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DEXCO PODEROSA

A grandiosidade da estrutura industrial da DEXCO é impressionante! A DEXCO é uma indústria gigantesca e tecnológica do setor de revestimentos cerâmicos e painéis de madeira industrializada. Na quinta-feira (12), Botucatu recebeu oficialmente as obras finalizadas da DEXCO, com a presença do Prefeito Eleito, Fábio Leite, do atual Prefeito Municipal, Mário Pardini, recepcionados pelo Presidente da DEXCO, Antonio Joaquim de Oliveira. Página 2

Dexco apresenta sua gigantesca e tecnológica fábrica em Botucatu

Com um investimento inicial de R$ 700 milhões, a Dexco terá capacidade produtiva de 10 milhões de m² por ano. Veja imagens e entrevistas.

A Dexco apresentou na quinta-feira (12) sua fábrica em Botucatu. Essa será a primeira unidade do grupo que já nasce 4.0. Nela serão produzidos porcelanatos em grandes formatos com dimensões de 180 cm x 360 cm.

O espaço tem cerca de mil metros de comprimento e 60 de largura. A unidade atenderá as marcas Ceusa e Portinari, produzindo placas cerâmicas de grandes formatos, que podem ser utilizadas em bancadas e fachadas, substituindo chapas de mármore.

Serão duas linha de produção, com aproximadamente 400 profissionais trabalhando na indústria. Essa é considerada umas das mais tecnológicas do mundo e uma das maiores das Américas.

Com um investimento inicial de R$ 700 milhões, a Dexco terá capacidade produtiva de 10 milhões de m² por ano. Todas as linhas de produção iniciarão seus trabalhos já robotizadas, com apontamentos online, autodiagnostico de máquinas e prontuários para a manutenção via mobile.

EXPEDIENTE

Esse projeto coloca Botucatu mapa mundial de revestimentos cerâmicos. Sem dúvida é a planta mais moderna da América Latina e uma das mais modernas do mundo. Vamos empregar em plena carga cerca de 400 colaboradores, sendo praticamente todos da cidade. É um projeto que deixa a gente muito orgulhoso. Uma fábrica dessa é para 30 ou 40 anos, explicou ao Acontece Botucatu, Antônio Joaquim de Oliveira, presidente da Dexco.

Antônio comentou sobre a divisão dos investimentos. Ele ressaltou o montante destinado para equipamentos.

Nós investimos cerca de R$ 700 milhões na fábrica, sendo que desse total aproximadamente R$ 400 milhões são em equipamentos. Tem muita tecnologia aqui, muitos robôs inteligentes e todo um sistema automático. É tudo muito caro. Já na obra em si foram R$ 100 milhões e o restante com instalações e complementos, finalizou o executivo.

A operação da Dexco em Botucatu complementará a produção de revestimentos cerâmicos das quatro unidades da companhia localizadas do sul do Brasil, no estado de Santa Catariana nas cidades de Urussanga e Criciúma

(Fonte: Acontece Botucatu)

DIRETOR: Armando Moraes Delmanto

EDITORAÇÃO E DIAGRAMAÇÃO: Gráfica Diagrama/ Edil Gomes

com br Tels: 14.99745.6604 - 14. 991929689

O Diário da Cuesta não se responsabiliza por ideias e conceitos emitidos em artigos ou matérias assinadas, que expressem apenas o pensamento dos autores, não representando necessariamente a opinião da direção do jornal. A publicação se reserva o direito, por motivos de espaço e clareza, de resumir cartas, artigos e ensaios.

“Cada um com seu trecho”

Neste mundão de Deus não tem jeito: cada um com suas alpargatas, ou seja, com seu trecho pra fazê.

Venho eu de terra alheia e fraca; sou de beira de rio pequeno, de mangueira de pau a pique, de cerca de arame véio e farpado, pregado em cerne de cambará, de piquá com matula, de curote d’água, de tiziu que pula e canta, exibido que é, de saracuras do brejo e de garças brancas.

Venho da barra do dia e da boca da noite, do piado do inhambu, da codorninha assustada e do lamento do urutau no breu da noite.

Venho da quiçaça, da moradia dos lagartos e das serpentes. Conheço estalo de reio de guasca, toques de berrante, vazante de rio, taipa de fogão, causos e benzimentos.

Conviví com muitas falas e sentimentos e vi pisaduras e frieiras causando dores e cuidados.

Andei por ranchos de taipa, dormi em esteiras de taboas e colchas de retalhos já me cobriram.

Já vi lamparina se esvaindo pra protegê do medo crianças pobres.

Por que isso agora?

É que de vez em quando volto pro meu trecho, pra cuidá de mim. Faz bem pra mim vê o renascer das minas d’água, as garças brancas nas vazantes cheias dos rios; as vacas mansas arrodeando o coxo com suas crias saltitantes e os potros ariscos relinchando no meio da tropa mansa.

Gosto de ouvir o canto do sabiá laranjeira e vê os gaviões que espreitam. Gosto de vê os tucanos, as gralhas, as seriemas, os canarinhos e filhotes nos ninhos.

Lá nas moitas a pomba está a repetir “fogo apagô”. Que assim seja!

Até chego a ouvir violas, afinadas em “rio abaixo” ponteando cantigas antigas da minha gente.

Faz bem pra mim constatar a vitória da vida e sentir Deus.

Gastemos pois nossas alpargatas enquanto houver barra do dia e boca da noite. Estamos vivo. Simples assim.

Ilustrações

José Maria Benedito Leonel
do Mestre Vinicio Aloise em “Uma história desenhada”

“O Meu Papai Noel”

Devia ter pouco mais de cinco anos quando ouvi dizer do Papai Noel. Mudáramos para a casa de meus avós logo após a morte de meu pai. Lá, além dos avós: Maria e José, habitavam a casa a tia Izabel, costureira, solteira, sem esperança de casar-se, também o tio Juanito, separado, vivendo como solteiro e a tia Nenê, irmã caçula de minha mãe, que vivia momento de grande felicidade, pois naqueles dias recebera a aliança de noivado do tio Fausto Lopes, moço estudado que possuía ótimo emprego no escritório da Estrada de Ferro Sorocabana

O tio Juanito tocava o pequeno empório de duas portas situado à frente da casa, antiga, como eram todas elas nesse pedaço da Avenida Floriano Peixoto. Cômodos escuros com forro de madeira bem alto de onde descia fio elétrico, recoberto de tecido verde/amarelo, com apenas uma lâmpada pendurada no soquete. Para acendê-la havia uma pera junto à porta do quarto. Como veem os leitores, um ambiente triste. Ainda mais para a minha mãe que há pouco perdera seu marido. Inocentes, eu meu irmão, João, dois anos mais velho do que eu, protegidos por tantos parentes a nos cuidar, não percebíamos o sofrimento de mamãe.

linhos se cansavam muito e tinham fome. Era necessário deixar um amontoado de capim na janela onde o Papai Noel colocaria o presente. Vamos procurar capim. Minha mãe lá do portão, desiludida com o falecimento do marido, revoltada com sua viuvez precoce, ralhava com a irmã. “Nenê deixa de bobagens, isso é só trabalheira, não iluda os meninos. Onde você vai arrumar capim?”

Não poderia ser no quintal da casa, sem nesga de terra, calçado com pedras e tijolos esparsos. Ali estavam o tanque e um poço fundo. Uma árvore dominava esse espaço, sempre sombreado por ela. Grande, alta, soltando galhadas secas que irritava minha avó a ponto de ela –não fosse uma casa alugada – já tê-lo cortado. Pinheiro araucária, do tipo paranaense, que meu avô dizia que ele era solteiro e nunca produzira pinhões, pois não havia nas redondezas árvores de sua espécie que pudesse fornecer-lhe pólen para fecundar suas flores.

De pronto a tia Nenê se encantou com a presença de dois sobrinhos e por eles se afeiçoou. Quantas histórias contou-nos. Forneceu-nos lápis, cadernos e livros. Ensinou orações e canções religiosas (era filha-de-maria na Igreja de Nossa Senhora de Lourdes).

Numa véspera de Natal, com a cidade interiorana alvoroçada em festas, ela explicou que essa euforia se tratava do nascimento do menino Jesus, que era um menino muito bonzinho e que se todos os meninos fossem iguais a ele, o Papai Noel vinha numa carrocinha, puxada por lindos cavalinhos, trazer brinquedos na noite do Natal. Nem sabia direito quem era Jesus que tinha como pai o Papai Noel. A tia Nenê revelou algo muito importante: disse que os cava-

Ah! No inverno do ano seguinte, como um milagre e favorecido por aves de voo longo, trazendo em seus bicos o pó sementeiro, ouriços carregados de frutos estouravam e punham ao chão belíssimos e gordos pinhões.

O capim foi conseguido nas margens das ruas-de-terra. Almofadinhas da erva foram colocadas no beiral da janela do quarto da tia Nenê, onde agora dormíamos. Na manhã do natal a tia, ao abrir as venezianas, fez movimentos de cenas teatral, exclamando com surpresa: Oh! Lá! Lá! Dois caminhõezinhos de madeira. Maravilhados com esta visão, pôde meu irmão, muito admirado, dizer à Tia Nenê: “Os cavalinhos do pai de Jesus estavam com muita fome, comeram todo o capim!”

Nesta vida tive outros veículos, porém nenhum deles tão precioso como o que ganhei do Papai Noel, que também era o pai do menino Jesus. Tão bonzinho!

Momentos Felizes

ESCOLA DIFERENTE

Ainda menino, magricelo e alto para sua idade, calção marinho e camisa branca de mangas curtas, sapato de lona, cantil e bornal com os cadernos e um pequeno lanche de pão com mortadela. Era assim que ele caminhava todos os dias em direção à escola do sítio. Tinha por hábito levar uma flor para a professora. Sua carteira sempre aparentava estar com inúmeros pregos e, invariavelmente, deixava a sala de aula para ir à casinha. Não terminou o ensino fundamental e tudo que precariamente aprendeu foi com as experiências obtidas no dia-a-dia.

o espaço com um ajudante geral, um tocador de viola e um prático de farmácia. O ambiente era um tanto sombrio, entretanto, no seu entender estava ao lado de pessoas experientes em alguma coisa e poderia tirar delas algum aprendizado. Não gostava do local.

Reconhecia ser ali um canto para colocar suas arredias idéias em funcionamento, idéias só suas e que não dependiam de palpites ou de interferências paternas, maternas, de tios, sobrinhos, primos, agregados e de amigos melhores situados na vida.

Quando mocinho aprendeu a lutar contra as dificuldades materiais e tentou aprender diversas profissões e nessas tentativas conheceu o infortúnio dos andejos. Nas lides de comércio não se deu bem Um circo mambembe despertou sua curiosidade em aprender as artes do encantamento. Não tinha vocação para isso.

Fora criado na religião católica e quando da freqüência aos cultos e celebrações, um venerando Frade da Ordem dos Capuchinhos lhe ofereceu serviços como porteiro no Seminário local. Após 23 dias de trabalho pediu dispensa por não suportar a rotina, as exigências e os horários de plantões. Sendo atendido, recebeu alguns trocados e instalou-se em uma hospedaria. No minúsculo quarto dividia

Em momentos de devaneio gabava-se de dois exclusivos predicados: memória visual e memória de elefante, ou seja, memória extraordinária. Olhos de Lince fixavam em sua retina detalhes dos mais significativos e que eram, de imediato, transportados para um cérebro sempre ligado nas coisas. Seu cotidiano substituiu a escola e a universidade, mesmo sabendo da E-JA e dos E-AD da vida.

Conhecia com profundidade o cotidiano dos molambos e ambulantes. Sobreviver era manter-se em permanente superação frente aos mais diversos obstáculos e, para isso, contava com seus dons naturais. Na escola da vida a que estava submetido reconhecia suas imperfeições humanas, sentia-se como uma pedra bruta. Perseverante, procurava um lapidário para melhorar sua elementar educação...

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