O lendário Orlando Villas Boas e seus irmãos são os heróis nacionais na defesa dos índios.
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É bom saber. O artista plástico e conhecido webdesigner botucatuense Marco Antonio Spernega, foi quem idealizou a Cuesta de Botucatu estilizada e com todo o seu simbolismo: a escarpa, o verde representando as nossas matas e o azul do céu... A criação do Spernega valorizou a nossa CUESTA que teve, em sua estilização, o impacto que as obras dos grandes artistas tem. Vejam no Expediente o logotipo do Diário da Cuesta! Marco Spernega tem exposto seus trabalhos em concorridas exposições. Esta ilustração é uma obra de arte e de simbolismo histórico!
VITAL BRASIL MINEIRO DA CAMPANHA EM BOTUCATU
Roque Roberto Pires de Carvalho
- O notável médico, cientista, imunologista e pesquisador biomédico não nasceu em Botucatu, entretanto foi nesta cidade que nos anos de 1895 até 1897 desenvolveu nos sítios e fazendas suas pesquisas para encontrar o soro antiofídicoespecífico, para o combate ao veneno das cobras peçonhentas que são encontradas nesta região, dos tipos: coral verdadeira, jararaca, cascavel, urutu-cruzeiro e surucucu, gerando para a medicina uma tecnologia inédita.- Sua passagem e permanência em Botucatu deveu-se à um convite que lhe foi feito em 1895 pelo Farmacêutico José Arnaud Paulino Pires; Vital Brasil instalou-se com sua esposa no Hotel Brasil defronte à atual Praça do Bosque; posteriormente teve residência à Rua Cesário Alvim, atual João Passos onde teve seu consultório médico; posteriormente instalou-se ao lado de uma escola na Rua Riachuelo n° 190, dando início às suas atividades.
Hoje é a Rua Amando de Barros n° 817 onde um Bar e Lanchonete “Pirâmides” exibe um “banner” em homenagem ao notável Cientista. Vital Brasil já conhecia as técnicas desenvolvidas pelos cientistas franceses Albert Calmette e Camille Guérin com o antídoto aplicado às serpentes Naja-Indiana; tal antídoto não se adequava aos tipos de cobras brasileiras fato que o levou aos estudos e que, até hoje, após cento e vinte anos permanecem válidos. -Em Botucatu, Vital Brasil foi médico operador e parteiro, com especialidade em doenças de Senhoras e crianças; trabalhou com o Dr. Costa Leite na construção da Misericórdia Botucatuense, tendo sido seu Secretário e encarregado de escrever e registrar as atas. - Para suas experiências o Dr. Vital Brasil visitava os sítios e fazendas, ensinando os lavradores capturar e colocar em caixas de madeira com segurança as mais variadas cobras encontradas.Paraentendimento de suas instruções escritas de como capturar e armazenar as cobras, Vital Brasil criou uma Escola para as crianças de manhã e para adultos à noite. Visava com isso suprir a necessidade de escolarização dado o grande número de analfabetos.O Prefeito de Botucatu Renato de Oliveira Barros sanciona em 21.10.1949 a Lei que dá o nome
de Avenida Dr. Vital Brasil a antiga Rua São Carlos na Vila São Lúcio
O Projeto de Lei foi do Vereador Dr. Antonio Delmanto e a inauguração aconteceu em 1° de maio de 1964 com a presença de familiares do homenageado. Nesse mesmo ano o Vereador Laurindo Izidoro Jaqueta obteve aprovação de seu projeto de lei instituindo o dia 28 de abril (data de nascimento do médico) como sendo o “Dia de Vital Brasil” no Município. Em 1897 Vital Brasil passa a trabalhar com os Cientistas Adolfo Lutz, Oswaldo Cruz e Emilio Ribas em pesquisas no combate à peste bubônica, à varíola e a febre amarela e em 1903 é reconhecido mundialmente como descobridor do soro antiofídico-específico e antiofídicos polivalentes para outros animais peçonhentos como aranhas e escorpiões. Em 1899 torna-se um dos fundadores do Instituto Butantan de em 1919 funda em Niteroi o Instituto Vital Brasil.
Em 1965 o Governo de Minas Gerais dá seu nome à Rodovia que vai de Juiz de Fora até Poços de Caldas. Em 2003 através de Lei Federal Vital Brasil é considerado “Herói da Pátria” e em 2014 seu busto é colocado no “Museu Nacional de História Natural” na cidade de Paris/França ao lado de outros Eminentes Cientistas. Como curiosidades podemos dizer que Vital Brasil, chegando à Botucatu, dada sua facilidade de comunicação com as pessoas, frequentava festas, fazia e escrevia discursos e para alegrar mais, tocava clarineta. Assim também, seu pai Manuel dos Santos Pereira Jr não colocava seu sobrenome ao nome dos filhos. Colocava sim o nome e o nome da cidade de nascimento e no caso, Vital Brasil Mineiro da Campanha, Fileta Camponesa de Caldas, Eunice Peregrina de Caldas, Judith Parasita de Caldas.
EXPEDIENTE
- Como registro histórico podemos citar que em Botucatu nasceu sua primeira filha e que recebeu o nome de Alvarina, não seguindo as tradições toponímicas aos familiares.
- Falar de Vital Brasil fora das datas de nascimento e de falecimento do notável Cientista, tem por escopo não deixar se perder no tempo a memória de personagem tão Ilustre que, pesquisando em Botucatu, em apenas dois anos gravou seu nome em descoberta científica mundialmente reconhecida. A descoberta do soro antiofídico-específico para cobras brasileiras (Fonte: Wikipédia, a enciclopédia livre)
DIRETOR: Armando Moraes Delmanto
EDITORAÇÃO E DIAGRAMAÇÃO: Gráfica Diagrama/ Edil Gomes
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Olavo Pinheiro Godoy
Da Academia Botucatuense de Letras
Aproveitando o mês de abril, dedicado aos índios, um turista recostado em cômoda poltrona do Peabiru Hotel, cerra os olhos para uma sesta. Suavemente, deixa ele rolar a memória à procura de recordações que distendam e convidem ao sono.
Mas a imaginação é quase sempre caprichosa. E todo capricho, por natureza, é teimoso. As imagens que se lhe apresentam - lá sabe o turista por que - talvez em razão da bela mata que se vê ao longe - são fotos, audiovisuais, filmes que viu, em diferentes ocasiões, sobre índios, seus costumes, suas moradias, seus ritos de festa, de luto e de guerra. O candidato à sesta consegue escapar, por fim, a perseguição indígena, pouco propícia à distensão, e de palpebras baixadas, na insistente procura do sono, vai fazendo emergir da memória, mansa e suavemente, a lembrança dos sertanistas Villas Boas que, dos bons ares da serra botucatuense, partiram para as matas no afã de civilizar os índios.
Lembrou que aqui também aportou para se dedicar ao seu primeiro emprêgo de médico, do Instituto Experimental Agrícola (Fazenda Lageado), o sanitarista e também sertanista Noel Nutels. Segundo depoimento do próprio Noel, que aqui conheceu os irmãos Orlando, Leonardo e Cláudio Villas Boas, foram eles marcantes em sua vida e vocação.
Sertanistas Botucatuenses
tudo Enfrentaram e sofreram os ataques da malária na defesa de seu ideal maior Nosso turista se distende. Sente que sono se vai acercando. Mas, por seus ouvidos adentro penetra os sons da mata numa lembrança distante. Corria o ano de 1949 e o Ministro João Alberto nomeia Noel Nutels médico da expedição RONCADOR-XINGU, então confiada aos irmãos Villas Boas. Os Villas Boas penetram no sertão de Mato Grosso ao norte do estado, numa zona de transição florística entre o Planalto Central e a Amazônia A região toda ela plana, onde predominam as matas altas entremeadas de cerrados e campos, é cortada pelos formadores do Xingu e pelos seus primeiros afluentes da direita e da esquerda Os cursos formadores são os rios Kuluene, Ronuro e Batoví Os afluentes, os rios Suiá Missú, Maritsauá-Missú, Uaiá-Missú, Auaiá-Missú e Jarina.
Segundo os irmãos Villas Boas, antes mesmo de ser criada a Expedição Roncador-Xingu, em 1949, já, em 1946, eles haviam chegado aos formadores do Xingu e, os seus povoadores indígenas eram, nas suas várias práticas e costumes, estritamente os mesmos encontrados pelo etnólogo alemão Karl von den Steinem, em 1877, em sua expedição etnográfica. Era idêntica a distribuição das aldeias na região, o mesmo intercâmbio e relações entre elas; a mesma índole pacífica, a mesma hospitalidade, curiosidade, traduzindo-se, ao contato com estranhos, nas atitudes ingênuas e amistosas que tanto impressionaram o explorador alemão, mercendo dele o mais minuciosos e expressivo registro.
aldeamentos construídos pelos civilizados; fica proibido o desmembramento da família indígena, mesmo sob o pretexto de educação e catequese dos filhos; garante-se a posse coletiva pelos indígenas das terras que ocupam e em caráter inalienável; garante-se a cada índio os direitos do cidadão comum, exigindo-se dele o cumprimento dos deveres segundo o estágio social em que encontra.
Ao lado de Darcy Ribeiro, Heloisa Alberto Torres, José Maria da Gama Malcher e do General Rondon, os irmãos Villas Boas vão conversar com o Presidente Vargas para a criação do Parque Nacional do Xingu Tudo inútil. O parque só seria criado mesmo no governo de Jânio Quadros, em 1961 e, aumentado em sua dimensão, em 1968.
Tempos depois, o Dr. Noel Nutels encontra-se com o Ministro João Alberto Lins de Barros que, depois de conseguir carta branca de Getúlio Vargas para criar a Fundação Brasil Central, espera poder desbravar e recuperar o sertão. O turista, repousando, dolentemente em sua poltrona, rememora que o sertão possui inimigos mortais dentre eles a malária que os espera nos charcos, pantanais eáguas paradas. Independente do homem que chega ou sai. É mal de tocaia. No sertão e no mundo todo. Não é como a tuberculose, mal adventício, pelo menos para o habitante legítimo da selva, seu dono de muitos séculos. Vem na companhia do desbravador. É companheira das injustiças e incompreensões dos que estão chegando. E, os irmãos Villas Boas sabiam disso
A presença dos irmãos Villas Boas seria uma continuação do serviço de proteção ao índio criado pelo governo em 1910 Um dos grandes idealizadores desse serviço foi, sem dúvida, o Marechal Rondon que sensibilizado com a situação telegráfica, sem empregar a força, conseguira contatos pacíficos com os índios dos territórios atravessados pela linha telegráfica
Orlando, Leonardo e Cláudio Villas Boas concretizaram o novo tipo de política indigenista: os índios passam a ter o direito de viver segundo suas tradições, sem ter que abandoná-las necessariamente; a proteção é dada aos índios em seu próprio território, pois já não se defende a idéia colonial de retirar os índios de suas aldeias para fazê-los viver em
O turista volta a divagar: Na tribo dita selvagem, não há mandões, nem chefões. O cacique é tão só um líder-conselheiro. Tudo se resolve com o consenso de todos. É uma democracia plena Não há entre os índios, fazendeiros nem colonos, patrões nem empregados, proprietários nem marginalizados, ricos nem pobres; não há leis, regulamentos, repartições, taxas, impostos, toda esta inferneira que você conhece. Em suma, nada há do que divide, hierarquiza e jugula. A espontânea nudez de ambos os sexos é completa, ou quase tanto. Todos andam inteiramente à vontade pela selva, procurando petiscos para comer: peixe, ave, besouro ou fruta. De volta, repartem com as famílias tudo que pegaram. Ninguém que ser mais do que ninguém, nem pensa muito no dia de amanhã. É, enfim, o paraíso na terra.
Em entrevista à revista Visão (10/02/1975), Orlando Villas Boas disse: “Se um índio der um tremendo berro no meio da aldeia, ninguém olhará para ele, nem irá perguntar por que ele gritou. O índio é um homem livre”.
Os irmãos Orlando, Cláudio e Álvaro Villas Boas. no destaque, Leonardo Villas Boas, o mais velho e que faleceu primeiro
Casal Agnelo e Arlinda Villas Boas e filhos: Nelson e Orlando (ao lado do pai), Arlinda Lourdes segurando Álvaro, Cláudio (sentado) e atrás Acrísio. Leonardo (na frente) e atrás, Erasmo.
"Caminhos"
MARIA DE LOURDES CAMILO SOUZA
Conversando com uma pessoa da família, há muito tempo atrás, ela me contou um sonho que sempre tinha.
Ela andava por uma estrada carregando um enorme fardo
Sentia-se exausta e com os ombros machucados
E na noite seguinte continuava levando o mesmo fardo.
Nas minhas reminiscências dos meus sonhos, um se repetia muito também.
Eu estava sempre indo a pé até minha cidade natal, Avaré.
Conhecia cada canto, cada curva, cada morro, cada árvore dessa estrada.
E andava apressada para chegar antes do anoitecer.
E na chegada ver o grande flamboyant florido ao lado da linda igreja branca lá encima no morro
As estradas foram mudando
A estrada que era de terra foi asfaltada, a entrada da cidade mudou, a casa da vovó foi demolida, muitos dos nossos queridos nos deixaram para viver em outro plano.
Se voltar a Avaré ainda reconheço muitos lugares.
Quando menina andávamos muito a pé pela cidade.
Você ganha outras dimensões de espaço, conhece cada pedra do caminho.
As ruas tinham nomes de estados brasileiros.
Sabia como chegar na cidade de trem.
Como ir para a casa dos meus avós
Onde ficava a casa de cada tia, e a da Nona Constantina, tio Tone e do Silvio
A sorveteria na esquina da praça e o sabor do sorvete de coco queimado que gostava tanto
Como chegar ao cinema descendo a praça central.
Dona Elizabete com suas netinhas, os deliciosos biscoitos que fazia.
Depois começamos a usar ônibus.
E chegávamos na rodoviária onde meu tio Omar sempre nos recebia porque trabalhava lá, ou o querido Tio Domingos ia nos buscar com sua kombi.
Sabia a rua e a casa de cada amiga da minha mãe, pois íamos visitá-las a cada férias
Lembro-me muito de D Zilá, era mãe de uma das nossas amiguinhas, a Maria Cristina, que era uma menina irritantemente linda e educada, exemplo constante da minha mãe a ser seguido
Era muito diferente de nós, loira e com grandes e lindos olhos azuis que enfeitavam sua delicada carinha de boneca.
Nossas mães conversavam muito, e me lembro que a partir de um tempo eram conversas que entristeciam minha mãe , pois sua grande amiga estava muito doente.
Numa das nossas férias já não fomos visitá-las, pois tinham se mudado para São Paulo, aonde D Zilá poderia ter um melhor tratamento médico
Muito tempo depois nos encontramos com Maria Cristina, que se tornou uma linda moça
Seus pais tinham falecido, ela continuava morando em São Paulo
E o Rio da vida foi mudando o seu curso suave e firmemente, mas na minha memória ainda sei o rumo.
CULTURA & EVENTOS
Notas&Fotos
Adelina Guimarães
PREMIAÇÃO INUSITADA
Desde segunda-feira, 6 de janeiro, a mídia brasileira (não só) está em festa com a vitória de Fernanda Torres no Globo de Ouro, onde a atriz se tornou a primeira brasileira a conquistar o prêmio de Melhor Atriz no Cinema Internacional. A premiação foi por sua atuação no drama Ainda Estou Aqui. A 82ª edição da premiação, realizada no Beverly Hilton, em Los Angeles, foi marcada por uma disputa acirrada. Iniciada no domingo à noite e estendendo-se até a madrugada de segunda-feira, a premiação teve como rivais nada menos que estrelas globais como Angelina Jolie, Pamela Anderson, Nicole Kidman, Tilda Swinton e Kate Kate Winslate. Emocionada e elegante, Fernanda Torres subiu ao palco com fluência no inglês e surpreendeu ao declarar que não havia preparado um discurso. Ao receber a cobiçada Estatueta de Ouro das mãos de Viola Davis, a atriz fez questão de agradecer à organização do evento e ao diretor Walter Salles. Também deu vida e alma à personagem Eunice Paiva, que interpretou no filme, e dedicou a vitória à sua mãe, a aclamada Fernanda Montenegro. Esse prêmio e toda grande repercussão midiática podem levar Fernanda Torres, a indicação para o pulo maior, sua indicação para o Oscar de melhor atriz.
Viva Fernanda Torres, Viva o Cinema Brasileiro, Viva a Cultura Brasileira e Viva ao Público que assistiu ao filme e, se não viveu entendeu o significado dos horrores de se viver no regime ditatorial. Vale lembrar que a frequência
às salas de cinema, mesmo antes da premiação de Fernanda Torres já havia aumentado significativamente. Após o prêmio aumentou em todo o pais. Em Botucatu o filme continua em cartas no Cineflix Shopping Botucatu. Uau!
Fernanda Torres no O Globo de Ouro com Selton de Mello e Walter Salles
Com a estatueta, após a premiação e sua mãe, Fernanda Montenegro