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Diário da Cuesta

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RUBEM BRAGA

(12/01/1913 – 19/12/1990)

O MAIOR CRONISTA

DO BRASIL

Rubem Braga foi um dos maiores cronistas brasileiros, senão o maior. Começou no jornalismo profissional aos 15 anos, trabalhando em jornais como Correio do Sul, Diário da Tarde, Diário de Pernambuco, tendo fundado, em Pernambuco, o periódico Folha do Povo. Fixou residência, enfim, no Rio de Janeiro, onde atuou como cronista e crítico literário no Jornal Hoje da Rede Globo, integrando a equipe de jornalismo da TV Globo no período de 1975 a 1990. O fato curioso é que Rubem Braga foi o único escritor da literatura brasileira a se destacar apenas como cronista. Fica claro que a veia artística do cronista Rubem Braga é raro, e mais raro ainda é um homem das letras brasileiras se destacar tanto na área da crônica. Um bom observador, que fala da natureza, de objetos comuns, do amor pelas mulheres, passa por uma poesia trágica em Ai de ti, Copacabana, pequenas peças de humor, registros banais do cotidiano que se transformam em epifanias, que são moldadas em crônicas de um senso e de um olhar bem refinados. Rubem Braga é o olho clínico que pega os fatos mais simples, e os coloca no alto como uma celebração da vida, mantendo a simplicidade que o torna o mestre da crônica brasileira.

Amor

secreto,

amor de toda vida...

Tônia Carrero foi a sua grande paixão, paixão “quase” secreta... E a paixão era retribuída... Tudo começou em Paris, continuou em alto mar, no Rio, em Sampa, enfim, por todo o Brasil e por todo o sempre... Esse foi o homem mais apaixonado pela atriz Tônia Carrero, e não foi nenhum dos seus maridos, também muito apaixonados por ela... Ambos foram apenas bons amigos, mas o amor dele por ela durou décadas...

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Editorial

O Rubem Braga sempre foi o meu cronista preferido. Sempre o considerei o “poeta da prosa” brasileira. Desde os anos sessenta, pesquisando e lendo tudo que era publicado por ele, nos jornais e nas revistas. O estilo literário da crônica é o ideal para que o iniciante comece a gostar de ler livros. Fiz assim com meus filhos. Primeiras leituras com Rubem Braga, Fernando Sabino, Paulo Mendes Campos e Carlos Drummond de Andrade. Nos anos 80/90, tinha uma coleção de livros chamada “Para Gostar de Ler”, que era excelente. Gostosa de ler, com boas histórias, não muito longas, abordando o lado cômico, melancólico, irônico e poético do cotidiano. Além de ser uma leitura agradável, despertava no jovem, no aluno o gosto pelos livros. Rubem Braga (1913/1990) e o cantor Roberto Carlos são os filhos mais famosos de Cachoeiro de Itapemirim, no Espírito Santo. É formado em Direito, sendo que estudou no Rio e em Minas, onde se formou e iniciou a sua carreira de jornalista depois de formado. Trabalhou em jornais de Minas Gerais, Rio de Janeiro, Porto Alegre, São Paulo e Recife Foi correspondente de guerra (durante a 2ª. Grande Guerra Mundial), representando o Diário Carioca. Durante o governo do presidente Jânio Quadros foi convocado para representar o Brasil no exterior. Assim, foi Chefe do Escritório Comercial do Brasil no Chile e Embaixador do Brasil no Marrocos.

Lança seu primeiro livro, em 1936. Publica uma série de livros de sucesso. Como poeta fez parte da “Antologia dos Poetas Bissextos Contemporâneos”, organizada por Manuel Bandeira. O livro “200 Crônicas Escolhidas”, foi publicado com a supervisão de Fernando Sabino que selecionou as crônicas. E o CD, com a voz de Edson Celulari, com onze crônicas de Rubem Braga, também surgiu desse livro.

Na apresentação do CD, a escritora Marina Colasanti deixou uma mensagem perfeita de Rubem Braga: “Do meu terraço, vejo o terraço de Rubem Braga. As plantas que ele plantou

EXPEDIENTE

já são floresta. Que eu olho sempre como se ele ainda estivesse ali, diante da máquina, desdobrando o fio sutil das suas crônicas. Ninguém escreveu tão bem sobre os pequenos momentos, as mulheres que não possuem, o olhar que se pousa sobre o outro, o doce trânsito do imaginário. Olho o terraço e escuto: na voz de Celulari, o sabiá da crônica volta a cantar.”

É isso.

Simples assim.

Pura poesia em prosa.

O melhor cronista do Brasil!

A Direção.

DIRETOR: Armando Moraes Delmanto

EDITORAÇÃO E

Diagrama/ Edil Gomes

O Diário da Cuesta não se responsabiliza por ideias e conceitos emitidos em artigos ou matérias assinadas, que expressem apenas o pensamento dos autores, não representando necessariamente a opinião da direção do jornal. A publicação se reserva o direito, por motivos de espaço e clareza, de resumir cartas, artigos e ensaios.

Rubem Braga: o Melhor Cronista do Brasil!

No mês de dezembro se comemora o Dia do Cronista, nada mais justo que trazermos algum texto daquele que é considerado o melhor cronista do Brasil: RUBEM BRAGA!

Entre os estilos literários, a crônica requer os olhos bem abertos do cronista para o milagre do fugaz, do passageiro. Saber capturar os descuidos da vida, com seus dramas, o seu lirismo, o cenário do cotidiano com as pessoas e os fatos em sua fugacidade. O cronista, às vezes, registra em seus textos alguma permanência maior desses acontecimentos...

No Brasil, a atuação jornalística e literária de Rubem Braga está definitivamente marcada. Com ele, os amigos do conhecido e admirado “quarteto mineiro”, formado por Hélio Pellegrino, Otto Lara Resende, Paulo Mendes Campos e Fernando Sabino. Amigo e colega de Carlos Drummond de Andrade, Rubem Braga pertenceu, também, à turma dos jovens boêmios da famosa “Taberna da Glória”, no Rio, composta por ele, por Mário de Andrade, Carlos Lacerda, Vinícius de Moraes, Fernando Sabino, Paulo Mendes Campos e Dorival Caymmi.

É considerado o maior cronista brasileiro. Escolhemos duas crônicas de Rubem Braga: O DESAPARECIDO e RITA.

O DESAPARECIDO

Tarde fria, e então eu me sinto um daqueles velhos poetas de antigamente que sentiam frio na alma quando a tarde estava fria, e então eu sinto uma saudade muito grande, uma saudade de noivo, e penso em ti devagar, bem devagar, com um bem-querer tão certo e limpo, tão fundo e bom que parece que estou te embalando dentro de mim.

Ah, que vontade de escrever bobagens bem meigas, bobagens para todo mundo me achar ridículo e talvez alguém pensar que na verdade estou aproveitando uma crônica muito antiga num dia sem assunto, uma crônica de rapaz; e, entretanto, eu hoje não me sinto rapaz, apenas um menino, com o amor teimoso de um menino, o amor burro e comprido de um menino lírico. Olho-me ao espelho e percebo que estou envelhecendo rápida e definitivamente; com esses cabelos brancos parece que não vou morrer, apenas a minha imagem vai-se apagando, vou ficando menos nítido, estou parecendo um desses clichês sempre feitos com fotografias antigas que os jornais publicam de um desaparecido que a família procura em vão.

Sim, eu sou um desaparecido cuja esmaecida, inútil foto se publica num canto de uma página interior de jornal, eu sou o irreconhecível, irrecuperável desaparecido que não aparecerá mais nunca, mas só tu sabes que em alguma esquina de uma não lembrada cidade estará de pé um homem perplexo, pensando em ti, pensando teimosamente, docemente em ti, meu amor.

RITA

No meio da noite despertei sonhando com minha filha Rita. Eu a via nitidamente, na graça de seus cinco anos.

Seus cabelos castanhos – a fita azul – o nariz reto, correto, os olhos de água, o riso fino, engraçado, brusco...

Depois de um instante de seriedade; minha filha Rita encarando a vida sem medo, mas séria, com dignidade. Rita ouvindo música; vendo campos, mares, montanhas; ouvindo de seu pai o pouco, o nada que ele sabe das coisas, mas pegando dele seu jeito de amar – sério, quieto, devagar.

Eu lhe traria cajus amarelos e vermelhos, seus olhos brilhariam de prazer. Eu lhe ensinaria a palavra cica, e também a amar os bichos tristes, a anta e a pequena cutia; e o córrego; e a nuvem tangida pela viração.

Minha filha Rita em meu sonho me sorria – com pena deste seu pai, que nunca a teve.

Espaço atual do museu pertencia ao antigo latícinio Cambara, no bairro da Demétria

O Magma Museu inaugurou no dia 7, a nova sede no bairro Demétria, em Botucatu. O atual espaço utilizado pelo Museu pertencia ao antigo laticínio Cambará e hoje torna-se palco de exposições de pedras, rochas e minerais, além de proporcionar atividades artísticas e culturais à população. A inauguração reuniu estudantes, professores e famílias de Botucatu e região.

A abertura do evento contou com a participação da Diretora e Curadora do MAGMA, Berenice Balsalobre, que agradeceu pela presença de todos e contou sobre a trajetória do Museu até chegar na nova sede, assim como as figuras importantes que ajudaram a realizar a fase de transição, bem como os planos para o futuro.

PREFEITURA

“Estamos muito emocionados, afinal, foram meses trabalhando para que tudo pudesse acontecer da melhor maneira possível. Com a nova sede, visamos conectar ainda mais a ciência, arte, e a geologia com a sociedade”

“, destacou Berenice.

O evento foi apresentado pelo artista e músico independente, da Cia Beira Serra, Fernando Vasques. Em um primeiro momento, a secretária Municipal de Cultura, Cristina Cury, falou sobre a importância de órgãos públicos apoiarem espaços que promovem a cultura em todas as esferas da sociedade. Ela também leu uma mensagem enviada pelo Prefeito eleito de Botucatu, Fábio Leite.

“Sempre acompanhei toda a trajetória do MAGMA, e como gestora da cultura, vejo que é importante reafirmarmos o compromisso de uma parceria necessária e indispensável entre a gestão pública, a comunidade e o Museu para todos nós”, explicou Cris Cury.

Posteriormente, na palestra do geólogo Didier Gastmans, houve um resgate histórico das águas do Aquífero e reflexões sobre o meio ambiente e o planeta Terra. Na sequência, aconteceu a palestra de Alexandre Perinotto. O geólogo destacou que “pessoas preservam aquilo que valorizam”, e a partir desta temática, explicou sobre valores culturais, Geologia e o Rio Corumbataí.

Os participantes ainda conferiram o lançamento do livro “Almanaque da Terra e da Vida”, dos autores Luis Eduardo Anelli e Fábio Ramos, ambos professores da Universidade de São Paulo (USP), e um dos autores explicou sobre a importância de se lançar o livro num espaço como o MAGMA:

“Este tipo de Museu é um patrimônio muito importante para a sociedade, porque permite às pessoas perceberem que estão imersas em algo natural, de maneira mais profunda. Nosso planeta precisa ser cuidado com carinho e atenção, por isso, é importante perceber que cada ação em prol do meio ambiente está em nossas mãos”, reforçou Fábio Ramos.

Após as palestras, seguiram para a parte interna do Museu. De

acordo com uma das participantes, a professora de inglês Mariana Passoni, o Museu reforça a importância de levar conhecimento cultural para a população.

“Eu já conhecia o MAGMA. Sempre achei a proposta muito interessante, principalmente, o contato que o Museu tem com as escolas. Nesta nova sede, eu estou impressionada! É um lugar muito valioso para levar conhecimento cultural para a população da cidade e de toda a nossa região” explicou.

A inauguração da nova sede do MAGMA marca um novo capítulo na história de Botucatu e promete para 2025, fortalecer a educação, a arte e a ciência. (NOTÍCIAS.BOTUCATU)

Viagens # Fé

Na Basílica de Santa Maria Maggiore, a relíquia da manjedoura de Jesus

A proximidade do Natal nos faz lembrar das idas que Regina Célia e eu fizemos ao templo mariano por excelência: a Basílica de Santa Maria Maggiore. Situada no alto do Monte Esquilino, ela é uma das quatro basílicas papais de Roma e há dezesseis séculos domina a Cidade Eterna.

O seu conjunto arquitetônico é bem definido e compacto. A fachada principal foi erguida para o Ano Santo de 1750 pelo arquiteto florentino Ferdinando Fuga. O seu teto é decorado com o primeiro ouro que Colombo levou da América. Com 75 metros de altura, o campanário de tijolos é o mais alto de Roma.

A lenda da fundação da basílica é assim contada: na noite de 5 de agosto de 358, Nossa Senhora apareceu em sonho ao patrício romano João e à sua esposa. A Virgem prometeu-lhes que realizaria o desejo de ter um filho graças a um milagre. O casal foi ter com o Papa Libério, que lhe revelou ter tido o mesmo sonho. Ao despedirem-se, o casal encontrou uma parte da colina do Esquilino coberta de neve. O papa então traçou com um bastão o perímetro sobre o qual o casal iria construir o templo.

Após o Concílio de Éfeso, que definiu Maria como Mãe de Deus em 431, é que o Papa Sisto III consagrou a atual basílica, o que aconteceu exatamente no dia do milagre, 5 de agosto. Em memória do fato milagroso, todos os anos são feitas celebrações solenes, cujo ponto alto é uma chuva de pétalas brancas que cai do teto sobre o altar-mor.

Chamada, portanto, também de Igreja de Santa Maria das Neves, a basílica, que é uma das mais ornadas de Roma, é considerada a “Belém do Ocidente” porque ali se conserva um fragmento da manjedoura de Jesus, trazido da Judeia por Santa Helena, mãe do imperador Constantino. E nela teria sido celebrada a primeira missa da Noite de Natal.

Também nela se venera o mais importante ícone mariano, a Salus Populi Romani (Saúde do Povo Romano), que teria sido pintado pelo evangelista São Lucas. O Papa Francisco põe as suas viagens apostólicas sob a

proteção de Maria e vai lá venerar o ícone, antes e depois de viajar, seguindo a tradição dos jesuítas.

Ainda outras relíquias importantes são lá conservadas, como os restos mortais de São Matias e de São Jerônimo. E no seu interior estão sepultados sete pontífices e o próximo será o Papa Francisco, que já fez pedido neste sentido.

Em 1291 o Papa Nicolau IV encomendou ao escultor Arnolfo di Cambio, um dos mais influentes da Idade Média, um presépio para a basílica. Feito de mármore é o primeiro conhecido na história da arte, no qual São José, o boi e o burro ladeiam um dos reis magos ajoelhado e dois outros em pé, esculpidos em um único bloco no ato de se aproximar de Nossa Senhora e do Menino.

Cronista e pesquisador, membro da Academia Botucatuense de Letras, é autor de 52 livros sobre a história regional.

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