Vicentina, que existiu ali onde está o ESTUDO do Seminário. Era um prédio velho, mais tarde demolido. Solução boa, no momento.

Realizados os exames de admissão, com a presença de muitos candidatos de fora, entrou em funcionamento a Escola Normal Primária de Botucatu A primeira aula foi dada no dia 16 de maio de 1911 Por isso é que o antigo grêmio estudantino tinha o nome de Grêmio Normalista “16 de maio”.

O primeiro diretor, organizador e orientador da Escola Normal de Botucatu foi Martinho Nogueira Grande educador. Ótimo administrador. Figura de relêvo no Magistério Paulista. Deixou nome, pela sua austeridade, capacidade de trabalho,e , sobre tudo, amor ao Ensino. Botucatu, reconhecido às suas excelsas qualidades de mestre, deu seu nome a uma das praças da cidade e a um dos Grupos Escolares, o do Bairro Alto. Era secretário-arquivista do estabelecimento, o velho Francisco Braz da Cunha. Porteiro era José de Arruda Campos, o velho Juca Mono. Como contínuos, aperreavam os alunos, o Virgílio de Oliveira (Virgilião), e Paulo Pinheiro Machado Os serventes eram Lélia do Amaral, e o Noé de Moura Campos Como se vê, pequeno era o pessoal administrativo...”

Mais adiante, Tião Pinto nos traz a relação completa dos 28 professores componentes da primeira turma da nossa Escola

Normal (1914):

“...Abílio Baptista Abranches Fontes, Othoniel de Almeida Moraes, Romeu do Amaral, Sebastião Pedroso Junior, Adelaide Paes de Almeida, Anália de Camargo Souza, Arminda Pellegrini, Augusta de Moraes Fleury, Benedicta Fuzzaro, Benedicta Pinheiro da Silva, Blanca Zwicker, Edth Dias, Eliza de Barros, Etelvina Santos, Eugênia de Camargo Souza, Floriza Fontes, Gabriela Pinheiro Machado, Hermínia de Barros, Izolina Teixeira, Josephina Pinheiro Machado, Lucinda de Barros, Margarida Monteiro de Campos, Maria Eliza Alves, Maria de Lourdes Sampaio, Olga Ferraz, Rosina Alves, Sebastiana Rodrigues e Sylvia Alves.

Foi de espavento a festa de formatura da primeira turma. Uma coisa louca. Ali no velho casino, comprimia-se a nata da terra, gente de fora, altas autoridades com o Exmo. Sr. Secretário do Interior à frente, o mui ilustre Dr. Altino Arantes, que depois foi Presidente do Estado de São Paulo. A banda de música da Fôrça Pública, no saguão, abrilhantava a solenidade

Depois da entrega dos diplomas, solenidade puxada à fraque e sobre-casaca, vestidos de cauda, etc., teve lugar o bailão de formatura. Foi cantado até em moda de viola.

A velha Escola Normal foi instalada em prédios alugados, no dia 27 de abril de 1911, somente passou a funcionar no seu prédio próprio no dia 24 de maio de 1916 Nesse dia, com uma grande festa popular, que repercutiu na zona toda, foi inaugurado o monumental prédio próprio, que ainda é, apesar de envelhecido, o prédio mais bonito da cidade. Depois, a escola foi crescendo, foi ficando afamada, grangeando renome até tornar-se nessa formidável instituição que é o INSTITUTO DE EDUCAÇÃO “DR. CARDOSO DE ALMEIDA” , legítimo orgulho de todos os botucatuenses.

Milhares de professores já foram diplomados pela nossa querida Escola Normal Professores de renome em todos os setores educacionais, passaram pelos bancos da Escola do alto da colina. A civilização brasileira muito deve ao grande educandário botucatuense, sem favor, uma das glórias do magistério paulista, onde forjaram os bandeirantes da luz e saber.

Botucatu é o que é, pode-se dizer, em virtude da sua Escola Normal Com a instalação no longínquo1911, dessa Escola Normal, a cidadezinha boca de sertão, poeirenta e turbulenta, com hábitos caboclos e aspectos rudes, tornou-se a cidade civilizada, bonita, educada, a princesa da serra, com nível cultural que causa assombro as pessoas que a visitam pela primeira vez Botucatu deve muito à sua Escola Normal Devemos honrar a memória daqueles homens bons, que tudo fizeram para criá-la em nossa cidade. No salão nobre do estabelecimento estão os retratos de alguns desses cidadãos, dignos do nosso respeito e admiração. Foram eles,Cardoso de Almeida, Amando de Barros, Rafael de Moura Campos, Rubião Junior, Altino Arantes, Oscar Rodrigues Alves e Paulo Moraes Barros

De minha parte, na qualidade de antigo aluno da velha Escola Normal, onde depois fui professor e diretor, quero externar minhas homenagens e minha gratidão aos velhos mestres e aos homens bons do velho Botucatu. A eles e à Escola, devo muito do que sou e do que consegui na vida”.

Sebastião de Almeida Pinto

PROFESSOR

Quinze de outubro. Data pra se comemorar o dia do professor. Essa pessoa que exerce uma profissão tão simples. Moleza! Tem que ter umas coisinhas, certo. Mas é pouca coisa. Tem que gostar de gente. Claro. Se não gostar de gente, como é que vai gostar dos alunos? Ainda bem que eles são sempre tão bonzinhos. Tem que ser um líder. Tem que liderar uma ou mais turmas de trinta, quarenta alunos. Mas tem que estar sempre atualizado. Claro! Professor não é museu. É um cara antenado com a atualidade. Mas não é só isso. Tem que ter empatia. Sim, empatia. Tem que saber se colocar na situação do aluno. Só assim ele pode compreendê-lo, sentir suas dificuldades, para ajudá-lo a solucionar os problemas. Coisinhas elementares. Tem que ter planejamento. Sem planejamento, não existe uma boa aula. Planejar é essencial. Tem que ter uma paciência de Jó. Haja paciência! E não só com os alunos. Também com os pais, aqueles que sempre têm uma solução melhor. Aqueles que querem ensinar o professor a dar aulas. Paciência, professor!

Quinze de outubro é o dia desse cara, Esse profissional, que é muito mais do que um profissional. Esse profissional que é obrigado a ouvir, vez ou outra, frases desse quilate: No meu tempo é que a educação era boa. Tinha professores de respeito. Não como hoje. E sabe que não adianta argumentar. Sabe que quem diz isso não sabe nada de educação. Não sabe por quais dificuldades o professor passa para atingir seus objetivos. Não sabe que o aluno de hoje é muito mais problemático do que o aluno do passado. Não sabe que o aluno de hoje traz consigo um rol de conhecimentos muito maior, embora esses conhecimentos nem sempre sejam bons. Não sabe o que é ouvir: Nem meu pai exige isso de mim. E ele tem que dizer, com toda educação: É que eu não sou seu pai; sou seu professor e, por isso, preciso dizer-lhe isso, para que você tenha chance de ser uma pessoa melhor. Bom seria se, além de tudo isso, o professor pudesse ter um reconhecimento maior, não só das autoridades, mas também da sociedade. Mas a gente sabe quanto vale, pois sabe quanto faz e quanto fez. Parabéns, professor!

1

– A Revista Botucatuense de Cultura – PEABIRU – em edição especial trouxe todo o histórico da criação da nossa Escola Normal. À época, uma conquista de grande repercussão que consolidou a liderança educacional de Botucatu em uma grande região, abrangendo os Estados do Paraná e Mato Grosso, com a qualidade de seus internatos do Santa Marcelina (feminino) e do Ginásio Diocesano (La Salle-masculino).

LEITURA DINÂMICA

2

– A publicação do livro do “Centenário da Escola Normal”, em 2011, registrou o histórico da conquista e depoimentos de inúmeras gerações de ex-alunos que levaram, ao depois, seus conhecimentos por todo o Estado.

3

– Com a denominação oficial de Instituto de Educação “Dr. Cardoso de Almeida”, fez-se justiça ao maior expoente da política botucatuense, o Deputado Federal Dr. José (Juca) Cardoso de Almeida que teve atuação decisiva para a conquista e instalação da Escola Normal.

4

– Autoridades botucatuenses presentes à inauguração do busto do Dr. Cardoso de Almeida defronte a Escola Normal, tendo à frente os prefeitos Emílio Peduti e João Queiroz Reis, nas comemorações do Centenário de Botucatu.

Momentos Felizes

ARRANJAR E DESARRANJAR

Os dois vocábulos indicam as fases da sua longa vida. Aliás, só podem falar ou comentar sobre isso quem passou pelas duas fases. Em dezembro de 1975 ele já havia colecionado uma miscelânea de assuntos de Direito que os professores indicavam aos alunos jejunos, as mais variadas obras dos Eminentes de todas as época. Com a formatura ao final do ano, sua biblioteca não era uma simples biblioteca, mas um laboratório especializado onde as cabeças mais privilegiadas na ciência Jurídica ocupavam lugar de destaque. Deixou de ser jejuno, neófito e assumiu a função de rábula por uns tempos e depois condecorado com o título de advogado. Para arranjar seu escritório adquiriu agenda, arquivos de aço, estantes de aço, mesa de mogno com cadeira de espaldar alto, máquina Remington Rand, placa na soleira da porta, mandou imprimir cartões com endereço e telefone, anunciou seus serviços em jornal citadino com atendimentos de 2ª a à 6as feiras. Seguindo uma tradição, diariamente vestia seu terno, camisa de colarinho com abotoadura, gravata e sapato preto ou marrom para combinar com o terno. Iniciava seu expediente às oito horas e ficava atento ao telefone e campainha da porta na expectativa de clientes. Não trabalhava com assuntos da esfera penal. Em aulas de Direito Penal seus professores diziam que o crime não compensa, sequer para o advogado e com isso enveredou por outras searas do Direito em experimental clínica geral.

Faltava algum componente para o escritório. Pensou...pensou e lembrou-se que em todo escritório de advocacia existe uma Secretária. Fez anúncio da vaga e no dia seguinte uma fila dava volta ao quarteirão. Deixava de atender potenciais clientes para entrevistar e ler os inúmeros currículos. Decidiu contratar uma que exibiu monumental calhamaço contendo o ensino médio, curso de Biblioteconomia pelo sistema EAD, Pós e Mestrado também pelo mesmo sistema. Após quarenta e cinco dias de trabalhos em experiência, verificou-se que nada havia aprendido nesses tais cursos. Os livros que se achavam nas estantes, todos catalogados por Autor, Título, Editora foram de tal maneira embaralhados e não se achava mais nada. Foi dispensada e a partir de então ele passou a cuidar sozinho das suas tarefas profissionais. Comprou um espeto de metal para deixar ali os assuntos pendentes sendo certo que após alguns meses o tal espeto ficou lotado, ou seja, tinha mais assuntos pendentes que assuntos solucionados. Infelizmente, o que era para ser organizado foi se transformando em um amontoado de pastas sobre a mesa, papéis manuscritos, anotações avulsas, recados telefônicos e quando algum cliente aparecia perguntando por este ou aquele assunto do Processo, instalava-se o caos.

Após 45 anos de ininterruptas atividades forenses, dentre outras, resolveu desarranjar o escritório. Ofereceu para alunos recém formados um arsenal de livros. Com desculpas de tudo estar na “internet” poucos manifestaram interesse. Bibliotecas declinaram da oferta. Com tristezas e saudades 90% deles foram enviados para sucata, algo chocante como experiência.

Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.