A raiz de Botucatu
HISTÓRICO DOS
DESMEMBRAMENTOS
DOS MUNICÍPIOS DA REGIÃO DE SOROCABA
Sorocaba
Itapetininga
Apiaí
Campo Largo
Faxina
Piedade
Una Itapetininga
Botucatu Angatuba
Capão Bonito
Guareí
São Miguel Arcanjo
Sarapuí
Botucatu
Lençóis
Sta. Bárbara do R. Pardo
Avaré
Bofete
Pirambóiia
São Manoel
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Lençóis
Bauru
Agudos
Bocaiuva
Espírito Sto. do Turvo
Pederneiras
Sta. Cruz do R. Pardo
Bauru
Pirajuí
Avaí
Presidente Alves
Penápolis
Piatã
Piratininga
Pirajuí
Lins
Balbinos
Cafelândia
Guarantão
Pongaí
Uru
Aprendemos que o município de Botucatu teve sua origem no município de Sorocaba. É quase isso. Na verdade, o município de Sorocaba deu origem a alguns novos municípios, entre eles, o de Itapetininga. O município de Itapetininga, por sua vez, também deu origem a novos municípios, entre eles, aí sim, o de Botucatu.
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“O poder da palavra”
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Hoje li algo que calou fundo em mim.
Dizia o seguinte, que você deve ouvir algo que lhe dizem, lá dentro de você, não para responder, mas porque tem significado especial para você, ensina algo para sua espiritualidade, conhecimento, para sua vida.
Nós muitas vezes ouvimos ou lemos alguma frase ou texto, e automáticamente já estamos preparando uma resposta, que pode ser que nem está no seu contexto, mas porque não assimilamos a mensagem como deve ser.
É como se estivéssemos sempre de sobreaviso para demonstrar que estamos preparados, que somos capazes de reagir em qualquer situação.
Aquela reação involuntária que precede o nosso conhecimento, e nos impede de ir a fundo na lição que carrega e é para nós pessoal e intransferível!
Acarreta que essa mesma reação segue nos levando a não assimilar e mais uma vez a nos postergar o vôo.
Mais uma vez deixamos de seguir para uma nova dimensão ficarmos a um passo na nossa evolução.
Fiquemos atentos aos sinais. Eles estão em todos os lugares.
Pode ser uma palavra, um som, um olhar perdido, uma nova paisagem, um tropeço, uma cabeçada no muro.
Minha palavra continua sendo Fé no passo rumo ao desconhecido.
“Procuro uma alegria na mala vazia do final do ano e eis que tenho na mão - flor do quotidianoo vôo de um pássaro e de uma canção.”
Carlos Drummond de Andrade
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DIRETOR: Armando Moraes Delmanto EDITORAÇÃO E DIAGRAMAÇÃO: Gráfica Diagrama/ Edil Gomes
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O Diário da Cuesta não se responsabiliza por ideias e conceitos emitidos em artigos ou matérias assinadas, que expressem apenas o pensamento dos autores, não representando necessariamente a opinião da direção do jornal. A publicação se reserva o direito, por motivos de espaço e clareza, de resumir cartas, artigos e ensaios.
A raiz de Botucatu
Aprendemos que o município de Botucatu teve sua origem no município de Sorocaba É quase isso. Na verdade, o município de Sorocaba deu origem a alguns novos municípios, entre eles, o de Itapetininga O município de Itapetininga, por sua vez, também deu origem a novos municípios, entre eles, aí sim, o de Botucatu
Em termos de Região, Sorocaba ostenta a primazia de ser o Decano de nossos municípios. O Estado de São Paulo, em verdade, teve Sorocaba como sua décima primeira Freguesia, criada em 1661, tendo sido precedida, pela ordem, pelas Freguesias de Jundiaí (1655), Itu (1654), Guaratinguetá (1651), Taubaté (1645), Iguape (1620), Mogi das Cruzes (1611), Ubatuba (1600), Cananéia (1600), São Paulo (1554) e a de São Vicente (1532). Depois de São PauloCapital da Província - a que mais progrediu e se desenvolveu foi Sorocaba Apenas a título de desenharmos o cenário histórico das Freguesias que constituiram o Estado de São Paulo, iremos relacionar as 11 primeiras Freguesias já citadas e que tem Sorocaba como sua 11ª Freguesia. Ao depois, daremos os 5 principais municípios (raiz) que se originaram de Sorocaba
1. SÃO VICENTE - Antiga Engaguaçú, fundada por Martin Afonso de Souza, em 22 de janeiro de 1532.
2. SÃO PAULO - Fundada por Mem de Sá, em 25 de janeiro de 1554. Existia, circundada pelos vastos campos de Piratininga, a povoação de Santo André, fundada por Martin Afonso de Souza, em 1552, a dez léguas para o interior da Capitania de São Vicente.
Em 1553, foi elevada à categoria de Vila, por Thomé de Souza. Em 25 de janeiro de 1554, os jesuítas fundaram, pouco aquém daquela vila, a Capela do Colégio de São Paulo, o que deu ensejo a uma nova e crescente povoação. Em Carta Foral, de 5 de setembro de 1558, Mem de Sá transferiu a Vila de Santo André para a povoação de São Paulo. Pela Carta Régia, de 24 de junho de 1711, São Paulo foi elevada à categoria de Cidade.
3. CANANÉIA - Fundada por Pedro Lopes de Souza, em 13 de julho de 1600, que elevou o antigo «Porto dos Tupis» à categoria de Cidade com o nome de Cananéia
4. UBATUBA - Antiga «Aldeia dos Tamoyos”, dundada em 1600. Elevada à categoria de Vila pela Donataria de Itanhaém, Dona Mariana de Souza Guerra, Condessa de Vimieiro.
5. MOGI DAS CRUZES - Fundada por Dom Luiz de Souza, que a 17 de agosto de 1611, elevou-a à categoria de Vila.
6. IGUAPE - Fundada por Dona Mariana de Souza Guerra, Donataria de Itanhaém, logo após ter elevado à categoria de Vila a freguesia de Itanhaém.
7. TAUBATÉ - Antiga «Aldeia de Itaboaté”. Primitiva povoação fundada por Jacques Felix, em 20 de janeiro de 1636. Elevada à categoria de Vila pela Provisão de 5 de dezembro de 1645, da Condessa de Vimieiro.
8. GUARATINGUETÁ - Fundada em 1650, por Dom Diogo de Faro e Souza, que elevou-a à categoria de Vila a 13 de fevereiro de 1651.
9. ITU - Fundada por Domingos Fernandes, em 1610, foi elevada à categoria de Vila pela Provisão de 18 de abril de 1654, do Conde Montesanto, Donatário de São Vicente.
10. JUNDIAÍ - Freguesia fundada com o nome de Nossa Senhora do Desterro de Jundiaí. Por Carta Foral do Conde de Montesanto, a 14 de dezembro de 1655, foi elevada à categoria de Cidade, com o nome simplicado de Jundiaí.
11. SOROCABA - Fundada em 1634, com o nome de Capela de Nossa Senhora da Ponte, tendo sido elevada a município pela Provisão a 3 de março de 1661, do Capitão General Salvador Corrêa de Sá e Benevides.
Em sequência, agora surgindo da RAIZ MÃE de Sorocaba, temos:
1. SOROCABA - Quando de sua elevação a Município, em 1661, contava Sorocaba com inúmeros Distritos que foram se desagregando à medida de suas emancipações políticas, desde 1769, a saber:
a. FAXINA, hoje ITAPEVA , pela Portaria de 29 de setembro de 1769;
b. ITAPETININGA , a 11 de março de 1771;
c. APIAÍ, a 10 de agosto de 1771;
d. PIEDADE, a 24 de março de 1857; e. UNA, a 7 de abril de 1857; f. CAMPO LARGO, pelo Decreto nº 2695, de 5 de novembro de 1936.
2. ITAPETININGA ( 2ª raiz) - Depois do Município de Sorocaba que se tornou um grande centro industrial, o único de seus distritos desmembrados que prosperou admiravelmente, foi o de Itapetininga.
Nasceu Itapetininga com a povoação fundada pelo Alferes Domingos José Vieira, em 1766. Pela Carta Foral de 8 de outubro de 1770, foi elevado à categoria de Vila e a 11 de março de 1771, pela provisão de Dom Luiz Antonio Botelho de Souza Brandão, foi instalado seu Município que chegou a agregar nada menos que 22 distritos e vilas. Muitos destes progrediram, mas somente 13 anos após é que se deu início aos desmembramentos, tendo se desligado até o ano de
HISTÓRICO DOS DESMEMBRAMENTOS DOS MUNICÍPIOS DA REGIÃO DE SOROCABA
Sorocaba Itapetininga
Apiaí
Campo Largo
Faxina
Piedade
Una
Itapetininga
Botucatu
Angatuba
Capão Bonito
Guareí
São Miguel Arcanjo
Sarapuí
1890, os seguintes: a. TATUÍ, em 1844; b. ANGATUBA, em 1851; c. BOTUCATU, em 1855; d. CAPÃO BONITO, em 1857; e. SARAPUÍ, em 1872; f. GUAREÍ, em 1880;
Botucatu
Lençóis
Sta. Bárbara do R. Pardo
Avaré
Bofete
Pirambóiia
São Manoel
g. SÃO MIGUEL ARCANJO, em 1889.
3. BOTUCATU ( 3ª raiz) - Dos sete Distritos desmembrados de Itapetininga, o que mais se desenvolveu foi Botucatu. Dotada de clima muito bom, nasceu a «Freguesia do Cimo da Serra», a 19 de fevereiro de 1846. Para ali afluíram políticos influentes, bons educadores, alguns jesuítas, criando-se bons Colégios, Seminário, Bispado e o primeiro Serviço do Correio para toda a região. A Lei nº 17, de 14 de abril de 1855, de José Antonio Saraiva, elevou a “Freguesia do Alto da Serra” à categoria de Vila, com o nome de Botucatu. Em 16 de março de 1876, foi elevada à categoria de cidade pela Lei nº 18. Como centro importante, Botucatu contava com 16 a 18 distritos e vilas, quando os mais progressistas deram início às emancipações e que foram os cinco primeiros: a. LENÇÓIS, em 1865; b. AVARÉ, EM 1875; c. BOFETE, em 1885; d. SÃO MANOEL, em 1885; e. PIRAMBÓIA, em 1890.
4. LENÇÓIS ( 4ª raiz) - Dentre os cinco municípios que se desmembraram de Botucatu, dois deles desenvolveram-se com admirável rapidez: São Manoel e Lençóis São Manoel, posto que com maior impetuosidade tornou-se cidade e sua densidade demográfica deve-se à proximidade com a sede da Comarca - Botucatu - que já contava com excelentes recursos. Como é de acontecer, por este mesmo motivo, São Manoel foi beneficiado apenas no sentido urbanístico, tendo cerceado o seu desenvolvimento rural e a sua ampliação territorial pelas próprias divisas “maternas”
Lençóis, por seu turno, dotado de excelentes aguadas, marginadas por extensas faixas de terra roxa apurada, oferecia duas fontes agrícolas: café e cana-de-açúcar. A Freguesia do “Bairro de Lençóis” foi criada pela Lei nº 36, de 26 de abril de 1858 e elevada à categoria de Vila, a 26 de abril de 1863, por João Crispiano Soares. Hoje, com a denominação de Lençóis Paulista.
Contava com mais de 10 grandes e valiosos distritos e vilas:
a. ESPÍRITO SANTO DO TURVO, em 1875; b. SANTA CRUZ DO RIO PARDO, em 1876; c. SÃO PEDRO DO TURVO , em 1876; d. SANTA BÁRBARA DO RIO PARDO, EM 1876; e. BAURU, em 1887; f. PEDERNEIRAS, em 1891; g. AGUDOS, em 1906; h. BOCAIUVA, em 1924. Quase todos estes novos Municípios são hoje grandes e importantes comarcas sem, contudo, poderem se comparar com expressivo progresso da «cidade sem limites» que é Bauru.
5. BAURU ( 5ª raiz ) - Bauru foi a unidade que mais progrediu das desmembradas de Lençóis Paulista A antiga freguesia Espírito Santo da Fortaleza, foi criada pela Lei nº 61, de 12 de abril de 1880 e elevada à Município pela Lei nº 69, de 2 de abril de 1887. Incorporada a este Município existia a povoação de Bauru Distrito de Paz, criado pela Lei nº 209, de 30 de agosto de 1893. A 1º de agosto de 1896, o Município Espírito Santo da Fortaleza transferiu a sua sede para a povoação de Bauru que, nesta data, tornou-se Município, por força da Lei nº 428, do Senhor Doutor Manoel Ferraz de Campos Salles. Apesar de circundada por terras pobres e arenosas, a cidade de Bauru abrangia amplos horizontes, onde se descortinavam regiões esplêndidas, com os melhores índices de terras apuradas para o plantio do café. Além disso, dois fatos importantes possibilitaram a Bauru o seu grande progresso: 1. a convergência das duas artérias ferroviárias, a Soro-
Lençóis
Bauru
Agudos
Bocaiuva
Espírito Sto. do Turvo
Pederneiras
Sta. Cruz do R. Pardo
Bauru
Pirajuí
Avaí
Presidente
Penápolis
Piatã
Piratininga
Alves
Pirajuí
Lins
Balbinos
Cafelândia
Guarantão
Pongaí
Uru
cabana e a Paulista.
2. o desligamento de uma extensa faixa dos Sertões do Avanhandava, que pertencia à Comarca de São José do Rio Preto e que pelo Plano Quinquenal, atendendo à divisão natural oferecida pelo histórico Rio Tietê, transferiu para a Comarca de Bauru.
O Município de Bauru foi instalado a 1º de janeiro de 1889, possuindo mais de 10 distritos e vilas, sendo que foram os seguintes a se desmembrarem, de 1910 a 1919:
a. PIRATININGA, em 1910;
b. PIATÁ, em 1912; c. PENÁPOLIS, em 1913; d. PIRAJUÍ, em 1914; e. AVAÍ, em 1919; f. PRESIDENTE ALVES, em 1919.
6. PIRAJUÍ (6ª raiz) - Nos primórdios do séc. XX, a Estrada de Ferro Noroeste do Brasil instalava, a pouco mais de 70 Km de seu ponto inicial (Bauru), a estação de Toledo Piza, com um Posto Residencial Ferroviário. Na mesma época era criado o Distrito Policial de Pirajuí, distante uns 4 Km da estação. Graças à fertilidade de suas terras, Pirajuí progrediu, sendo elevado a Distrito de Paz pela Lei nº 1.106, de 2 de dezembro de 1907 e a Município pela Lei nº 1428, de 3 de dezembro de 1914, passando a contar com os seguintes Distritos:
a. CAFELÂNDIA, em 1919;
b. CORREDEIRA, em 1922;
c. GUARANTÃ, em 1924;
d. PONGAÍ, em 1927;
e. URU, em 1934;
f. BATALHA, em 1934; g. BALBINOS, em 1935. Em 1919 e 1925, respectivamente, perdeu Pirajuí os seus maiores Distritos. Foram emancipados Lins,e em 1919 e Cafelândia, em 1925.
A «célula mater” de nossa região é Sorocaba Dela partiram os desmem-bramentos que propiciaram a que tantos Municípios florescessem e ajudassem a construir a história da brava gente paulista. Sorocaba era a porta de entrada e conquista do sertão paulista. São conhecidas as partidas de tropeiros de Sorocaba em direção à longínqua Botucatu, e daí, seguindo até o norte do Paraná e sul de Mato Grosso.
Sorocaba era conhecida como a «Manchester Paulista”, em uma referência à tradicional cidade industrial inglesa. Não é à toa que Sorocaba se orgulha de ser sede dos dois maiores impérios industriais surgidos em nosso Estado e no Brasil :
As Industrias Reunidas Francisco Matarazzo - IRFM e a Votorantim, ambas fruto do trabalho e iniciativa de dois imigrantes: o Conde Francesco Matarazzo e o Comendador Antonio Pereira Ignácio O primeiro, italiano e o segundo, português.
Pelo gráfico que acompanha este artigo , para ilustrar os desmembramentos ocorridos, pode-se notar que dos municípios originados de determinado tronco, nem todos deram origem a novos municípios. Da mesma forma, os municípios citados em cada Tronco não são os únicos que surgiram e, sim, os primeiros. Por exemplo, não vemos citado o município de Itatinga que, posteriormente, desmembrou-se do de Avaré e nem o município vizinho de Anhembi, que desmembrou-se do de Porangaba e nem o de Pardinho, à época Distrito do Espírito Santo do Rio Pardo, que desmembrou-se do de Botucatu Era absolutamente necessário que fizessemos o levantamento criterioso da origem do Município de Botucatu , e da mesma forma, do cenário histórico em que estava situado. Para tanto, nossa pesquisa foi desde o manuseio de documentos na Biblioteca «Mário de Andrade», referentes a constituição dos municípios paulistas, passando pela Enciclopédia Municipalista e, com destaque, na obra ricamente elaborada pelo Prof. Nelson Toledo Martins, um dos pioneiros da educação na cidade de Lins (atualmente, a Delegacia Regional de Ensino de Lins, leva seu nome), que publicou, em 1972, o livro “Lins: Origem e Tronco” (AMD)
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Cinco livros e dois netos
O ano a expirar me foi produtivo literariamente e bem fecundo geneticamente.
Nos meses de 2024 consegui reavivar existências admiráveis e me debrucei para recontar histórias tantas da casa santa, cujas lágrimas, ora são de vida, ora são de morte.
Enquanto os dedos deste avô se alternaram por nomes e datas e entre números e relatos, primeiro chegou o Joaquim, pequeno vindo de pirlimpimpim. E sem demora veio Madalena, a daminha doce e serena.
Proeza minha? Nadica de nada, é da providencial natureza.
Livros publiquei cinco, netos me brotaram dois. No mesmo ano, todos.
Muito escrevi, mas sempre clareado por generosas luzes e férteis fontes.
Agradeço, ano velho, pois já és inesquecível tanto pelos herdeiros viçosos quanto pelas páginas reavivadas.
Deus seja louvado!
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Viagens # Fé
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Gesiel Júnior
Em Braga, no conjunto monumental do Santuário do Bom Jesus do Monte
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Localizado em Tenões, nas encostas do Monte Espinho, com vista para Braga, capital do Minho, no norte de Portugal, o Santuário do Bom Jesus do Monte remonta ao ano de 1373, quando já havia uma ermida no lugar. O templo resulta do projeto do arquiteto Carlos Amarante, elaborado em 1784, que privilegiou o estilo neoclássico de inspiração italiana.
Construído e ampliado ao longo de mais de 600 anos principalmente em estilo barroco italiano, esse espaço sagrado ilustra a tradição europeia de criação de Sacri Monti (montanhas sagradas), promovida pela Igreja Católica no Concílio de Trento no século XVI
A longa escadaria que leva ao topo é formada por 17 patamares decorados com fontes simbólicas, estátuas alegóricas, jardins formais e outra decoração barroca dedicada a várias temáticas: a Via Sacra (construída entre 1784 e 1811), os Cinco Sentidos, as Virtudes, o Terreiro de Moisés e, no cimo, as oito figuras bíblicas que participaram da condenação de Jesus.
Para quem for a pé, o trajeto é de 50 minutos
de subida bem íngreme a partir da Universidade do Minho. Já da Praça da República, no centro de Braga, são cerca de 2 horas de caminhada. Mas Regina e eu optamos pelo funicular, o mais antigo do mundo, conhecido por Elevador do Bom Jesus, que é um trenzinho inaugurado em 1882, que opera com um sistema de água para vencer um desnível de 300 metros em 3 minutos.
No topo da colina já nos deparamos com a maravilhosa imagem da Basílica do Bom Jesus, uma edificação com planta em formato de cruz latina. Em frente há pátios e jardins ricamente ornamentados com flores e esculturas, formando um conjunto harmonioso e belíssimo.
No interior do templo, sóbrio e amplo, merecem destaque as pinturas do lisboeta Pedro Alexandrino de Carvalho, bem como o altar do Calvário, ladeado por ricas ilustrações com passagens bíblicas.
Ao lado da igreja ficam o Museu da Confraria, cujo acervo é formado por peças de arte sacra; a biblioteca aberta em 1918, e uma gruta nas proximidades chama a atenção por sua beleza e aparência natural, onde os visitantes, de seu pequeno interior, veem bonitas paisagens.
Pois bem, na bem arborizada área do Parque do Bom Jesus, há também diversos jardins e lagos artificiais (o maior dos quais com barcos para alugar), estabelecimentos de restauração, praças como o Terreiro dos Evangelistas, bem como hotéis e restaurantes.
Um mirante brindou nossa visita ao extenso parque com uma vista esplendorosa da cidade de Braga. E quem optar por descer pela longa escadaria com seus 573 degraus, pisará sobre ladrilhos portugueses e poderá parar e admirar as fontes, capelas e esculturas que tornam a paisagem tão atraente.
Em 2019, importante mencionar, o Santuário do Bom Jesus foi classificado como Património Cultural Mundial da Humanidade pela Unesco.
Cronista e pesquisador, membro da Academia Botucatuense de Letras, é autor de 53 livros sobre a história regional.