Edição 1254

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Diário da Cuesta

Manoel de Barros

(19/12/1916 – 13/11/2014)

Manoel de Barros foi um escritor modernista brasileiro pertencente à terceira geração modernista, chamada de “Geração de 45”. É considerado um dos maiores poetas brasileiros, o qual foi agraciado com diversos prêmios literários.

Destaca-se o “Prêmio Jabuti” que recebeu duas vezes com as obras: O guardador de águas (1989) e O fazedor de amanhecer (2002).

Chegou a morar em outros países: Bolívia, Peru e Nova York. Nos Estados Unidos, fez um curso de artes plásticas e de cinema. Viveu um ano por lá e ao retornar conheceu sua futura esposa, Stella. Casaram-se em 1947 e com ela teve três filhos: Pedro, João e Marta.

Manoel de Barros faleceu em Campo Grande.

Cidade de São Paulo tem Rua em homenagem a Serra de Botucatu, desde 1916

Na Cidade de São Paulo, mais precisamente no bairro Tatuapé, há uma rua em homenagem a região de Botucatu. Detentor de uma área de 8,2 Km² e vizinho dos bairros da Vila Maria, Penha, Vila Matilde, Carrão, Vila Formosa, Água Rasa e Belém, o Tatuapé, bairro mais populoso da Subprefeitura da Mooca, com 91.672 habitantes, possui 25 praças e 427 ruas, e uma delas se chama Rua Serra de

Botucatu. De acordo com historiadores, essa rua, que se refere a Serra do Estado de São Paulo, na região de Botucatu, existe desde 1916. Ainda em São Paulo, há outra rua em homenagem a cidade, a Rua Botucatu, na Vila Clementino, na região da Vila Mariana, e até mesmo um bairro, o Jardim Botucatu, que fica localizado próximo aos bairros Vila das Mercês, Jardim Vergueiro e Parque Bristol, na capital paulista. (Fonte: Leia Notícias)

e d i t o r i a l

É emblemático! Isso mesmo. Certas datas, certas fotos, certos fatos, certas palavras, certas tarefas, certas oportunidades são tão representativas em nossa vida que assumem proporções mágicas...

É assim o que está acontecendo com a comemoração do 4º aniversário do DIÁRIO DA CUESTA. É uma realização

É Emblemático!

profissional e pessoal...

Eu não imaginava ter - por obra e graça Dele ! - uma oportunidade tão grande e tão satisfatória em minha vida. Com humildade e respeito a Ele, o meu mais sincero e fraternal agradecimento!

Muitas descobertas, desafios vencidos, amigos novos, colaboradores motivados e criativos...

Tudo é entusiasmante e gratificante.

JORNALISMO MODER-

Diário da Cuesta

O “DIÁRIO DA CUESTA” apresenta algumas de suas principais capas que trouxeram uma nova maneira de abordar a notícia. Quem disse que jornalismo é estático? Se existe um segmento que deva ser inovador, ousado, moderno sem nunca perder a seriedade, esse segmento é o da comunicação. Quer seja imprensa impressa, falada ou televisada, aí se encontra o vetor propício às mudanças em qualquer sociedade. Esse o papel que o “Diário da Cuesta” tem procurado exercer na comunidade botucatuense. Fazer um jornalismo moderno sem deixar as raízes históricas do município; pautar temas substanciosos em linguagem acessível e com diagramação agradável, enfim, fazer a sua parte na construção da cidadania municipal. Conseguimos? Acreditamos que sim? Caminhamos com determinação buscando alcançar a luz das estrelas...sem nunca tirarmos os pés do chão... Caminhamos na certeza de que na própria caminhada já estaríamos construindo a parte que nos era devida no jornalismo cidadão.

A Direção.

O meu obrigado a todos que confiaram em nossa proposta de dar um DIÁRIO ONLINE, POCKET e MODERNO a BOTUCATU. O DIÁRIO DA CUESTA quer ser, no webjornalismo, a VOZ FORTE de BOTUCATU na busca de suas conquistas. Quer ser o RETRATO DE BOTUCATU, o seu PERFIL CIDADÃO!

AVANTE!

A Direção.

EXPEDIENTE

DIRETOR: Armando Moraes Delmanto

EDITORAÇÃO E DIAGRAMAÇÃO: Gráfica Diagrama/ Edil Gomes

Contato@diariodacuesta com br Tels: 14.99745.6604 - 14. 991929689

O Diário da Cuesta não se responsabiliza por ideias e conceitos emitidos em artigos ou matérias assinadas, que expressem apenas o pensamento dos autores, não representando necessariamente a opinião da direção do jornal. A publicação se reserva o direito, por motivos de espaço e clareza, de resumir cartas, artigos e ensaios.

ARTIGO

Manoel de Barros

“Na ponta do meu lápis tem apenas nascimento”

“Tenho o privilégio de não saber quase tudo E isso explica O resto”.

“Menino do Mato” na II parte “ Caderno do Aprendiz “

São Paulo Editora LeYa 2010

“Os bens do poeta : um fazedor de inutensílios, um travador do amanhecer, uma teologia do traste, uma folha de assobiar, um alicate cremoso, uma escória de brilhante, um parafuso de veludo e um lado primaveril.”

XII “Sábia com trevas “ Livro “Arranjos para assobio -1980

Manoel Wenceslau Leite de Barros ( 1916 - 2014)

Nascido em Cuiabá no Estado do Mato Grosso. Ontem completaria 105 anos de vida.

Escreveu para nós brasileiros, céus poéticos, rios eivados de brumas de palavras.

Teceu nuvens em formatos de bichos etéreos. Encantou nossas mentes com estórias de palavras contraditórias mas com tanto sentido.

Só nos resta agradecer por tantos mundos fundados em páginas de livros.

Gratidão Manoel lá do Mato Grosso, hoje tem parabéns lá nos mundão de meu Deus, cantado e tocado pelos anjos! Não sei muito da sua vida mas um pouco do seu mundo planetário.

Seu jeito meio tímido e roceiro, o riso aberto do seu coração brasileiro.

Salve Manoel de Cuiabá, Deus o tenha em boa companhia de todos os menestréis tecedores das tramas das palavras contidas em versos de outrora e tão atuais.

Deixou registrada em prosa e verso sua alma alva e lindinha para nos ajudar a voar no papagaio dos sonhos. Assobiar com as folhas como crianças levadas.

Salve Manoel do sorriso contido, olhos cerrados mas abertos para o rico interior do seu mundo!

Salve!

Três Mentiras Verdadeiras

Sábado.

Dia de verão, ensolarado, muito quente, estafante.

O silêncio da mata é quebrado pelo murmurinho das águas do rio em corredeira. Logo acima, troncos de árvores abatidas pelo vento, mergulhados, represam o rio formando um remanso - um poço.

À margem e à sombra das árvores do mato, sobre bancos de areia límpida, nos instalamos para pescar lambaris, piavas, mandiuvas, etc. A água turva e o rio pré-anunciavam boa pescaria.

Não foi fácil chegar a esse lugar. A trilha dos pescadores, outrora bem batida, apresentava um verdadeiro emaranhado de enroscos: ramagens recém brotadas, galhos de agarra-compadre, cipós pendentes, ofereciam obstáculos à nossa passagem em diversos lugares. As pontas das varas, a mochila, o chapéu e até nossa camisa, nos espinhos se prendiam. Além disso, as fortes chuvas caídas em fevereiro, acumularam no meio do mato, águas estagnadas em buracos, verdadeiros criadouros de pernilongos. Certamente ao entardecer, iríamos sentir na pele a presença deles.

Pescar onde? Na corredeira? No poço?

Depois de bater vara aqui e ali resolvemos cevar o poço com quirera de milho, pão amanhecido e esfarelado. Logo, alguns lambaris foram fisgados tanto na corredeira como no poço, onde meu filho esperava pelas piavas.

O tempo mudou. Trovões rolavam no horizonte ao longe. O céu escureceu indicando chuva iminente. Mas, não choveu. O céu silenciou. O vento também não apareceu. Que mormaço!

Os peixes começaram a pular fora d’água. Ficaram alvoroçados. Seguidamente eram fisgados. A ceva valeu. Estavam comendo.

Num dado momento, um puxão forte. A vara vergou bastante. Parecia um peixe grande.

Que surpresa! Um belo tambiú ( lambari do rabo amarelo) bem grande preso pela metade do corpo. Mostrei a meu filho. Precisava de uma testemunha ocular. O anzol se enroscou na linha formando um laço que apertou a barriga e a nadadeira dorsal do peixe. Saiu fora d’água na horizontal como se estivesse nadando no ar.

Mais tarde, chegaram dois

rapazes na margem oposta do rio, à nossa frente. Foram benvindos. Sempre há lugar para mais um, desde que se faça mudo e guarde silêncio.

Como de costume, quando conversava com meus botões, ao lançar o anzol iscado no rio, fui surpreendido por um vulto negro que cruzou o espaço a minha frente; atingido, raspou-se no anzol, esticou energicamente a linha, perdeu penas e quase cai n’água. Graças a velocidade com que vinha e perícia, a ave, talvez algum anu-preto, alçou vôo novamente e foi embora!

Ora que coisa inacreditável! Acabara de fisgar um pássaro e na presença de alguns pescadores

Continuei a pescar com vara telescópica de nailon e linha bem comprida para pegar os peixes na corredeira. Por várias vezes, saí de um enrosco no meio do rio até que o anzol se prendeu muito bem, talvez num galho mais resistente mergulhado n’água. Tentei alcançar a linha e puxar para abrir o anzol. Não conseguindo isso forcejei pelo cabo da vara. Nesse instante, a ponta da vara saltou para dentro do rio.

Como poderia ter acontecido com um material importado? Um presente de minha filha e que muito estimava. Chorei reclamações.

Mas o que fazer? Eu sabia que a ponta da vara estava presa à linha, esticada pela correnteza, perdida.

Desisti de recuperar. Agora tinha uma vara incompleta e inútil.

Usei outra e voltei a pescar. Após algumas lançadas de anzol na água, acidentalmente pesquei uma linha, e nela ainda se achava presa a ponta de minha vara de nailon. Que sorte! Jamais pensei que isso poderia acontecer. E tudo aos olhos de meus companheiros. A pescaria foi ótima. Pegamos muitos peixes. Mais de 50, em média, cada um.

A tarde agonizava depressa e um chuvisco transmudara-se em grossos pingos, em chuva forte, que nos acompanhou até chegarmos ao automóvel, todos molhados.

Rapidamente partimos deixando para trás o Rio Alambari na Fazenda do senhor Mané Teixeira.

José Antônio SartoriAcervo Peabiru

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