Edição 1262

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O Autor é Membro Efetivo da Academia Botucatuense de Letras – ABL, é Sociólogo, Filósofo, Estudou Línguas Antigas (Latim e Grego), é Bibliotecário, Artista Plástico (óleo sobre tela) e Restaurador de Livros. Sem querer ser dogmático, o Autor propõe a “ideia central de que nós, seres humanos, somos o veículo manifestatório da Consciência Universal, que em nosso Planeta Terra suscita e impele à Evolução...” Hoje, em Sessão Solene da ABL, as 19:30h, em sua sede no Centro Cultural, o Autor estará autografando o livro “Homo Universicus”.

Homo Universicus

Neste livro, que não tem a pretensão de nenhum envolvimento dogmático, queremos propor a idéia central de que nós, seres humanos, somos o veículo manifestatório da Consciência Universal, que em nosso planeta Terra, suscita e impele à Evolução

Mas isso não significa que nós, terráqueos, sejamos os únicos. O Homem aqui proposto é “univérsico” e não só terrestre, e nem necessariamente “universal”.

de ser feliz, mediante uma visão coerente da existência humana.

O Autor

José Sebastião Pires Mendes é natural de Avaré-SP, onde cursou o ensino básico, completando seus estudos em Botucatu-SP e São Paulo-capital.

O objetivo deste trabalho é avesso a qualquer imposição sectária ou à defesa de qualquer partidarismo filosófico ou religioso. Este não tem a pretensão de ser um livro de auto-ajuda, no conceito convencional do termo. Quem escreve é uma alma sedenta de Verdade que ousou colher alguns respingos de água viva da fonte primordial, aquela que existia no Eden. Do barro dessa fonte foi plasmado o Homem, após o que um sopro de vida o tornou alma vivente (Gênesis, 2-6). Acredito que todos temos acesso a essa fonte. Ela não transmitiu-nos apenas a vida, transmitiu-nos também a inteligência para buscar a Verdade. É minha ardente esperança que meu escrito, legado de uma vivência dedicada à procura da Verdade, possa favorecer a alguém de mente aberta, a possibilidade

EXPEDIENTE

Estudou filosofia, línguas antigas (latim e grego) e se graduou em Ciências Sociais, tendo lecionado Sociologia, História Geral e do Brasil e História das Religiões. É pesquisador e palestrante de temas relacionados à filosofia, religiões, espiritualismo e esoterismo.

Promoveu estudos e palestras sobre o Realismo Fantástico, tema principal da obra “O Despertar dos Mágicos” de Jean Pawells e Jacques Bergier e Sindonologia (Sudário de Turim). É autor do livro biográfico “Fogo, Incenso e Catadupa” e publicou mais de 300 artigos em vários jornais e na Revista Planeta.

É artista plástico (óleo sobre tela) com uma obra no acervo da Pinacoteca do Estado. Membro efetivo da Academia Botucatuense de Letras e do Centro Cultural, é bibliotecário e restaurador de livros.

O autor.

DIRETOR: Armando Moraes Delmanto EDITORAÇÃO E DIAGRAMAÇÃO:

O Diário da Cuesta não se responsabiliza por ideias e conceitos emitidos em artigos ou matérias assinadas, que expressem apenas o pensamento dos autores, não representando necessariamente a opinião da direção do jornal. A publicação se reserva o direito, por motivos de espaço e clareza, de resumir cartas, artigos e ensaios.

O MEDO DA CHUVA, COMO PRÓLOGO

Debaixo da terrível sombra do cogumelo atômico, as nações que lideravam o mundo acabaram encontrando uma coexistência pacífica na chamada guerra-fria. O fenômeno da globalização produziu a aproximação dos povos pela tecnologia da comunicação. A televisão, a Internet, a telefonia celular e a tecnologia digital, via satélite, fizeram com que os mais longínquos rincões do planeta fossem conhecidos. O selvagem de ontem convive com o cidadão de amanhã, e o acesso a maiores informações tende a fazer evoluir o conhecimento humano. Mas a ameaça de outra sombra, o obscurantismo das religiões fundamentalistas a par com a injustiça social igualmente globalizada, paira de modo escatológico sobre a face do planeta, e o milênio nascente faz pensar no fim do mundo. Por isso, a insegurança existencial nunca foi tão generalizada e as mentes necessitam de luz. Faz-se urgentemente necessário que os seres humanos se unam em outra forma de comunicação, aquela que se busca em mais sutis patamares, onde o silêncio físico-mental-emocional possa produzir outras conquistas da consciência.

A essência do ser humano, que outra coisa não é senão a Consciência em perpétua ascensão, tem livre trânsito nesse universo específico e pode fluir telepaticamente de indivíduo para indivíduo e de grupo para grupo. Basta que duas ou mais pessoas se absorvam na convergência mental do desejo do Bem, e seu mecanismo de evolução espiritual começa a funcionar. Então, as experiências, embora de caráter subjetivo, passam a ter alcance objetivo, porque atingem periferias de esferas de percepção, que se tocam por afinidade. E a transmissão dessas experiências se efetua fazendo crescer o patrimônio cognoscitivo da Humanidade, proporcionando luz de equilíbrio na treva do caos.

O assunto deste livro deveria ser de profundo interesse a todas as pessoas, sem exceção. Explico: acredito que nós, seres humanos, temos um fator básico em comum - somos todos medrosos. O medo é um instinto básico que visa a sobrevivência e a continuidade da existência. Mas para que existamos, também é preciso coragem. Você tem medo da chuva? Então não sai de casa. Mas se você tem medo de passar fome, tem que sair para conseguir alimento. O próprio medo nos impulsiona, nos movimenta e aos poucos nos transforma paradoxalmente, de seres medrosos em seres corajosos.

com o sopro do espírito e quem sabe o desabrochar da própria Terra, como elemento vivo a navegar os espaços siderais.

“Socorro, parem a Terra que eu quero descer!” Era o grito jovem da década de 70. Esse grito se repete mais e mais, enquanto não nos conscientizamos de que a Terra somos nós. Há uma força misteriosa que suscita o Homem para empreender uma caminhada ascensional. Potencialmente, somos todos suscitados, mas nem todos despertos o suficiente para atender a essa voz de comando. Muitos de nós somos seres intermediários, cujo papel se restringe a “aplainar os caminhos”. Em nossa teimosa cegueira, prestamos um serviço inconsciente. Mas os que ouvem esse clamor no profundo de si mesmos e não põem mãos à obra, podem ser comparados à figueira estéril do Evangelho.

Quando eu era criança, minha mãe me dava papinhas, porque eu não tinha dentes. Agora que sou adulto, posso mastigar alimentos mais sólidos. Meus dentes, conquistados no amadurecimento natural, são agora as ferramentas do intelecto, que dispõem o meu espírito a um trabalho mais árduo que a simples deglutição de alimentos primordiais. Possa também o leitor desfrutar deste seu direito de construir, por si mesmo, sua escada ascensional evolutiva.

Pois bem. Se você tem medo, e se sente bem com esse medo, feche o livro imediatamente e esqueça-o. Mas se você teme o desconhecido e quer livrar-se do medo mais profundo, visceral, básico, que é o medo da extinção, abra-o e inicie uma jornada diferente.

Escrevi este livro após décadas de luta contra o medo. Mas o meu medo não era só de chuva. Nem de tempestades. Era medo de mim mesmo, de minha própria realidade. Que somos nós, afinal? Em busca da resposta, lancei-me para fora do conforto de minha casa e molhei-me. Ensopei-me até. Vieram trovoadas, relâmpagos e coriscos. Mas depois verifiquei que nada é mais divertido que brincar na chuva, e sempre temos um guarda-chuva que nos protege. Finalmente o tempo melhora e o arco-íris aparece para coroar as nuvens de rutilíneas cores da esperança.

Escrevi este livro igualmente para os corajosos. Nele eu procuro explicar muitas coisas conforme a visão que obtive delas. Minha intenção outra não foi que compartilhar experiências, sem nenhuma presunção ou obtusidade sectária. O que se explica nem sempre se justifica, mas o que é explicado e entendido, pode ser justificado. Na esperança desta justiça, entrego-lhe meu livro. Ficarei feliz se você o ler com coragem e chegar ao fim, porque sei que não é um livro fácil. Mas tenho certeza de que, se você se interessou pelo título, vai lê-lo e dele tirar proveito.

A vocação para a busca filosófica é inerente à raça humana. Qual é a raiz da palavra Homem? Talvez seja de HUMUS (terra). Parece que a própria palavra quer significar que o Homem é surgido da Terra, barro

Os temas aqui tratados requerem trabalho de estudo, e podem ser áridos por natureza; mas inseri entre os capítulos poemas e contos de minha autoria, escritos em anos variados, que por serem alusivos ao texto, servem não só para ilustrálo, mas sobretudo torná-lo ameno. O primeiro capítulo é um tanto quanto pessimista, mas isso faz parte da proposição temática O livro está organizado em quatro partes, cada uma com seus respectivos capítulos No cabeçalho os algarismos romanos referem-se ao capítulo, e o número entre parêntesis designa a parte respectiva a que pertence Fiz isto para facilitar o manuseio nas comparações sugeridas Também optei por colocar as fontes bibliográficas das citações, imediatamente após o seu enunciado Igualmente tomei a liberdade de usar alguns neologismos construídos da semântica latina e grega, para melhor elucidar as idéias propostas, e cuja versatilidade lógica será evidenciada ao longo do texto. Solicito ao leitor atento observar inteligentemente palavras em itálico, cuja ênfase sempre terá grande importância para a compreensão do assunto tratado. Fica convencionado que quando forem usados vocábulos latinos e gregos, ou até hebraicos, estarão ao lado as mesmas palavras em caracteres latinos da língua portuguesa, para melhor visualização. Peço vênia ao leitor erudito por usar certas palavras na forma arcaica derivada do latim, como por exemplo, tacto e não tato, cuja consoante C revela a lógica de seu vocábulo de origem. Muito grato ficarei se não considerar tais ousadias como erros lexicais. Quanto aos textos bíblicos, segui o seguinte critério: procurei cotejar traduções várias com a que tomei por base, que é a do padre Matos Soares, do ano de 1933, edição da Pia Sociedade de São Paulo (Edições Paulinas), razão porque as numerações de salmos diferem em um algarismo das demais. Muitas citações do Novo Testamento foram por mim traduzidas diretamente do original grego, cotejado com a Vulgata Latina (Novum Testamentum graece et latine, 1938, Pontificius Institutus Biblicus Romae).

Ao referir-me a mim mesmo, algumas vezes optei pelo plural, porque me vali de citações específicas de autores variados, embora meu pensamento sobre elas reflita minhas próprias conclusões. Espero que a honestidade e a paixão com que escrevi estas linhas, ao longo destes anos, atestem meu propósito, que não é outro, repito, senão contribuir para que nós, os medrosos e corajosos de todos os matizes, saibamos tirar proveito de nossos temores e nossas ousadias, nos molhando em uma abençoada chuva de verdades.

O Autor.

“As

rolinhas

e ou pombas”

Por que fui vê-las?

Se não as visse, me pouparia de apegos e despedidas.

Que me importaria se fossem chamadas de rolinhas ou pombas? Nada! Chegaram discretas. E sem pedir fizeram o ninho sem porta, na esquina do quarto de minha mãe.

Escondido do vento, mas ao relento....na dobra da calha velha, como a casa.

De miúdos gravetos, nos bicos trazidos, realizaram o projeto do teto.

Ali, na esquina do quarto da mãe minha, beirando a janela, ela será mãe dos filhotes dela.

Ali, eles terão o que eu tinha, o meu doce predileto: da minha mãe o afeto.

Estou a sondá-las. Elas sabem de mim e eu delas.

O que faço com uma pomba ou rolinha que escolheu ser mãe logo ali? Não sei!

Ela não deixa o ninho ou o casal se reveza sem que eu veja. Tadinhos.

Com santa paciência chocaram os ovos. Eu até pedi pra Nossa Senhora cuidá dela. Nasceram dois!

Fico a sondá-los, com discrição. Há uma ternura santa por ali. Uma mãe, um ninho e um berço. Ele, vigia à distância. Ela, no ninho, de dieta ainda, disfarça bem, resiste ao medo, mas não voa. Confirmo o que digo: quem ama cuida, quem ama zela!

E assim é, de vez em quando a gente percebe Deus sondando a gente. Sei que um dia ela irá embora da esquina do quarto de minha mãe e daí eu terei duas saudades, de minha mãe e das rolinhas-pombas cinzas, tordilhas, carijós.

Sorte minha que levo comigo uma medalhinha de bronze, com a pombinha do Divino Espírito Santo, na correntinha que carrego no pescoço. Guardei de minha mãe. Simples assim.

Viagens # Fé

Na majestosa Catedral de San Salvador, em Oviedo, capital das Astúrias

Emblema cultural, artístico e religioso de Oviedo, apelidada de Capital do Paraíso, já que as Astúrias são vistas como um éden natural, a Catedral de San Salvador é presença majestosa no coração da cidade que a torna ponto de referência para os residentes e visitantes.

Visitei com Regina Célia apenas algumas alas acessíveis dessa igreja, reabertas como museu e que guardam doze séculos de história, sobretudo pelas numerosas lembranças raras que conserva. Nascida do espírito que animou o primeiro reino cristão da Península Ibérica, resistente perante a invasão muçulmana, ela foi e continua a ser um enclave estratégico. Tem a sua origem na basílica mandada construir pelo Rei Afonso II, o Casto (759-842), sob o patrocínio de Jesus Salvador.

Em estilo gótico florido ou flamejante, o templo oferece ao turista a chance de identificar diversas e claras manifestações barrocas e renascentistas. Concluída no século 16 com a ereção de sua torre, a construção da catedral durou quase três séculos. E foi preciso mais cem anos para terminar suas capelas e panteões, hoje vistos nas três naves, sendo a central a maior, e as laterais, precedidas por um pórtico.

Afonso III o Grande (852-919) enriqueceu o tesouro da catedral com a doação da Cruz da Vitória. Sucessivos monarcas continuaram a enriquecê-la com presentes raros, o que a tornou um destino essencial para os peregrinos e devotos. O apostolado da Câmara Santa e a Torre Velha pertencem a este período.

Conhecida é a catedral também como Sancta Ovetensis, alusão à qualidade e quantidade das relíquias que contem, como a Capela da Hídria, onde, segundo a tradição, se

guarda uma hídria das Bodas de Caná, vaso no qual Jesus transformou água em vinho, um dos vestígios milagrosos mais visitados pelos peregrinos.

Situada no noroeste espanhol, entre as montanhas e o litoral do Mar Cantábrico, Oviedo, além dessa bela igreja, em cuja praça fica a escultura de bronze La Regenta, tem dois museus: o de Belas Artes e o Arqueológico. Este último exibe artefatos regionais, também encontrados em típicas sidrerias nas ‘calles’ (vias) próximas: a sidra asturiana, feita de maçã, bebida de baixo teor alcoólico, patrimônio imaterial dessa bela região, que vale a pena ser devidamente degustada.

Cronista e pesquisador, membro da Academia Botucatuense de Letras, é autor de 52 livros sobre a história regional.

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