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DIA DO MÉDICO - 18 DE OUTUBRO
Em homenagem ao DIA DO MÉDICO, nada mais justo que homenagearmos o 1º Médico de Botucatu e Fundador de nosso primeiro hospital: a MISERICÓRDIA BOTUCATUENSE!
A Misericórdia Botucatuense, fundada em 1893, completou em 1993 - para júbilo geral! -, seu 1º Centenário Um século. Uma vida de bons e inestimáveis serviços prestados a Botucatu. Entre os botucatuenses que colaboraram desde o início, destacamos a presença e liderança do médico Antônio José da Costa Leite. Baiano de nascimento, formouse médico em Salvador e veio ajudar na construção do Estado do Bandeirantismo, tornando-se botucatuense de coração. A influência do Dr. Costa Leite na cidade de Botucatu foi marcante. Como único médico da cidade e de toda uma grande região, Costa Leite gozava de efetivo prestígio. Botucatu era considerada “Boca do Sertão” e a rota dos tropeiros que rasgavam o solo paulista em direção a Mato Grosso e ao norte do Paraná. Àquela época, o médico diplomado exercia verdadeiro fascínio e admiração junto à população Tratado com especial deferência, era tido como alguém possuidor de poderes especiais, quase como um representante dos deuses, dos quais receberia poderes mágicos...
Antes da entrada do novo século, a pequena Botucatu já possuía o seu primeiro médico E haveria de ser ele a liderar amplo movimento para a construção de nosso primeiro hospital: a Misericórdia Botucatuense.
Na história das instituições filantrópicas, ao menos em suas origens e primeiros tempos, duas características são sentidas: a presença constante de crises financeiras e a obtenção de melhorias tecnológicas graças ao prestígio e relacionamento desses profissionais da medicina, verdadeiros sacerdotes da saúde, junto às suas comunidades
Assim ocorreu com a nossa Misericórdia. O Dr. Costa Leite obtém junto à matriarca Dona Isabel Franco de Arruda, rica proprietária que para aqui veio, nascida na Vila da Constituição (Piracicaba), a expressiva doação de dez contos de réis
Dez contos de réis!
Com esse primeiro capital, o Dr. Costa Leite lançou-se à luta. Antônio Ferreira da Silva Veiga Russo e Domingos Soares de Barros doaram ao novo empreendimento parte de suas propriedades, para a localização e construção das obras. Domingos Soares de Barros além dessas terras, doou propriedades na cidade como primeira fonte de renda da Misericórdia.
O prestígio do Dr. Costa Leite estava viabilizando o hospital. Na galeria dos colaboradores iniciais, vemos os nomes de Antônio Joaquim Cardoso de Almeida (fundador do clã que tantos benefícios trouxe para Botucatu) português de nascimento e que chegou a exercer a vereança em nossa cidade, Floriano Simões, Monsenhor Paschoal Ferrari (idealizador de nossa Diocese), Raphael de Moura Campos, Antônio Cardoso do Amaral (ou Antônio Cardoso Almeida), José Cardoso de Almeida (Jucá), Armindo Cardoso de Almeida, Amando do Amaral Barros, João Morato Conceição, Brazil Gomes Pinheiro Machado, José Paes de Almeida, João Rodrigo de Souza Aranha, Antônio Amaral César, Luiz Ayres de Almeida Freitas, Raphael Nigro, Henrique Reis, João Morethzorn, Joaquim Benedito da Costa, Alberto Pereira, Luiz Augusto Tavares, Cândido Cyríaco Martins, Caetano Caldeira, Napoleão de Barros, Samuel Levy, Joaquim Francisco de Paula Eduardo, José A. Camargo, Manoel Pinto Costa, José Moraes Costa, Francisco da Rocha Campos Bicudo, Manoel Theodoro de Aguiar, Fernando José Teixeira Guimarães, José Elias Marins, Francisco Antunes de Almeida, José Cláudio Pereira, Júlio C. Oliveira e José Pires de Almeida Moura.
A primeira Ata de Fundação e Constituição do novo e benemérito empreendimento é datada de 02 de janeiro de 1893. A primeira Diretoria constituída é composta, além do comando do Dr. Costa Leite, dos Senhores Antônio César, Amando do Amaral Barros, João Rodrigo e Floriano Simões. O Juiz de Direito, Dr. Luiz Ayres de Almeida Freitas, que por 20 anos dignificou a justiça em Botucatu, foi o primeiro Provedor da Misericórdia Botucatuense, tendo na administração o Sr. Antônio Ignácio de Oliveira.
presença estatal na assistência médica, a Misericórdia passou a atuar como um hospital conveniado com os Institutos Federais de Previdência. No entanto, NUNCA deixou de existir o espírito que norteou a sua fundação: amparar a todos que necessitem de apoio médico, notadamente aos mais carentes.
O primeiro médico a colaborar com o Dr. Costa Leite foi o Dr. Miguel Zacharias de Alvarenga. Ao depois, os Drs. Carvalho Barros, Vital Brasil, José Procópio Teixeira Guimarães, Aristides Franco Meireles, Vicente Vianna Júnior, Francisco Rodrigues do Lago, Jorge Vianna Bittencourt, Paschoal e Paulo Rugna, Miguel Losso, José Maria de Freitas, Moacir Corte Brilho, Jacinto Gomes, Marco Túlio de Carvalho, Antônio Gióia, Francisco Figueira de Mello, Horácio Figueiredo, Nestor Seabra, Edmundo de Oliveira e Darwin do Amaral Viegas.
Segundo relato do Dr. Olívio Stersa (Memórias da Misericórdia Botucatuense - 1988), temos a presença de médicos italianos atuando na Misericórdia: “...Entre os italianos que também freqüentavam o nosocômio, podemos citar os doutores Maggiore, Thadei, Antônio Gioia, os irmãos Paschoal e Paulo Rugna e Miguel Losso.”
Em 1948, com a chegada do novo Bispo Diocesano, Dom Henrique Golland Trindade, aconteceu o “encontro histórico” entre o grande chefe maçon e o chefe da Igreja Católica:
O FAMOSO TEATRO ESPÉRIA
O Sr. Luiz Baptistão, que foi Provedor da Misericórdia, realizou importante pesquisa relativa à história desse hospital beneficente. Recentemente, através da “GAZETA DE BOTUCATU”, de 12/03/93, trouxe ao conhecimento da comunidade botucatuense que “...os valorosos homens públicos, no correr dos tempos, antes já haviam pensado com que recursos financeiros contaria a Misericórdia para se manter em funcionamento, com as despesas de funcionários, cozinha, medicamentos, rouparia, limpeza, tudo enfim. Ocorreu-lhes, pois, a idéia, de ao mesmo tempo em que construiriam o hospital, erigiriam um teatro destinado a proporcionar alegrias e divertimento ao povo em geral, mediante pagamento de uma taxa por sessão de espetáculo, com função permanente, em proveito das finanças do hospital.”
Essa é a origem do Teatro Santa Cruz , em terreno de propriedade do hospital, ao depois Cine Espéria e sede da Sociedade Italiana de Beneficência, que o comprou da Misericórdia. A sua construção teve também projeto do Arquiteto Francisco B. Soler e a Comissão que administrou a construção do teatro era constituída do Dr. Antônio José da Costa Leite (Presidência), Armindo Cardoso de Almeida e Amando de Barros. No ano de 1954, um incêndio destruiu o teatro. Não foi reconstruído. A bela arquitetura de sua fachada ficou registrada nas fotos da época... Mas nessa pesquisa, o Sr. Luiz Baptistão nos dá, também, uma sinalização da situação e mando político da época, visto a reunião da Diretoria da Misericórdia ter ocorrido, sob a presidência do “...incansável Dr. Antônio José da Costa Leite, no Salão de Leitura do “Gabinete Literário e Recreativo de Botucatu”(o mesmo prédio que sedia a Rádio Emissora de Botucatu S.A., na Rua Marechal Deodoro, 320 - antiga e linda sede do Partido Cardosista).”
Realmente, a personalidade do Dr. Costa Leite era marcante. A par de seu desempenho como médico, era ele verdadeira locomotiva de nossa sociedade. Amante do teatro, além do empreendimento acima, participava ativamente de grupos teatrais amadores da cidade e patrocinava a vinda de companhias de fora No esporte, foi responsável pela introdução da prática do tênis de campo em Botucatu Liderando destacadas personalidades de nossa sociedade, Costa Leite introduziu a prática desse esporte entre nós. As quadras então existentes situavam-se próximas das atuais quadras do BTC, ao lado do Centro Cultural e da Prefeitura Municipal.
INTRODUZIU O TÊNIS DE CAMPO
A oito de dezembro de 1901, a Misericórdia foi oficialmente inaugurada. Seu benemérito, Dr. Costa Leite, assim relatou: “...no dia da inauguração enfeitei muito bem o prédio, iluminei-o com gás acetileno, deixei tudo pronto e fugi. Fui para o Lageado e só voltei à noite, quando tudo estava terminado. No início tivemos que vencer grandes dificuldades. Quase tudo parou. Mas, o sempre caridoso povo de Botucatu veio em meu auxílio.” (Folha de Botucatu, 14/12/1941). Na inauguração do Hospital, a eficiente pesquisa do Sr. Luiz Baptistão (Gazeta de Botucatu/ edição No. 1.699), nos dá a exata dimensão dessa solenidade: “Enfim, no dia 8 de dezembro de 1901, no edifício do Hospital, reunidas a Diretoria, Exmas. famílias, Associações, autoridades e grande massa popular... Houve discurso do Agente Consular Italiano, do Representante da Sociedade Italiana “Pró-Pátria”, do “Círculo Filo-Dramático Paulo Ferrari”, do representante da Sociedade “Casa de Savoia”, do representante da Loja Maçônica “Guia do Futuro” e “Sociedade de Caridade Maria Pia”. O Dr. Costa Leite foi maçon e venerável. No artigo “CENTENÁRIO DA MAÇONARIA EM BOTUCATU” (http://blogdodelmanto.blogspot.com. br/2011/06/centenario-da-misericordia-botucatuense.html), publicado pela revista botucatuense de cultura PEABIRU, de setembro/outubro de 1998, numa iniciativa da LOJA GUIA REGENERADORA, foi cedido para publicação e divulgação a ficha cadastral do Dr. Costa Leite: O Hospital sempre enfrentou dificuldades financeiras. Para efeito didático, dividimos em 2 fases a história da Misericórdia Botucatuense: a 1a. Fase desde a sua fundação, em 1893, até o ano de 1937, quando houve a gravíssima ruptura entre o Corpo Clínico e a Diretoria Administrativa (com a demissão do Corpo Clínico) e, a 2a. Fase, a partir de 1937 até os nossos dias.
Pioneiros do Tênis em Botucatu: Da esquerda: DeoclesianoPontes, Ester Portela Pontes, (?), Antônio José da Costa Leite, Augusto Viana Junior, Virgínia Neves Costa Leite, (?), Aníbal Costa Leite. (“Achegas”, Hernâni Donato, 1985)
Mesmo local das atuais quadras do BTC. Os primeiros tenistas. Aníbal Costa Leite é o quarto a partir da esquerda. (“Achegas”, Hernâni Donato, 1985)
1ª. FASE: Na principal fase, a da consolidação do empreendimento, além dos beneméritos já citados, é preciso citar a presença dos médicos que vieram prestar a sua colaboração à Misericórdia. É preciso que se destaque que durante a primeira fase e até meados da segunda fase a colaboração médica era SEM REMUNERAÇÃO, era o verdadeiro sacerdócio médico. Afinal, a Misericórdia era e é uma Instituição de Benemerência... À partir de meados da 2a. Fase, com as modificações do setor de saúde, com a crescente socialização da medicina e maior
Mas o pacificador e benemérito da Misericórdia Botucatuense teria que comparecer mais uma vez para garantir a estabilidade do Hospital. O risco de uma paralização era eminente. Pela “FOLHA DE BOTUCATU”, de 17/03/37, a notícia de que o Dr. Costa Leite, mesmo com idade e já afastado do exercício da profissão, assumia a direção clínica do Hospital: “MISERICÓRDIA BOTUCATUENSE” Acaba de assumir a direção da Misericórdia Botucatuense o Dr. Costa Leite, o venerando facultativo a quem se deve a existência desse modelar estabelecimento de caridade em nossa cidade. Tendo agora como operador o Dr. Cyro de Oliveira Guimarães de quem fazemos referências em outra parte, está a Misericórdia Botucatuense perfeitamente aparelhada para continuar a sua rota sem tropeços, fazendo o bem e minorando os sofrimentos daqueles que necessitarem dos recursos médicos”. No final de sua 1a. Fase, a Misericórdia conseguia atravessar esse sério obstáculo pelas mãos seguras do Dr. Costa Leite. A 2a. Fase começou em 1937, com Emílio Peduti no comando administrativo da entidade e com a convocação do Dr. Antônio Delmanto para o corpo clínico. Emílio Peduti, bem sucedido capitalista, teve por incumbência a gestão administrativa e a grave crise financeira que abalou a instituição. A Antônio Delmanto, com a colaboração inicial de pouquíssimos colegas (com especial destaque para a presença sempre firme do Dr. Antônio Pires de Campos), coube a função de reestruturar o Corpo Clínico, diante do afastamento ocorrido de toda a equipe médica que atuava no hospital.
NA DEFESA DO MEIO AMBIENTE E
DIRETOR: Armando Moraes Delmanto
EDITORAÇÃO E DIAGRAMAÇÃO: Gráfica Diagrama/ Edil Gomes
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Na revista Peabiru e no livro “Memórias de Botucatu I”, de 1990, fizemos minuciosa pesquisa sobre Vital Brasil. Eram muitas as dúvidas: o seu nome era Vital Brasil Mineiro da Campanha ou Vital Brasil , mineiro da cidade de Campanha (MG)?
Essa explicação encontramos no livro “Vital Brazil – O vencedor das serpentes”, de Hernâni Donato, editora Melhoramentos, págs. 15 e 16 : ”Na cidade Campanha, Estado de Minas Gerais, nasceu o cientista no dia 28 de abril de 1865. Seu pai trouxe um costume curioso para a família. Homem pobre e de pouca instrução, costumava dizer que dos filhos esperava firmemente dessem começo a alguma coisa nova: uma idéia ou uma família. A maioria das pessoas anuncia com orgulho a antiguidade de nome familiar. Ele, não. Desejava que cada um dos seus meninos fosse o primeiro de um novo nome. Chamando-se José Manuel dos Santos pereira, fazia questão de batizar os filhos com nomes das cidades, do país e do continente onde houvessem nascido e as filhas com os nomes das cidades e de flores brasileiras. Ao menino nascido em Campanha chamou: Vital Brazil Mineiro da Campanha. E para os que se mostravam curiosos, do motivo do nome tão diferente do pertencente à família, o pai explicava: Vital, pela força de vida que há nele; Brazil, por respeito ao nosso país (preferindo escrever com z); Mineiro, reverenciando o Estado de Minas Gerais e Campanha, lembrando a cidade que lhe serviu de berço.”
Hoje, o cientista tem, nacional e internacionalmente, seu nome conhecido como Vital Brasil Ruas, avenidas e homenagens a Vital Brasil usam seu nome com “s” e não com “z”. Não era o que ocorria no século XIX. Em 1895, já estabelecido em Botucatu, usava para divulgar seu trabalho, o nome com “z”, conforme pode ser visto no anúncio que “descobrimos” em nossas pesquisas no jornal “O Botucatuense”, de 1895 (raridade histórica) que reproduzimos nesta matéria
No livro já citado, “Memórias de Botucatu I”, de 1990, págs. 13 e 14, fazíamos um relato da presença de Vital Brasil entre nós:
“A presença entre nós do Dr. Vital Brasil é motivo de orgulho para o perfil médico de Botucatu. Pesquisador dos mais consagrados, descobridor do Soro Antiofídico, Vital Brasil iniciou sua vida médica em nossa cidade Ao focalizarmos a presença dos norte-americanos sulistas que, derrotados na Guerra Civil, vieram para o Brasil, localizando-se em algumas cidades, dentre elas, a de Botucatu. Com a presença forte dos norte-americanos que para aqui vieram com toda a infra-estrutura possível, inclusive com seus escravos, nada mais natural que tivessem por objetivo adaptar o “modus vivendi” caboclo ao que gozavam nos Estados Unidos. Assim, o surgimento da Escola Americana, do Cemitério Americano, a implantação de produtos agrícolas americanos (melância) e, por que não do seu médico e de seu dentista( o primeiro dentista de Botucatu foi o norte-americano, Leonard Yancey Jones, vindo do Estado do Alabama).
Daí a vinda para Botucatu do recém formado médico ,Dr. Vital Brasil Mineiro da Campanha. O protestantismo era forte na cidade, sendo certo que a Igreja Presbiteriana teve participação decisiva na fundação da Misericórdia Botucatuense. O Dr. Vital Brasil permaneceu entre nós por aproximadamente 2 anos quando, em 1887, foi para a capital paulista atuar no recém fundado Instituto Butantã. Nos dois anos em que permaneceu em Botucatu, aqui clinicou e colaborou com o Dr. Costa Leite na Misericórdia Botucatuense, onde exerceu a 2ª. secretaria da Entidade (várias Atas foram lavradas pelo Dr. Vital Brasil). A cidade de Botucatu prestou sua homenagem ao Dr. Vital Brasil ainda vivo. No jornal “Folha de Botucatu”, de 22/10/1949, encontramos o registro: “Por iniciativa do Vereador Antônio Delmanto dá-se o nome de Vital Brasil à Avenida São Carlos e propõe que se fixe uma placa na casa que, por vários anos, acolheu o grande médico. Expondo as razões que o levaram a apresentar o citado projeto, o Sr Delmanto fez ver que, enquanto outras cidades põem em evidência as suas relíquias históricas, Botucatu não divulga as que possui, e que, tendo o Dr. Vital Brasil, orgulho da medicina brasileira iniciado nesta cidade as suas experiências e aqui chegado aos primeiros resultados concretos, que mais tarde viriam a consagrar seu nome a homenagem que se lhe presta é das mais justas. Outros desfilaram suas opiniões, ratificando todos os pontos de vista do vereador udenista.”
Em nome do homenageado, o advogado do Instituto “Vital Brasil”, Dr. Fausto de Oliveira Ferreira, apresentou resposta registrada na “Folha”, de 23/11/49: “...Por incumbência do Dr. Vital Brasil que se encontra doente e impossibilitado de responder pessoalmente a comunicação de V.Exa. referente à lei aprovada pelo Poder Legislativo desse município, mandando colocar uma placa comemorativa no prédio nº 199 da Rua Amando de Barros (antiga Rua do Comércio) e dando seu nome a uma das Avenidas dessa encantadora e próspera cidade, onde efetivamente iniciou o Dr. Vital Brasil os seus estudos do soro-antiofídico, venho agradecer em seu nome a insigne honra que lhe foi tributada pelo povo de Botucatu, através de manifestação leal e simpática de seus legítimos representantes...”
A criação de uma Universidade Regional começou a ser trabalhada nos anos 1976/77, como um caminho inevitável e irreversível. Seria a complementação da ideia inicial do Governo do Estado ao criar, em 1962, a FCMBB e a FCMBC (de Botucatu e de Campinas) como “embriões” de uma futura universidade, pequena, moderna, ágil e vinculada a determinadas comunidades da região. Seria a racionalidade e a modernidade na gestão de tão
importante setor: o ensino estadual universitário. Por mais que se faça e que se diga, a UNESP é de uma irrealidade assustadora Persiste, até hoje, graças ao comodismo e às “amarras” que o oficialismo lança em seus integrantes, do que pela lógica funcional de uma universidade dispersa por todo o Estado e com uma Reitoria que nunca se instalou no local então determinado em lei (Ilha Solteira) e, sim, permaneceu “provisoriamente desde 1976” instalada na Alameda Santos (SP), onde encontramos o m2 mais caro da Capital... Atender determinadas comunidades regionais, conseguir bom entrosamento entre os corpos docente e discente de seus campi, ao lado da agilidade que somente uma estrutura menor, mais racional e mais moderna pode oferecer, é o almejado. O trabalho feito por ocasião da absorção da FCMBB pela UNESP, em 1976/77, quando o então Reitor, Dr. Luiz Ferreira Martins, de Bauru, promoveu uma série de alterações, culminando com o fechamento de departamentos de “integração” então existentes na FCMBB. Os docentes protestaram. Os políticos locais se mobilizaram. A comunidade botucatuense acompanhou com atenção os acontecimentos. Na ocasião, o Dr. José Faraldo, mais uma vez surgia em defesa da maior conquista de Botucatu. Na mesma época, fazíamos um trabalho junto à Assembléia Legislativa tendo por base Requerimento aprovado, por unanimidade, por nossa Câmara Municipal. Nesse Requerimento, propúnhamos a transformação dos campi (Rubião Jr.e Lageado) universitários de Botucatu no núcleo inicial de uma universidade moderna, pequena, ágil, regional. Para essa luta, tivemos o apoio de políticos de toda a região e, com destaque, das Câmaras Municipais de Ribeirão Preto e de Presidente Prudente. Na Assembléia Legislativa, o deputado Sólon Borges dos Reis (que fora Secretário da Educação do Governo Carvalho Pinto, à época da criação da FCMBB), prontamente apresentou Indicação de apoio. Da mesma forma, o deputado João Lázaro de Almeida Prado, de Jaú, realizou intenso trabalho junto ao Governador Paulo Egydio Martins em defesa da pretensão de Botucatu.
“ASSEMBLÉIA APROVA INDICAÇÃO Nº 1610/77”
No último dia 18 de outubro, o deputado estadual João Lázaro de Almeida Prado, da Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo apresentou a Indicação nº 1610/77, pedindo urgentes estudos para a instalação, em Botucatu, da Universidade Estadual “Vital Brasil”, recente iniciativa do vereador botucatuense Armando Moraes Delmanto. É esta a íntegra da Indicação:
“CONSIDERANDO o Requerimento nº 281/77, datado de 11 de outubro de 1977, de autoria do nobre Vereador Armando Moraes Delmanto, da Câmara Municipal de Botucatu vazado nos seguintes termos:
CONSIDERANDO que a ex-Faculdade de Ciências Médicas e Biológicas de Botucatu, como a Faculdade de Medicina de Campinas (FCMBC), foi criada para que se transformasse, a médio prazo, em uma Universidade Estadual;
CONSIDERANDO que desde a sua criação a ex-FCMBB, pela variedade de cursos que possuía, pela dedicação à pesquisa científica em regime de tempo integral que desde o início adotou, pela própria estruturação departamental de seus cursos de forma pioneira e revolucionária em todo o país, exercia de FATO as funções de uma Universidade; CONSIDERANDO que presentemente vem sofrendo os inconvenientes por ter sido incluída em uma Universidade “sui generis” e de difícil consolidação;
CONSIDERANDO que a ex-FCMBB por estar radicada no centro geográfico do estado e por contar com vários cursos, quais sejam os de Medicina, Medicina Veterinária, Agronomia, Zootecnia, Biologia e Engenharia Florestal (criado mas ainda não instalado), por contar ainda com um Hospital de Clínicas, está credenciada a ser, não apenas de FATO, mas de DIREITO, uma Universidade Estadual;
CONSIDERANDO que as autoridades estaduais ao reconhecerem essa possibilidade estarão reconhecendo que o maior centro de pesquisas científicas do Brasil, na atualidade, terá assegurada essa condição para o futuro, eis que para esse desiderato foi criado;
CONSIDERANDO que além dos cursos existentes e para a complementação dos mesmos, o Governo do Estado poderia instalar nessa nova Universidade o Curso Superior de Enfermagem;
CONSIDERANDO que em Botucatu, Vital Brasil pesquisou e iniciou sua brilhante e benemérita carreira científica em prol da humanidade;
REQUEREMOS, após ouvido o colendo plenário, seja enviado este Requerimento ao Exmo. Sr. Governador do Estado de São Paulo, Engº Paulo Egydio Martins, para que S.Exa., através de sua Assessoria Educacional, ultime os estudos para a instalação, em Botucatu, da Universidade Estadual “Vital Brasil”, composta dos Cursos de Medicina, Medicina Veterinária, Biologia, Agronomia, Zootecnia, Engenharia Florestal e Enfermagem, além do Hospital de Clínicas, o que viria beneficiar imensa região do interior do Estado e solidificar o modelar centro científico sediado em Botucatu.”
CONSIDERANDO que a organização do Ensino Superior em Universidade constitui medida necessária para incentivar a formação de pesquisadores profissionais e de professores de alto nível; e
CONSIDERANDO, finalmente, a importância e o valor do trabalho desenvolvido pelas unidades de Ensino Superior sediadas em Botucatu, INDICAMOS, nos termos regimentais, ao Chefe do Poder Executivo sejam agilizados, em caráter de urgência, os estudos para a instalação da Universidade Estadual “Vitall Brasil”, em Botucatu.
Sala das Sessões, em 18 de outubro de 1977.
Deputado João Lázaro de Almeida Prado” (jornal “VANGUARDA DE BOTUCATU”, outubro de 1977)
Não é preciso dizer que esta luta ainda não terminou. NÃO TERMINOU! Sem representantes políticos na Assembléia e na Câmara Federal, ao contrário de Campinas, e SEM o apoio de um educador como o Prof. Zeferino Vaz, Botucatu ainda espera a hora dessa grande e inevitável conquista. Foi uma ideia positiva. A criação da UNIVERSIDADE ESTADUAL, em Botucatu, NÃO foi um sonho inconsequente. Com certeza, será a esperança de que teremos a nossa UNIVERSIDADE ESTADUAL “VITAL BRASIL”.
Botucatu quer queiram ou não, está destinada a sediar uma Universidade Regional Estadual Até na campanha vitoriosa de um ex-reitor a palavra, a promessa que aglutinou e lhe deu a vitória foi a de que ele traria para Botucatu a REITORIA DA UNESP...Ele ganhou a eleição, graças a essa promessa e...nunca mais tocou no assunto..
Temos dito e repetido que esse sonho será realidade graças a outros polos estaduais que reivindicam também a autonomia regional educacional, como Araçatuba/Presidente Prudente/ Assis e Franca. É grande o movimento desses dois polos regionais a favor do desmembramento da UNESP, dos campi da região, transformando-os em Universidades Regionais
É uma questão de tempo Botucatu, mesmo sem a força política necessária e sem a mobilização necessária da “intelligentzia de sua sociedade”, será beneficiada pelo caminhar inexorável dessa reestruturação do ensino superior no Estado de São Paulo. (AMD)
Gesiel Júnior
Confesso nunca ter antes ouvido falar de Meritxell, nome feminino de origem catalã, que se refere à padroeira do Principado de Andorra O nome significa “graça” ou “graça divina”. Templo religioso situado nos Pireneus, entre França e Espanha, apresenta boas razões para o visitarmos, principalmente do ponto de vista artístico e paisagístico.
O complexo religioso de Meritxell é um lugar cheio de simbolismo para os habitantes do Principado de Andorra, um dos menores países do planeta. Sua moderna igreja conserva uma imagem mariana feita de uma talha policromada que faz lembrar a original românica, arruinada num incêndio em 1972. E já não resta quase nada do templo original. No lugar foi erguida uma das obras mais importantes do arquiteto espanhol Ricardo Boffil.
O resultado é, nas palavras do próprio, uma “recriação do românico”, estilo que deixou uma grande marca em Andorra. É uma obra de estilo muito pessoal. Nela fica o claustro aberto, caracterizado pelas arcadas a descoberto, e a sala dos milagres.
Em 2014, o Papa Francisco outorgou ao templo o título de Basílica Menor, convertendo-se assim no único lugar de culto com esta distinção no principado. Nela são veneradas estatuetas de alguns santos andorranos, dos quais nunca havia ouvido falar: São Serni de Canillo, São Cornélio de Ordino, Santa Iscle de La Massana e São Pére de Escaldes-Engordany.
O uso da ardósia faz a ligação da nova basílica com o ambiente e com a tradição de Andorra. Bofill quis dar uma nota de contraste com uma luminosa cor branca, símbolo da neve, habitual nestas paragens durante o inverno.
Apesar de todo o seu esplendor exterior, importa destacar que o interior da basílica é muito austero, sem nenhum tipo de ornamento nem adorno, para além dos vitrais da igreja, onde
descobrimos o significado do nome de Meritxell. Outras das peculiaridades deste santuário são as suas aberturas que permitem a entrada de muita luz e uma fonte de água situada no centro do claustro. Tais caraterísticas permitem reconhecer a arte islâmica na construção.
Outro dos encantos da Basílica da Virgem de Meritxell é a sua localização privilegiada num vale estreito da freguesia de Canillo
Com branco puro no inverno e verde intenso no resto do ano, a localização deste templo contribui para dar solenidade e paz e atrair muita gente a esse singular complexo arquitetônico. Pois a visita vale muito!
Cronista e pesquisador, membro da Academia Botucatuense de Letras, é autor de 52 livros sobre a história regional.