Edição 130

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Diário da Cuesta NA DEFESA DO MEIO AMBIENTE E DA CIDADANIA EM BOTUCATU

ano I Nº 130

SEXTA-FEIRA, 9 de ABRIL de 2021

Dos muitos nomes citados como prováveis fundadores ou benfeitores de Botucatu, fora, é claro, a presença indiscutível dos jesuítas, GOMES PINHEIRO e JOAQUIM COSTA foram os que encontraram melhor acolhida entre os historiadores. Gomes Pinheiro como doador de terras e Joaquim Costa como consolidador e incentivador do povoado. Em 1845, o Cap. José Gomes Pinheiro doou parte de suas terras, já posseadas por Costa, para que se constituísse a Freguesia. José Gomes Pinheiro e Joaquim Costa: “Em 1835, com o aparecimento aqui do sertanista Joaquim Costa, que resolveu “possear” o Ribeirão que ficou conhecido como «Dos Costas”, hoje Ribeirão Lavapés é que começou de fato a crescer o burgo sertanejo. Costa e sua gente, construiram algumas casas, sem alinhamento, no local onde é a atual Praça Coronel Moura. Em 1843, surgiu um litígio, questões de terra, entre os Costas e o Cap. José Gomes Pinheiro, fazendeiro na região, terminando a questão por um acordo. A famosa disputa da porteira, consagrada por um dos maiores escritores botucatuenses procura retratar a disputa entre as partes. O Cap. José Gomes Pinheiro, de acordo com o combinado, doou os terrenos em causa para o patrimônio de uma freguesia que seria fundada, sob o orago de Sant´Anna numa delicada homenagem a sua exma esposa, Dª Anna Florisbela Machado Pinheiro. Esta freguesia foi elevada a distrito em 1846 e absorveu, logo, a antiga freguesia de “Nossa Senhora das Dôres de Cima da Serra...” Essa versão, hoje, é a predominante no meio oficial municipal. (in “No Velho Botucatu”, de Sebastião de Almeida Pinto, págs. 23/24, 2ª edição, 1994).

Botucatu está no “meio-dia” da sua existência e de seu progresso...

“Botucatu não se encontra mais na calada da noite e muito menos nas asas da alvorada, uma vez que é uma cidade que já se encontra no meio dia da sua existência e do seu progresso: com sol a pino, que aponta a sua pujança, o seu progresso, tendo tudo de bom que uma cidade pode desejar”. Reverendo Antonio Coine Página 2

A NOSSA ARMA

É A VACINA


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artigo

Diário da Cuesta

BOTUCATU ESTÁ NO “MEIO-DIA” DA SUA EXISTÊNCIA E DE SEU PROGRESSO...

Reverendo Antonio Coine. Já é tradicional a participação da ABL – Academia Botucatuense de Letras nas comemorações do Aniversário de Botucatu e a participação do Reverendo Coine , como Orador Oficial da ABL, nas festividades do Aniversário de Botucatu, ficou marcado como importante retrato histórico de nossa cidade. O Reverendo Coine destacou o desenvolvimento da cidade desde 1719, com a criação das fazendas jesuítas que originaram o município “Queridos Concidadãos: costume, entre nós, quando uma pessoa muito querida aniversaria, parabenizarmos e promovermos uma grande festa celebrativa. Pois bem! A nossa querida cidade de Botucatu, comemora, hoje, o seu aniversário. Isso é uma grande alegria e bênção para todos nós. Porque dissemos: para todos nós? Porque somos, todos nós, de maneira total e indistinta, filhos dessa amada cidade, que nos acolheu no seu seio como o faz a mãe, quando acolhe seus filhos para dar-lhes proteção, amor e carinho. E é justamente isso que Botucatu tem feito para cada pessoa que aqui tem chegado e feito dela o seu lar e estabelecido sua família. É certo que a nossa querida Botucatu, como a vemos hoje, não é a mesma que foi no passado, ou até mais, como já nos escreveram nossos ilustres historiadores, cujos registros se encontram nos fartos e famosos escritos do nosso ilustre concidadão Dr. Armando Delmanto e outros historiadores nossos. Por esse motivo gostaria de convidá-los, neste momento, a que dirijam seus pensamentos em páginas importantes, como se estivessem folheando um álbum de família. Ali poderemos vislumbrar, na primeira página, o nosso passado. Mais adiante poderemos nos defrontar com o nosso presente. E na página seguinte observaremos o nosso futuro, bem como de nossas gerações seguintes. NO PASSADO Nos depararemos com os nossos pioneiros. Ali se encontram as primeiras sementes daquilo que hoje usufruímos. Se olharmos para o passado, poderemos ver nossa querida cidade de Botucatu retratada de maneira bem simples e humilde, dentro de um sertão incomensurável. Nas fotos dessa primeira página do nosso álbum teremos a oportunidade de voltar no tempo e ali encontrarmos, primeiramente, os jesuítas, quando, lá pelo ano de 1719, a famosa e elitizada Companhia de Jesus, numa fazenda, havia se estabelecido. Escreve-nos Armando Delmanto que: Em pesquisas realizadas em Sorocaba, o escritor botucatuense, Hernâni Donato, comprovou que os primeiros botucatuenses nasceram nessa fazenda”. (in “Memórias de Botucatu I”, de Armando M. Delmanto, págs. 16/17, 2ª edição 1995); O passado da nossa cidade deveria, em muito, aguçar as nossas mentes, nos dias de hoje, para entendermos o seu real valor. Uma vez que sabemos que esta cidade nasceu sob o signo da cruz, “segundo o Prof. Plínio Airosa,

da USP” isso deve nos levar a refletir naquilo que o Supremo Deus, o Criador disse, cerca de dois mil e quatrocentos anos atrás, através dos lábios do Profeta Malaquias, que não devemos desprezar “o dia dos humildes começos”. Ao falar isso Ele quer nos dizer que nele, no passado, foram plantadas as sementes de uma visão futura, daquilo que nossos antepassados, os nossos pioneiros, os nossos colonizadores sonharam para essa cidade: Progresso, Amparo, Proteção, Saúde, Educação, para todos, indistintamente. Isso quer nos lembrar ainda, que esta cidade, no seu passado, teve aqueles que a fizeram, que a construíram: e foram os braços fortes dos escravos e dos livres; dos proprietários e dos trabalhadores. Todos eles, homens, mulheres e crianças fortes, dignas de serem lembrados e homenageados por nós cidadãos da modernidade. Pobre povo aquele que não conhece e pouco se interessa pelo seu passado. Lembramo-nos de uma frase do ilustre educador e pastor presbiteriano que aqui esteve por volta do ano de 1868, Revdo. Prof. George Whitehill Chamberlain, recém formado pela Universidade de Princeton. Ele esteve hospedado na casa de Domingos Soares de Barros, pois este estava interessado em conhecer as doutrinas contidas nas Sagradas Escrituras, a Bíblia. Quando estabelecia a primeira Escola Americana, na rua Líbero Badaró, em São Paulo, que se tornaria a hoje Universidade Presbiteriana Mackenzie, Chamberlain uma belíssima e importante frase que se encontra registrada nos livros de história do presbiterianismo: “Nós trabalhamos na calada da noite, mas outros virão ao nosso encontro no alvorecer”. Poderemos, com absoluta certeza, parafraseá-la pensando no que os nossos pioneiros, tais como o Capitão José Gomes Pinheiro, dentre outros, disseram também: “Trabalharemos com afinco na calada de noite, mas outros virão até nós, para nos ajudar, nas asas da alvorada”. Hoje, queridos concidadãos, Botucatu não se encontra mais na calada da noite e muito menos nas asas da alvorada, uma vez que é uma cidade que já se encontra no meio dia da sua existência e do seu progresso: com sol a pino, que aponta a sua pujança, o seu progresso, tendo tudo de bom que uma cidade pode desejar. O PRESENTE E O FUTURO Ao olharmos, agora, para a página do nosso álbum que aponta o nosso presente, entendemos melhor o lugar onde já nos encontramos situados podendo contemplar aquilo que estamos usufruindo. Aquilo que temos recebido, aquilo que tem nos abenDIRETOR: Armando Moraes Delmanto

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çoado e nos tem feito progredir. Quem se encontra no presente, deve também, à semelhança dos nossos antepassados pioneiros, com o olhar de agradecimento, ter uma visão do futuro. Aquilo que usufruímos hoje da honestidade do caráter, como fruto do trabalho laborioso conquistado pelo suor do nosso rosto e abençoado pelo Criador é a base no solo da herança que deixaremos para aqueles que nos substituirão. E essas vidas já se encontram nos ventres maternos, nas crianças que se movem em nossa cidade, nos adolescentes e jovens alegres que caminham festivos e satisfeitos em nossas ruas povoando nossas escolas. Por isso é necessário que, olhando ao nosso redor vejamos se há ainda uma única pessoa com fome, uma única criança sem a educação devida, alguém desabrigado ou desamparado pelas circunstâncias da vida, e não nos omitirmos. Não podemos encher os nossos bolsos com as riquezas honestas, pelas quais lutamos e angariamos, sabendo que há fome, falta de educação, abrigo e outras coisas que constituem o bem dos seres humanos, nossos irmãos. Se bem que podemos dizer com orgulho santo que a nossa Botucatu tem servido de exemplo nessas áreas para outras cidades. Por isso somos chamados de Cidade dos Bons Ares, das Boas Escolas e das Boas Indústrias, e, porque não dizer de Bons e Caridosos Corações. É certo de que não poderemos nos deleitar tranquilamente na poltrona do nosso sucesso, com a consciência tranquila, enquanto milhares de brasileiros vivem na necessidade. Deus mesmo disse que devemos ser o amparo das viúvas, dos órfãos, dos pobres, dos enfermos, dos estrangeiros e de todos que necessitam da nossa ajuda, do nosso amor, do nosso carinho, da nossa caridade. Por isso, devemos continuar a realizar este grande empreendimento, seja aos nossos munícipes, como também, de outros municípios, aos quais temos estendido nossas mãos com amor cristão. Para quem não sabe, daqui têm saído toneladas de roupas e alimentos para o sustento de tribos indígenas e pessoas carentes em rincões muito afastados da nossa cidade, no Mato Grosso do Sul e, até no Amazonas e Nordeste Brasileiro. Finalizamos usando as palavras do salmista que dizia, há cerca de três mil anos atrás: “Bem-aventurado é o povo cujo Deus é o SENHOR!” (Sl 144.15) E Deus mesmo nos concita através dos lábios do profeta Jeremias: “Procurai a paz da cidade para onde vos fiz transportar e orai por ela ao SENHOR; porque na sua paz vós tereis paz” (Jeremias 29.7). Que Deus, o Supremo Criador, Mantenedor e Sustentador do Universo abençoe nossa querida cidade, nossa mãe amorosa. Parabéns querida BOTUCATU!!! Muitíssimos anos de vida e progresso.” Acadêmico Reverendo Dr. Antonio Coine, Membro Honorário da Academia Botucatuense de Letras e Pastor Emérito da Igreja Presbiteriana do Brasil.

O Diário da Cuesta não se responsabiliza por ideias e conceitos emitidos em artigos ou matérias assinadas, que expressem apenas o pensamento dos autores, não representando necessariamente a opinião da direção do jornal. A publicação se reserva o direito, por motivos de espaço e clareza, de resumir cartas, artigos e ensaios.


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Diário da Cuesta

a r t i g o CONFERÊNCIAS DA REGIÃO EMILIA-ROMAGNA MARCELO DELMANTO A Itália é um país dividido em Regiões, da mesma maneira que o Brasil está dividido em Estados e a Região Emilia-Romagna é uma delas. Na verdade ela surgiu de um junção das Regioes da Emilia e da Romagna, cujos habitantes ainda hoje fazem a distinção das duas, dizendo: - Eu sou da Emilia Ou: - Eu sou da Romagna E muito raramente: - Eu sou da Emilia-Romagna Nessa região, em particular, existe o órgão político, como se fosse o Governo do Estado, a Regione Emilia-Romagna. Nesse “Governo” existe um Conselho que trata os descendentes dessa região emigrados em outros países, que é a CONSULTA DELL’EMIGRAZIONE E DELL’IMMIGRAZIONE, ou seja, o CONSELHO DE EMIGRAÇÃO E IMIGRAÇÃO. Nos idos de 1999 o Presidente deste Conselho era o Sr. Ivo Cremonini, que idealizou um Conselho como esse que já havia, porém com os jovens representantes, como ocorria com os mais velhos, para assim saber o que ansiavam os descendentes de cada parte do mundo e quais projetos a sede da Regione poderia fazer por eles, e assim foi criado o GRUPPO DI LAVORO POLITICHE DELLA CONSULTA PER I GIOVANI, isto é, o GRUPO DE TRABALHO POLÍTICO DO CONSELHO PARA OS JOVENS. Os jovens representantes eram assim: Coordenador – Claudio Melloni, Montevidéu, Uruguai

Conferencistas Representantes: Martin Viani

Argentina

Mendoza

Gianni Sparvoli

Argentina

San Nicolas

Marcelo Delmanto

Brasil

São Paulo

Milena Morales

Chile

Santiago

Nathaly Gaiti

Venezuela

Maracaibo

Nadia Lappa

Canadá

Ottawa

Daniela Tosi

Austrália

Perth

Marina Biolchini

Alemanha

Berlim

Cada um desses jovens representava todos que moravam nesses países, descendentes de Emiliano-Romagnolos e discutiam projetos a serem estudados e aprovados ou rejeitados pela Região Esses jovens se dividiam em Grupos de diferentes áreas, isto é, tinha o GRUPO DE CULTURA E TURISMO, que elaborava projetos para fomentar o turismo e estudo da Língua/ Cultura Italianas, na própria Itália, através de um “Bando di Concorso” que sendo aprovados os jovens descendentes teriam direito a esse período de estudo e consequentemente turismo na Itália. Aqui abro um parêntese, eu no ano 2000, participei desse “Bando di Concorso” e através dele fiz um Curso de Especialização em Direto da Comunidade Europeia na Facoltà di Giurisprudenza (Faculdade de Direito) da Universidade de Bolonha, a mais antiga do mundo desde 1088 (933 anos), aqui fecho o parêntese. Havia também o GRUPO DE ECONOMIA, que elaborava projetos para troca de informações da área financeira e de como a Regione se comporta em contratos com empresas e isso faz girar a economia na Itália. E por fim o GRUPO DE INFORMAÇÃO,

que elaborava projetos para melhorar o contato dos jovens com a Regione e com todas as regiões do mundo, inclusive com a criação do website ReportER, com várias dicas e informações úteis, como, serviços, ajudas e suportes oferecidos pela Regione. Tudo isso contribuiu, também, para o desenvolvimento da minha tese, que defendi no final do meu curso, e foi sobre “RELAZIONE DELLA COMUNITÀ EUROPEA CON IL BRASILE”, ou seja, RELAÇÕES DA COMUNIDADE EUROPÉIA COM O BRASIL. Em duas oportunidades por ano nos reuníamos em Conferências para criarmos e discutirmos esses projetos com a Regione. Recordo uma dessas ocasiões em 2002 em que, em virtude da situação periclitante em que se encontrava a Argentina na época, eu apresentei uma MOÇÃO DE APOIO, afim de que a Regione prestasse especial atenção às necessidades desse País. Recordo também em uma dessas Conferências, eu ainda morava na Itália, e como a Conferência ocorreria em Bolonha eu fui ao hotel que sediava os conferencistas para encontrar o grupo dos jovens brasileiros que já estavam lá. Ao entrar no auditório ocupamos umas das últimas fileiras de cadeiras, nisso veio até nós um dos componentes da “Cúpula” da Regione, o Sr. Maurizio Casini, como eu tinha uma ótima relação com eles, me disse: “- Marcelo, pegue o seu “Clã Brasileiro” e ocupem primeira e segunda fileiras” Para mim foi uma agradável surpresa, confirmando o prestígio que eu tinha junto a todos, pois até então era só uma suspeita minha. Foi um período muito bom, onde aprendi muito e conheci muitas pessoas e lugares interessantíssimos, sem contar o fortalecimento dos laços com a terra de meus antepassados.


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Meus pés pelo mundo Lilian Inacio

FEZ

Os noveleiros de plantão com certeza vão se lembrar da novela de Glória Peres que falava do Marrocos, principalmente da cidade de Fez. Porém, vamos dizer que a cenografia e pesquisa sobre a cultura local não foi tão bem feita pela Rede Globo. Esqueça as danças sensuais e as roupas extremamente coloridas, as mansões todas bem decoradas. O Clone e as peripécias de Jade não condizem muito com a realidade de um país tão singular quanto o Marrocos. Conhecida como uma das Cidades Imperiais do Marrocos, assim como Meknes, Marrakech e Rabat, foi desprezada como capital no século 17 por Moulay Ismail. A mais antiga capital imperial do Marrocos está com 950 mil habitantes nos dias atuais. não só é a capital mais completa do mundo árabe como tem duas medinas, a Fez el-Bali e a Fez el-Jedid, Fez el-Bali é a medina por excelência e foi tombada pela UNESCO como Patrimônio Histórico da Humanidade em 1981. O labirinto de ruas e vielas, algumas com menos de 60cm de largura, confunde no começo, mas é um lugar excelente para se perder, pois há visões incríveis a cada virada de esquina. Um novo ângulo, uma nova surpresa de deixar o turista fascinado em cada detalhe. Em Fez encontra-se a universidade mais antiga do mundo e ainda hoje em funcionamento, a Universidade de Karueein. Moulay Idriss I fundou Madinat Faz em 790, mas foi seu filho Idriss II quem a transformou numa cidade árabe, com muçulmanos de Córdoba no bairro andaluz, árabes tunisianos no Kairouanase e uma comunidade judaica. Sem a sofisticada cultura urbana e as tradições artísticas desses estrangeiros, Fez jamais teria alcançado tamanha grandeza e destaque. Co-

nhecida como a capital cultural do Marrocos, os que em fez nasceram se sentem superiores ao restante do Marrocos, pois acreditam serem mais inteligentes e mais bonitos que os outros habitantes do país. Nota-se a diferença nos trajes femininos, que em outras cidades são simples e de cores neutras, em Fez as muçulmanas ousam vestir-se de uma forma mais alegre, fazerem maquiagem e usarem sapato de salto. Para se compreender todo emaranhado do traçado urbano de Fez, o melhor seria antes de se adentrar nessa aventura, ir até um dos pontos mais altos de Fez e admira-la de longe, tentando compreender tudo de cima de uma colina. Uma boa dica é entrar no luxuoso Hotel Merenides, do qual se tem uma bela panorâmica, principalmente ao entardecer, ou das Tumbas Merínidas ou da Fortaleza Borj Nord. Espere para as luzes da cidade aparecerem e fotografe muito. Ao entrar na tão famosa e bela medina de Fez, prepare-se para os aromas, cores, sabores, as pessoas e suas roupas, suas tradições tomarem conta de sua visão e de suas sensações. Cada curva uma surpresa, esqueça os mapas, eles servirão para te orientar levemente, pois se perder pelas vielas faz parte do turismo de uma medina. O que há de diferença mais marcante entre a medina de Fez e as de outras cidades imperiais é a autenticidade. Em Fez pode-se ver todos os profissionais trabalhando durante o dia, fazendo tudo com suas maquinas precárias ou com as próprias mãos, como os ferreiros, os joalheiros, ceramistas, carpinteiros, gesseiros, bordadeiras. Isso nos deixa mais confortáveis quanto a veracidade dos produtos comprados. Fez el-Bali – A entrada principal para a velha medina é o Bab Boujeloud, de 1913. Próximo já se encontra a Dar Batha, um belíssimo edifício mouro com um pátio tranquilo, com coleções de artes populares de tapetes, cerâmicas e caligrafia. Duas alamedas principais partem deste portão até o famoso Souk el-Attarine (mercado de especiarias) concentra os produtos mais preciosos como roupas finas, sedas e jóias, Talaa es Seghira e Talaa el – Kebira e um dos monumentos mais impressionante do país: Medersa Bou Inania. Essa medersa foi construída no século 14 pelo

sultão Abou Inan, que diziam ser mais interessado em sexo e assassinatos do que em religião. Líderes religiosos queriam proibir essa construção, então o sultão mandou fazer a mais imponente medersa de todo o país, com minuciosos detalhes de estuque, zellig e entalhes de trechos do Alcorão pelas paredes. Próximo a Place Seffarine, encontra-se o colorido Souk Sebbaghin (souk dos tintoreiros) e do outro lado os curtumes mal cheirosos e bonitos de se ver dos terraços mais elevados. Fez el-Jedid – essa nova medina foi construída no século 13 e a praça Petit Mechouar era palco de vários artistas de rua e desde 1970 está fechada para reforma, que nunca foi concluída. Em um dos lados fica o Palácio Real, fechado ao público, um dos mais belos do Marrocos. O atual Rei casou-se no jardim (praça) em frente e pela primeira vez na historia do Marrocos que um rei apresenta sua mulher em público e, sem o véu, quebrando todas as regras tradicionais de um país muçulmano. A Grande Rue des Merenides, atravessa o Mellah, o bairro judeu, repleto de lojas de especiarias, pratas, lustres, roupas. Há sinagogas, cemitérios, casas abandonadas dos séculos 18 e 19. Compras: Caminhe em busca de tapetes, principalmente os de uma cooperativa de mulheres viúvas por preços mais altos e qualidade exemplar, assim como os teares para seda, para fabricação de mantas, almofadas e xales. Jogos americanos bordados a mão, carteiras e jaquetas de couro, e os produtos das lojas de Herboristas (óleo de argan, cosméticos e perfumes feitos na hora) podem valer a pena. Gastronomia: prove os destaques da culinária fassi (gentílico de Fez) como o Choua (cordeiro com cominho no bafo), cordeiro recheado com amêndoas, semolina e passas e Tajine com coração de alcachofra.

Meus pés pelo mundo: um pouco de cultura, arte, arquitetura, turismo e enologia

Lilian Inacio, Arquiteta Urbanista formada na UNESP, escreveu matérias sobre viagens para revistas, jornais, portais e blogs na região e para todo Brasil. Apaixonada pelas artes, estudou línguas, enologia, música, dança e se graduou também em guia de turismo. Sua grande paixão é o mundo e suas diferentes culturas. Nos últimos 14 anos esteve em mais de 200 cidades diferentes no mundo. Seu objetivo é trazer um pouco do que existe neste mundo tão grande aos seguidores do Diário da Cuesta para que todos possam viajar juntos com a leitura dessas matérias com informações confiáveis e pessoais. lilianinacioviagens @lilianinacioviagens contato@lilianinacio.com.br


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