Diário da Cuesta
NA DEFESA DO MEIO AMBIENTE E DA CIDADANIA EM BOTUCATU
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NA DEFESA DO MEIO AMBIENTE E DA CIDADANIA EM BOTUCATU
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Os consumidores de Botucatu já podem se preparar para aproveitar as promoções da Black Friday 2024 , que promete movimentar o comércio local. Na sexta-feira ( 29) , as lojas da cidade funcionarão em horário especial, ficando abertas até as 22h para atender ao público em busca de descontos imperdíveis.
A presidente do Sincomércio Botucatu e Região, Fátima Baldini , demonstrou otimismo quanto aos resultados da data promocional. A expectativa é de um crescimento de 14% nas vendas em comparação com a Black Friday de 2023.
“Estamos confiantes de que o comércio local
terá um desempenho excelente nesta Black Friday . É uma grande oportunidade tanto para os lojistas quanto para os consumidores”, destacou Fátima . Além do horário estendido, os comerciantes estão apostando em promoções atrativas para diferentes segmentos, como vestuário, eletrônicos e itens de utilidade doméstica. A data já é considerada uma das mais importantes do ano para o comércio, marcando o início das compras de fim de ano. Os consumidores também poderão aproveitar o período para realizar suas compras de forma antecipada, evitando a correria das festas de Natal. (Fonte: Leia Notícias)
E o homem começou a falar. Claro que como resultado de ser animal inteligente e social. Pensando – único animal pensante – pôde, igualmente, transmitir seus pensamentos, através de sons convencionais, e de outros sinais, igualmente convencionais.
A literatura desde os tempos primitivos é uma forma de o ser humano transmitir suas experiências, seus conhecimentos, sua vivência, enfim, tudo aquilo que pode conhecer e sentir. A prosa e a poesia foram processos de que se utilizou para levar aos seus semelhantes aquilo que, em seu sentimento e o seu cérebro, era digno de ser conhecido pelos outros.
O homem é o que é. O que ele é. Se é sonhador, um vidente, o vate, como diziam os latinos – vaticinador, profeta, em português, torna-se poeta. Se transmite seu raciocínio, sua lógica, é prosador. Se é capaz de dramatizar, no sentido grego da palavra, isto é, se é capaz de dar movimento à ação, então é dramaturgo
Em todos os tempos, admiramos os homens geniais, capazes de transmitir seu “pathos” aos ouvintes ou leitores. Desde Homero, até aos mais modernos escritores, os homens geniais são respeitados, admirados, queridos e, mesmo, amados.
Todos esses pensamentos nos vem à mente nos dias presentes, quando as autoridades do setor educacional cometem e admitem tantos erros e tantas leviandades. O homem almeja evoluir. Quem não tem educação, quer ter. Degrau a degrau, o ser humano almeja chegar, ele e os seus, ao nível de igualdade com os seus semelhantes. Ou não é isso o que prega a nossa Constituição? Que todos são iguais
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“O Pensador”, de Auguste Rodin (1840 –1917). A escultura foi criada inicialmente para ficar sobre “A Porta do Inferno”
e com direitos iguais. Mas ao ensinar errado a língua que se fala, o governo está condenando as novas gerações a ficarem sempre um degrau abaixo, inferiorizadas. Uma geração medíocre!
Com o pretexto de consolidar “o jeito que o povo fala”, o educador formado na filosofia marxista objetiva, tão somente, “desconstruir” a sociedade para, depois, “implantar” a “verdadeira sociedade socialista”...
A literatura é sempre uma expressão da sociedade, já afirmava o velho De Bonadi. Do íntimo e da formação de cada um é que surgem as obras nos campos da literatura e do teatro: cada um faz, em sua obra, o auto retrato que merece...
E o brasileiro merece o melhor auto retrato! Merece a melhor educação, sem erros grosseiros de linguagem e sem picaretagem política! (AMD)
“ O fim último“
Custei a entender e é tão simples. A vida, ao menos pra mim, é uma canoa rio abaixo Vai pra lá , vem pra cá, descontrola, raspa o barranco à direita, à esquerda, rodopia no poço, enrosca no galho, bate no tronco, mas segue o rio.
O canoeiro, às vezes, sente-se dono dela, guia dela. Ledo engano; quem a
conduz é a correnteza do rio, assim como nossa vida é conduzida pelos desígnios de Deus ou pelos mistérios do destino. Também já acreditei em livre arbítrio, inteligência, vontade. Hoje, só peço que o Oceano do rio seja a FELICIDADE.
José Maria Benedito Leonel
Hernâni Donato
A grandeza de um homem referencial bem pode ser revelada por um pequeno-grande episódio. Foi o que sucedeu com Vital Brasil Mineiro da Campanha, no final do século dezenove, em ocorrência aparentemente simples, acontecida na Botucatu de então. Transpareceu o homem, o médico o cientista.
Para o bom entendimento, uma curta explicação. Naqueles dias (ele residiu ali entre 1895 e 1899), a cidade, porta-de-sertão, cabeça de comarca estendida entre os rios Tietê e Paranapanema, dividia-se, para tudo, entre católicos e protestantes, estes chegadiços. Havia escola, clube, comércio, professores de uma ou outra postura religiosa. E uma “cidadela” protestante no coração da cidade. Os protestantes chamaram professores e médicos protestantes. Como protestante para servir seus irmãos é que Vital Brasil foi para lá. Para que também atendesse nas fazendas cafeeiras, deram-lhe trole e troleiro. E escala de linhas ou direções ou bairros a serem atendidos.
Troleiro, foi o mocinho Sebas-
tião Pinto Conceição. Este vindo a terminar a vida como titular de cartório, ademais de pai de professora de história, de médico e escritor, de político deputado e Secretário de Estado, , orgulhava-se também dos dias vividos troleando Vital Brasil. De quanto lhe ouvi a respeito, garantindo-lhe o crédito gosto de repetir o sucedido com o campeiro mordido por cobra. Acho que revela o caráter de Vital Brasil e ajuda a compreendê-lo e à sua vida e obra.
O troleiro conhecia a estrada e a gente ao longo do traçado. Colonos, retireiros, agregados. Onde branquejasse um pano branco, troleiro e doutor liam a mensagem: “precisamos de médico”. O trole enfiava pelo caminho, balizado pela alvura dos panos.
Um dia, o branquejar de toalhas e lençóis encaminhou o trole à casa de um campeiro notório. Mesmo tendo patrão fervorosamente protestante, teimava em continuar católico e em não renunciar ao largo renome de caçador, de beberrão de fim de semana e de exercitado e convicto adúltero. Com sério agravante: zombava dos esforços de quantos empreendiam convertê-lo ao protestantismo, adesão que sua esposa dera e mantinha com ardor de neófita. Ele, seguia convictamente “mergulhado na superstição romana”, conforme disse a mulher ao médico. E nos pecados com que se deliciava.
Encontraram-no deitado, mais bêbado do que ferido. Cheirava, e o quarto, a fumo de corda e à cachaça. A mulher explicou:
- Anteontem, no meio da tarde, foi picado por uma cascavel.
O médico sério e reprovativo, observou:
- Anteontem!? Por que não o levaram para a cidade?
Ela levantou o lençol, exibindo a perna do marido. Sobre a pica-
da, escandalizava um feio emplastro tresandando à fumo mascado e à pinga, arruda, breu e talo de bananeira. Tudo isso envolto pelas contas de rosário de carapiá. Na região, tinha-se por certo que nada melhor para sustar a “subida” do veneno de cobra do que “laço” de rosário de carapiá. Como reforço absoluto, uma oração endereçada a São Lázaro.
Mais envergonhada pelo rosário, o santo, a cachaça e o resto do que pelo molesto, confusa diante do médico ilustre e do protestante convicto, a dona de casa e do ferido católico, tentou justificar:
- Desculpe, doutor. Ele não quis ir para a cidade. Teimou na bebida e nessa abominação...
Dizendo-o, ensaiou arrancar o rosário, o emplastro. Vital deteve-lhe o gesto:
- Deixe tudo como está, por mais uma hora. Procure acordá-lo. Depois, limpe bem a ferida e faça o seguinte...
Mais tarde, tão logo acomodou-se na boléia do trole, ao lado do médico, continuando a peregrinação em busca de panos
Que teria sido brasileiro o famoso herói inglês que marcou presença na Primeira Grande Guerra Mundial?
Teria sido botucatuense esse herói? Teria nascido na Cuesta de Botucatu esse herói que encantou gerações com sua bravura e idealismo?
A Revista Peabiru apresentou minucioso estudo sobre a trajetória desse herói mundial.
Na história ou na “lenda” de Lawrence da Arábia, temos como berço natal do herói a Cuesta de Botucatu, mais precisamente, a Fazenda do Conde de Serra Negra, localizada em Vitoriana. Verdade ou lenda ?!?
Segredo guardado ou sonho “botucudo” surgido antes da virada do século passado?!?
Mas fica – com certeza! – a imagem positiva e heroica de Lawrence da Arábia: um brasileiro nascido na CUESTA DE BOTUCATU.
brancos, o troleiro observou, entre curioso e ousadamente reparador:
- Não entendi, doutor Vital. Tenho visto o senhor tão enérgico quando se trata de cuidados médicos ou emprego de crendice como remédio, mas nesse caso, mesmo sendo de mordida de cascavel...parece que o senhor concordou com o homem. Rosário de carapiá, então, é bom para curar mordida de cobra?
Pois Vital explicou, como se diante, não do troleiro, mas de alunos atentos ou de compungida comunidade evangélica:
- Não, não acredito que fumo, cachaça e rosário disto ou daquilo possam mais do que veneno de cascavel em corpo humano. Mas se a cobra picou anteontem e o homem na verdade só padece de forte ressaca, devo concluir que a bolsa da cobra estava sem veneno no instante da mordida. Ele nem precisaria de tratos. Mas quis se tratar e nessa precisão pôs fé no emplastro e no rosário. Mostrou-se homem de expediente e de fé. Por enquanto, não tenho nem medicina nem ensinamento para substituir o que ele tem e usa. O que não posso, como médico e homem religioso é deixar uma criatura sem os remédios nos quais confia e retirar-lhe a fé na qual descansa. Ele está salvo e com a fé rebustecida. Que desejar para um homem?
O troleiro não esquecera daquele dizer de Vital Brasil. Desde que me contou o fato, eu também não. Mas não é verdade que vale a pena conservar tal pensamento transmitido por um grande homem, em testemunho de de humildade, humanidade e religiosidade, a um humilde mocinho troleiro a respeito de um humilde campeiro?
Hernâni Donato – Acervo Peabiru
Todos os botucatuenses, “vilenses”, principalmente, que como nós são jovens há mais tempo, recordam-se com saudade do aconchegante Bar do Urbas, ou Bar do Bôrtolo, como era mais conhecido, situado na Rua Major Matheus, bem em frente à entrada principal das indústrias Lunardi.
O seu proprietário, o austríaco Bartholomeu Urbas, já madurão nos idos dos anos trinta, era casado com sua patrícia, dona Maria, com quem teve os filhos José, Maria, Antoninha e Alberto e, com exceção de Antoninha, todos de saudosa memória.
O Bartôlo – homem alegre, brincalhão e educado, era querido e admirado por todos – transforma-se em ponto de encontro das pessoas VIPS e não VIPS da “vila”. Misto de bar e restaurante, muitos, como o pessoal itinerante dos trens de passageiros que vinham de São Paulo, faziam ali suas refeições dada a fama de excelente cozinheira de dona Maria Urbas.
O Bar do Urbas contava também com uma bem cuidada cancha de bochas, uma mesa de bilhar, saleta para jogos, sala de refeições e o principal, o cuidado, a higiene e o carinho com que eram atendidos todos os seus frequentadores.
Naquele tempo, em que a
colônia italiana dava cartas e jogava de mão, todas as tardes ali se reuniam para o jogo de bisca, truco, trêssete e patronesoto e outros jogos trazidos da velha pátria, a fina flor dos vilenses. Ali, como dissemos, ombreavam-se nobres e plebeus na maior camaradagem possível. Viam-se então os irmãos Cavaglieri, Virgínio Lunardi, dono de uma finura que encantava, Mansueto Lunardi, seu sócio, com seu eterno charuto toscano no canto da boca, o poderoso comerciante Matheus Giacóia, chefe do clã composto por homens e mulheres de uma ombridade ímpar, o sério e eficiente marceneiro Basílio Robega – sogro do Dito Almeida – com seus filhos também profissionais de marcenaria, Antonio (Casca) e o Picale (ruim de bola como ele só), o Signore Angelo Milanesi, o Maitã, o Pacharon, os maquinistas da Sorocabana Alfredo Bueno, João Marçal...e o Titon que com sua “oito baixos” alegrava o ambiente. Enfim, a gente era feliz e não sabia...
Nós, como amigo da família e colega de diversões do Albertinho Urbas, que nos deixou muito cedo, vivíamos naquele mundo de gente decente, boa, alegre e sem maldade.
Certa vez, nos recordamos, o Cav. Virgínio Lunardi, jogava uma partida de truco, tendocomo parceiro o Maitã. Distraidamente, o Maitã fez uma jogada errada e a dupla perdeu a partida. O “signore” Virgínio Lunardi olhou para o parceiro e disse: “Ma tu sei uno farabuto, achifosso”.
E o Maitã vermelho como um pimentão maduro levantou-se e disse: “Pera ai cavalieri. Não é porque o senhor é rico que pode me xingar só porque eu errei uma jogada”.
- “Tuto bene, Maitan, tuto bene. Calma qui siamo nel braccilei. E joga, vá!” Era assim que as
rugas terminavam.
Certa vez, não estamos certos que tenha sido o “signore De Sancti”, entrou no grupo de amigos e foi logo dizendo: “Má ganhei um cabrito, que vô conta pra vocês, vai vale a pena questa festa defim de ano”.
Dias depois, a mesma pessoa chega na mesma roda de amigos, bufando de raiva, dizendo que o cabrito dele havia sido roubado: “Tiraram o bicho do quintal da minha casa”.
Ninguém respondeu, mas, furtivamente todos os olhares foram dirigidos para o Matheus Giacóia, useiro e vezeiro em aprontar com os amigos.
Todos já haviam esquecido do caso, quando certa noite o Matheus disse que havia comprado um cabrito, já o havia esfolado, cortado e que o “Bito” estava mergulhado numa bela vinha d’alhos.
Ninguém comentou nada, mesmo porque o antigo reclamante não se encontrava presente.
Um sai outro chega e um sai e...Matheus Giacóia que tinha ido para casa, voltou furibundo: “Ma quê? Agora aqui sono tuti ladri de cabrito? O mio cabrito sumiu com assadeira e tuto. Io quero sabe
quenhé il ladri”. Ninguém se manifestou.
Mas, na noite seguinte, alguém comentou que alguém pertencente àquela roda de amigos, estava assando um cabrito num forno a lenha, situado no quintal de sua casa.
Um grupo foi até a casa de quem estava assando o cabrito, com parte de cumprimentar a família, enquanto outros amigos abriam o portão que dava para a rua e surrupiavam o cabrito assado. O cabrito foi levado para o Bar do Urbas que já estava com a mesa pronta, com direito aos vinhos da casa.
Os amigos que estavam cumprimentando a família, depois de terem a certeza de que o cabrito já estava surrupiado, gentilmente convidaram a todos da casa para comerem um cabrito no Bar do Urbas.
Num primeiro repente o “convidado” correu para o quintal e viu então que o ditado é velho mas verdadeiro: “Ladrão que rouba ladrão...”
E as peripécias do cabrito terminaram em gostosas gargalhadas...
Mário Costa Novo (Acervo Peabiru)
(ilustração de Vinício Aloiseao pé do Gigante, as Três Pedras)