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Diário da Cuesta

No DIA DO LEITOR é preciso destacar o gênero literário que é o preferido: CRÔNICAS. E RUBEM BRAGA é reconhecido como o melhor cronista brasileiro. Na literatura e no jornalismo, uma crônica é uma narração curta, produzida essencialmente para ser veiculada na imprensa, seja nas páginas de uma revista, seja nas páginas de um jornal ou mesmo na rádio. Possui assim uma finalidade utilitária e pré-determinada: agradar aos leitores dentro de um espaço sempre igual e com a mesma localização, criando-se assim, no transcurso dos dias ou das semanas, uma familiaridade entre o escritor e aqueles que o leem. (Wikipédia)

Antologia ‘Os sabiás da crônica’ reúne obras dos principais cronistas brasileiros do século 20

Na foto, Vinicius de Moraes, Paulo Mendes Campos, Rubem Braga, Fernando Sabino, Stanislaw Ponte Preta e Carlinhos Oliveira na cobertura de Braga, em Ipanema, 1967

Lançamento foi inspirado por fotografia, feita em 1967, com a presença dos mesmos cronistas que integram a seleção

Em novembro de 1967, foi realizado, em uma cobertura no Rio de Janeiro, um ensaio fotográfico para divulgar os primeiros títulos da recém-fundada Editora Sabiá. O resultado deste ensaio foi uma foto histórica, reunindo alguns dos principais cronistas brasileiros do século 20: Rubem Braga, Vinicius de Moraes, Fernando Sabino, Paulo Mendes Campos, Stanislaw Ponte Preta e José Carlos Oliveira.

TABERNA DA GLÓRIA, OS INTELECTUAIS E LACERDA...

cius de Moraes e Clementina de Jesus.

Inaugurada na década de 30, a Taberna da Glória era um ícone da culinária carioca A casa servia comida brasileira e internacional com 60 pratos a la carte com destaque para a feijoada, a picanha e os diversos tipos de pratos a base de camarão. A Taberna da Glória tem história: a casa testemunhou o primeiro encontro entre Tom Jobim e Carlos Drummond de Andrade e já foi frequentada por nomes como Noel Rosa, Pixinguinha, Viní-

EXPEDIENTE

É importante e é prazeroso mostrar as facetas desconhecidas das celebridades que marcaram a vida social, política e cultural do nosso país E é o que faremos aqui O poeta Carlos Drummond de Andrade expondo a sua simpatia, a sua amizade e até o seu voto. E o político Carlos Lacerda, ex-governador da Guanabara, escritor, tradutor e editor, com sua admiração explícita ao poeta. Ambos tiveram efetiva militância política. O poeta, com o tempo, passou a dedicar-se apenas à literatura. Já o político Lacerda, percorreu um logo caminho, travando grandes embates e culminando com sua eleição para governador da Guanabara. Mas no início de suas vidas profissionais, pertenceram à turma de jovens boêmios da famosa “Taberna da Glória”, no Rio, composta por Mário de Andrade, Carlos Drummond de Andrade, Rubem Braga, Vinícius de Moraes, Fernando Sabino, Carlos Lacerda, Paulo Mendes Campos e Dorival Caymmi. E é esse lado do intelectual Carlos Lacerda que eu quero destacar aqui, às vezes ofuscado pelo excessivo desempenho político dele. Duas matérias que Lacerda preparou para a então famosa revista “Manchete”, ficaram marcadas: as duas ao lado de um piano de cauda: a primeira com Roberto Carlos, , mostrando o lado humano do cantor e, a segunda, com o maestro da Bossa Nova, Antonio Carlos Jobim – o Tom Jobim, poderoso mentor da moderna música popular brasileira. Tanto Roberto Carlos como Tom Jobim se declararam admiradores e eleitores de Carlos Lacerda. A magnífica tradução que Carlos Lacerda fez do livro “Júlio Cesár”, de Willian Shakspeare e o seu primeiro trabalho literário, em 1934, “O Quilombo Manoel Congo”, marcaram sua atividade intelectual. Com a fundação da Editora NOVA FRONTEIRA, Lacerda assumiu a liderança editorial no país, publicando autores nacionais e internacionais, com destaque para o sucesso editorial que foi o DICIONÁRIO AURÉLIO, editado de 1975 a 2004. Outras obras literárias de Lacerda: “O Cão Negro”, “Xanam”, “Desafio e Promessa – O Rio São Francisco” e 3 Peças Teatrais inéditas: “O Rio”, “Uma Bailarina Solta no Mundo” e “Amapá ou O Lobo Solitário”.

Carlos Lacerda durante o tempo que viveu em São Paulo, fez parte do Curso de Teatro de Alfredo Mesquita, dando continuidade a essa atividade que desenvolvia desde os tempos de estudante no Rio. Com a publicação do livro “A CASA DO MEU AVÔ”, revelou-se um intelectual e escritor altamente gabaritado. Foi o ponto alto de sua carreira literária, com reconhecimento positivo da crítica nacional. Importante o registro desse “outro lado” desse brasileiro inquieto, sonhador, lutador e que conseguia usufruir, em meios às tempestades políticas, momentos de prazer literário e de boêmia saudável... (AMD)

DIRETOR: Armando Moraes Delmanto

EDITORAÇÃO E DIAGRAMAÇÃO: Gráfica Diagrama/ Edil Gomes

14.99745.6604 - 14. 991929689

O Diário da Cuesta não se responsabiliza por ideias e conceitos emitidos em artigos ou matérias assinadas, que expressem apenas o pensamento dos autores, não representando necessariamente a opinião da direção do jornal. A publicação se reserva o direito, por motivos de espaço e clareza, de resumir cartas, artigos e ensaios.

Fernanda Torres ganha Globo de Ouro de melhor atriz e dedica prêmio a Fernanda Montenegro

Brasileira levou a estatueta pelo papel em ‘Ainda estou aqui’. É 1º prêmio do país desde que ‘Central do Brasil’, protagonizado pela mãe da atriz, ganhou em 1999.

Por Redação g1

A brasileira Fernanda Torres ganhou o Globo de Ouro de melhor atriz em filme de drama, neste domingo (5), por sua atuação em “Ainda estou aqui”.

A vitória é inédita para o país na categoria. Fernanda concorria com Nicole Kidman (“Babygirl”), Angelina Jolie (“Maria Callas”), Kate Winslet (“Lee”), Tilda Swinton (“O quarto ao lado”) e Pamela Anderson (“The last showgirl”).

Em “Ainda estou aqui”, uma produção original do Globoplay, a atriz revive a história real de Eunice Paiva, advogada e mãe do escritor Marcelo Rubens Paiva. Eunice passou 40 anos procurando a verdade sobre Rubens (interpretado por Selton Mello), seu marido desaparecido durante a ditadura militar no Brasil.

Fernanda Torres ganha Globo de Ouro de melhor atriz de drama — Foto: Mario Anzuoni/Reuters

Essa é a primeira vitória do país no Globo de Ouro desde 1999, quando “Central do Brasil” venceu como melhor filme em língua es-

trangeira. O longa de 1998 é protagonizado pela mãe de Fernanda Torres, Fernanda Montenegro, que também atua em “Ainda estou aqui”.

Neste domingo, ao receber seu prêmio das mãos da atriz Viola Davis, Fernanda dedicou a vitória à mãe:

“Quero dedicar esse prêmio à minha mãe. Vocês não têm ideia... Ela estava aqui há 25 anos. Isso é uma prova de que a arte pode permanecer na vida das pessoas, mesmo em momentos difíceis, como os que Eunice Paiva viveu.”

“Enquanto vemos tanto medo no mundo, esse filme nos ajudou a pensar em como sobreviver em tempos difíceis como esses”, continuou a atriz, que também fez um agradecimento a Walter Salles, diretor de “Ainda estou aqui” e “Central do Brasil”. “Que história, Walter!”, comemorou a atriz.

Em entrevista à GloboNews depois do resultado, Fernanda destacou a eficiência da campanha de divulgação do filme para a temporada de premiações de Hollywood. “Estamos em um trabalho muito forte. Meu nome veio vindo. A ‘Variety’ ajudou imensamente, ‘Collider’, ‘Deadline’... começou uma campanha bonita”, disse, citando nomes de veículos internacionais da imprensa especializada em cinema.

No Globo de Ouro 2025, “Ainda estou aqui” também concorria na categoria de melhor filme em língua não inglesa, mas o prêmio foi para o francês “Emilia Pérez”, maior indicado da noite, com dez nomeações no total.

“Chove chuva, Chove sem parar”

E janeiro começou com chuva. Lembro-me de um janeiro assim. Choveu práticamente o mês inteirinho. Morávamos ali na Cardoso de Almeida Era uma casa antiga, a entrada tinha um corredor que levava para a porta da sala de visitas, era ampla.

O corredor de entrada também levava á porta da cozinha.

Ao lado dela, tínhamos um quartinho onde havia uma mesa de passar roupa, uma pratelei ra para os guardados e depois mais ao alto uma escada que levava a um muro cujo portão se abria para um terreno que tinha algumas árvores, um pé de limão rosa bem grudado ao muro.

cipalmente nas noites dos finais de semana.

Da cozinha saia um outro corredor que levava ao banheiro, sala de jantar e aos dois quartos na frente com janelas para a rua. A casa tinha pé alto como falavam antigamente.

Como eram as casas de outrora, e infelizmente dos quartos se ouvia todo o barulho da rua.

Durante o dia ficávamos mais na sala de estar, cozinha.

Quando lá fomos morar ainda não tínhamos tanto movimento de carros passando pelos seus paralelepípedos brilhantes.

Com o passar dos anos foi ficando insuportável o barulho, prin-

Depois como é uma das ruas do centro comercial, o movimento cresceu também principalmente nos dias úteis.

As festas de comemorações das datas festivas eram ali na Praça da Catedral, e o barulho dos shows contratados para a animação chegavam fortes até nossa casa.

E o barulho das fanfarras descendo para os desfiles na Rua Amando também.

O que me incomodava muito era o barulho noturno.

E fui amadurecendo a ideia de construir uma edicula no terreno dos fundos.

Minha mãe me apoiou muito na concretização desse sonho.

Tivemos também o apoio da família e amigos.

E um belo dia ela estava lá pronta só precisando da pintura.

E lá foram os pintores mais conhecidos e queridos, sempre contratados como pau para toda obra: Zezito (que até hoje é chamado) e o João.

Acontece que começou a pintura naquele janeiro chuvoso. Que mês interminável!

Eu aguardava ansiosa o final da pintura para me mudar para lá. Eles começaram pintando o interior da minha casinha.

Ela tinha um quarto amplo, um banheiro uma sala de estar que era dividida por um pilar com uma pequena cozinha, e por último uma área de serviços. Na frente uma varanda, fizemos uns canteiros onde plantamos flores e conservamos o muro e o portãozinho, a escada que dava para a casa dos meus pais. Na minha varanda pus uma rede e cadeiras para nos sentarmos. Ficou lindinha a minha casinha, toda branca com uma grande porta de vidro de correr na entrada. Quando ficou pronta e levei meu pai para ver, ele olhou de fora, passou a mão no queixo barbeado, abriu um daqueles seus sorrisos e falou:

“Ficou bonito o seu rancho”. Descendo a escada para a casa dos meus pais tínhamos as primaveras de várias cores que minha mãe plantou em caixas d’água, e que floriam quase o ano todo.

Flor de São João como trepadeira no coberto ao lado da cozinha que nos presenteava com suas flores alaranjadas nas festas juninas. Ao lado da porta da cozinha tínhamos um banco grande de madeira.

Uma mesa grande aonde muitas vezes confraternizávamos em almoços semanais com a família e amigos.

Ainda ouço os risos daqueles dias saudosos.

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LEITURA DINÂMICA

– O estilo literário da crônica é o ideal para que o iniciante comece a gostar de ler livros...

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– Nos anos 80/90, tinha uma coleção de livros chamada

“Para Gostar de Ler”, que era excelente. Gostosa de ler, com boas histórias, não muito longas, abordando o lado cômico, melancólico, irônico e poético do cotidiano.

Os cronistas Carlos Drumond de Andrade, Rubem Braga, Paulo Mendes Campos e Fernando Sabino foram os grandes incentivadores da preferência dos leitores pela crônica.

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– Como se estivesse conver sando despretensiosamente col o leitor, Rachel de Queiroz descreve cenas brasileiras...

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– Coletânea de crônicas publicadas por Marcos Rey na revista Veja.

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– O dia a dia de pais e filhos é marcado por momentos inesquecíveis. Moacyr Scliar extraiu desse pequeno universo sua inspiração para essas crônicas.

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– Cenas do cotidiano retratadas por Luis Fernando Veríssimo.

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– Coletânea de 30 crônicas sobre o cotidiano e as rela ções familiares e lembran ças da infância escritas por Paulo Mendes Campos

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– O inigualável Stanislaw Ponte Preta nos traz: um marido infiel, uma criança metida a espertinha e uma velha intrometida...

Momentos Felizes

VIVER PARA VER

Para começar esta crônica preciso retroceder no tempo...

Acredito, poucos que irão tomar conhecimento dela sejam meus contemporâneos e explico o por quê. O tema que será objeto tornou-se assunto velho mas como é sabido, a História se repete de tempos em tempos!. Quando Elizabeth II tornou-se Rainha da Inglaterra em 1952 eu já trabalhava no Bradesco/Bauru e, se ela teve a oportunidade de assistir a Inglaterra Campeã do Mundo em 1966, a chegada do homem à Lua em 1969 e a Guerra das Malvinas em 1982, posso dizer também ter sido testemunha de tudo isso; Não só a Rainha mas também o Rei Pelé passaram para o outro lado da rua (Santo Agostinho) exceto Elvis, continuo acompanhando de perto o mundo social e político deste nosso Brasil, em especial nestes últimos 70 anos, que convenhamos, não é pouco.

O dia dois de outubro de 2022 ficou marcado como uma data tão importante como o sete de setembro, quinze de novembro e tantas outras da História brasileira no seu campo político. O dois de outubro tornou-se o divisor de águas.

Lembro-me muito bem que na caserna havia um clichê muito batido “azuis x vermelhos”. Quem acompanhou comigo a República Velha, período Ditatorial de 1937/1945; 1964/1985 e a Nova República até os dias atuais, pode confirmar a repetição do jargão das casernas, um novo período dos “azuis x vermelhos” se aproxima...! – Os finados acima não irão tomar conhecimento, penso eu..., afinal, não há mais nenhuma preocupação para eles e elas...

Quando Sargento do Exército participei como Es-

crivão de diversos IPMs e, em alguns, apurava-se o envolvimento de soldados ou graduados em hipotéticos desvios de peças do almoxarifado, peças de armamento, danos em armamentos ou em veículos. Em um deles apurou-se fato grave tendo como penalização a expulsão das fileiras e entrega do responsável à Polícia Civil, fato que acontecia ao final da tarde com a leitura do Boletim Interno na presença da tropa. Ficava muito claro que nas corporações militares não eram admitidas infrações ao pundonor militar que é o sentimento de decoro, honra e brio. Retomando a introdução desta crônica e com a remota hipótese deste imenso Brasil ingressar na faixa vermelha do perigo iminente, com a ascensão de um homem duplamente condenado, experiente em xilindró, fundador do Fórum de São Paulo (hoje descondenado!) e parceiro de Presidentes declaradamente comunistas como os de Cuba, Venezuela, Nicaragua, Argentina – existem outros, nos é possível fazer, mesmo que perfunctória, uma analogia da presença das Forças Armadas que em 1961/1964 imputando à João Goulart a pecha de comunista por ter visitado em missão comercial a Rússia, China e Cuba, promovido reformas de base na agricultura, anistia aos marinheiros e fuzileiros navais rebeldes somando-se a suspeita de que seria dado um golpe de Estado de orientação marxista/esquerdista foi deposto e exilado no Uruguai.

O Mapa do Brasil de hoje com os resultados das eleições em segundo turno exibe, com nitidez solar, o avanço da faixa vermelha sobre a faixa azul soando como uma clarinada, uma convocação urgente aos verdadeiros Patriotas desta grande Nação. Particularmente confesso, pretendo viver mas não ver o nosso País em mãos vermelhas !

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