PREFÁCIO
Estive presente na data de inauguração da APEB
Membro Efetivo da Academia Botucatuense de Letras
Formada em Pedagogia, Letras e Psicopedagogia
Quanta alegria ao receber essa doce e indescritível missão: prefaciar a Coletânea Literária que comemora os 32 anos da APEB –Associação dos Poetas e Escritores de Botucatu!
Não são todas as instituições ou grupos que duram mais de três décadas! Nos tempos atuais, até mesmo nos surpreendemos com matrimônios que completam suas bodas de prata ou parcerias que alcançam seus 20 anos...
Nos acostumamos, mais e mais, infelizmente, com aquilo que é efêmero. Muitas vezes em nossas vidas, amizades salutares ficaram nos recônditos de outrora, olvidadas por motivos múltiplos, seja a falta de tempo, a necessidade constante do “ganha pão” ou mesmo pelas “maravilhas” que esse mundo globalizado e conturbado nos apresenta, descomedidamente. O mesmo ocorre com passatempos que deixamos para trás. Com grupos que freqüentamos um dia e até mesmo, com hábitos que nos eram caros.
Vivemos num mundo onde descartamos facilmente aquilo que consideramos que não nos são mais úteis. Descartamos roupas, sapatos e acessórios. Descartamos móveis, utensílios e adereços. Descartamos livros, quadros e presentes que nos foram dados com tanta afeição. Descartamos atenção, carinho e amor verdadeiro. Às vezes, descartamos pessoas, famílias e até mesmo Deus! E somos, muitas vezes, descartados também.
Vemos pessoas usarem as outras, sem compaixão e, quando nada mais tem para sugar, buscarem outras, para saciar seus instintos primitivos e vampirescos de mais e mais obterem, dos seus irmãos em humanidade, a última gota de suas forças, em prol de um egoísmo doentio, que ignora o que vem a ser o princípio da coletividade, a empatia ou o amor fraternal.
Epílogo
Para que essa Coletânea Literária chegasse ao final, foi preciso muita dedicação a altura de cada um dos trabalhos. Tudo começou muito antes, com o planejamento, solicitando os textos, organizando, separando fotos para ilustrar, revisão, imaginando em como seria o dia do lançamento e por fim o livro pronto...
Tudo para que cada texto ficasse registrado, era um pedaço de cada que compartilhou do seu tempo, seus pensamentos e agora ficaram imortalizados, rompendo até o tempo.
Cada um doou um pouco de si para que final se formasse essa obra... nascia a “Coletanea Literária 2024”, e comemora os 32 anos da APEB.
Como todo fim é um novo recomeço, com todas as emoções vivenciadas nas páginas que percorremos, já estamos pensando no próximo título da nossa história... é o que ossa dá asas para que
Nesse contexto da pós-modernidade, no Terceiro Milênio, em pleno 2024, encontramos uma Associação, na mística e especial cidade de Botucatu, que publica anualmente a sua Coletânea, onde o foco é a Literatura, trazendo poemas, contos, crônicas, trovas e muita arte! E nesse grupo, repleto de escritores muito talentosos, temos como especial regente, nossa amiga e parceira cultural Jenifer de Almeida Donida, que, com energia, foco, força, espiritualidade, sabedoria, intuição e fé, vem mantendo, há décadas, a APEB unida, produtiva, rumo ao porvir, espalhando não só nos rincões botucatuenses, mas por toda parte, o amor pelas letras e o respeito para com seus pares, agindo para um mundo melhor, mais fraterno, mas poético...
Nesta edição podemos ter mais esperança no futuro, com tantas crianças já despertando para a escrita, mostrando ao mundo seus versos que, embora iniciantes, espargem amor!
Temos um desfile de escritores das mais distintas profissões e áreas do conhecimento humano, trazendo, cada um de uma maneira única, seus recados para você, amigo leitor, amiga leitora, que poderá desfrutar em breve desse acervo de criatividade e de vida!
Não trarei nesse singelo prefácio quaisquer citações que indiquem em pormenores o que você lerá, apenas posso garantir que a leitura será mágica, repleta de ternura, com momentos de grande emoção e que, certamente, você, assim como eu, se transformará após essa leitura, levando na sua bagagem interior mais conhecimentos e muitos amigos escritores que, nesta coletânea, dividiram um pouco mais de suas próprias vivências e, porque não dizer, de suas próprias vidas, com você! Vamos trilhar pelas páginas de sonhos e sonhar com elas!
Paz e luz a todos!
CARMEM LÚCIA EBÚRNEO DA SILVA
nossa imaginação possa ir mais longe, assim como foi do colibri da capa dessa edição... pousando de flor em flor, dançando no ar, levando o seu colorido para que todos possam apreciar.
Que venham novos tempos, novas histórias, que nosso pensamento voem longe para que nossa vida seja vivida intensamente.
EDIL GOMES
DIRETOR: Armando Moraes Delmanto
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AUTORES DA COLETÂNEA DE 2024
Andre Renato Barretto
Adriana Alves Vigliazzi
Alessandra Lucchesi de Oliveira
Alice Cristina Fernandes
Ana Maria Leonel Raduan
Anete Simões
Antonio Carlos da Costa
Antonio Luiz Caldas Junior
Antonio Onivaldo de Souza
Braz Titon
Camila Soller
Carmen Cristal
Carmem Lúcia Ebúrneo da Silva
Carmen Sílvia Martin Guimarães
Cinira de Paula
Cirley Pereira Medina
Cláudio Francisco Rubio
Conceição Aparecida Soller
Cris Cury
Davenil Augusto Magri
Durcelei Gerim de Menezes da Silva (in memoriam)
Edil Gomes
Eduardo Orozco Ruiz Ritz
Eleonete Suely Vidotto Bassetto
Emmanuel Xavier Peralta de Moraes Pimenta
Evangelina Maria Ávila (Vanju)
Grazielly Vitória da Silva Souza Michelin
Ian Albano Ricardo
Jeni Antunes da Silva
Jenifer Almeida Donida
José Augusto de Oliveira
José Carlos Di Francesco
Júlia Alves de Arruda
José Luiz Mariano de Oliveira (Zezo)
Júlia Helena Rodrigues
Junior Cury
Lívia Rosa de Arruda
Luana Luiza Alonso Milanesi
Luiz Antonio Cardoso
Maria Cecilia Leme Barretto
Maria de Lourdes Camilo Souza
Maria Inez Forti Bassetto
Maria Lúcia Dal Farra
Maria Olga de Oliveira Lima
Marília de Souza
Marilva de Oliveira Viadana
Marinez Stringuetta – Mara Poeta (in memorian)
Marta Valéria Clementino Stradiotti
Nelson Maria Brechó da Silva
Nicole Borges Garcia
Nilza Stringhetta Rossi
Nora Santos
Odete Kahil
Quico Cuter
Raquel Estefania Stringheta de Souza
Roberta Sogayar
Roque Roberto Pires de Carvalho
Tais Donida
Tatiane Cristina Raimundo
Tatinha Bassoli
Victória de Oliveira Tramonte
“Cápsula do tempo”
MARIA DE LOURDES CAMILO SOUZA
Fizeram uma nova cápsula do tempo.
Juntaram todas as memórias: as doces e as amargas.
Colocaram todas as fotos, recortes de jornais e revistas, livros, cartas, descobertas, num pequeno receptáculo e o enterraram num buraco negro do tempo.
Marcaram uma data 50 anos depois para reabrir o buraco e retirar a pequena cápsula, na época chamava-se pen-drive.
E foram rever todas aquelas memórias projetadas num telão.
Marcaram um encontro numa sala especial, como as antigas salas de cinema.
Fizeram muita propaganda do momento histórico.
Vieram alguns remanescentes daquele tempo e seus descendentes.
Dentre eles estava um casal octogenário que tinha vivido intensamente aqueles dias.
Vieram seus filhos, netos e bisnetos e ruidosamente foram lotando a sala de projeção.
Na hora combinada um apresentador que tinha filmado e retirada da cápsula do buraco negro fez a apresentação emocionado e deu início a projeção, após o público ovacioná-lo alguns minutos com muitas palmas.
Fez-se um silêncio sepulcral na sala, quando começaram a surgir as cenas.
Entre lágrimas e sorrisos foram assistindo as cenas de sua vida passada no telão.
Sorriam enlevados nos momentos doces e colhiam uma lágrima furtiva que corria quente pelos seus rostos entre suspiros, se entreolhando as vezes e comentando : você se lembra disso?
Os mais jovens se reviam nas faces jovens de seus ancestrais e riam das antigas situações, roupas de época e comportamentos.
Os mais antigos rememoravam saudosos o nascimento de um filho, suas lutas diárias, suas pequenas conquistas.
As situações mais gostosas eram os encontros com amigos e famílias no entorno de uma mesa repleta de alimentos, doces e bebidas e brindavam felizes.
Os momentos amargos passaram quase que despercebidos, mas deixaram lições importantes, muitos engoliram em seco ao passar por eles.
E levantaram as frontes altivos, pois seguiram seu caminho mais sábios.
Ao término da sessão saíram entre encantados e falantes rememorando cada segundo pensando : eu vivi tudo isso e aprendi muito, ainda estou aqui.
O que me espera o futuro?
Sobre os momentos duros, perdas e aflições ninguém falava.
Ficaram mais momentos felizes que dores e penas.
O tempo passou inexorável por todos.
Muitos deles sairam para comemorar a vida, e fechar a noite com mais um momento saboroso e doce.
Pois sempre tem uma sobremesa no final!
Dessa minha cápsula do tempo, relembro as visitas na casa da querida Nilze e Dr. Noé, onde sempre tinha mesa arrumada com bolos, pudins, brigadeirões, refrigerantes, amigos, filhos, netos e o principal amor e a alegria dos encontros.