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MARIA LÚCIA DAL FARRA

GABINETE

A botucatuense Maria Lúcia Dal Farra, poetisa e patrona da ABL - Academia Botucatuense de Letras estará hoje no Real Gabinete Português de Leitura/Portugal, participando da RODA DE CONVERSA: “130 ANOS DE FLORBELA”. Maria Lúcia lançou recentemente seu livro de poemas “LIVRO DE ERROS”, tendo realizado, com sucesso, Noite de Autógrafos em 3 capitais.

Florbela Espanca e Homenagem a Maria Lúcia Dal Farra

Na sua obra de estreia, Livro de Mágoas, publicada em 1919, Florbela inicia uma carreira literária que, durante longo tempo, reivindicará o seu lugar (e de outras escritoras) no cânone literário português, enfrentando inicialmente enormes resistências por parte da sociedade e da crítica.

Décadas depois, é o trabalho pioneiro da académica e escritora Maria Lúcia Dal Farra que vem estabelecer o lugar de direito de Florbela entre os grandes nomes da literatura portuguesa. Nesse percurso, Maria Lúcia Dal Farra não só resgata a obra de Florbela, como também se afirma ao longo dos últimos vinte e cinco anos através de uma literatura já premiada no Brasil, agraciada com o Prémio Jabuti em 2012.

A sua obra lírica e ficcional dialoga com a de Florbela e com a de muitos outros escritores; não deixa, contudo, de afirmar a sua plena singularidade expressiva, caracterizada pelo rigor e pela depuração formais e pelo fulgor poético do real que transfigura

Biografia

Florbela Espanca (Vila Viçosa, 8 de dezembro de 1894 Matosinhos, 8 de dezembro de 1930),[1] batizada como Flor Bela Lobo, e que opta por se autonomear Florbela d’Alma da Conceição Espanca, [2] foi uma poetisa portuguesa. A sua vida, de apenas 36 anos, foi plena, embora tumultuosa, inquieta e cheia de sofrimentos íntimos, que a autora soube transformar em poesia da mais alta qualidade, carregada de erotização, feminilidade[3] e panteísmo. Há uma biblioteca com o seu nome em Matosinhos

Filha de Antónia da Conceição Lobo e do republicano João Maria Espanca (1866-1954), nasceu no dia 8 de

EXPEDIENTE

dezembro de 1894 em Vila Viçosa, no Alentejo. O seu pai foi sobretudo um antiquário e um fotógrafo, tendo também ganho a vida com outras atividades, como a de projeção de filmes. De facto, foi um dos introdutores do “ Vitascópio de Edison” em Portugal.

O seu pai era casado com Mariana do Carmo Inglesa Toscano, que era estéril, sendo filho de José Maria Espanca (1830-1883) e Joana Fortunata Pires Espanca (1830-1917). Com a autorização da mulher, João Maria relacionou-se com a camponesa Antónia da Conceição Lobo, filha de pais incógnitos, criada de servir,

DIRETOR: Armando Moraes Delmanto

EDITORAÇÃO E DIAGRAMAÇÃO: Gráfica Diagrama/ Edil Gomes

mulher bela e vistosa. Assim nasceram Florbela e, três anos depois, Apeles, em 10 de março de 1897, ambos registados como filhos de Antónia e pai incógnito[4]. João Maria Espanca criou-os na sua casa. Apesar de Mariana ter passado a ser madrinha de batismo dos dois, João Maria só reconheceu Florbela como a sua filha em cartório 18 anos após a morte desta.[5]

Entre 1899 e 1908, Florbela Espanca frequentou a escola primária em Vila Viçosa [4] Foi naquele tempo que passou a assinar os seus textos Flor d’Alma da Conceição.[6] As suas primeiras composições poéticas datam dos anos 1903-1904:[5] o poema «A Vida e a Morte», o soneto em redondilha maior em homenagem ao irmão Apeles e um poema escrito por ocasião do aniversário do pai «No dia d›anos», com a seguinte dedicatória: «Ofereço estes versos ao meu querido papá da minha alma» [7]. Em 1907, Espanca escreveu o seu primeiro conto: “Mamã!” No ano seguinte, faleceu a sua mãe, Antónia, com apenas 29 anos, vítima de nevrose.[5]

Espanca ingressou então no Liceu Nacional de Évora, onde permaneceu até 1912 [8] Foi uma das primeiras mulheres em Portugal a frequentar um curso liceal [6] Durante os seus estudos no Liceu, Espanca requisitou diversos livros na Biblioteca Pública de Évora, aproveitando então para ler obras de Balzac, Dumas, Camilo Castelo Branco, Guerra Junqueiro, Garrett

O Diário da Cuesta não se responsabiliza por ideias e conceitos emitidos em artigos ou matérias assinadas, que expressem apenas o pensamento dos autores, não representando necessariamente a opinião da direção do jornal. A publicação se reserva o direito, por motivos de espaço e clareza, de resumir cartas, artigos e ensaios.

a r t i g o Florbela Espanca

Comemoramos 120 anos do nascimento (08 de dezembro) de FLORBELA ESPANCA

“O meu mundo não é como o dos outros, quero demais, exijo demais, há em mim uma sede de infinito, uma angústia constante que eu nem mesmo compreendo, pois estou longe de ser uma pessimista; sou antes uma exaltada, com uma alma intensa, violenta, atormentada, uma alma que se não sente bem onde está, que tem saudades... sei lá de quê!”

FlorbelaEspanca

A grande e revolucionária poetisa portuguesa tem, aqui no Brasil, uma das maiores autoridades sobre sua obra e sua vida: MARIA LÚCIA DAL FARRA!

Hoje, Maria Lúcia Dal Farra é poetisa consagrada e - por merecimento! – PATRONA DA ACADEMIA BOTUCATUENSE DE LETRAS. No início, honrou a ABL como MEMBRO CORRESPONDENTE.

Filha do Prof. Gastão Dal Farra e da Profa. Jesumina Domene Dal Farra, nasceu aos 14 de outubro de 1944. Concluiu seus estudos em Botucatu, inclusive em Música e Canto Orfeônico. Cursou Letras na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP. Foi professora assistente de Teoria Literária e Literatura Portuguesa do Departamento de Teoria

VOCÊ SABIA?

Literária do Instituto de Estudos da Linguagem da UNICAMP. Fez Curso de Canto Lírico, na capital. Estudou em Lisboa e em Paris. Em Sergipe, foi Professora Titular em Letras pela Universidade Federal de Sergipe, chegando a exercer a Pró-Reitoria.

Na UNICAMP fez parte da pioneira e histórica equipe de ANTONIO CÂNDIDO, responsável pela fundação do Departamento de Teoria Literária (1975). Lançou, em 1994, o “Livro Auras” e, em 2002, o “Livro Possuídos”.

Especializou-se no estudo da literatura portuguesa e é considerada a maior especialista sobre literatura de Portugal, sendo famosos e elogiados os estudos e as publicações que fez sobre a poetisa FLORBELA ESPANCA, assim como os estudos sobre o poeta HERBERTO HELDER.

Mantendo e ampliando a ligação da intelligentsia botucatuense com os intelectuais e a literatura de Portugal, Maria Lúcia não só fez estudos literários e publicou livros sobre o assunto, mas tem tido uma participação muito efetiva como conferencista nas universidades portuguesas e como consultora literária

tem participado de concursos e simpósios culturais

O conceituado “Prêmio Portugal Telecom de Literatura – 2009” contou com a participação especial de Maria Lúcia Dal Farra como Curadora Especialista em Literatura Portuguesa e Africana. Em 2010, no mês de maio, nas comemorações do CENTENÁRIO DA REPÚBLICA PORTUGUESA, a Universidade de Lisboa realizou o “Colóquio: Literatura Portuguesa e a Construção do Futuro”. Entre os convidados, podemos destacar nomes como Cleonice Berardinelli, Carlos Reis, Maria Lúcia Dal Farra, Helder Macedo, Mario de Carvalho, Nuno Júdice, Gonçalo Tavares entre outros.

Na produção literária de Maria Lúcia, podemos destacar “O Narrador Ensimesmado – estudo dos romances de primeira pessoa de Vergílio Ferreira”; “A Alquimia da Linguagem – leitura cosmogonia poética de Herberto Helder”; “Florbela Espanca – Trocando Olhares”; “Florbela Espanca”; “Poemas de Florbela Espanca”; “Lira dos Vinte Anos de Álvares de Azevedo”. No prelo, “Correspondência de Florbela Espanca”(Lisboa, Circulo de Leitores). (AMD)

Que teria sido brasileiro o famoso herói inglês que marcou presença na Primeira Grande Guerra Mundial?

Teria sido botucatuense esse herói? Teria nascido na Cuesta de Botucatu esse herói que encantou gerações com sua bravura e idealismo? A Revista Peabiru apresentou minucioso estudo sobre a trajetória desse herói mundial. Na história ou na “lenda” de Lawrence da Arábia, temos como berço natal do herói a Cuesta de Botucatu, mais precisamente, a Fazenda do Conde de Serra Negra, localizada em Vitoriana. Verdade ou lenda ?!? Segredo guardado ou sonho “botucudo” surgido antes da virada do século passado?!? Mas fica – com certeza! – a imagem positiva e heroica de Lawrence da Arábia: um brasileiro nascido na CUESTA DE BOTUCATU.

A R T I G O MARIA LUCIA DAL FARRA

A educadora botucatuense, profa. Elda Moscogliato, então Secretária da Academia Botucatuense de Letras, escreveu artigo para a revista Peabiru sobre o lançamento do livro de poesias da autora botucatuense Maria Lúcia Dal Farra, LIVRO DE AURAS

Um abraço gostoso e muito terno reuniu-nos na Sede local da OAB, gentilmente cedida a Maria Lúcia Dal Farra. Não, à mulher vitoriosa, soberana nos difíceis planos da Literatura estrutural hodierna que ela maneja com notoriedade absoluta, após aulas ministradas em Lisboa e Sobornne, dando com seu delicioso encanto um recado bem botucatuense à Europa Clássica.

Correspondente. De lá para cá, correu muito tempo. Ela galgando vitórias e enaltecendo o brilho do berço. Espalhando inteligência, saber e incrível simpatia.

Como foi bom, ao nosso velho coração, revê-la.

Sinceramente não nos surpreende tanto a viva inteligência que já aquilatáramos desde a infância promissora – como aquela imanente chama que através de suas páginas robustas de conhecimento, análise e estudos profundos de cujos textos crepitam as luminosidades de sua formação num lar em que imperou o inesquecível Gastão – amigo de todas as horas – e a Jesumina artista, discípula da famosa Escola de Artesanato do Santo Marcelina que tantos primores deu a Botucatu, de cuja arte somos confessadamente incapaz. Por isso mesmo, admiradora fiel.

Não é exagerado ufanismo, não. A verdade aqui está.

Em 30 de Maio último, num rodapé do Caderno 2 do Estadão, de circulação internacional, estudava-se a dificuldade de editoriação com sucesso dos poetas modernos e eis que nos despertou um reconfortante entusiasmo o juízo dos críticos severos de nosso maior jornal: “Excetuando-se os “clássicos” João Cabral, Drumond, Vinicius, Quintana – e os “novos” Rubens Rodrigues Tôrres Filho e Maria Lúcia Dal Farra que já tem duas décadas de estrada – praticamente não sobram outros nomes.”

Sem sombra de cabotinismo, a verdade apenas, Nomes botucatuenses nossos!

Muitos anos separavam-nos de sua última estada em Botucatu, quando foi festivamente recebida em nossa Academia Botucatuense de Letras como distinto Membro

Reconhecendo-lhe contudo, a grandeza de espírito e de inteligência, Maria Lúcia será sempre para nós, num cadinho rico de memórias, a eterna meninazinha de vestidos farfalhantes de “laise” bordada e organza esvoaçante, figurinha semelhante aos cromos imortais que celebrizaram os quadros de Isabel Vigée Le Brun, da escola pictórica de Renoir. Sapatinhos de verniz e o caprichoso laço de fita prendendo-lhe as tranças de menina-moça, cujos dedos adolescentes vibravam ao piano e espalhavam melodias na vozinha doce e aveludada de soprano enfeitiçando os transeuntes fascinados.

Como não ter orgulho de tanta sedutora graça?

Como se não bastara Milton Marianno, neto do velho Vitti, e Pedretti Neto besuntando de pixe as fechaduras do antigo solar de D. Isabel da Cruz Maffei, agora vem se juntar a eles Maria Lúcia Dal Farra.

Sim, porque além de botucatuense, Maria Lúcia nasceu na rua Curuzu, que antes fora Rua das Flôres, Velho Quartier Latin, do começo do século, entrada encantadora da recém-cidade, onde se mesclavam aos nacionais, os imigrantes vindos de longe. Aquele velho reduto de artistas e boêmios que, através de sucessivas gerações legaram aos artistas da palavra e do verso aquela boemia cantante que a nossa querida amiga poetiza com tanta ternura.

Lá, o velho sapateiro que fora alfabetizado pelo cura da aldeia, natal, falava latim. O gorducho açougueiro tinha nos grandes espetáculos do belo Casino, sua frisa per-

manente. O operoso e rotundo funileiro fazia das filhas, professoras. Os músicos amadores programavam às quintas-feiras a audição de operetas. O jovem sonhador Angelino de Oliveira, no salão do barbeirinho flautista ensaiava as músicas de seu cancioneiro Nardini, admirador de Poe, na falta de um corvo, convivera com uma coruja. O industrial, antigo bersagliere, escrevia romances. O velho viajante-cometa, no regresso das longas caminhadas, fazia teatro. O vendeiro da esquina lia Dante. Na bizarria daquele mundo encantador de sonhos e fantasias, cantava a alma boêmia dos imigrantes, saudosistas incuráveis da Pátria distante. No entanto, dessa terna sentimentalidade nasceram os herdeiros da. Latinidade latente que se expande em seus filhos e eleva a rua Curuzu a um bairro histórico.

Onde nasceu a Suite Botucatuense do 1º Centenário? De onde, a parceria do primeiro brasão, romântico e inesquecível ao coração botucatuense?

Ah! Maria Lúcia! Quanta coisa linda tem você ainda, as espalhar às brisas – as suas auras – através de seus versos delicados, ternos, plenos de lírica poesia!

Enquanto a poetisa não adentrava o Salão lemos a terceira parte do Livro de Auras, aqui lançado.

Aquela que se refere às suas raízes, à sua infância plena de memórias que se não apagam nunca, cheias de simplicidade e beleza dos versos:

Ouço ao longe p chocalho da burra madrinha:

É o nono que se avizinha, Cometa que chega do confim das terras.

ou

Como era longo e branco

O cabelo da minha nona! ou

Tia Ester sabia

Por compressas na própria dor. ou

A velha jabuticabeira só se sustém

Com as escoras do meu puro amor.

Oh! Maria Lúcia! Possam os céus coroá-la de mil auras douradas e refulgentes mas não deixe morrerem nunca, os versos da sua infância, da sua rua, da nossa rua! Como tudo é real, redivivo, belo aquém como você, prende-se ao berço, por puro amor.

Um abração!

Acervo Peabiru.

NATAL ENCANTADO/CARREATA SHOW!

É tradicional e muito esperada a CARREATA DE NATAL da PHENIX TRANSPORTES. O Largo da Catedral ficou espetacular com a iluminação natalina e com a carreata que percorreu vários bairros alegrando a população botucatuense, levando com sucesso o encantamento do Natal.

(FOTOS: DESCUBRA BOTUCATU)

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