Diário da Cuesta
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Retrata a família, o dia a dia, os sonhos, a vida...
Maria José Alves Fernandes e Canutti ( Zeza Canutti), no alto de seus 83 anos, lúcida e eloquente, lançou, na Pinacoteca de Botucatu seu livro: “Do fundo do meu coração”.
Nele relata memórias de sua infância e de sua cidade, Botucatu, do convívio com os pais, familiares, com os amigos, com seus professores; do desenvolvimento da sua cidade; dos fatos pitorescos e históricos que viveu ou presenciou.
Esse livro passa a ser um legado histórico pela clareza de detalhes com escrita agradável de se ler.
É a prova da personalidade marcante, resiliência e sabedoria da sua autora, na sua jornada de vida.
E, com certeza, todos que estiveram nessa cerimônia se encantaram com sua fala solta e sua alegria de viver.
O livro poderá ser adquirido na Casa dos Meninos Sagrada Família. E toda renda da venda dos exemplares será revertida para essa Instituição.
Com 4,3 quilômetros de extensão a ciclovia conta com decks para descanso e pontos de hidratação ao longo do caminho
No sábado, 14, a Prefeitura de Botucatu, através da Secretaria de Infraestrutura, entregou para uso público a primeira ciclovia rural de Botucatu.
Para a inauguração foi realizado um passeio ciclístico às 8 horas, com saída em frente ao Condomínio Laguna. Os ciclistas percorreram toda a ciclovia até a entrada da Barragem de Captação de Água do Rio Pardo. O passeio foi aberto a toda a população.
A ciclovia foi construída as margens da Avenida Odilon Cassetari, que liga a Rodovia Gastão Dal Farra a uma das atrações turísticas do Município, a Cachoeira Véu de Noiva e a Barragem de Captação de Água do Rio Pardo.
A Avenida Odilon Cassetari foi recentemente pavimentada e com a conclusão das obras da Barragem do Rio Pardo, houve a necessida-
de de implantar um equipamento que permitisse o acesso de ciclistas de forma segura.
A ciclovia tem 4,3 quilômetros de extensão, com decks para descanso e pontos de hidratação ao longo do caminho. Ao todo, também conta com bolsão de estacionamento; 13 travessias sobre os dispositivos de drenagem; calçadas independentes para pedestres; bancos de madeira; lixeiras; sinalização horizontal e vertical para os ciclistas; paisagismo com plantio de grama e palmeiras e iluminação em toda a extensão da via. A obra foi executada com recurso do Tesouro Municipal. O equipamento levará o nome do ciclista Waldemar Pedro, conhecido como Waldemar Aplausos, e será uma homenagem ao veterano ciclista, que representou Botucatu por todo o Brasil através das competições que participou. (Tribuna de Botucatu)
José Sebastião Pires Mendes
Falar em festa noturna para os jovens é a mesma coisa que falar em arroz para os japoneses. (Talvez venha daí a expressão “arroz de festa”...) Nestes tempos de pandemia, é claro, a coisa muda um pouco. Mas assim mesmo, ainda que exista para o descanso, o repouso e a recuperação de energias, a noite exerce grande fascínio, principalmente quando é época de verão. O sono é mais difícil, as noites enluaradas quase que obrigam a ir para a cama mais tarde. Ora, a noite é mágica por natureza. É nela que temos os melhores sonhos, quando estamos na normalidade. Deixamos os pesadelos pra lá, já que os vivemos diurnamente, se não na carne, pelo menos na voracidade das máquinas telenet-comunicativas. É na noite escura do útero que somos engendrados, e depois de nove longos meses botamos a cabecinha para fora da maternal porta e vemos a luz pela primeira vez. É na noite profunda e subterrânea que as raízes trabalham sugando a seiva e parindo a planta. É muitas vezes do silêncio das noites invernais do trabalho e da pesquisa, que nascem as alegrias primaveris dos sucessos e das vitórias.
paterna, pois não podemos repelir a sensação de filhos abandonados neste Universo imenso, tão cheio de mistérios lá fora e dúvidas e angustias cá dentro. Por mais que a visceral fome científica seja saciada, ela não acaba nunca, e é por ela justamente que evoluímos, pois nos faz sempre buscar alimentos no manancial das profundezas cósmicas, terrenas, corpóreas e psíquicas.
Mas a noite santa, a mais santa de todas as noites, é a noite do Natal. O bom São Nicolau, lendário ou não, não imaginava que seu gesto noturno e silencioso de levar presentes para as criancinhas, fosse transformá-lo na figura do Pai Eterno. Sim, porque toda essa parafernália de produtos natalinos é só uma camuflagem para encobrir o verdadeiro espírito da coisa, que mais não é que nossa carência paternal. Somos transcendentalmente carentes de uma figura
A noite precede o dia, as trevas preparam a luz. O Pai Eterno não cansa de monitorar suas criaturas pelo diapasão com que afina a divinal orquestra, mandando não só dias bons, mas também dias difíceis, como resultado do mal que fazemos. Mas não nos faz perder a consciência da existência salutar do Bem. Por isso o bom velhinho é cortejado e festejado de tal monta, que o dia não é de Natal, mas “Dia do Papai Noel”. Aliás, em francês Noël quer dizer Natal, ou nascimento. E ele vem se sentar no rubro trono recamado de prata e ouro de nossos corações, sem darmos conta de que está incorporando a divindade paterna ancestral. Bem, o ser humano se entende por símbolos, por linguagens as mais diversas, pois o arquétipo que percorre o mundo e o purifica nesta época natalina, está plantado lá no fundo de nosso subconsciente infantil. Que anela por presentes, surpresas ou agrados, enfim, tudo o que signifique um carinho, um bem, um objeto portador de amor. Nossa atávica orfandade procura um pai. E ele se encar-
Que a Embaúba é uma árvore típica do cimo da Cuesta de Botucatu? Pois é, a Embaúba que também é conhecida por Umbaúba, Ambaíba, Ambaúba, Imbaúva ou Imbaúba, é árvore da família das Moráceas (cecropia palmata); é árvore de tronco indiviso. Embaubal é o bosque de embaúbas. Também é chamada de árvore-dos-macacos ou árvore-da-preguiça ou torém. O antigo traçado férreo da Sorocabana passava por Vitória (Vitoriana), Lageado e...Embaúba... Sim, Embaúba é uma pequena Vila pertencente a Botucatu que até hoje é procurada pelos amantes da pesca por ser um local ideal e piscoso. Hoje, o descuido e o desrespeito à natureza reduziu muito o número de Embaúbas em nossa região, mas podem ser encontradas na Cuesta e em vários pontos verdes de nossa cidade.
na em cada noite de Natal. Porque simboliza o pai que espera pela volta do filho pródigo, e o abraça, e o beija, e o festeja e abençoa. E nos dá o maior presente, que é o divino-homem Jesus na reciclagem do Amor e do perdão, lembrando-nos de que não estamos abandonados em nossa natureza hominal, aparentemente jogados à sarjeta da caosalidade existencial. Porque o caos é um fator causal e não casual. Pois será, afinal de contas, na contabilidade cósmica, um saldo computado a nosso favor no balancete divino, quando se fechar o ano eternal E “a noite brilhará como o dia”
José Sebastião Pires Mendes Membro da ABL e CCB, é professor e escritor.
Foi após o lançamento de meu livro “CONSTITUINTE” que passei a manter contato com o ex-presidente Jânio Quadros. Eu o conheci no PEABIRU HOTEL quando esteve em Botucatu, após muito tempo, fazendo uma palestra. Fui apresentado a ele pelo amigo e deputado Roberto Gebara que lhe assessorava, na oportunidade lhe entreguei o livro “CONSTITUINTE” que acabara de lançar. Ele gostou e elogiou muito o livro, chegando a pedir mais tarde mais um exemplar.
Cassado pela Revolução de 64, foi o único por ela punido de forma pública: confinado em Corumbá/Mato Grosso. Inesquecível sua participação na eleição vitoriosa do Brigadeiro Faria Lima, seu ex-secretário de Transportes, para prefeito de São Paulo. Militar, Faria Lima não era popular e nunca fez política Virou lenda a participação de Jânio nos comícios: com esparadrapo na boca e mãos para traz fazia furor a sua presença silenciosa nos palanques. Amordaçado, elegeu Faria Lima...
Ficam as estórias sobre Jânio. Personagem que ainda terá o seu perfil traçado com isenção pela imprensa.
Em 1981/1982 mantive vários contatos com Jânio. Sugeri que seus encontros com Che Guevara, Fidel, Nasser, que seu confinamento em Corumbá, que sua atuação na campanha de Faria Lima e outros eventos fossem divulgados em jornal de campanha para conhecimento da juventude. Gostou da idéia. Depois os fatos: o PMDB negou-lhe abrigo e inviabilizou sua candidatura a Governador.
Em 1985 elegeu-se, por si e por seu carisma, Prefeito de São Paulo. Quase 30 anos depois o MITO voltava, triunfante. Deixou exemplar modelo de administrador honesto e trabalhador. Com 70 anos só idealizava túneis modernos,
transportes sobre trilhos aéreos, boulevards idealizados por Oscar Niemeyer (que idealizou o Ibirapuera quando Jânio foi prefeito de São Paulo pela primeira vez), ônibus de 2 andares (como em Londres), restauração de monumentos históricos ( Os Arcos do Bexiga, chamados de “Os Arcos do Jânio”, à beira da Avenida 23 de Maio, na Bela Vista, foram construídos por artesãos calabreses, no início do século XX. Esse extenso muro desenhado por pilastras separadas por arcos, chega a atingir 11 metros em seu ponto mais alto. Em 2002 foram elevados à categoria de Monumento Municipal).
Queria voltar à Presidência
O seu estado físico conseguiu derrotá-lo.
Perdeu Dona Eloá. Decaiu fisicamente.
Para registro de seu carisma e da atenção que tinha com seus amigos, transcrevemos cartas recebidas do ilustre homem público brasileiro:
Duas cartas estão na foto com Jânio e uma terceira, entre outras, vamos transcrever:
“Armando. O direito não é meu, é de todos os cidadãos, até dos que me atacam. O Montoro já dividiu o governo ANTES de recebê-lo do povo. Ulisses na Presidência... Covas, vice-governador (Orestes Quércia, com maioria de convencionais, derrotou Covas). Almino, Senador CONFIRA, MAIS ADIANTE! Indague do Progresso, do José, do Alexandre, o que pensam... Afinal, porque lutamos? Por quê? Cargos e Princípios? Honra ou oportunidades? Conveniências ou interesse popular? Manhas ou Justiça? VOU SER CANDIDATO, SIM! Os trabalhadores tem muito a ouvir. E, CREIO NELES! E, JÁ OS SERVI! Do amigo Jânio Quadros (em 01/XI,81).”
Obs.: Quando ele cita o nome Progresso na carta, está fazendo referência carinhosa ao seu amigo e velho companheiro Progresso Garcia. O saudoso Progresso foi um dos raros paulistas com coragem para visitar Jânio Quadros no confinamento de Corumbá. É Registro Histórico! (livro “Memórias de Botucatu 2”, de 1993) (AMD)
Maria De Lourdes Camilo de Souza
Existem momentos em nossa vida que nos vemos em uma encruzilhada. Nos aferramos a sonhos, projetos de vida, pessoas que em determinado momento precisamos nos despedir, deixa-las ir viver suas vidas em outro pais, outra cidade, outro estado.
Talvez seja um desejo só de estarmos próximos, ou pior, talvez um egoísmo arraigado que temos de controlar-lhes a vida, tentando impedir que sofram.
Pensamos que nossa bola de cristal nos adianta fatos que podem resultar em algum tipo de dificuldade que julgamos poder impedir ou frustrar nossos seres amados.
A verdade é que cada um sabe de si.
Só temos poder sobre nossas próprias decisões e nossa vida.
Talvez se estivéssemos próximos, muitas vezes não lograríamos chegar a tempo de deter algum acidente de percurso.
isso estava acontecendo, apesar que sua mãe tinha explicado a ele mais de cem vezes que seria melhor para ele.
A princípio estranhou muito.
Sofria demasiado a falta de sua mãe.
Chorava muito durante as noites.
Penalizada de sua tristeza, um dia, sua tutora , Carlota, o levou até um grande campo de trigo, e perguntou o que ele via ali, diante de seus olhos.
Ele olhou por um longo tempo sem saber o quê responder. Só via um campo vazio.
Talvez se nos detivéssemos a pensar que aquele percalço era justamente o que a pessoa que amamos precisa para aprender uma lição em sua vida e estaríamos egoisticamente lhe poupando esse aprendizado tão importante.
Tive que tomar algumas decisões importantes em algumas ocasiões.
Sobre algumas delas até hoje me pergunto se foram acertadas, se não fugi a um futuro melhor.
O fato é que não podemos mudar o passado.
Ah, mas o hoje nos pertence e podemos sim, tecer lindos sonhos para o amanhã!
Que sejam dourados e recheados de muita alegria, paz, prosperidade, felicidade, amor!
Se temos poder de sonhar, vamos visualizar com muita frequência e força, um futuro melhor para toda a humanidade!
Aí me lembro do menino que teve que ficar longe de sua família durante a 2a Guerra Mundial.
Uma manhã muito fria, Domenico (assim foi chamado porque nasceu num domingo) foi levado até a estação ferroviária e junto com várias outras crianças onde pegou um trem.
Ele vivia em Nápoles com Chiara, sua mãe.
Domenico adorava a mãe, achava que ela era a mulher mais bonita do mundo e que tinha uma linda voz.
A mãe era cozinheira e cantora em um restaurante perto do porto.
A situação deles era muito difícil, muitas vezes chegaram a passar fome.
Foram colocados num trem sob a supervisão de agentes do partido comunista e que os levou para o norte da Itália.
Domenico não entendia porque
Até que depois de muito pensar, disse:vejo um campo.
A tutora assentiu.
Sim, é um campo e agora só se vê terra, mas é um campo de trigo, daqui há a alguns meses você poderá vê-lo crescer, o vento moverá suas ramas louras.
Assim como o trigo crescerá, logo esta guerra terminará e você poderá voltar para sua casa. Pense e sonhe com este momento.
Você pode todos os dias vir aqui e ver o trigo crescer, imaginando que a guerra acabou e você já pode voltar para sua cidade, rever seus amigos e sua mãe.
Pense no calor do seu abraço.
Ele ouvia e olhava triste e sem entender muito
O menino aprendeu música com os novos amigos, aprendeu a ser solidário, a amar os novos colegas.
Nunca mais teve dor de barriga de fome, não é que se esbanjasse, mas era frugal e tinha o suficiente para todos.
Frequentou a escola junto aos garotos da vila e aos pequenos companheiros refugiados.
Ganhou um violino e aprendeu a tocá-lo.
Ia praticar com o instrumento ali defronte ao campo de trigo que com o tempo começou a ficar verde, depois amarelo, houve mesmo um tempo, que até achou que sua música fazia os louros ramos de trigo dançar.
Os anos se passaram, a guerra acabou.
Mas ele não voltou para sua terra, pois sua mãe nunca mais deu notícias.
Ele foi ficando, tornou-se um adulto e por seu amor, estudos e persistência tornou-se um violinista famoso.
Um dia recebeu a notícia da morte da mãe, durante um seu concerto em Paris.
Sua agente perguntou se queria cancelar o concerto.
Ele nem pensou e respondeu que não.
Naquela noite fez o concerto dedicando-o a sua mãe.
Era grato a ela pela vida e por tê-lo enviado para viver no norte do paíus aonde cresceu.
Ela tinha lhe dado a vida duas vezes na verdade.
A primeira quando nasceu e a segunda que o deixou ir para uma vida melhor.
Tom Hanks disse uma vez:
“O dia em que você compreender que deixar ir não é sinônimo de perder, que algumas vitórias se alcançam preservando sua integridade em vez de recorrer à força, e que certas pessoas, por mais chances que você ofereça, jamais mudarão… nesse dia, você terá alcançado a verdadeira maturidade emocional.”